Eyes On Fire escrita por Amy Moon


Capítulo 13
Capítulo 13 - Festa {Castiel}




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O resto da semana foi bastante previsível e não saiu da rotina. Nee e eu não trocamos muitas palavras, a não ser um “oi” meio tímido quase inaudível, quando alguém diz propositalmente pra ninguém ouvir.
O fim de semana chegou cheirando confusão. Tinha certeza de que algo ruim me esperava na festa de Carl. Principalmente porque o sobrenome de Carl parecia ser briga. E outra: não duvidava nada de que as festas dele chegavam bem perto de uma rave. Mas só por uma razão. Só por uma ÚNICA razão e nada mais, eu decidi ir a esta festa. Nee era o nome dela. E Bovary seu sobrenome.

Após revirar o guarda-roupa procurando uma camiseta decente e passada, clamei pela minha mãe. A minha última esperança de uma roupa passada.
- Manhêê! Cadê minha camiseta verde?!
Rapidamente ouvi passos apresados no corredor. Trazia no cabide uma camiseta social desabotoada, preta, com uma camiseta lisa, branca. E claro, uma calça jeans. Preta também.
- Ela vai gostar. – disse minha mãe com um sorriso que puxava os dois cantos do seu rosto suavemente.
Não hesitei e nem tentei negar. Já que minha mãe sabia – e faz tempo -, decidi aceitar com a cabeça e pegar a roupa.
Dei um ligeiro beijo em minha ame e parti com o Dodge.
Mesmo as casas sendo praticamente iguais, foi impossível não achar a de Carl. Não podia negar, era linda a casa. Bem melhor que a minha. Na porta, pude perceber o grau da situação: Ainda eram 20h32, a festa mal tinha começado e já tinha gente bêbada. Já tinham tomado um porre daqueles, de deixar uma enorme ressaca no dia seguinte. Pude ver alguns garotos cambaleando do gramado com o efeito do álcool, e algumas garotas dançando com minúsculas saias. Isso tudo no meio da rua.
Finalmente entrei, e por instinto procurei Nee no mio de algumas garotas dançando algo que parecia rock dos anos 60, com garrafas na mão. Graças a Deus ela não estava lá. Pelo menos até então. Não conhecia Nee o suficiente para AFIRMAR que ela faria isso, mas a conheço bem para me tranquilizar de que as possibilidades dela ficar com aquelas garotas da rua, eram quase inexistentes.
- Castiel? – ouvi meu nome de longe.
Olhei ao redor e nada, até que esbarrei em alguém. Yasmin.
- Oi, Yasmin.
A joguei para as amigas e continuei a procurar Nee. Subi s escadas, empurrando alguns colegas de classe – que jamais imaginei ver bêbados -, e nada dela. Quanto mais eu procurava, mais achava algo bizarro naquela casa; que estava cheia de todo mal: bebidas, estimulantes, e algo que parecia ser uma dança meio vulgar por sinal.
Não aguentei e fui para a varanda de trás, onde tinha um jardim belíssimo, que com certeza já fez parte de um paraíso um dia. Era o único lugar em que não tinha toda aquela bagunça. Levei a mão ao celular para chamar a policia e acabar com a baderna, mas algo me impediu. Uma sombra surgiu da mesma porta em que entrei; não uma sombra comum, e sim de Nee.
Olhei para ela, deixando o celular de lado. Ela me fitou de volta, franzindo o rosto como se eu fosse um estranho. A cada passo que eu dava, ela recuava, como se eu fosse fazer algum mal a ela; apressei o passo e ela recuava também apressada; até que correu, eu a peguei por trás tapando sua boca, virando-a para ela ver meu rosto e espantar o pânico; ainda segurando-a, trouxe para luz da lâmpada de jardim que ficava no fundo da varanda. Então ela me olhou deslumbrada e a soltei devagar.
Longos minutos depois da troca de olhares, Nee sacudiu a cabeça.
- Castiel? – ainda estava interrogativa.
- Olá Nee. – sorri.
- Até que enfim alguém que não esteja bêbado. – ela desviou o olhar de mim, passando a mão atrás da nuca.
- Vamos sair daqui? – voltei a segurá-la pelos braços.
Ela continuou a franzir a testa, e se desvencilhou de mim bruscamente.
- Eu saio daqui. – ela disse equilibrada me dando as costas.
- Não faça isso... Não seja estupida! – alterei a voz no final.
Ela virou e meu deu um tapa, que queimou todo meu rosto.
Quando ela tomou impulso pra ir embora, peguei em seu braço, puxando um pouquinho.
- Ai!
Continuou andando, até eu entrar na frente dela. Nós paramos e entreolhamos esperando mais uma ação. Era como esperar uma solução cair do céu, pois nenhum de nós queríamos ter alguma atitude, que mudaria a nossa amizade, se é que isso pode ser chamado de amizade.
- Falso... – ela murmurou esperando que eu não ouvisse.
Falso não. Qualquer coisa, menos falso. Uma ira incontrolável tomou conta de mim... Quem se escondia por trás de uma máscara era ela, não eu.
- Eu sei que você mente... – ela continuou.
Dessa vez quem saiu foi eu. Minha raiva foi crescendo, e se eu continuasse ali, faria besteira. Quando encostei a mão na maçaneta da porta, ela me provocou:
- Eu sabia.
- Você não sabe de nada. – rosnei.
- Você mente. Sei que mente. Você nem questiona o que estou falando. – ela estava mais equilibrada agora. Parecia que tinha provas contra mim.
- Vai embora. Vai correndo atrás do Carl se é isso que tanto quer, e eu que atrapalho tudo.
- Achei eu fosse se aproveitar de mim antes.
Não consegui. Minha raiva subiu tanto, que quem me controlava era a razão e jamais a emoção. A razão que eu estava certo: Nee era só uma garota qualquer. E ela mesma havia provado isso. Fica me chutando na frente das pessoas, sempre que pode. Como se tivesse algum poder sobre mim.
- Sempre soube que você é uma qualquer. Pensei que fosse diferente... – voltei ao campo de batalha.
Vi seu rosto ficar vermelho, e levar a mão ao meu rosto no mesmo lugar do tapa anterior
- E eu sempre soube que tudo que você queria era se aproveitar de mim... - Disse alterando a voz.
Movido pela emoção, fiz algo que jamais podia imaginar que um dia faria: levantar a mão pra ela. Armei-me com a mão direita, e abri bem a palma da mão. Com certeza ia doer mais nela do que em mim, até porque eu estava fora de mim. Minha mão trêmula não encontrou forças para dar o tapa. Mas eu sabia que conseguia fazer isso. Quanto mais força eu aplicava na mão, mais a mão travava. E de repente, a força que me impedia de dar o tapa, fraquejou, restando-me só um caminho: selar algo que sequer avia começado. Eu estava pronto. Fechei os olhos inundados de lágrimas, mordendo os lábios; levantei a mão para aplicar mais força, e novamente algo me impediu.
- Não faça isso! – disse Lysandre segurando minha mão.
Abri os olhos e vi uma multidão olhando aterrorizada pra mim. Uma multidão de bêbados que no dia seguinte não lembraria do que acontecera. Mas alguém muito importante lembraria.
Sacudi a cabeça e tomei conta de mim. Percebi o grande erro que havia feito, e o maior ainda que estava prestes a fazer. Saí correndo em direção ao carro de Nee gritando por ela. O carro saiu cantando pneus, me restando somente vê-lo sumir na escuridão da noite.
- Olha só a m3rda que você ia fazer! – disse Lysandre.
- Já fiz Lys, já fiz. Está tudo perdido. Eu a perdi!

Acordei com uma dor de cabeça infernal, me acusando com todas as razões do mundo, que eu bebi. Eu realmente havia bebido. Depois que Nee deixou a festa, eu enchi a cara com Carl. Nunca pensei que ia dizer isso, mas noite passada, Carl e eu viramos amigos. E bebemos pelo resto da noite.
Coloquei a mão na cabeça por instinto, e vi as horas no relógio: 13h00. Não acredito que dormi tanto! Bufei e deitei novamente.
Minha mãe me deu um belo susto abrindo a porta do quarto:
- Tem um tal de Carl lá embaixo. Ele diz que é seu amigo.
É. Carl e eu havíamos tornado amigos mesmo. Vesti uma calça moletom, e desci sem camisa mesmo.
- Brother?! Fala aí rapaz. – Carl estendeu a mão.
- Oi Carl. – esfreguei os olhos.
- Ih! Já vi que a coisa é séria. Se tá mal hein cara?!
- É essa dor de cabeça que não me deixa quieto.
- Toma um remédio e vamos sair.
- Melhor não. Vamos deixar pra outro dia.
Passei a tarde toda à base de analgésicos e água, tocando piano. Depois de tantos anos, resolvi resgatar o piano do meu pai.


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