Inscrições escrita por Mislaine brittis


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo pra vcs
boa leitura.



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Isso é um saco.

Rachel esfregou as mãos nos braços nus. Ela deveria ter usado um casaco ou uma jaqueta. Mas ela não queria ter que se preocupar com isso se o dia esquentasse, o que seria em poucas horas. O clima sempre era um pouco frio no inicio da manhã, como agora, às 6:39, enquanto ela ainda caminhava para a escola. Para piorar, o céu estava nublado (aquelas nuvens sorrateiras não estavam lá seis minutos atrás!), o que significava menos sol e maior possibilidade de chuva. Ela se apressou.

Eu acho que estou começando a odiar segundas-feiras.

E assim que concluiu este pensamento, ela esbarrou em alguém na esquina. Ela caiu para trás, na calçada.

"Oof! Ow!"

"Merda, desculpe, Rachel."

Ao som de seu nome e da voz familiar, a morena olhou para cima e encontrou Quinn ajoelhada ao seu lado, tirando os fones de ouvido e empurrando seu iPod nos bolsos da jaqueta da escola. A loira colocou uma mão em seu braço. "Você está bem?" ela perguntou, enquanto procurava por qualquer dano visível.

"Meu traseiro sofreu algum trauma." Rachel respondeu. "Mas eu devo estar bem."

Quinn deu um sorriso torto. "Sim, eu acho que você vai sobreviver." Ela ficou de pé, estendendo a mão para Rachel. "Vamos lá."

A diva se permitiu ser tirada do concreto. Mas Quinn a puxou um pouco forte demais, o que fez Rachel tropeçar para frente. "Ah!"

Felizmente, desta vez a loira estava lá para segura-la pelos ombros. "Oh, cuidado. Tudo bem, calma. Caramba, você é muito mais leve do que eu esperava, Berry."

Rachel tomou um passo para trás, estreitando os olhos. "Você está dizendo que me achava gorda?"

"Não. Estou dizendo que você é baixinha." A lider de torcida inclinou a cabeça contemplativamente, com um sorriso. "Eu aposto que poderia carrega-la sem problemas."

A morena bufou e cruzou os braços sobre o peito. "Você acabou de adicionar um insulto à injuria, Quinn, literalmente."

Quinn apenas revirou os olhos e se inclinou para apanhar a mochila caída de Rachel, resmungando algo que parecia soar como 'bebê'. Mas sorriu carinhosamente, passando a mochila para a outra. "Então. Oi."

Rachel respirou fundo, algo entre um suspiro e uma risadinha. "Oi."

Elas atravessaram o cruzamento. "Sinto muito por ter esbarrado em você."

"Tudo bem. Considere isso águas passadas. Eu não estava realmente prestando atenção por onde caminhava também, e tentei me apressar na tentativa de aquecer meu corpo e evitar a chuva que está por vir. Então, não é inteiramente culpa sua. Peço desculpas, também." A morena respondeu, mais uma vez esfregando as mãos nos braços.

Os olhos de Quinn a examinaram, e então ela indicou o Starbucks com o queixo. "Por que você não deixa eu pagar uma bebida para você assim mesmo?"

Rachel ponderou por um momento. "Eu não tenho certeza se seria aconselhável, Quinn. Eu realmente acho que seria melhor irmos para a escola o mais rápido possível. Provavelmente vai chover e estou um pouco envergonhada ao admitir que não estou preparada para isso. Você, pelo menos, tem sua jaqueta. Além disso, você não tem mesmo que pedir desculpas."

"Escute, se chover, eu lhe empresto meu casaco." A loira abriu a porta do café, mantendo-a aberta com uma mão enquanto puxava sua acompanhante com a outra. "Tudo bem?"

"Mas e quanto a você? Eu não vou arriscar sua saúde por minha causa."

"Não se preocupe com isso. Eu sobrevivi aos treinos das Cheerios ao ar livre durante uma tempestade."

"... Treinadora Sylvester é insana."

Quinn riu. "Ela é."

A morena suspirou e decidiu que qualquer protesto seria inútil, enquanto Quinn se dirigia ao balcão. Pelo menos estava quentinho ali.

A menina atrás do caixa sorriu docemente para a líder de torcida. "Bom dia, Quinn. Vai querer o de sempre?"

"Hei, Nikki, e sim, obrigada."

"Um latte de baunilha, saindo. E para sua amiga?"

Quinn se voltou para Rachel com uma sobrancelha erguida.

"Só um café puro, por favor."

"Claro." Nikki disse, digitando as ordens no computador e acenando para o rapaz atrás dela. Ele começou a preparar os pedidos. "Então, hum, como foi seu fim de semana, Quinn?"

A loira lhe lançou um sorriso, inclinando o quadril contra o balcão de mármore. "Bom. Quieto. Acabei de reler Kafta on the Shore."

"I-isso é ótimo. Murakami é um autor realmente incrível."

"Um gênio." Quinn concordou, entregando o dinheiro à garota. "E quanto a você?"

"Oh, sabe, o mesmo de sempre. Apenas saí com alguns amigos e essas coisas..." respondeu Nikki, corando ligeiramente quando as pontas de seus dedos tocaram os da líder de torcida.

"Legal."

A jovem atendente sorriu. Rachel observou a interação com um sorriso. Quinn tinha um dom natural para flertar com as pessoas; quase como uma segunda pele. Rachel testemunhara isso várias vezes ao longo das últimas semanas. Como quando Quinn provocava Santana apenas para irrita-la ("Você fica dizendo que vai chutar minha bunda, S, mas eu sei não vai. Você gosta de olhar demais para ela"). Ou quando paquerava Brittany, quando as duas queriam irritar Santana (o que tinha realmente feito Santana oficializar as coisas com Brittany há poucos dias. Rachel suspeitava que as duas loiras planejaram tudo). Ou com Kurt, o que era simplesmente hilário, porque se ele flertava de volta, todos riam com aquilo. Ou, até mesmo, com Rachel. E era tudo uma boa diversão.

O parceiro de Nikki trouxe os pedidos, e Quinn apanhou os copos, entregando o de Rachel. "Cuidado. Está quente. Enfim, eu vejo vocês por aí!"

"Tchau, Quinn!" Nikki acenou.

Elas pararam em uma mesa perto da porta para que Rachel pudesse colocar açúcar em seu café. Quinn tomava o dela devagar, olhando para a rua. Quando a morena olhou para cima novamente, tampando seu copo, Quinn estendia sua jaqueta para ela. "Começou a chover."

"Oh." Rachel olhou pela janela, e de fato, estava garoando. "Você tem certeza? Eu tenho certeza de que vou ficar bem..."

"Negócios são negócios, Berry. Você não quer que eu dê para trás agora, não é?" a lider de torcida disse.

Rachel rapidamente percebeu que era muito, muito difícil dizer não para Quinn Fabray. Ela sorriu timidamente e tirando a mochila para que pudesse vestir a jaqueta. Enquanto deslizava seus braços nas mangas, ela sentiu um perfume de jasmim envolve-la. Com o canto dos olhos, ela percebeu Nikki olhando para as duas com as bochechas em chamas. Ela poderia imaginar o que a menina estava pensando. Ela engoliu em seco, apanhando a mochila e o café de Quinn. A loira acenou em aprovação e abriu a porta mais uma vez.

Instantaneamente, Rachel se sentiu grata pela insistência de Quinn, porque parecia estar mais frio do que antes. Ela bebeu o café avidamente, sem se preocupar se acabara de escaldar a própria língua. Ela olhou para Quinn, que parecia imperturbável pelo frio. A loira tinha um olhar distante, enquanto pensava.

"Quinn, você está bem?"

"Huh?" a loira piscou. "Oh, sim, eu estava apenas... pensando."

Rachel inclinou a cabeça. "Posso perguntar sobre o que? Você não precisa me dizer se não quiser. Eu entendo completamente se você quiser manter esse pensamento apenas para você."

Quinn sorriu. "Não, está tudo bem. Eu estava pensando no Finn."

"Finn?" Rachel repetiu. A líder de torcida assentiu distraidamente. Ela não falou nada, e Rachel pensou em dar um palpite. "Você está tendo dúvidas sobre ser uma lésbica e pensando em voltar com ele?" ela provocou.

Quinn parecia confusa. "O quê? Não! oh, Deus, não. Garotos são nojentos." Ela riu. "Desculpe. Eu quis dizer... eu estava pensando em algo que ele disse. Você... você sabia que ele queria que o bebê se chamasse 'Garoa'?"

A morena levantou uma sobrancelha. "Ele queria?"

"Sim. Algo sobre quão incrível é quando está chovendo, mas não chovendo de verdade, só o cheiro da chuva, e sobre você não precisar de um guarda-chuva para sair."

Rachel riu. "Isso parece mesmo algo que ele diria."

A lider de torcida sorriu. "Sim. Claro, eu o chamei de idiota. Mas agora que parei para pensar..." ela fechou os olhos por um momento e suspirou. "... é muito legal, na verdade. E talvez não seja um nome tão ruim."

"Você..." Rachel hesitou. "Você pensa muito nela? No bebê?"

Olhos avelã a observaram com um olhar significativo. "Todos os dias." Foi a resposta, um sussurro melancólico.

A diva olhou para os pés, balançando a cabeça.

Depois de uma pausa, Quinn falou. "E quanto a você? Eu esperava que você e Finn, sabe, corressem em câmera lenta para os braços um do outro após as Regionais, no ano passado."

Rachel deu uma risadinha. "Nós conversamos sobre isso. Mas o rompimento com o Jesse ainda era muito recente, e toda a coisa com a Shelby, eu apenas... não estava pronta. Ele entendeu. Então, somos apenas amigos. E finalmente chegamos a conclusão de que estamos melhor assim."

"Eu sempre pensei o mesmo." A lider de torcida disse em voz alta.

A morena estreitou os olhos, divertida. "É claro que sim. Ele era seu namorado quando comecei a persegui-lo."

"OK, eu não achava que vocês fossem melhores como amigos naquela época porque não queria que vocês funcionassem como nada. Mas, tipo, depois das Seccionais... bem, era óbvio que você era a garota do colegial com elevados padrões. E ele é bom cara e tudo, com uma boa voz, mas..."

"Bem, por que você namorou com ele? Eu não vejo você como alguém com padrões mais baixos que os meus."

A loira deu de ombros. "Era fácil. Era o esperado. E era ele quem corria atrás de mim. E eu não achava garotos nojentos naquele tempo."

Rachel murmurou pensativa, sobre o seu café. "E o que aconteceu entre você e Puck depois das Regionais?"

"Eu mandei ele ir pastar." Quinn bateu no queixo, pensativa. "Tudo o que tive com ele foi complicado, e eu só... queria que as coisas não fossem complicadas por um tempo, sabe? Minha vida estava uma bagunça e eu precisava me encontrar novamente. E também não estava pronta."

"E então você finalmente percebeu que você realmente achava garotos nojentos e teve relações sexuais com uma menina em Boston."

A lider de torcida riu. "E foi isso sim. Embora eu não tenha feito sexo com ela, na verdade."

"Não?"

"Não. Semi-nuas, lembra? Minha mãe nos pegou antes que pudéssemos ir tão longe. Eu sinceramente não sei até onde iria se ela não tivesse atrapalhado."

"Sabe... eu fiquei bastante surpresa com a forma como você lidou bem com o fato de ser gay, e ainda mais surpresa pelo fato de você ter admitido para mim tão facilmente."

Quinn deu de ombros de novo. "Por que eu não diria? Todos sabemos quanto você ama seus pais. Você seria a ultima pessoa que eu estaria preocupadaem saber. E...bem, eu tive tempo para processar. Conversei muito sobre isso com o Kurt, San e Britt, e minha mãe e minha irmã. Eu ainda estou meio que me acostumando com isso, e não vou sair gritando pelos quatro cantos nem nada, mas estou cansada de mentir. Mamãe ficou apenas feliz por eu não ter me trancado no quarto por uma semana inteira de novo, como fiz no inicio do verão."

A morena levantou uma sobrancelha. Quinn apontou para ela. "Eu acho que estou falando demais. Eu estava em busca da minha alma, entende? Como eu disse, precisava me recompor. Descobrir quem eu era, quem eu queria ser."

Rachel sorriu. "E você descobriu?"

"Não tão bem. Mas isso ajudou. Eu descobri o que não queria ser. E ainda estou trabalhando no resto."

Imagens de Quinn atravessaram a mente de Rachel. Olhos cheios de animosidade, frios como aço. E, em seguida, os mesmos olhos, cheios de melancolia – cansados e resignados. Ambos tão diferentes um do outro e do que eram agora. Agora, eles eram brilhantes e ousados, e embora ainda possuíssem uma ferocidade selvagem, também continham certa ternura. Mas sempre tinham aquela centelha, uma faísca que era exclusivamente de Quinn. Que não desaparecera completamente, mesmo nas horas mais sombrias. Que ia lenta, mas seguramente, ficando mais forte todos os dias. (Rachel sabia há muito tempo que se tivesse que escolher uma característica (física) que mais gostava sobre Quinn Fabray, seriam seus olhos).

"Você é uma pessoa notável, Quinn, passar pelo que você passou e sair ainda mais forte."

Quinn bufou. "Dificilmente. Eu sou apenas uma vadia teimosa."

A morena a bateu levemente nos braços. Elas dividiram uma risada.

"Além disso, se existe alguém que deva ser chamada assim, seria você."

Rachel sorriu. "Isso é verdade."

A loira balançou a cabeça e elas riram de novo.

Então, algo ocorreu a Rachel. "Oh! O que é essa semana?" ela perguntou animada.

Quinn parecia confusa. "O quê?"

A diva apontou para a pulseira branca no pulso de Quinn. "A palavra. Qual é a palavra da semana? Você já tem uma?" e seu rosto caiu. "Você ainda está fazendo a coisa com as palavras, não?"

A loira sorriu. "Calma, Berry. Sim, eu ainda estou fazendo 'a coisa com as palavras'. E sim, eu já tenho uma."

Rachel praticamente pulou. "Então, o que é? Me mostra, me mostra!"

"Hmm..." Quinn estreitou os olhos, pensativa. "Eu acho que vou deixar essa em segredo."

"O quê? Isso não é justo!" a morena protestou. Quinn apenas levantou uma sobrancelha. Rachel levemente segurou seu pulso. A loira se esquivou.

"Quiiinnnnnn!"

Quinn botou a língua para fora. "Por que você não tenta adivinhar?"

Rachel fez beicinho. "Você está fazendo isso para me torturar, não?"

"Isso aí." *"Damn straight."* no original. Straight alusão à palavra Hétero no português.

"Quem, você? Eu acho que não. E nem eu." Merda. Ela não tinha a intenção de dizer aquilo em voz alta. Não que não estivesse confortável com aquilo, ela entendera a fluidez de sua sexualidade anos atrás. Mas não queria que Quinn descobrisse daquele jeito.

Mas a líder de torcida simplesmente riu. "Sim, eu não estou surpresa."

A morena franziu o rosto. "Não? Por que? Eu não acho que tenha dado qualquer indicação clara de que sou gay – ou melhor, bissexual. Você não deve assumir as coisas só porque eu tenho dois pais, Quinn."

"Calma, Berry. Eu não assumi nada." Quinn disse. "Você nunca deu qualquer indicação de que não era bi também. E se você fosse completamente hétero, eu ainda assim não ficaria surpresa. Eu percebi, que quando se trata de você, as chances podem ser as mesmas tanto de um lado quanto de outro. O que eu quero dizer é que não é grande coisa."

"Oh."

"Sim. Então, você vai adivinhar, ou o quê?"

A diva grunhiu. "Quinn!"

"Só é adivinhar, Berry." A loira encorajou, enquanto ria.

"Obediência?"

"Não tão sortuda."

"Misericórdia?"

"Obviamente, não."

"Respeito?" a morena tentou, soando um pouco desesperada.

"Não."

"Generosidade!"

"Você vai atirar no escuro até descobrir, não é?"

"Eu não estou supondo cegamente. Você me comprou café, me emprestou seu casaco..." Rachel disse. "Mas sim, vou continuar até chegar a resposta correta. Acho que você sabe que perseverança é uma das minhas virtudes."

"OK, isso vai me incomodar muito, então, é assim que vai funcionar. "Quinn levantou um dedo. "Você tem um palpite por dia, pelo resto da semana."

"Assim vão me restar apenas quatro chances!" a diva exclamou, sacudindo os braços.

"É isso mesmo. Então, escolha com cuidado, Berry."

Rachel resmungou baixinho. Quinn apenas continuou tomando seu café.

"Por que você não pode simplesmente me dizeeeeeeerr?"

"Eu deixo você escolher a palavra da próxima semana, se você acertar."

Rachel olhou para cima. "Mesmo?"

"Sim." A lider de torcida respondeu.

"E se eu não conseguir?"

"Então eu vou ter o prazer de atormenta-la por uma semana inteira e só vou lhe dizer qual é a palavra no sábado."

A morena pensou por um minuto. "Tudo bem. Existem outras regras?"

"Hmm, vamos ver. Você tem até meia-noite em ponto, todos os dias, para adivinhar. Qualquer minuto depois que isso, você perde sua chance do dia. Você não pode ir acumulando. E nada de trapaças, você tem realmente que adivinha-la. Você não pode remover minha pulseira ou pedir para alguém descobrir por você, ou qualquer coisa assim. Fechado?"

"Fechado." Rachel aceitou, estendo a mão para apertar a da loira.

Elas estavam cruzando o estacionamento do McKinley agora. Ainda estava praticamente vazio, e poucos carros. Rachel supôs que fossem das outras Cheerios.

"Então o que você está fazendo aqui tão cedo, Berry?"

A diva suspirou. "Estou aqui para usar a biblioteca. Este ano está se transformando em uma tortura acadêmica, e ele mal começou. Juro que nossos professores estão adorando nos inundar de trabalhos. Eu quase não tenho tempo para ele e meus exercícios extra-curriculares. Então, estou tentando me manter a frente. Se isso acabar afetando minha performance vocal, vou ficar muito chateada."

"Você deveria se juntar ao nosso grupo de estudo." Quinn disse, acariciando seu ombro.

Rachel ergueu as sobrancelhas. "Você tem um grupo de estudo?"

"Sim," a loira balançou a cabeça. "Eu, S e B."

"Oh... mas eu ouvi dizer que grupos de estudos nunca funcionam."

"O nosso funciona."

"Sério?" a morena parecia cética.

Quinn riu. "Sim, sério. Somos incríveis. Vou provar isso para você. Nós vamos ter uma sessão hoje à tarde na casa da Brittany. Venha com a gente."

Rachel mordeu o lábio. "Certo..." ela respondeu, com relutância.

A loira sorriu. "Ótimo. Vou deixar elas saberem. Não se preocupe. Vamos nos encontrar aqui, depois do treino."

"OK."

Elas jogaram os copos de café vazios na lixeira na entrada. Quinn enxugou os pingos de chuva de seus braços com as mãos. Rachel tirou o casaco da líder de torcida e devolveu-o.

"Obrigada."

"Sem problema." A loira respondeu amavelmente , atirando o casaco por cima do ombro.

Rachel apontou a porta de entrada da escola com a cabeça. "Pronta?"

"Só um minuto."

A morena observou Quinn respirar profundamente, empinando os ombros, um brilho determinado crescendo em seus olhos. Rachel sabia que Quinn estava reconstruindo suas barreiras, que a versão descontraída da loira que viera a conhecer e experimentar nos últimos dias, não era alguém que qualquer um pudesse ver.

Rachel sentiu algo engraçado no peito ao perceber que Quinn confiava nela o bastante para deixar sua guarda baixa.

"OK, Berry. Vamos."

No final daquela tarde, Rachel estava de volta à entrada do McKinley. Ela se sentou nos degraus da frente, ouvindo seu iPod. Sua perna balançava para cima e para baixo com o nervosismo. Faze-la ficar de pé no palco e cantar na frente de centenas de pessoas? Claro. Sentar-se em uma cadeira de dentista sabendo que ele vai arrancar seus dentes? Sem problemas. Maratona de filmes de terror? Ela poderia lidar com aquilo. Passar uma tarde inteira com Quinn, Santana e Brittany, a realeza do William McKinley High School? Isso era meio assustador. Talvez ela devesse apenas ir para casa. Enviar uma mensagem para Quinn e fugir. Sim, ela poderia–

"Raaaaaaacheeelll!"

Ela tentou não se surpreender ao ouvir a voz de Brittany atrás dela. Lentamente, Rachel se levantou e virou.

E congelou.

Ela não reconhecia as meninas que se aproximavam. Ela esperava se deparar com armaduras vermelhas e tênis e rabos de cavalo. Ao invés disso, ela foi recebida com Brittany, vestindo uma bandana na cabeça, uma blusa azul clara e uma longa saia floral e sandálias. E depois, Santana, cabelos completamente soltos, com uma camisa de capuz sem mangas sobre os cabelos negros, uma calça preta e tênis pretos.

Por ultimo mas não menos importante, vinha Quinn, cabelos loiros presos num meio rabo de cavalo, vestida com uma camisa de colarinho marrom escuro, as mangas dobradas até os cotovelos, e skinny jeans enfiadas sob as botas até as canelas. Ela tinha, obviamente, tomando banho recentemente, e seu cabelo ainda estava úmido, e não usava maquiagem (vagamente, Rachel percebeu que as outras duas também).

Uma mão acenou na frente de seu rosto. Rachel piscou e encontrou Brittany examinando-a atentamente. "Você está bem, Rachel? Você não disse Oi nem nada."

A diva corou. "Desculpe. Olá, Brittany. Eu estou bem, obrigada."

Satisfeita, Brittany sorriu.

Santana, no entanto, tomou um passo a frente. "OK, escute. Se você tem mesmo que vir, tem que prometer pela sua vida nunca dizer a ninguém o que você vai ver, ouvir ou fazer hoje. Fui clara?"

Rachel engoliu em seco. "Cristalina," ela disse em voz baixa. Esta era definitivamente uma má idéia. Elas faziam parte de algum culto ou algo assim?

Rachel sentiu Brittany passar um braço ao redor de seus ombros. "Está tudo bem, Rachel, ela está só preocupada por que tem que ser legal com você e não quer que ninguém saiba."

"E não – OW! Isso foi desnecessário, Q! Eu não fiz nada!" a Latina disse, esfregando a orelha, que Quinn tinha acabado de apertar. A líder de torcida ergueu uma sobreancelha. Santana revirou os olhos. "Que seja. Vou me comportar, OK, Berry? Mas, sério, ninguém pode saber. Tudo bem?"

A diva assentiu. "OK."

Quase imediatamente, a expressão indulgente desapareceu do rosto de Santana, e ela realmente sorriu. "Bom. Agora que estamos entendidas..." ela tirou um par de máscaras e colocou-as no rosto. "Vamos começar esse show!"

Brittany sorriu. "Eu dirijo desta vez!"

Enquanto a loira mais alta a puxava para o estacionamento, Rachel olhou ansiosamente por cima do ombro. Ela viu Quinn lhe dar uma piscadela antes de colocar um par de óculos de aviadores no rosto, as seguindo. Rachel sentiu a maioria de sua apreensão desaparecer.

Elas pararam ao lado de um veiculo e o queixo de Rachel caiu. "Um jipe?"

"Eu sei, né? Não é incrível? É o bebê da Santana. Bem, tirando eu, quero dizer." Brittany deu um risinho. Ela jogou a mochila de Rachel no banco traseiro, seguido pela própria. Então, ela sentou no banco da frente e deslizou até o banco do motorista. Ela ligou o carro e o teto desdobrou para baixo.

Rachel ainda estava surpresa com aquele monstro vermelho, quando sentiu uma mão sem eu ombro. Quinn estava sorrindo para ela. "Vamos lá, Berry. Todos a bordo."

A morena assentiu e sentou-se atrás de Brittany. Quinn subiu logo depois.

"É um jipe!" Rachel disse, ainda se recuperando.

"Não é só um jipe," Santana disse do banco do passageiro, enquanto colocava um CD no toca fitas. "É um Jipe Wrangler Sahara. E a melhor parte dele é..." ela apertou um botão e de repente, música explodiu de todos os lugares e o veículo vibrou. "as caixas de som Infinity com super potência que ficam debaixo dos bancos!"

Brittany acelerou ao som de John Mayer.

Rachel tentou não se preocupar com a própria vida.

Aparentemente, elas tinham que fazer uma parada para apanhar 'suprimentos' antes de ir para a casa de Brittany. O que envolvia duas paras. A primeira seria... no McDonald's.

"Nos dê um Angus Bacon & Cheese, um Angus Mushroom & Swiss, e um Big Mac. E quatro copos de café." Foi o que Santana gritou para o microfone.

A expressão de Rachel foi de nojo de primeira, mas depois ela imaginou a cara que Sue Sylvester faria se descobrisse o que suas três melhores estavam comendo agora. E ela não pôde parar de rir.

A segunda parada foi na casa de Santana. Brittany diminuiu o volume do som para não incomodar os vizinhos enquanto a Latina desaparecia dentro da própria casa. Cinco minutos depois, ela voltou carregando uma sacola plástica, entregando-a para Quinn, que colocou o conteúdo entre ela e Rachel.

Quinn enfiou a mão dentro da sacola e tirou um pequeno pacote pardo, que jogou para a morena ao seu lado. "Um veg burger. Fizemos a mãe de Santana preparar um para você."

Rachel sorriu, agradecida. "Obrigada. Foi muita gentileza da parte de vocês. O que mais tem aqui?"

A loira puxou duas garrafas de Bud Light.

"Cerveja?"

"Sim. Quer uma?" Quinn perguntou. Rachel grunhiu. "Sirva-se." A lider de torcida passou uma para Santana e abriu outra para si. "B, você bebe quando não estiver dirigindo."

Brittany assentiu e tomou um gole do seu café (que as outras já haviam terminado pois não estavam dirigindo).

"Eu não acredito que vocês trouxeram cerveja para um grupo de estudos!"

"Não é o suficiente para ficarmos bêbadas." Disse Santana, mastigando seu Big Mac. Ao mesmo tempo, a Latina segurou o sanduíche de Brittany para que a namorada desse uma mordida.

A loira mais alta olhou para a diva pelo espelho retrovisor. "Pode tomar uma, Rachel. Relaxe. Você vai se divertir mais assim!"

"Eu não estava ciente de que essa tarde se tratava de diversão." A morena murmurou.

Quinn sorriu e descansou uma mão no cotovelo de Rachel. "Hei. Apenas confie na gente, tudo bem? Vai valer a pena, eu garanto."

Rachel absorveu a sinceridade na voz de Quinn e suspirou devagar. "Tudo bem."

A loira sorriu, e houve paz. Quer dizer, até o próximo minuto, quando Santana puxou um saquinho de cigarros.

"Santana!"

A Latina gemeu. "Oh meu Deus, meus tímpanos."

"Guarde isso agora mesmo!" Rachel gritou. "Como um membro do Glee, você tem a responsabilidade de cuidar de suas cordas vocais–"

"Q, faça ela calar a boca."

A diva se voltou para Quinn. "Você deixa isso acontecer?"

A loira suspirou. "É meio que nossa tradição. Nós fazemos isso uma vez a cada duas semanas durante o ano escolar. E é apenas um cigarro cada. Só aconteceu assim."

Rachel permaneceu parada. Quinn abaixou a cabeça e olhou para a outra sobre o topo dos óculos, fazendo seu melhor para parecer um cachorrinho sem dono. "Por favor, não fique brava, Rachel. Olha, eu não fumo se isso incomoda tanto você."

A morena teve um debate interno. Ela estava se sentindo uma idiota agora. Ela percebeu que estava tendo o privilegio de estar no mundo que Quinn compartilhava com Santana e Brittany, e ainda assim, Quinn estava tentando fazer Rachel se encaixar naquele mundo. E fora o fato de que ela dissera que confiaria nas outras, e aqui estava ela, tornando tudo mais difícil. Sem mencionar, que a atual expressão de Quinn era uma das coisas mais adoráveis que Rachel já vira. Deus, no que ela se meteu?

"Apenas um." Ela murmurou.

Quinn sorriu largamente e jogou os braços ao redor do pescoço de Rachel. "Obrigada." Ela sussurrou no ouvido da morena.

Rachel se sentiu grata por ter tomado aquela decisão.

"Ótimo. Aqui, Q." Santana passou um cigarro e o isqueiro para a loira.

Quinn prontamente acendeu o cigarro e tomou um longo trago. Rachel se encontrou hipnotizada enquanto via a fumaça subir entre os lábios da líder de torcida. E morena balançou a cabeça.

Fumar não é sexy. Fumar não é sexy. "Eu acho que quero aquela cerveja." Ela disse, procurando a sacola.

"Isso aí! Vai lá, Rachel!" Brittany gritou.

"Hei, Quinn, me passa o isqueiro. Quero me divertir também."

Quinn obedeceu. A Latina abriu o isqueiro algumas vezes, mas nenhuma chama apareceu. "Merda, deve ter acabado o gás."

Rachel sorriu, triunfante. O destino estava ao seu lado.

Santana virou no seu assento para encara-las. "Me dê um beijo, Q."

A loira revirou os olhos e se inclinou para frente. Rachel arregalou os olhos.

Mas Santana apenas colocou o cigarro entre os lábios e tocou a ponta no de Quinn (também preso entre a boca da loira), fazendo pegar fogo. Ela deu um trago e se afastou. Quinn fez o mesmo, esticando os braços no banco traseiro. Rachel soltou um suspiro que não sabia estar segurando.

Santana acendeu o cigarro de Birittany do mesmo modo. "Então," a Latina disse. "Agora que temos tudo o que precisamos, é hora de festejar!" ela ligou o som de novo e procurou uma música especifica. Rachel não reconhecia a musica, mas era óbvio que as outras três a conheciam muito bem, pelo modo como balançavam seus corpos e as cabeças.

Santana começou, balançando a cerveja e o sanduíche no ar. "Six packs and Big Macs keep us rollin' down the road!"

"Cigarettes and coffee wher-e-ver we go." Brittany continuou. Rachel riu, repentinamente ciente de onde aquela pequena tradição vinha.

Quinn continuou, "Learn to appreciate those simple li'l things, and open up our arms to what the world may bring."

Rachel continuou observando enquanto as outras continuavam em uníssono.

People all around us, they shower us with love,

E ela ficou chocada quando Quinn e Santana de repente ficaram de pé, segurando-se nas barras do jipe, enquanto continuavam o refrão.

You better keep it comin' coz we just can't get enough!
Where would we be without little love?
You can't get by without a little love,
Everybody needs a little bit o' love sometime!

Quinn se voltou para Rachel, pegando-a pelo pulso para coloca-la de pé ao seu lado. E, enquanto Rachel observava a garota rir quando o vento batia em seus longos cabelos loiros, ela pensou que ali, naquele momento, era um ótimo lugar para se estar.

E também, segundas-feiras? Elas não eram tão ruins. Na verdade, elas eram meio que incríveis.


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Notas finais do capítulo

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