Inscrições escrita por Mislaine brittis


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo, e Obrigada pelas primeiras Reviews



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Ela estava, mais uma vez, insatisfeita com o modo como sua semana estava começando. Literatura começou 10 minutos atrás, e a cadeira ao seu lado estava vazia. Rachel encontrou-se decepcionada. Ela também estava irritada consigo mesma por estar decepcionada. E daí se Quinn faltasse hoje? Não era lá grande coisa. Não era como se elas fossem próximas ou coisa parecida (ao menos, não ainda). E não era como se ela quisesse ser próxima da loira (tudo bem, agora você está mentindo para si mesma). Após o incidente do salvamento da raspadinha, a interação entre as duas era simples e estranha. Ela tinha vontade de vomitar só de lembrar das poucas vezes em que tentaram iniciar uma conversa apenas para perceber que não tinham idéia do que dizer uma para a outra.

Mas ela ainda estava desapontada quando o dia não começou como a maioria dos outros na última semana, com uma certa loira se aproximando dela e murmurando um "Bom dia."

Mas, principalmente, ela estava preocupada.

Em sua cabeça, Rachel pensava em milhares de razões possíveis pelas quais Quinn não estava presente. Ela se estapeou mentalmente em torno de algo como "câncer terminal".

Doze minutos após o inicio de Literatura, Quinn chegou.

Bem, ela entrou tempestivamente, olhou para Srta. Thompson (que engoliu qualquer comentário sobre a falta de pontualidade de Quinn), e correu até seu lugar.

Interrompendo os murmúrios que se seguiram, a professora retomou a aula imediatamente.

Rachel no entanto, não se recuperou tão rápido. Ela ficou paralisada, olhando para a garota ao seu lado, dividida entre estender a mão ou recuar. Ela queria ajudar, mas aquela expressão, aquela postura e aquele uniforme – tudo aquilo trouxe muitas memórias à mente de Rachel, nenhuma das quais terminou bem para ela (apesar disso, ela não pôde evitar maravilhar-se com o fato de que qualquer emoção era espetacular em Quinn – raiva, tristeza, alegria). Ainda assim, não importasse quanto, ela simplesmente não pôde deixar tudo aquilo de lado.

Então, levou um minuto para escolher suas palavras com muito cuidado, e respirou fundo. "Quinn...?"

A Cheerio não disse nada, mas Rachel viu seus ombros ficaram um pouco mais tensos.

"Eu só quero que você saiba que, se precisar de qualquer coisa... eu estou aqui."

Quinn a olhou pelo canto do olho. Rachel sorriu nervosamente, mas desistiu quando a loira simplesmente a ignorou mais uma vez. A morena suspirou.

Alguns minutos depois, Rachel estava ficando mais e mais frustrada com sua incapacidade de se concentrar em A Odisséia. Ela parou de escrever e esfregou os olhos com o polegar e o indicador. Uma dor de cabeça estava começando.

Ela ouviu Quinn se mexer ao seu lado, e sentiu um joelho encontrar o seu levemente. Ela abriu os olhos novamente para encontrar a outra jogada sobre a mesa, queixo repousando sobre os braços cruzados, olhando fixamente para frente. A líder de torcida parecia entediada, mas Rachel percebeu um ar de indiferença forçada.

Um pequeno sorriso atravessou os lábios da morena, e ela não teve mais problemas de concentração a partir dali. O calor de sua pele contra a de Quinn sob a mesa a deixava um pouco distraída.

Rachel acabou tendo o sexto período livre quando o professor de química teve um problema familiar. Ela deu de ombros e decidiu praticar o novo solo que Sr. Shue lhe deu na última reunião do Glee Club.

O corredor estava vazio, então ela ouviu gritos e sons de algo caindo vindos da sala do coral, mesmo à distância. Ela correu, desejando que o piano não estivesse danificado.

Todo o barulho parou abruptamente pouco antes de entrar na sala. A porta foi deixada entreaberta, e ela a empurrou levemente.

A cena que viu foi: Brittany com os braços em torno de Quinn, a loira mais alta pressionando o rosto da mais baixa contra seu ombro; Santana de pé perto das duas com os braços cruzados; várias cadeiras jogadas por todos os lados da sala.

Quinn estava realmente lutando para se livrar dos braços de Brittany, mas a menina dos olhos azuis não se moveu sequer um centímetro.

"Fabray. Desiste."

Com as palavras de Santana, Quinn parou de se contorcer. Um segundo depois, ela pressionou-se ainda mais contra o ombro de Brittany, e suas mãos abraçaram forte os lados da outra ao invés de empurra-la. Os dedos de Quinn estavam brancos e Rachel viu Brittany realmente contorcer o rosto de dor (mesmo assim ela permaneceu completamente parada).

Rachel não sabia quanto tempo havia se passado, mas depois de alguns minutos, os ombros de Quinn relaxaram e ela deixou os braços caírem ao lado do corpo; Brittany também relaxou um pouco em seu abraço.

"Tudo bem, agora, você vai me dizer a bunda de quem eu preciso chutar ou o quê? Porque senão eu vou sair daqui e empurrar pessoas aleatoriamente nas lixeiras. E vou acabar atingindo a pessoa certa mais cedo ou mais tarde."

A capitã das lideres de torcida riu baixinho e se virou para Santana. E então percebeu Rachel parada ao lado da porta.

Merda. "Eu-Uh-"

"O que você está fazendo aqui?" as palavras saíram da boca de Quinn num sussurro duro. Uma mistura estranha entre surpresa, medo e raiva.

"Eu só – sexto período – e meu solo – então o piano –"

Santana deu um passo em sua direção, cheia de ameaça. "Cala a boca. Sai daqui."

"Mas, eu –"

"Rachel," Quinn interrompeu. "Por favor."

A morena deu um suspiro instável, olhou para as três brevemente (Santana a observando, Brittany sorrindo tristemente, Quinn fechando os olhos com força), e, em seguida saiu da sala, fechando a porta às suas costas.

Era tão totalmente injusto que na primeira vez em que Quinn dizia seu nome, teve que ser daquele jeito.

Brittany se aproximou dela no fim do dia, encostada no armário ao lado do seu, enquanto Rachel apanhava os livros que precisaria levar para casa e enfiando-os em sua bolsa.

Ela ignorou a Cheerio. Ela sabia que estava irracionalmente chateada por Quinn confiar mais nas outras duas do que nela, porque elas eram melhores amigas há mais de uma década enquanto Rachel estava sendo apenas cordial com a loira por um total de sete dias. Intelectualmente, ela entendia que não fazia sentido algum.

Mas aquilo não fazia doer menos.

Ela realmente não entendia porque queria tanto ser amiga de Quinn. Quero dizer, ela pensava, de todas as pessoas! Mas talvez fosse isso. Seus colegas do Glee estavam sendo generosos o bastante para lhe fazerem companhia agora. Ainda assim, ninguém nunca a deixava provar que ela poderia ser uma boa amiga, um ótima amiga, nem mesmo lhe davam a mínima chance, e talvez se ela pudesse convencer a pessoa que a odiava mais (ou pelo menos, que costumava lhe odiar) fazer exatamente aquilo, ela poderia provar a todos de uma vez por todas.

Ou talvez ela só estivesse realmente, realmente grata pelo salvamento da raspadinha?

Bem, isso não importava, certo? Quinn nunca de abriria com ela.

"Quando ela estiver pronta, virá até você."

Rachel virou em direção a Brittany com os olhos arregalados. A loira lhe deu um sorriso e um tapinha na cabeça. então, em um giro vermelho, branco e preto, ela se foi.

E eu tinha a impressão de que eu tinha um sexto sentido.

Suspirando, a líder do Glee jogou a mochila sobre os ombros e fez seu caminho até o estacionamento. Ela rapassou as palavras de Brittany em sua mente enquanto caminhava.

Mas e se ela nunca estiver pronta?

"...Então se você precisar falar conosco –"

"O número está na porta da geladeira."

"Certo, e para comer –"

"Prometo não tentar preparar nada fora da meia dúzia de receitas que concordamos mutuamente serem seguras."

"E, no caso de um terremoto –"

"Vou deitar ao lado de uma parede. Já falamos sobre isso umas 22 vezes, papai."

Jeremiah Berry mudou seu peso de um pé para o outro. "Talvez eu deva ficar –"

"Papai. Você não teve férias a sós com o pai desde antes de eu nascer. Seu vôo, que você já pagou o valor total e do qual com certeza não será reembolsado, sai em quatro horas. Você vai entrar naquele avião, e assim que chegar naquele maravilhoso hotel no Havaí no qual tem um quarto reservado há meses, a conferência do pai vai ter acabado e vocês terão muito tempo para comemorar seu aniversário de casamento. Da qual eu não quero ouvir absolutamente nada quando vocês me verem novamente no domingo à noite, já que eu tenho certeza vai envolver enormes quantidades de sexo – com muito amor, é claro."

Sr. Berry apontou um dedo para seu nariz. "Eu acho que deveria estar preocupado com o fato de você ter dito tudo isto com uma cara séria."

"Você me criou assim. Eu não sou a culpada."

Olhando por cima do ombro para o táxi que estava esperando em frente a sua garagem, o homem tentou uma ultima vez. "Tem certeza que –"

"Papai!"

"Certo, certo! Deus, minha própria filha, tão ansiosa para se livrar de mim."

"Tchau, papai!"

"Tchau, filha."

Rachel acenou enquanto assistia o táxi ir embora, virando a esquina, e depois, voltou para casa. Aos dezesseis anos, seus pais finalmente confiavam nela o bastante para deixa-la em casa sozinha por um fim de semana inteiro. Isso ia ser divertido, certo?

Oh. Meu. Deus. Eu estou tão entediada.

Ela olhou para o relógio ao lado de sua cama. Lia-se 04:23. Seu pai saíra há menos de uma hora. Ela estava começando a pensar que não sobreviveria até domingo, afinal, e era apenas quarta-feira, pelo amor de Deus!

Mas ela não estava com vontade de fazer qualquer um de seus passatempos habituais. Ela colocara um filme no DVD apenas para desligá-lo após oito minutos. Pegou um livro que estava quase terminando, apenas para desistir ao virar a página. Ela abriu seu e-mail, pesquisou coisas inúteis na internet, mas não encontrou nada que despertasse seu interesse. Ela fizera um lanche. O que a deixou com seu iPod, mas mesmo a música não tocava como deveria. O que havia de errado com ela?

Normalmente, ela estaria fazendo a lição de casa, mas hoje, ela realmente não tinha nada para fazer. O que quase nunca acontecia. Era quase um milagre, e ela deveria estar muito feliz. Em vez disso, ela desejou que esse não fosse o caso, apenas para ter algo com o que se ocupar.

Porque, caso contrário, seus pensamentos não estariam em uma certa Fabray.

Após os acontecimentos de segunda-feira, Rachel resolveu se afastar da loira. Ela chegou a conclusão de que estava apenas procurando se machucar. Com quem ela estava brincando ao achar que poderia ser amiga de Quinn Fabray? A garota era Quinn Fabray, e ela era Rachel Berry. Ela estaria levantando esperanças para nada; no final ela apenas seria esmagada pela decepção. Houve também uma outra consideração de que, mesmo que virasse uma nova página por assim dizer, com seu comportamento em direção a Rachel (como o salvamento da raspadinha), a atitude de Quinn poderia facilmente voltar a ser o que era, insultos mordazes, humilhações em público etc. A Quinn-rainha-das-vadias ainda estava muito viva, claro que não voltada para Rachel em si (e sim em atletas estúpidos e calouros incompetentes). Mas aquilo realmente continuaria? Na verdade, Rachel esperava ter conseqüências desagradáveis em seu caminho na próxima terça-feira por ter tropeçado, ainda que sem querer, na cena da sala do coral.

Então, sim, à distância.

Mas toda e qualquer resolução que tinha foi destruída em Literatura no dia seguinte, encontrando Quinn aplicando os últimos retoques na nova palavra que embelezava seu pulso.

Perdão.

Rachel tinha planejado não se sentar ao lado da loira, mesmo que isso significasse se sentar nos fundos, mas ela imediatamente (e um pouco sem a menor cerimônia) afundou-se em sua cadeira regular ao lado da líder de torcida ao perceber o que ela estivera fazendo. Ela completamente culpava aquela caligrafia bonita.

Quinn olhou para cima, lançando a outra uma daquelas suas sobrancelhas erguidas. "Bom dia."

Ali estava aquele sorriso infernal também.

"Bom dia!" Foi a resposta automática. Ela estava apenas sendo educada. Exceto, que saíra um pouco mais alegre do que pretendera. Além disso, ela não conseguia parar de olhar para a palavra.

E Quinn parecia achar isso divertido.

"Sua treinadora não tem uma política contra tatuagens ou algo assim?" ela disse.

A loira riu. "Bem, não é uma tatuagem de verdade. Mas você está certa." Então ela mexeu em sua mochila, tirando de dentro uma braceleira felpuda branca, deslizando sobre o pulso, efetivamente escondendo a marca. "Eu não digo nada se você não disser."

Quinn disse com um olhar malicioso, e a única coisa que Rachel pôde fazer foi sorrir de volta como uma idiota, pensando. "Eu estou TÃO encrencada."

O que a trouxe de volta para o agora. Rachel suspirou para o teto. Ela não conseguia tirar Quinn da cabeça desde então. Ela tinha certeza de que aquilo não era nada saudável. E também a deixava muito frustrada, mas ela não podia evitar. Rachel possuía uma curiosidade natural e um dom para o dramático. E a Cheerio parecia apelar por ambos.

Com outro suspiro e outra olhadela para o relógio (só haviam se passado quatro minutos desde a última vez que o consultara), ela decidiu que precisava de um pouco de ar fresco, e pulou para fora da cama. Ela correu em direção ao armário, escolhendo o que era de fácil acesso, uma camisa cinza, shorts bege, e tênis brancos. E saiu porta à fora, o mais rápido que suas pernas poderiam levá-la.

A trilha pelo parque tinha mudado muito pouco. Era como entrar em uma barreira de espaço onde o tempo não passava. Assim, mesmo que ela não tivesse aparecido por lá em anos, tudo lhe era familiar e reconfortante. Não era um lugar muito popular (um pouco fora do caminho para a maior parte da população de Lima, pequena cidade, mas era perto da casa dela) e o silêncio lhe permitiu deixar as complicações do mundo real para trás. Ela se lembrou de como era ser uma garotinha, despreocupada e ingênua, e deslizou facilmente para aquela época com o sentimento. Era sua própria Pequena Terra do Nunca.

Ali, era poderia ser só mais uma pessoa sem propósito. Lá fora, tudo o que fazia sempre tinha um destino, uma ambição. Mas neste lugar, ela podia passear sem nenhum propósito, sem destino. E isso era exatamente o que ela estava fazendo.

Do nada, um ruído farfalhante e um borrão amarelo surgiu do meio de alguns arbustos. Ela fez uma pausa rápida, olhos arregalados observando um retrivier dourado, agitando a poeira dos pêlos com a pata. Ela percebeu que ele não parecia ser hostil quando olhou para ela, sentando-se sobre as patas traseiras, língua rosa pendurada para fora da boca.

Ela se aproximou com cautela. O cão não se moveu, simplesmente a observou. Rachel estendeu a mão até o seu focinho e quando chegou perto o suficiente, ele lambeu sua mão. Ela sorriu e se agachou. "Bom..." ela abaixou a cabeça um pouquinho. "... garoto. Bom garoto. Você está perdido?"

O retrivier não respondeu, obviamente. Ele não tinha nenhuma coleira. Mas era muito saudável e bem cuidado (seu pêlo era deliciosamente macio e suave), para um cão que morasse na rua. Rachel acariciou sua cabeça macia por um tempo, tentando encontrar o dono.

"Rachel? É você?"

Ela se virou para a voz. "Kurt?"

O garoto saiu de trás das arvores. "O primeiro e único. O que você está fazendo aqui? Eu não sabia que você tinha um cachorro."

Rachel balançou a cabeça. "Eu não tenho." E obviamente não era dele também. "Eu meio que... o encontrei. Ou ele me encontrou."

"Oh." Ele parou mais perto do animal. De repente, seus olhos se iluminaram em reconhecimento. "Oh! Claro. Apollo!"

A cauda do cachorro balançou com entusiasmo e ele se moveu em direção ao garoto, que soltou uma risada e deu alguns tapinhas na cabeça do cão.

Rachel sentiu um fluxo de alivio. "Vocês se conhecem. Eu acho que você conhece o dono dele também?

"Eu conheço sim." Ele sorriu. "Quer me ajudar a encontrar quem cuida desse garotão aqui?"

A diva piscou os olhos e deu de ombros. "Tudo bem. No momento, eu estou livre de qualquer obriga-"

"Certo, vamos lá, então!" disse ele, jogando um braço em volta dos ombros da diva, empurrando-os para frente.

Ela tropeçou por um segundo, mas conseguiu acompanhá-lo rapidamente. "Espere, como vo-"

"Apenas me siga."

Era óbvio que Kurt sabia exatamente aonde estava indo, e ele realmente não precisava de nenhuma ajuda para encontrar aquela pessoa, seja lá quem ela fosse. Mas em certo sentindo, Kurt realmente a estava convidando para andar com ele (geralmente os únicos que se ofereciam eram Tina e Finn), e ela não tinha nada a perder. Então, ela seguiu obedientemente. O golden retrivier trotando ao lado deles.

Kurt olhou ao redor, pensativo, como se procurasse alguma coisa.

"O que aconteceu?"

"Eu não vejo-"

De repente, seu companheiro canino soltou um latino e imediatamente mergulhou em uma enorme pilha de folhas secas. Eles ouviram um grito (um grito decididamente feliz) e então um borrão vermelho, laranja e marrom voando para todos os lados, deixando Quinn a vista, lutando divertidamente com Apollo.

"Menino malvado! O que eu disse sobre perturbar a hora da soneca da mamãe?" ela empurrou o cão de costas e esfregou o estômago dele vigorosamente, fazendo com que o animal jogasse as patas para o ar. "Sofra com a ira do Ataque de Cócegas Fabray!"

Um riso jorrou da garganta de Rachel. A cabeça da loira imediatamente voou para cima, olhos cor de avelã encontraram os castanhos.

"Berry?"

A morena sorriu timidamente. "Oi."

"Eu esbarrei nela no caminho." Kurt explicou com um sorriso divertido. Ele avançou e Rachel o seguiu. "E ela esbarrou no Apollo. Ou algo assim."

Quinn se recuperou de seu momento pega-no-flagra, sorrindo para os dois. "Entendo."

Rachel a examinou. Ela trocou seu uniforme das Cheerios por roupas casuais. Calças pretas largas. Havia grama grudada em sua camisa azul e listras de lama em seus braços. E ela não parecia se importar.

A líder de torcida pegou um pedaço de madeira e balançou na frente do cão, antes de jogá-lo para longe. Apollo correu. "Eu acho que mamãe passou na sua casa e mencionou que eu estaria aqui?"

Kurt concordou. Rachel parecia um pouco confusa e ele percebeu, então se dirigiu a ela. "A mãe dela e meu pai são, como, melhores amigos agora."

"Oh. Como isso aconteceu?"

"Coisas aconteceram durante o verão," Quinn disse, sentada no chão, apoiada em suas mãos. "Basicamente, depois que minha mãe chutou meu pai para fora, ela quis provar para si mesma que poderia ser uma mulher independente. Ela começou pedindo para o pai de Kurt dar uma melhorada nos nossos carros."

"As Fabrays possuem atualmente o Sedan mais rápido de Lima." O menino disse com orgulho.

"Uau."

"É. Eles realmente mantiveram essa relação desde então." Apollo voltou, empurrando o pedaço de madeira. "Então teve toda aquela coisa de 'nós-dois-temos-filhos-gays'."

Kurt sorriu. Levou um segundo para que ela realmente entendesse, então as sobrancelhas de Rachel dispararam para cima. "O quê?"

Quinn riu. "Muitas coisas aconteceram no verão."

"Especificamente, ela traumatizou a própria mãe em Boston ao ser pega nua no banco traseiro de seu carro recém-renovado com uma das colegas de quarto da própria irmã."

"Hei, eu só estava semi-nua. Mas, cara, aquele carro é um sonho, e muito bom para se dirigir em pista limpa."

A boca de Rachel ainda estava aberta. "... Uau."

Quinn sorriu. "Acho que a quebramos."

"Acho que ela está babando."

A morena fechou a boca ao ouvir aquilo. "Eu – eu não estou babando." Ela amaldiçoou sua imaginação hiperativa.

Os outros dois riram com seu tom indignado. Felizmente para Rachel, o cão apareceu novamente, tirando a atenção de cima dela. Apollo deixou cair o pedaço de madeira ao lado da dona e se moveu para lamber o rosto dela com entusiasmo. Ela riu e acariciou a orelha do animal.

Kurt fez uma careta. "Lembre-me de não lhe dar um beijinho de despedida mais tarde."

Os olhos avelã se iluminaram. "Oh, Hummel..." Quinn cantarolou, rastejando em direção ao garoto.

"Não. Não, não, não, não! Fique longe de mim!" ele exclamou, tentando se afastar. Mas Quinn foi mais rápida. Um segundo depois, ela estava em seu colo, braços ao redor do pescoço, esfregando sua bochecha contra a dele. Rachel cobriu a boca com as mãos, mas não fez absolutamente nada para disfarçar seu divertimento. Kurt gritou. "Quinn! Pare com isso! Quiiiinnn! Eu já posso sentir meu glamour evaporando!"

A loira cedeu, rindo. Ele a empurrou com um beicinho. "Eu odeio você, Quinn Fabray."

As meninas apenas continuaram rindo, revirando os olhos. Então ele tirou a camisa e jogou na líder de torcida, atingindo-a no peito.

"O que você acha que está fazendo?" Rachel perguntou entre risos.

"Se ele disser 'Dança de colo' eu vou engasgar." Quinn acrescentou.

"Eu vou nadar um pouco." Ele tirou os shorts. Girando nos calcanhares com o nariz empinado, ele fez seu caminho até o riacho. Apollo correu atrás dele, e entraram na água juntos.

Depois de observá-los por um tempo, Rachel olhou ao redor. Ela sempre adorou as cores do outono. "Este é um lugar muito bom."

Quinn caiu de costas na grama, fechando os olhos. "É."

"Eu costumava freqüentar o parque quando era criança. Mas nunca soube deste lugar."

"Eu meio que tropecei aqui por acidente. Me desviei do caminho um dia, e aqui estava eu."

Rachel deu uma risadinha. "Bom, eu suponho que haja algumas vantagens ao se afastar do caminho de vez em quando, se você tiver chances de encontrar lugares assim."

A loira abriu um olho, e o canto de seus lábios subiram. "É. Definitivamente."

Aquele era um momento carregado. Ambas poderiam dizer. Nenhuma das duas falou por um tempo.

Mas o momento passou. "Então, quem mais sabe sobre este lugar?" a morena perguntou com curiosidade.

"Humm... Santana, Brittany, Kurt trouxe Mercedes aqui, também. E agora você."

"E quanto a Finn e Puck?"

Quinn balançou a cabeça. "Meninos não são permitidos. Só aquele." Ela apontou em direção a Kurt. "Mas estou convencida de que seu pênis foi inteiramente um acidente." Rachel riu alto, balançando a cabeça em concordância. A líder de torcida sorriu. "Você pode trazer Tina, se quiser. Vocês duas são amigas, certo?"

A diva deu de ombros. "Mais ou menos." Quando Quinn levantou a sobrancelha, e ela continuou. "Eu me dou bem com ela, e por associação, com Artie também. Minha relação com eles é a mais amigável de todos os outros membros do Glee Club. Embora nenhum de vocês tenha sido particularmente hostil comigo por um tempo. Finn e Noah são sempre muito protetores com relação a mim. Mike e Matt são gentis. Santana e Brittany são... bem, elas são Santana e Brittany. Você, Kurt e Mercedes parecem ser neutros com relação a mim, embora tenhamos momentos como agor-"

"Berry," a líder de torcida começou sem ameaça. "Vamos saber aonde você quer chegar antes que o ano termine?"

"Eu não tenho um melhor amigo," Rachel disse simplesmente. "Vocês todos tem alguém. Eu não sou tão próxima assim de ninguém." Houve um breve silêncio, e então ela acrescentou, baixinho. "E eu suponho que ninguém realmente queira ser próximo de mim."

"Isso não é verdade."

A morena olhou para o chão. Imagens do que aconteceu na sala do coral passando em sua mente. "Não é?"

Quinn sentou-se, lentamente. Rachel pôde sentir o peso de seu olhar. "Isso é sobre o que aconteceu segunda-feira?"

Nunca deixe ninguém dizer que Quinn Fabray é lenta para entender alguma coisa.

A diva não respondeu. Ela ouviu o suspiro da loira. "Eu esbarrei em Russell – meu pai," ela bufou. "No domingo."

Rachel olhou para cima. Os olhos de Quinn estavam vidrados, olhando para algum ponto sobre o ombro de Rachel. "De tarde, no shopping. Eu estava indo para casa. E eu o vi lá, com a namorada..." ela respirou através dos dentes cerrados. "Ele teve a coragem de perguntar como eu estava, como mamãe estava. Eu dei um tapa na cara dele. Então aquela vadia insultou minha mãe, como se fosse culpa dela ter sido traída. E depois eu estava gritando e eles estavam gritando, e foi tudo tão horrível. Mas isso não foi o pior."

A loira encontrou o olhar de Rachel. "A pior parte foi quando ele disse que eu não tinha o direito de julga-lo, não quando eu fiz exatamente a mesma coisa que ele havia feito." Sua voz caiu para um sussurro. "Isso me deixou com raiva, porque ele estava certo. Eu traí a pessoa com quem tinha um relacionamento." Ela apertou o nariz. "E aquela vadia fez o comentário de que, pelo menos, ela não fora estúpida o bastante para ficar grávida. Então ela insultou minha mãe. E depois eu meio que espanquei ela."

"O quê?"

Quinn sorriu timidamente. "Bem, eu dei um soco na cara dela. Ela pode ou não pode também ter uma pequena mancha roxa em volta dos olhos agora."

A voz de Sue Sylvester ecoou na mente de Rachel: leoa. "Quinn! O que vai acontecer se ela for até a policia? Ok, não se preocupe, nós vamos descobrir alguma coisa. Tenho certeza de que meu pai conhece alguém."

"Berry."

"... Desculpe. Você – você está bem?"

"Claro. Eu sei como dar um soco sem ferir minha mão. Ela não se defendeu também e acho que Russell estava chocado demais para fazer alguma coisa. Eu saí correndo antes que ele pudesse fazer. Eu poderia ter ganhado muito dinheiro se estivesse apostando uma corrida."

"Embora seja bom saber que você saiu fisicamente ilesa, não foi exatamente isso que eu quis dizer."

A lider de torcida deu uma risadinha. "Eu sei. Eu estava brincando."

Rachel bateu em seu joelho.

"Bem... como você sabe, eu estava imersa em raiva por um tempo." Ela recebeu um aceno de cabeça. "Realmente o pensamento de que sou igual a ele me deixou irritada."

"Você não é."

Quinn lhe deu um pequeno sorriso. "Eu agradeço. E parte de mim sabe que é verdade, e que você não está somente tentando diminuir minha dor. E que pessoas que me conhecem diriam a mesma coisa. Mas você consegue entender que isso não é o suficiente?" outro aceno. "Então eu pensei sobre isso. O que eu poderia fazer para ser diferente dele."

Os olhos da diva deslizaram para o pulso esquerdo de Quinn. Quinn sorriu com o gesto.

Nunca diga que Rachel Berry não é inteligente também.

"Ele me expulsou de casa. Nunca tentou fazer contato comigo novamente. Ele não me deixou superar." A loira respirou fundo. "Mas eu vou. Vou aprender a me perdoar por ter estragado tudo. E então eu vou perdoá-lo. E essa vai ser a diferença entre nós dois."

Rachel achou que deveria estar olhando para a loira com o que deveria ser admiração. A loira parecia ter esse efeito sobre ela ultimamente.

E, aparentemente, ela ainda não tinha terminado, porque se inclinou para frente, colocando a mão no joelho de Rachel. Foi um dos olhares mais sérios que Rachel já vira naqueles olhos claros. "E Rachel. Vai demorar um pouco para eu chegar lá. Mas quando isso acontecer, eu pretendo iniciar o processo pedindo e ganhando o seu perdão."

Elas permaneceram paradas por um tempo, até Quinn recuar ligeiramente. De repente, um corpo macio colidiu com o seu, e ela se encontrou com os braços cheios de Rachel Berry. Depois de superar do choque inicial, ela timidamente envolveu seus braços ao redor da morena. Rachel a apertou ainda mais.

Muito mais da verdade, e Quinn acabou engasgando. "Ar!"

Rachel imediatamente se afastou. "Eu sinto muito! Eu não sei o que deu em mim, eu só-"

"Berry."

A boca da diva se fechou.

"Uau, esse é um truque útil."

Quinn recebeu outro tapa no joelho. Mas as duas estavam rindo.

"Eu sinto muito por ter deixado você de fora, segunda-feira. É só que... eu estava com raiva e não queria arriscar ficar muito perto de você, no caso de resolver fazer algo estúpido. Santana e Brittany estão acostumadas a me ver daquele jeito; elas sabem como lidar com o pior quando eu sou a rainha das vadias. Além disso, eu estava me sentindo meio... vulnerável, e... Fabrays têm problemas de orgulho."

Rachel levou um tempo para absorver a informação. Quinn realmente tentara protegê-la. E, levando em consideração toda a conversa, ela queria mesmo ser sua amiga.

Ela lutou contra o desejo de abraçar a outra novamente. Em vez disso, ela respirou fundo e disse. "Bem, eu acho que você não está diante de um mau começo. Mas, vamos trabalhar nessa questão do orgulho, não é?"

Quinn sorriu amplamente. "Sim."

Sem aviso, Apollo se materializou ao lado delas novamente. Ele cutucou a mão de Rachel com o nariz. Ela sorriu e acariciou a orelha do cão, imitando as ações de Quinn.

"Ele gosta de você." A loira disse.

"Eu gosto dele também. Mesmo que agora ele esteja molhado e fedorento."

A lider de torcida riu, e depois assobiou alto. O cão imediatamente se afastou de Rachel e se deitou ao lado da dona, colocando a cabeça em seu colo.

"Apollo é um bom nome. Deus da luz e do sol."

"Sério? Eu só escolhi esse nome porque vi na legenda de um filme com um homem loiro e bonito."

Rachel olhou para a outra, incrédula.

"Isso se chama humor, Berry."

A morena balançou a cabeça. Levaria algum tempo para ela se acostumar. "Certo. Ele também é o patrono da música."

Quinn sorriu, e talvez fosse a sua imaginação, mas Rachel achou que o gesto foi quase carinhoso. "Eu sei, Berry."

"Quando você ficou com ele? Quantos anos ele tem?"

"Cerca de seis meses, eu acho. Meu primo o comprou ainda um filhotinho no começo do ano. Mas teve que se mudar para a faculdade, então, nós o adotamos."

"Seis meses? Ele já está enorme. Então você o renomeou. Qual era o antigo nome dele?"

A loira franziu o rosto. "Wendy."

"Você está falando sério?"

"Meu primo tem uma irmãzinha que insistia que o cão era do sexo feminino. Ela chorou e eles aceitaram o nome. Mas ela também tinha medo dele, por isso a família não o quis por perto."

"Bem, graças a Deus você estava lá para resgata-lo."

Quinn assentiu. "Ele era um animal muito inteligente, e eu sempre quis ter um bichinho de estimação. Mas, bem, Russell..."

A diva acenou. "Mas você permite que seus animais de estimação saiam correndo por aí livremente?" ela repreendeu levemente, tentando mudar o assunto. "E se ele ficasse perdido? Ou se alguém o ferisse?"

A expressão da loira ficou séria. "Eu não apenas permito que ele fique vagando por aí. Eu deixo ele caminhar pelos arredores com instruções específicas de me arranjar uma garota bonita."

Rachel engasgou até perceber a ligeira pressão da mandíbula de Quinn. "Você está tirando sarro de mim, de novo."

Quinn gargalhou. Rachel cruzou os braços. "Eu não acredito que realmente acreditei sobre a possibilidade de você ter treinado seu cão para fazer esse tipo de coisa."

"Bem," Quinn disse, pensativa. "Ele meio que fez tudo direitinho desta última vez, não foi?"

Rachel corou.

A líder de torcida riu de novo, e Rachel percebeu que, recentemente, isso não a incomodava mais quando era ás suas custas. Mas ela se importava um pouquinho. "Idiota."

Quinn piscou.

"Vamos lá, Berry. Vamos acompanhar Kurt no próximo mergulho. Eu me sinto meio selvagem e úmida agora."

Rachel sabia que a loira queria que aquilo soasse exatamente daquele jeito, e levaria um tempo até ela se livrar de imagens de #$%&*( da sua cabeça.

Rachel conseguiu permanecer não entediada pelo resto do fim de semana, saindo com Quinn (e alguns dos outros amigos do Glee também, mas principalmente Quinn).

E na segunda-feira seguinte, quando a loira levantou a mão e acenou em sua direção, ela leu a palavra Humildade. Quinn sabia que ela havia percebido.

"Estou trabalhando sobre essas questões de orgulho."


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Notas finais do capítulo

Mereço reviews???????



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