Pretending To Pretend escrita por Ella Martin


Capítulo 2
I. Katie


Notas iniciais do capítulo

5 comentários no prólogo. Esperava bem menos, lol.
Pra quem estava se perguntando o porquê de o Travis precisar da tal ajudinha da Katie: esse capítulo explica.
Boa leitura!



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Katie já estava pronta. Usava uma saia florida com uma regata qualquer, seu cabelo estava em uma trança feita de última hora por insistência absurda da parte de Miranda, seu casaco e sua bolsa estavam jogados em cima da cama esperando não saírem de onde estavam.

Onde ela havia se metido? Onde o orgulho de Travis a havia levado, ela se corrigiu mentalmente.

Katie andava de um lado para o outro do chalé, às vezes mordiscava a unha do dedão ou então estalava os dedos. Por que ela estava fazendo isso mesmo? Ah sim, porque ela é a Katie-nunca-diz-não, ela se respondeu.

— Gardner, já está pronta? — Travis bateu na porta do chalé quatro pela terceira vez. Katie estava ficando sem mais desculpas para enrolar — Eu sei que você está pronta Katie, saia logo!

Droga, ela fora descoberta.

— Travis, não tem como ir outro dia ou, sei lá, não fazer nada?

— Katie, pelo amor de Zeus, eu já te expliquei mil vezes! Eu levei um pé na bunda. Obrigada por me fazer admitir isso em voz alta.

Katie tinha uma certa desconfiança. Sempre que ela tentava puxar algum assunto sobre a tal garota, ele desviava e acaba falando sobre estratégias de batalha e, também, Katie nunca vira Travis com alguém de fato, mas talvez era apenas uma mortal e o rompimento foi difícil. Bom, era no que Katie preferia acreditar.

Depois de um longo suspiro, ela pegou o que estava em cima da cama e em apenas dois pulos chegou a frente da porta, respirou fundo e tentou desamarrotar um pouco a saia, ajeitou a blusa e checou a trança, depois olhou a bolsa pela milésima vez, tentando arrumar coragem. Depois de respirar fundo mais uma vez, Katie abriu a porta, revelando um Travis muito bem vestido em uma camisa social e jeans surrados. Ele brincava com as pétalas de uma tulipa que ela considerava um tanto quanto esquisita: era um misto de roxo e vermelho, obra dos filhos de Pérsefone, ela tinha certeza.

— Chalé quatro, filhos de Deméter, só para lembrar.

— Queria que eu trouxesse o que? Grama? — Travis abaixou-se e arrancou alguns pedaços de capim do chão — Pronto, aqui está.

— Você é inacreditável e não, isso não foi um elogio.

Travis deu um sorriso de escárnio, completamente irritante, fazendo Katie repensar se deveria mesmo ajudá-lo.

De uma forma ou de outra, agora não dava mais para voltar atrás.

(...)

Um silêncio se instalava no carro em que Travis jurou que não era roubado. Eles eram — oficialmente — fugitivos do Acampamento Meio-Sangue. Era questão de algumas horas até Quíron descobrir que os dois haviam passado pelas fronteiras e sequer comunicado a alguém. Se ficassem em apuros, não poderiam contar com alguma ajuda interna.

Onde estamos indo?

— Casa da minha mãe. Connor não estará lá, ele conseguiu fugir à tempo.

O carro parou em frente a um sobrado amarelado. Um jardim encantador se postava à frente da casa, dando boas-vindas a quem chegasse e olhasse os animados bichinhos de madeiras que estavam fincados ali. O lado de dentro da casa estava em festa, literalmente. Balões se espalhavam por todos os cantos e várias pessoas cumprimentando e dando presentes a uma única mulher lotavam a casa.

— Acho que esqueci de comentar — Ele riu nervoso — Hoje é aniversário da mamãe.

— Eu poderia cortar a sua jugular agora mesmo, Stoll! Por que você não me avisou, seu estúpido? Eu vim de mãos abanando!

— O presente dela é você, brotinho. Agora aperte a campainha e, por favor, pare de tremer. Parece que você está em uma cadeira de massagem. É só agir como se realmente estivéssemos namorando, não é tão difícil assim.

Katie apertou a campainha e observou a mãe de Travis olhar pela janela e acenar animadamente para eles, saltitando logo em seguida até a porta.

Uma mulher em seus cinquenta e três anos — segundo o que constava as velas no bolo — com cabelos castanhos presos em um coque e bochechas levemente coradas abriu a porta praticamente pulando de felicidade. Ela, apesar de magricela e baixa, abraçou Travis com tanta força que Katie podia jurar ouvir as costelas dele quebrando.

— E você deve ser a namorada do meu Trav! Qual o seu nome, docinho?

Travis e a sua namorada misteriosa. Tão misteriosa que nem a mãe dele sabe o nome, pensou Katie.

— Katie. Prazer em conhecê-la, senhora Stoll! A propósito, feliz aniversário. — Katie segurou as mãos da mãe de Travis.

— Que gracinha! — Ela apertou as bochechas de Gardner — Obrigada, docinho. Seja bem-vinda! Beba o quanto quiser, isso não foi um pedido e sim uma ordem. A casa é sua. E você — Ela apontou para Travis — Nada de beber, já que está dirigindo. Agora, se me dão licença, vou atender a porta. Divirtam-se!

— Sua mãe é um doce!

— Concordo. Pegue um ponche, provavelmente está batizado, mas desde que você não beba demais não tem problema.

— Batizado? Isso não é coisa de faculdade e bailes escolares?

— Minha mãe vive como se ainda estivesse no colegial, vai entender!

Eles se sentaram e ficaram encarando a festa a sua frente. A mãe de Travis estava tão feliz que a cada cinco segundos olhava para eles e acenava. 

— Gardner, os convidados estão começando a estranhar.

— Estranhar o que? — Ela tomou um gole do ponche.

— Estamos encarando a festa o tempo inteiro e não agimos como namorados.

— Larga de frenesi, Stoll. Não precisamos ficar nos agarrando para provar que somos namorados!

— Brotinho, você está na outra ponta do sofá e nem olha na minha cara. Faça o favor de pelo menos se apoiar em mim.

Katie bufou e revirou os olhos, se arrastando para o lado de Travis e se deitando no seu ombro, suas narinas sendo invadidas violentamente por um cheiro irresistível de canela e chiclete de hortelã. Ela se afundou ainda mais nos braços dele, tentando tirar o maior proveito possível do cheiro. Logo, sua cintura estava envolvida pelos braços dele e eles iniciaram uma conversa qualquer. Quando o assunto se foi, Travis pegou a tulipa vermelha-roxa e começou a passar no rosto de Katie, fazendo-a rir.

Em algum momento eles se encararam e se aproximaram, Katie conseguia sentir o hálito que o chiclete havia deixado.

— E então, docinhos — A mãe de Travis surgiu na frente deles, os separando. Katie enrubesceu completamente — Há quanto tempo estão juntos?

— Dois meses.

— Três semanas.

Eles falaram em uníssono. Sra. Stoll os olhou confusa enquanto Travis e Katie trocavam olhares nervosos.

— Dois meses e três semanas — Katie enrolou.

— Que gracinha! Onde se conheceram? Travis não costumava me contar detalhes nas cartas — Ela apoiou o queixo nas mãos, como uma adolescente curiosa.

— Nos conhecemos casualmente, através de amigos — Katie deu uma evasiva, até que estava se saindo bem — Amor à primeira vista — Ela exagerou, fazendo Travis olhá-la desesperado. Katie riu por dentro. Agora ela teria uma leve vingança — Da parte dele, é claro. Eu não cedi tão fácil.

Katie olhou de relance para Stoll e observou um sorriso de escárnio de formando. Droga, ele havia entendido ojoguinho.

— Não finja ser tão forte, Kay. — Ele a abraçou de lado e se virou para sua mãe — Ela caiu nos meus braços na primeira oportunidade que teve, na verdade ela que se declarou.

— Vocês são tão lindinhos! Oops, campainha tocando de novo. Com licença, docinhos — Sra. Stoll se levantou e foi atender a porta novamente.

— Já pensou em ser ator?

— Aprenda comigo então, Gardner — Ele checou o relógio e deu um pulo — O toque de recolher! Katie, temos que iragora.

Travis puxou Katie do sofá, a fazendo tropeçar no tapete, mas nem por isso parou. Eles encontraram a Sra. Stoll no meio do caminho e se despediram apressadamente, arrancando uma enorme desconfiança dela e olhares assustados dos convidados.

Assim que entraram no carro, Travis acelerou, fazendo cantar pneu. Eles iam a quase cem quilômetros por hora, passando por todos os sinais. Katie segurava firmemente o banco e rezava a Zeus para que a gravidade mantivesse o carro no chão. Chegando perto da estrada que levava a Colina, eles saltaram. Katie nem se preocupou com o destino do carro, a sua vida estava em jogo e virar jantar de Harpia com certeza não estava nos seus planos.

Eles subiram a Colina correndo, diminuindo o passo conforme chegavam perto da fronteira, tomando cuidado para não acordar Peleu e alarmar quem pudesse chamar Quíron, achando que o acampamento estava sob ataque. Katie e Travis chegaram aos chalés e suspiraram aliviados, depois caíram em uma gargalhada baixa, compartilhando uma cumplicidade. 

— Vejo que estão de bom humor — Quíron disse, os fazendo gelar. Katie procurou a mão de Travis e a apertou — Por isso estão escalados para lavar a louça do almoço pelo resto do ano.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
A AirHead infelizmente ainda não apareceu por aqui, espero que ela veja que eu estou postando.
Curtiram a explicação? Vocês acham que é só isso mesmo ou tem mais alguma intenção nesse pedido dele, hein?
Beijinhos e até o próximo ♥