A Escolhida escrita por Madu Oms


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Ficou pequeno, bla bla bla.
Os próximos capítulos serão meio monótonos porque ela começa o treinamento, e vocês vão ter umas surpresinhas.
Sem spoilers.



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Trevas.

Basicamente foi com isso o que eu sonhei. Trevas por todos os lados. E não era aquela treva bonitinha, meio roxa e que parecem com um amontoado de nuvens escuras, que nós vemos na televisão. Não. Era uma fumaça negra e densa que parece entrar dentro de você, mais gelada do que uma banheira com gelo. A sensação é de que toda a alegria e a paz dentro de você são diminuidos, enquanto o medo e a tristeza ficam umas três vezes mais intensos.

Tudo o que eu queria era conseguir encontrar o equilíbrio. Forçar os sentimentos bons a se intensificarem ao menos um pouco, só para que eu ficasse lúcida e sã tempo suficiente para conseguir entender aquela névoa que, em pouco tempo, eu vi que estava sendo lançada por alguém.

Fechei os olhos e obriguei meu corpo a criar uma espécie de barreira para impedir que a fumaça bagunçasse meus sentimentos ainda mais. Depois tentei lembrar dos momentos mais felizes da minha vida. Quando fui pra praia pela primeira vez, quando ganhei meu primeiro cachorro – que fugiu, aliás, mas isso é outra história –, quando conheci Rebeca.

Pouco a pouco, o desespero foi se dissipando, e eu consegui focalizar no cara enorme à minha frente. Ele tinha as duas mãos espalmadas na frente do corpo, e elas estavam pretas – eu quase vômitei quando compreendi que ele estava gastando tanta energia que as palmas estavam se decompondo. O homem mantinha os olhos fechados, mas eu sabia que era questão de segundos até que ele os abrisse para chegar se tinha feito um bom trabalho.

Corri meus olhos pelo lugar onde estava.

Não era Nostrae, isso era visível. Não havia grama, não havia árvores, e também não conseguia visualizar o castelo dos deuses. Na verdade, o lugar tinha apenas uma quantidade bem grande de casas enfileiradas, como num condomínio. Um condomínio de luxo, pensei, ao ver o tamanho das residências.

Me perguntei se não estava nos Estados Unidos, talvez numa cidade mas nobre, mas percebi que era impossível. Eu sentia tudo com plena intensidade, então não era um sonho. Provavelmente havia feito outra viagem interdimensional.

Você está passando muito tempo com o Josh, Savanna. Já está até pensando que nem ele.

Olhei novamente para o gigante – que ainda não havia se mexido – e me perguntei se ele permaneceria com os olhos fechados tempo suficiente para eu me esconder.

Caminhei o mais silenciosamente possível para a primeira casa.

Diferente do que eu imaginava, o lugar estava lotado. Vários adolescentes, crianças e adultos estavam em pé, na mesma posição que o gigante, mas de suas mãos emanava uma fumaça branca. É claro que procurei Josh, mas não o encontrei.

Entrei em algumas outras casas, e todas elas se encontravam na mesma situação. Estava fechando a porta da sexta casa quando um rugido fez com que eu me virasse.

Como eu já estava suspeitando, o homem se sentiu confiável o suficiente para abrir os olhos. Eu queria berrar fecha tudo de volta, cara, deixa eu terminar o serviço, mas achei que isso só ia piorar a minha situação. Quando eu pensei que ele ia tentar me atacar, o sonho mudou.

Eu estava novamente nos Estados Unidos (graças a Deus), provavelmente no centro de Los Angeles num dia bem movimentado. De repente, todo mundo parou. Mas não parou no estilo eu-estou-congelado-no-tempo, e sim do tipo ai-meu-Deus-tem-um-gigante-lançando-trevas-aqui. Ninguém se mexia, e eles aparentavam mal respirar.

O gigante sorriu.

– Acho que você não vai querer ver isso, Savanna.

E eu percebi, tarde demais, que ele não ia apenas lançar trevas. A bola gigante de massa negra que criou foi lançada para o centro da Terra, e eu, talvez para me proteger ou porque sou burra demais para fazer outra coisa, me lancei no chão e cobri o rosto com os dois braços.

Como se isso fosse evitar alguma coisa.

O planeta explodiu. E a única pessoa viva era, pasmem, eu.

– É isso que vai acontecer se você não souber para qual lado ir, Savanna. – o gigante falou. – Vou destruir cada dimensão e planeta presente em Sócera. E farei questão de destruir cada criatura mágica e sua fonte de poder. Mas você pode sobreviver, Savanna Jones. Basta me ajudar a destruir essa maldita dimensão mágica estúpida e construir uma nova, mais forte e poderosa. O que acha?

Fiz questão de dar minha melhor risada sarcástica.

– Lutar a seu lado para acabar com meus iguais? Jamais.

O homem sorriu, como se já esperasse por essa resposta.

– Você fez a sua escolha, Savanna. Vai lutar do lado fraco. Nem todos os magos, escolhidos, deuses e Noimosynis juntos e multiplicados por mil podem acabar comigo e o meu exército.

– Que exército? – debochei. – Suas mãos em decomposição?

– Não. Os outros Luditors. Magos das trevas, mas acho que você já sabia.

Claro que eu não sabia, mas fingi saber.

– Mesmo um exército de dez mil Savannas não é suficiente para acabar comigo e com minhas forças. Mas eu lhe darei uma segunda chance, é claro. Pense direito e com mais calma, vai perceber qual a escolha certa a se fazer.

E eu caí na escuridão antes mesmo que pudesse falar outra besteira.


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Notas finais do capítulo

Good bye.