A Escolhida escrita por Madu Oms


Capítulo 23
Chapter six


Notas iniciais do capítulo

FORAM QUASE OITO MESES, MEU DEUS, ME PERDOEM.
Pouco antes de postar o último capítulo (22/02), minhas aulas recomeçaram (na verdade foi um mês antes, mas enfim...). Voltei a ter tarefa de casa, trabalhos, aulas de tarde em alguns dias, simulados... Toda aquela trolharada de coisas pelas quais vocês todos passam e compreendem perfeitamente.
De uma forma ou de outra, o excesso de uso do meu cérebro deixou ele cansado demais para ser criativo. Por causa disso, tive dificuldades para produzir qualquer coisa nos últimos meses (inclusive reviews. Minhas autoras favoritas sabem que eu costumo sumir durante séculos e que de uns tempos pra cá, meus comentários ficaram minúsculos e chatos). Mil perdões!
Infelizmente, não posso dizer que o próximo capítulo sairá logo. Levei cinco meses (falando sério, eu comecei a escrever em maio) para conseguir finalizar esse daqui, e agora só tenho pouco mais de 40 dias de aula, o que significa que vai ficar BEM DIFÍCIL para escrever. Queria poder prometer que vou finalizar a fanfic antes de seu aniversário de dois anos, mas não dá pra saber...

Obrigada aos que não me abandonaram e estão lendo essa nota gigante porque gostam de mim e da Sav. Vocês são uns amores ♥
Não vou mais me enrolar, curtam aí o capítulo.

(Ah, mas só para deixar claro: esse capítulo não se passa nos tempos atuais. O próximo será a sequência imediata do último. Esse aqui serve apenas para explicar algumas coisinhas. Ficou grande, e talvez um pouco confuso, mas estou sempre aberta para perguntas, ya know.)



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Não era a primeira vez que eu me pegava admirando Joshua – ou Josh, como ele preferia ser chamado. Passava tanto tempo admirando seus cabelos negros e olhos azuis enquanto ele treinava Electis que já havia decorado cada detalhe de seu corpo. Eu sabia a forma como seus músculos trabalhavam quando Josh erguia uma parede de água, quando erguia algo pesado ou quando respirava profundamente para não gritar com um escolhido que estava o tirando do sério. Eu já sabia detectar sua risada no meio de uma multidão, e eu também já sabia como ter certeza se ele estava desapontado ou irritado, porque era muito fácil confundir.

Para falar a verdade, eu já sabia mais sobre ele do que deveria.

Joshua era um Electi de Aquantis de vinte e quatro anos. Durante quatorze anos, Josh vivera com seu pai, Alden, numa pequena província da Inglaterra onde eles dois cuidavam de vinhedos. Alden não era exatamente a melhor pessoa do mundo, mas também não era o que nós podíamos chamar de péssimo pai. Tratava seu filho com respeito, desde que ele retribuísse com um bom trabalho. Não batia, não gritava, e procurava ter muita paciência. Joshua não dificultava tanto as coisas.

A única vez que Alden fez todas essas coisas foi, coincidentemente, na noite em que Josh descobriu seus poderes.

Ele nunca me disse os detalhes, e eu também não procurava saber. Falar sobre o pai sempre o deixava triste ou nervoso, dois sentimentos que eu abominava.

Josh foi “descoberto” com quatorze anos. Electis de Aquantis são quase sempre os mais perigosos – indomáveis, não muito fãs de regras, têm problemas para se conter. Precisam trabalhar a sua paciência e relação com a natureza para que não causem desastre naturais.

Aquantis cuidou para que seu escolhido não desse muito trabalho (por sorte, a educação que Alden o deu facilitou bastante) e começou a treiná-lo pessoalmente. Quando terminou de ensinar o básico, passou a função de treino para Castell.

Electis não costumavam ter relações muito próximas com os deuses. Isso só começou depois da primeira guerra contra Luditors, quando os deuses perceberam que precisavam proteger e cuidar de seus escolhidos se queriam evitar guerras tão grandes. Quanto mais aceitos os Electis se sentiam, menos tendiam a se rebelar, o que significava que eles lutariam do lado certo quando fosse necessário.

Sim, alguns escolhidos lutaram com os Luditors. Mas isso é outra história.

— Não tire os olhos do inimigo, Josh – Castell berrou, me tirando de meus devaneios e me fazendo focar novamente no treino. – Você quer ser partido em dois?

O rosto de Joshua ruborizou. Ele tinha dificuldades em aceitar que uma menina com praticamente metade da idade dele soubesse lutar tão bem, o derrotando diversas vezes.

— Nós estamos treinando há horas – ele falou, cerrando os dentes. – Não podemos, por favor, dar uma pausa?

Castell revirou os olhos e assentiu positivamente, saindo do centro de treinamentos com uma raiva quase palpável. Ela tinha dificuldades em aceitar que um homem com praticamente o dobro da sua idade fosse tão preguiçoso.

Josh observou ela partir, com um olhar curioso estampado em seu rosto. Ele era responsável por treinar outros escolhidos, mas mesmo todos os seus esforços não eram suficientes para derrotar Castell. A garota era mil vezes mais ágil que ele, além de ter muitos anos de treinamento intenso e algumas batalhas graves no currículo. Joshua sentia que ele tinha muito a aprender com aquela criança.

Estava tão absorto em seus próprios pensamentos que nem reparou que eu me aproximava.

— Você está melhorando – eu disse, sorrindo ao constatar que o Electi de Aquantis corava um pouco mais ao me ver. Ele ficava lindo quando estava vermelho. Fez uma breve referência, mesmo sabendo que eu dispensava esse tratamento de realeza, e voltou a me encarar. – Não leve essas derrotas para o lado pessoal. Castell é melhor até do que muitos deuses com a espada. Acho que ela nasceu com esse talento...

Josh assentiu e respirou fundo.

— Mesmo assim, eu me sinto um pouco envergonhado quando ela me vence – ele respondeu. Seu sotaque britânico me fazia ter vontade de pedir para que ele nunca mais parasse de falar. – Se eu não consigo vencer uma garotinha, como vai ser se tiver que lutar contra uma legião de monstros?

— Se isso acontecer, a garotinha com certeza estará lá para salvar a sua pele.

Joshua riu.

— Tenho certeza que sim.

Nossa aproximação foi inevitável. Nos encontrávamos de tempos em tempos para conversar – e, certas vezes, lutar –, e seu interesse por mim era evidente. Não que eu soubesse disfarçar o meu, é claro. Não demorou muito para que déssemos o nosso primeiro beijo.

E vários, vários outros.

Certa noite, quando eu voltava de um de nossos encontros, fui abordada por uma Sione não muito contente.

— Onde você esteve, Lucem? – ela grunhiu.

Sione era a deusa que eu mais tinha afinidade com. Ela entendia meus sentimentos pelo Josh – era a deusa do amor, afinal – e me apoiava completamente. Fora sempre a minha melhor amiga.

E era por isso que eu sabia que aquele seu olhar não representava boas notícias.

— Estava com o Josh – respondi.

Vi seus olhos se encherem de lágrimas.

— Os deuses esperam por você no salão principal.

Seu olhar não se demorou muito em mim. Em pouco tempo, Sione se virou em direção ao Castelo e me deixou para trás. Observei-a correr até o salão principal, onde os grandes deuses costumavam fazer suas reuniões.

Ser chamada para uma delas podia significar que a) eu estava correndo sério perigo ou b) eu tinha feito algo muito, muito certo.

Respirei fundo e reuni coragem para me direcionar ao salão, sentindo um frio na barriga que me deixava enjoada e ansiosa ao mesmo tempo. O que eu poderia ter feito para irritar os deuses? Não eram muitas coisas. Talvez eles quisessem me parabenizar por alguma coisa? Ou me mandar para uma missão?

A lembrança dos olhos tristes de minha melhor amiga me fez desistir de tentar adivinhar o que estava acontecendo.

Parei de frente à porta de entrada da sala de reuniões. É sua última chance de fugir, pensei, respirando fundo uma última vez antes de entrar e quase ser fuzilada por treze poderosos seres vivos.

Um deles eram Josh.

— Certo. O que está havendo? – perguntei, enquanto caminhava na direção do escolhido de Aquantis, que deu de ombros.

— Por favor, Lucem. Afaste-se dele – pediu Onum.

Eu a encarei, incrédula.

— Perdão?

A Deusa-Mãe suspirou.

— Não deve ser uma surpresa para você ouvir que nós estivemos avaliando sua... Situação amorosa com esse jovem Electi.

— O quê?

— Como você bem sabe – Onum continuou, não parecendo notar que eu havia dito alguma coisa. –, as brigas entre os Luditors e nós estão ficando cada vez piores. Vários Noimosynis que estavam do nosso lado, passaram para o deles. São criaturas poderosas, Lucem. Não podemos nos dar ao luxo de perder mais nenhum deles.

— Onde exatamente você quer chegar? – indaguei. Algo dentro de mim dizia que ela queria que eu tomasse conta das criaturas mágicas rebeldes. Não levei muito tempo para descobrir que estava errada.

— Seu relacionamento com Joshua é perigoso e deve acabar aqui e agora.

O tempo pareceu congelar.

Eu não tinha coragem de olhar para o lado. Apesar de não ter visto nada, o barulho da respiração de Josh me dizia que ele estava inquieto e exasperado. Sione ainda chorava – ela era tão devota ao amor que devia estar tão mal quanto eu –, e Aquantis me encarava com desapontamento.

— Não.

— Não estamos te dando uma escolha, Lucem – ela continuou. – É necessário que essa relação não tenha futuro. Você sabe que o resultado disso será um ou mais Noimosynis. Uma criatura mágica a mais que terá seu poder, o poder de Aquantis e poderá se rebelar contra nós. Nosso exército diminui mais a cada dia, enquanto o do inimigo cresce. Não podemos nos dar ao luxo de facilitar para eles.

— Não! Tem que ter outra opção.

— Não há outra...

Dessa vez, quem a interrompeu foi Sione.

— Eu tenho uma sugestão.

Todos os deuses se viraram para ela. A contragosto, Onum fez o mesmo. Ela não gostava de ser contrariada, mas sabia escutar (pelo bem do equilíbrio).

— Renascimento.

Alguém riu.

— Perdão? – a Deusa-Mãe franziu o cenho.

— Lucem pode renascer como humana. Não sendo uma deusa, ela poderá ficar com Joshua e ter quantos filhos quiser com ele, já que todos nascerão sem poderes.

— Quando um deus morre, aquilo que ele representa morre também – murmurei. – Eu sou a deusa da paz e da sanidade. O mundo virará um completo caos se eu me for.

— Não completo. Onum é a deusa do equilíbrio. Ela pode dar um jeito.

— Certo. Mas e Avrina? Se eu morrer, ela perderá seus poderes também. Vocês não querem um humano imortal andando por aí, querem?

— Eu posso a adotar como minha Electi – Sione respondeu.

— Não acho uma boa ideia – comentou Onum.

— Desta vez, Mãe, a escolha não é sua.

Treze olhares se voltaram para mim novamente. Eles queriam que eu tomasse uma decisão.

Joshua caminhou em minha direção e segurou minha mão. Aquantis desviou o olhar, assim como Onum, mas o resto continuava esperando que eu dissesse algo.

— Eu... Aceito.

[P.O.V.: Narrador-observador]

Para todos os habitantes de Sócera, Lucem havia sido morta por um Luditor na primeira batalha contra as trevas.

Para os deuses e Avrine, ela havia se tornado humana e agora esperava por Joshua na Terra.

Para um grupo seleto de pessoas (Onum, Josh e Sione), a verdade havia sido dita: a deus Lucem renasceria com seus poderes intactos quando eles realmente fossem necessários, o que poderia levar séculos humanos para acontecer.

Antes de se despedir de sua amada, Joshua havia se transformado num Electi imortal. Até que Lucem renascesse, ele seria responsável por encontrar e treinar os Escolhidos dos deuses na Terra. Essa tarefa fazia parte da preparação para a guerra, e o deixaria menos ansioso para encontrar com a deusa da paz. Pelo menos, era o que todos esperavam.

Mas ele sabia que não seria assim tão fácil.


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Notas finais do capítulo

Avrina é a Avril. Deixei o nome dela mais esquisito porque isso aconteceu há uma porção de anos atrás, e os nomes todos eram bem esquisitos naquela época.
Me desculpem se ficou muito confuso, mas não sou boa para escrever minhas ideias de forma clara. Tudo está 100% claro na minha cabeça, porém, o que significa que vocês podem fazer as perguntas que quiserem, juro que responderei. O que quer que não seja dito na fanfic, eu explico ao final dela. Não creio que terá muito a ser dito, mas enfim...
Beijinhos!



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