Quando estava chegando perto da escada rolante eu logo vi Rodrigo. Mas... ele estava conversando com uma loira oxigenada um tanto oferecida. Ela era pequenininha... Não, não gostei dela. Eu tinha tomado outro gole do meu Frapuccino e dei uns passos para frente para tomar meu território de novo.

-Xiiiii... Vai ter briga entre a funkeira e a minha prima.-disse vendo meu olhar de fúria. Até aí tudo bem (mentira!). Mas ela estava chegando mais perto. Eu parei de andar. Minha prima analisou bem a minha expressão.

Ela beijou meu namorado. Não senti mais nada. Soltei o copo no chão ( comprovado, o copo do meu café favorito não é lá dos mais resistentes...) e ele praticamente explodiu espirrando gotas do líquido na minha calça jeans. Minhas sacolas também foram para o chão. Mas Patrícia logo as pegou. Senti todo meu sangue ferver. Meus olhos arderam de fúria. Sim, as lágrimas caíram e eu saí correndo rumo ao banheiro. Mas... ONDE ELE FICAVA??????!!!!!!!

Assim que achei  a plaquinha e entrei e me joguei em um dos banquinhos. Minhas lágrimas rolaram e rolaram, até que entrou uma criatura escancarando a porta, esbaforida e cheia de sacolas.

-Ai Vivi!! Ei... não fica assim!- ela disse largando as sacolas no chão e se abaixou até ficar cara a cara comigo.

-A hi-hi-históóóóóri-ri-ria se repetiiiiiiiiuuuuuuuu...-solucei. Eu me joguei nos braços da minha prima e molhei toda sua blusinha neon.

-Ei... o Rodrigo não parece ser desse tipo.- ela falou tentando secar as minhas lágrimas. NADA.

-O Mi-mi-mi-miguel também nããããããão. Masss e-e-ele me traiu também!- chorei ainda mais.

Uma vez já era ruim. Mas duas , era um pesadelo.

-Levanta!

-Mas...

-LEVANTA!- ela berrou.

Eu até parei de chorar. Que medo.

-Okkkkk...

Ela me levou até a pia e me mandou lavar o rosto. E , como eu esperava, o meu rímel borrou todo.

Tive que tirar tudo e passar novamente. Eu tinha ficado com uma cara mais aceitável. Mas... Eu tinha um vazio. Não sentia alguma coisa.  Eu queria me sentar novamente e chorar. Chorar como nunca havia chorado . Nem mesmo quando o miguel me traiu. Eu não chorei tanto por ele porque eu nunca estive tão apaixonada por alguém como estive pelo Rô. Mesmo em tão pouco tempo.

Patty me tirou do meu devaneio repentino e me olhou nos olhos.

-Olha, eu não sei o quê você está sentindo. Nunca senti isso. Mas eu só não senti porque nunca me apaixonei de verdade. Se não era para ser ELE, bem, paciência. Vamos ter que mudar o plano do ano-novo.Mas, veja isso como desculpa para a gente comprar muuuuuuuito sorvete e muuuuuuuuuita besteira.-ela disse ajeitando meu cabelo.

Eu até dei um sorrisinho. Mas eu não queria aquilo. Eu queria voltar no tempo.

Quando saí do banheiro eu vi uma figura olhando para todos os lados para ver se encontrava alguém... mas esse alguém não queria ser encontrado.

Mas, o mundo é pequeno. E o shopping ainda mais.

Nós fomos para Livraria da Travessa. E sentamos no pequenino café que tem lá.

Mas ele apareceu. Sim, mesmo em um dos cantos mais escondidos do shopping ( uma livraria movimentada....). Ele me viu e logo se sentou na mesa.

-EI! QUEM VOCÊ ACHA QUE É?

Silêncio total. Minha prima gritou tão alto....

-O namorado dela!-ele apontou para mim.

Ahhhh...não. Senti meus olhos arderem e brotarem benditas lágrimas nos meus olhos. ''Volta, volta,volta...''

Patrícia olhou para mim,olhou para Rodrigo e eu dei um basta.

-Me perdoe. Não sou sua namorada. Não tenho namorado. Deve estar me confundindo com alguém.- eu me levantei para sair.

Eu era forte. Até a minha vida amorosa ter uma sacudida. Minhas lágrimas voltaram, meu rímel borrou enquanto eu falava aquilo. Quando eu estava passando por ele para descer as escadas ele segurou meu pulso.

Eu tentei me soltar mas ele era mais forte. Ele se levantou e se virou para minha frente. Sem soltar meu pulso. O silêncio corria solto por todo o café. Ninguém queria perder nenhum capítulo da nossa novela.

-Sim, você é minha namorada. A única.-ele falou lentamente olhando para os meus olhos vermelhos.

E funguei, tentei secar as minhas lágrimas e falei.

-Você sabia! Você sabia que o Miguel tinha me traído! Mas repetiu! Eu me apaixonei por um garoto doce, fofo que me deu um colar!- eu disse tirando o colar de mim e colocando em suas mãos grandes.- Mas, pelo jeito, esse colar era para aquela loira. De quem você estava beijando. E VOCÊ SABIA QUE EU ESTAVA ALI! EU SOU UMA BURRA! UMA IDIOTA! Eu NUNCA deveria ter vindo para o Rio! - a cada momento a minha voz se tornava mais alta e aguda.

-Não!!! Aquilo que você viu não foi um beijo!-ele tentou se explicar. Ele estava até gesticulando.

-Ah.... Jura?-eu fiz cara de cínica para ele.- Então isso também não é.- eu falei e puxei o cara que estava passando por mim. Bem, eu só vi que era o Ian quando já tinha beijado. Quando terminei ele sorriu disse oi e foi para uma mesa lá no fundo. Claro que ele falou com a minha irmã.

-EU AINDA SOU SEU NAMORADO! E EU TE PROÍBO DE BEIJAR QUALQUER UM!- ele berrou de raiva.

-Bem, percebi que você tem um problema de compreensão. Eu NÃO sou sua NAMORADA! Eu beijo qualquer gato que eu estiver a Fim- ok... uma mentirinha básica.- E, aquilo não foi um beijo.- eu falei fria e cinicamente.

-CLARO QUE FOI! EU NÃO NASCI ONTEM!- ele falou visivelmente irritado.

-Bem, acontece que eu também não nasci ontem. E não sou cega. Então não venha me dizer que não beijou aquela vagabunda! Porque eu VI!- berrei e peguei o copo de água na mesa mais próxima.

Eu não sabia se bebia para acalmar os nervos ou se jogava.

-Cara, você é burra?- ele gritou para qualquer um que estava ali.

Eu vi o Ian se levantando. E foi naquele exato momento em que eu tive a certeza do que eu ia fazer com aquele copo de água.

Joguei em seu rosto e ainda dei um tapa nele.

-Sim, eu sou burra. MUITO BURRA! SOU BURRA POR TER ME APAIXONADO POR VOCÊ! Sou BURRA por ter te aceitado como namorado. Sim, sou burra. Mas, pelo menos não fui eu quem fiquei toda molhado porque jogaram água em mim. -eu gritei.

Um garçom estava passando com um copo de suco de laranja. Não deu outra. Ele o pegou e jogou em mim. Ah...

-NUNCA MAIS OLHE NA MINHA CARA DE NOVO! SEU FILHO DA MÃE, COVARDE, CAFAJESTE!- gritei saindo correndo da livraria toda molhada por suco. Ian e Patty vieram atrás de mim. Assim que saí da livraria eu não me aguentei. Desabei no chão. Eu fiquei lá. Jogada,toda molhada. Chorando muito.

Minha prima chegou por trás e me abraçou. Ian, que era-praticamente- um estranho veio e se sentou na minha frente.

-Me desculpa por ter te beijado.-eu falei com vergonha de olhar para o Ian.

-Ei. Que isso? Foi um beijo muito bom.-ele falou sorrindo.

Eu olhei para Patrícia, mas ela apenas deu um sorrisinho.

-Olha, foi até bom que isso acontecesse.-ela falou colocando meu cabelo para trás. Eu olhei para ela sem entender. Não, para mim aquilo não havia sido bom.- Ele mostrou quem realmente era.-ela disse.

Ian apenas balançou a cabeça.Eu abracei os dois eu um só abraço.

-Olha, eu já estou bem melhor. Mas, eu sujei vocês dois de laranja.- eu tentei rir. Mas saiu um gemido.

-Hahaha.-riu Ian.

Ele realmente era legal.

-hmmm... Você pode me passar o número do seu celular?- perguntei- Ou facebook. Aí a gente pode combinar de se encontrar

-Nossa! Acabou de ficar solteira e já esta querendo ter um encontro.- ele sorriu.

Eu queria cavar um buraco no chão.

-NÃO! É... tipo...hmm...- Patty e Ian riram da minha vergonha.

-Eu só estava brincando com você. Vamos marcar de sair sim.-ele falou.

Ufa... Anotei o número do celular dele e do Face também.

Quando estava me levantando eu vi Rodrigo sair com o MEU colar na mão, parecia um pouco triste. MAS QUE BOM ATOR ELE ERA! Ele estava com o cabelo molhado ainda.

-VIGARISTA FILHO DA MÃE!- gritei.

Ele se virou e eu puxei Ian e Patty para trás da pilastra. Nós três saímos correndo.

Mas, ainda tinha um vazio em mim. E eu estava desprotegida sem meu colar( que irônia. Ele era de ouro. Eu deveria me sentir justamente ao contrário... mas, não.). Eu me sentia sombria.