O Apocalipse Já Começou! escrita por Elisama CF


Capítulo 4
18 de dezembro de 2012




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- Chegamos! - ouvi a voz do Sr.Blake dizer. 

Acordei. Ainda estava meio sonolenta, mas levantei mesmo assim.

Estava cansada e com dor no pescoço de dormir de mal jeito, afinal, dormi em um carro.

 - Onde estamos? - perguntei.

- Seja bem vinda a Wisconsin.

- Interior? É para cá que viemos? 

- É o lugar mais seguro que pude pensar. Vamos para a casa da Tia Kelly. 

Kellyana Blake Mideston, irmã do meu pai, mas eu não a considerava minha tia, ela tinha idade para ser minha avó. Ela era uma mulher repulsiva, metida, chata, entediante, rabugenta, velha. Eu não a via desde meus quatro anos, mas também não me importava, eu nunca gostei dela. Eu odiava aquela mulher, preferia morrer a passar sabe-se lá quanto tempo na casa dela. A casa da Kellyana era grande e antiga, feita de madeira nobre, da época da Guerra Civil, parecia aquelas de filme de terror. Sem internet, sem picina, sem rede, sem nem ao menos discos de vinil de bandas que prestem. Eu realmente não sei quanto tempo iria suportar naquela casa.

Distraída com os meus pensamentos odiosos nem percebi, chegamos no inferno.

- Bem vindos. - disse Kellyana.

- Bom dia Kellyana. - disse minha mãe.

- Bom dia Kelly, a quanto tempo irmã. - disse Sr.Blake correndo para um abraço com a velha.

 Eu era a única que não estava animada em estar ali. Ao que parece, isso vai realmente ser um inferno.

Entramos na casa e Kellyana já nos indicava nossos aposentos. Todos os móveis da casa eram no tom original da madeira, meio avermelhado, meio marrom.

A casa era tão grande que tinha oito empregados, sendo assim, nós poderíamos ter um empregado particular. Eu acabei ficando com a empregada chamada Lindsey, ela era jovem, aparentemente tinha uns 26 anos.

O quarto com o qual fiquei era espaçoso, possuia algumas estantes cheias de livros, uma cama grande, uma poltrona revestida de couro, uma mesa de mogno, um armário rústico, uma lareira, uma janela com vista para a frente da casa. Suponho que era um dos melhores quartos da casa. 

Comecei a arrumar minhas roupas no armário, colocar as jaquetas nos cabides, as camisas e calças dobradas nos nichos que dividiam as partes do armário. Deixem os sapatos em fileira ao lado do armário. Coloquei meus livros, revistas e CDs em uma estante que não estava tão cheia, devia haver apenas 10 livros nela. 

Por sorte havia uma tomada no quarto, "ainda bem" pensei, me refefindo as coisas que tinha levado. Eu levei meu iPhone, um amplificador, um secador de cabelo, um rádio. 

Após ter organizado tudo no meu quarto, eu me senti cansada e me sentei na poltrona. 

Kellyana apareceu na porta, ela disse para descer pois o almoço já estava pronto.

Desci as escadas com nenhuma disposição, estava cansada, nem estava com fome, mas por educação ia almoçar.

- Ah, veja só, a mocinha apareceu. - disse Sr.Blake.

- Sim, Blake, aqui estou. O que tem para almoçar?

- Srta.Blake temos purê de batatas, almondegas, macarrão alho e óleo, arroz, feijão, salada italiana e maionese. - respondeu uma empregada.

- Obrigada... Hãn, qual é mesmo seu nome?

- Francine. 

- Obrigada Francine.

- Disponha senhorita Blake. 

Ela era educada, mas é como se fosse forçada, ela não queria ser assim. Havia tristeza no seu olhar.

- Eu quero purê de batatas, algumas almondegas e salada, por favor.

- Como desejar. - disse Francine, já pegando a comida para me servir.

Após meu prato ficar pronto, comecei a almoçar.

Eu juro que tentei almoçar em paz, mas a bruxa não quis que fosse assim..

- Então Sara, por que não visitou sua tia todos esses anos? Não me diga que estava ocupada demais com os garotos.. Ah, isso com certeza não. Do jeito que você é.. Você não deve ser popular na escola, se é que deve ter amigos. 

- Para a sua informação eu tenho amigos sim, poucos mas verdadeiros, e eu não vim aqui todos esses anos para não ter que me deparar com a cara de uma velha rabugenta e solitária. Quer saber.. perdi o apetite. - joguei os talheres na mesa e saí, enfurecida. 

- Sara! Volte aqui agora! - disse Sr.Blake.

- Deixe ela John. - disse mamãe.

- Como eu vou deixar as coisas assim Marise? Você viu o jeito como ela tratou a própria tia?

 - Vi, mas isso é só rebeldia, vai passar.

- Espero que passe mesmo. 

Chegando no quarto eu me joguei na cama e agarrei o traveseiro, em um ataque de fúria.

- Eu odeio ela, eu odeio ela, eu odeio ela, como ela pode me tratar assim? Eu a odeio!! Eu odeio muito ela!

Depois de algum tempo repetindo "Eu odeio ela" eu agarrei o traveseiro e comecei a chorar. 

Parecia uma adolescente idiota chorando por não ser amada pela família... Mas na verdade, eu era uma adolescente assim, com exeção da minha mãe, o resto da minha família parecia me odiar.

- O que aconteceu lá em baixo Sara? - perguntou minha mãe encostada na porta do quarto.

- Não é hora para bronca mãe. 

- Não vim lhe dar bronca querida, vim conversar.

Ela entrou no quarto e sentou-se na cama.

- Eu sei que você não gosta muito da sua tia, também não muito fã dela, mas vai ter que suportá-la. Pelo menos até seu pai e eu conseguirmos comprar um apartamento ou uma casa.

 - Eu odeio ela! 

- Eu sei querida, eu sei. - disse ela, me abraçando. 

- Tudo isso vai passar, é só questão de tempo. Tudo bem? 

- Tá bom.

 - Eu sei que você é forte, você vai suportar. Qualquer coisa eu estou aqui também. 

- Tudo bem mãe, vamos suportar isso juntas. 

- Isso mesmo querida. Agora vá tomar um banho, se acalme, leia um livro ou ouça música, depois descanse.

E foi exatamente o que eu fiz. 


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