SOPHIE POV

Nos últimos dias matei aula debaixo da arquibancada da escola para ficar decidindo o que eu ia fazer da minha vida, só fui para a aula hoje porque sou muito sortuda e descobri que perdi três provas e porque os professores ficam pegando no pé porque as semestrais já estão chegando. Ah, como eu odeio as semestrais.  

De qualquer maneira eu estou dando um tratamento de silêncio na minha mãe e ela me faz ir todos os dias para a casa dos Prescher mas é claro que eu não vou, o máximo que acontece sou eu ouvir um sermão por não ter seguido as ordens dela e depois outro por não responder quando eu não falo com ela. É, legal.

O Nathan está meio estranho comigo depois do que aconteceu, ele fica meio que aéreo na maior parte do tempo enquanto eu fico igual uma idiota falando com ele e ele não ouvindo nada, e quando eu pergunto o que está acontecendo ele diz que não é nada mas óbvio que eu não acredito nisso.

Nesse momento eu estou aqui tentando entender essas porcarias que esse professor com jeito suspeito de biologia está tentando explicar e olha, observando a cara dos meus queridos colegas acho que não sou a única que estou nessa situação. Ah, como eu odeio biologia.

O lindo do professor de matemática de uma prova que para mim era surpresa e é claro que eu fui super mal. Ah, como eu odeio matemática. Durante o tempo da minha linda prova surpresa eu fiquei pensando sobre a minha vida só para variar e eu sei que eu disse que seria uma nova Sophie mas acabou que no fim eu voltei a ser a mesma Sophie usando algumas roupas diferentes, em um lugar diferente e com um amigo. Que lindo! O meu problema é planejar e não seguir o plano, pois é.

Quando a aula acabou fui andando feito uma lesma até em casa e no meio do caminho eu decidi que estava enjoada do meu cabelo comprido. Já no prédio eu fui de escada por não estar com paciência para esperar o elevador mas no meio do caminho eu já estava cansada e tive que esperar o elevador do mesmo jeito. Finalmente em casa corri para a minha caverna procurando uma tesoura que eu sabia que tinha ali e quando achei só me olhei no espelho do banheiro e tchau cabelo. Tá, eu não sou tão corajosa para deixar o meu cabelo curtíssimo mas agora ele está na altura dos meus ombros já que antes ele já tinha passado do meio da minha costa. Eu sei que eu vou me arrepender daqui alguns meses quando o meu cabelo demorar para crescer e eu decidir que quero ele comprido de novo mas ok, acho que eu sobrevivo.

Depois disso eu fiquei me olhando no espelho feito uma idiota enquanto brincava de mexer a boca e ficar analisando o meu piercing. Sei lá, eu gosto de fazer isso. É, acho que eu tenho sérios problemas. Enfim, é isso ai Sophie, agora é só você sobreviver mais alguns dias e você vai estar livre do inferno da escola.

Comecei a conversar com os meninos pelo Facebook só para variar também e o Nathan continua dizendo que não tem nada de errado e o Gabriel finge que ele não fez nada e o Jake, o Joe e o Finn agem normalmente sendo que sem dúvidas eles sabem o que o Gabriel fez. Me estressei e resolvi ir tomar banho e depois assistir alguns vídeos da
internet para tentar saber alguma coisa para minha prova de química de amanhã.

Minha mãe foi ao meu quarto e meu viu estudando e ia sair de lá mas ela voltou e continuou me olhando enquanto eu só olhava para o computador fingindo que não sabia que ela estava ali.

-Estudando para prova do que? -Ela quebrou o silêncio. -Ah, química. -Ela se aproximou e descobriu sozinha. -Sophie, chega disso, precisamos ter uma conversa séria. Vamos, Sophie, se sente aqui. -Ela disse sentada na minha cama e fazendo sinal para que eu me sentasse do lado dela. -Ande logo, é um assunto que te interessa. -Eu sei que ela
não vai me deixar em paz enquanto eu não for lá ouvir o que ela quer tanto me dizer então me levantei e sentei do seu lado. -Primeiro, você vai me responder quando eu falar com você. Ouviu? -Rolei os olhos concordando com a cabeça. -Responda com a boca. -Fiquei parada de braços cruzados, eu não quero falar com ela. -Anda!

-Ahhhh, tá bom.

-Fala direito comigo.

-Tá bom, mãe, o que você quer?

-O que você fez no seu cabelo?

-Cortei, né?

-Mas ele estava tão bonito.

-Mãe, é cabelo, ele vai crescer de novo. Me desculpe se não gostou mas quem tem que gostar sou eu.

-Eu não disse que eu não gostei, você continua linda, não precisa se estressar.

-Hm.

-Eu falei com o seu pai sobre a sua mudança para Nova York. -É verdade, é um assunto que me interessa. Me virei para ela esperando que ela continuasse. -Ele não quer que você vá, você é muito nova para morar sozinha... -Suspirei.-...mas...-Ah, um "mas". -...eu sou a sua mãe e a responsável por você.

-E...?

-Eu vou te observar por esses dias e ver como você se comporta. Eu não quero reclamações da escola, no final do semestre eu quero notas ótimas, quero que você para de agir feito uma criança rebelde e tudo isso e ai vou me decidir se você vai ou não. -Fiquei concordando com a cabeça.

-Por que mudou de idéia?

-Você sabe que eu não quero isso e eu não quero que você ache que pode conseguir tudo o que quer com esse comportamento porque não pode mas em primeiro lugar eu te quero feliz. -Sorri.

-Obrigada, mãe. -Ela concordou se levantando.

-Ah, mais uma coisa: você vai se virar. Vai procurar um lugar para arrumar e todas essas coisas, se você conseguir um bom lugar e eu te der a permissão, você se muda.

-Ok. -Eu já estava feliz que nem uma babaca esperando ela sair de lá para mim fazer o meu showzinho de comemoração.

-Agora vai estudar. -Ela saiu do quarto e eu fiz o meu showzinho...e depois eu fui estudar.  

[...]

Claro que depois da conversa com a minha mãe eu virei um anjo. Larguei a minha vida de viciada em computador e fiquei estudando para conseguir ter as melhores notas possíveis e quando eu não estava estudando eu estava pesquisando apartamentos em Nova York mas vou te dizer que não é nem um pouco fácil, não aguento mais falar no telefone e eu já não sei em quantos sites de imóveis eu já entrei. Eu também fiquei esse fim de  semana todo dando uma de dona de casa enquanto o Nathan, os Preschers e minha mãe viajaram para ir no casamento do Christopher. Estou tentando ser a melhor pessoa do mundo, sério, até levar a Frida para dar uns rolês, de madrugada é claro, eu levo, apesar de eu achar que ela gosta de ser uma cachorra idependente e que gostaria de ir sozinha. Problema é dela porque vai ter que me aguentar.

Agora eu já acabei as minhas provas trimestrais e só falta eu conseguir boas notas nas semestrais.

O querido porteiro que fica flertando com a minha mãe que eu vi me interfonou para avisar que eles já estavam lá na portaria e que estavam subindo e eu fui para a porta esperar eles chegarem de viajem.

A Prescher mãe parecia meio abalada com o casamento do babaca do filho mais velho dela e o Prescher pai também só que mais controlado que ela enquanto minha mãe parecia ter pena dos dois. Bem feito, cada um tem oque planta e ele plantou isso. Fomos cada um para as nossas casas e a minha mãe sabia que não devia me dizer nada sobre o bendito casamento então foi ir dormir e eu fui ver o Nathan e quando cheguei vi que ele estava tipo a Prescher mãe.

-Como foi a viajem? -Perguntei enquanto ele estava jogado na cama.

-Foi boa.

-Que bom. -Sorri para ele. -Então o Christopher está oficialmente casado? -Ele concordou com a cabeça. -E você? Como está? -Ele deu de ombros e eu comecei a passar a mão na costa dele como se aquilo fosse ajudar ele a melhorar. Depois de um tempo ele virou de barriga para cima e ficou observando o teto aéreo como sempre está ultimamente. -Nathan...Nathan...NATHAN! -Consegui trazer ele de volta para o planeta Terra.

-Que foi? -Ele me olhou.  

-Para de me dizer que está tudo bem porque eu não acredito, me diz logo o que tem de errado.

-Não tem nada errado.

-Você me acha uma idiota, né? É claro que tem alguma coisa de errado então para com isso e diz logo o que é.

-Então você quer saber o que tem de errado? -Concordei com a cabeça. -Então eu vou te dizer o que tem de errado.

-Ótimo, então diga.

-O que tem de errado é que você me usou para se vingar do otário do seu namorado, é isso que tem de errado.

-Eu já disse que foi por causa da raiva, queria atingir ele do mesmo jeito que ele me atingiu e por isso fiz aquilo sem pensar. Quantas vezes eu vou ter que me desculpar?

-Eu já te desculpei mas isso não muda nada que você me chateou.

-O que você quer que eu faça? Que eu monte uma máquina do tempo?

-Porque você não vai lá e dá um fora nele logo?

-Talvez eu vá.

-Então vai. -Sai batendo os pés. Talvez eu vá mesmo falar com o Gabriel, mas é porque eu quero.

Encontrei o Gabriel na casa dele e eu decidir aceitar o pedido dele para dar uma volta, mas a raiva da discussão com o Nathan e do que o Gabe fez para mim estava tomando conta de mim então é claro que eu agi estranho o tempo todo.

-Está tudo bem? -O Gabe perguntou.

-Porque você não me diz se está tudo bem?

-Não precisa ficar brava.

-Ah, não preciso?

-Não, eu só perguntei se está tudo bem.

-Porque não estaria tudo bem?

-Não sei, me diz você.

-Será que não é você que tem que me dizer alguma coisa?

-Do que você está falando?

-Estou falando de uma coisa muito legal que eu vi no meu Facebook. -Dei um sorriso para ele.

-Sophie...

-Sophie é o caralho. Acabou, Gabriel. -Eu disse dando a costa e andando de volta para o prédio.

-Eu não sabia como te contar, mas não foi porque eu quis, eu te amo.

-Ah, deve amar mesmo.

-Eu bebi demais e fiz besteira.

-Que legal, hein?

-Me perdoa, Sophie. -Ele disse segurando o meu braço e me fazendo parar de andar.

-Perdoo, só que a gente não vai mais ficar juntos.

-Mas...

-Mas nada. Eu não confio mais em você, Gabriel. Você perdeu a sua única chance. -Eu olhei para o chão e ele concordou com a cabeça. Soltei o meu braço e voltei para casa.  

-Oi. -O Nathan disse vindo em minha direção assim que eu cheguei na portaria. -O porteiro disse que você tinha saído com o seu namorado.

-Ex. -Foi o que eu respondi antes de desviar dele e andar em direção ao elevador.

-Ah, que bom que resolveu isso. -Ele disse enquanto eu esperava o elevador.

-É.

-Olha, sobre aquela hora, me desculpa. Eu sei que eu tenho agido estranho mas agora isso já passou.

-Legal.-Sorri com o canto da boca.

-Sério que você vai ficar brava comigo? -Ele disse cutucando minha costela e fazendo cócegas.

-Para. -Eu disse empurrando a mão dele para longe.

-Só quando você sair para beber um refrigerante comigo.

-Ago...-Ele tampou a minha boca e foi me puxando para o lado de fora enquanto eu tentava tirar a mão dele, que estava gargalhando, da minha cara. -TÁ! Eu vou mas me solta. -Eu disse e ele obedeceu mas sem parar de rir.

-Idiota. -Olhei com cara feia para ela só fazendo com que ele risse mais, não aguentei e ri também. -Muito idiota. -Eu disse balançando a cabeça e andando de volta para o lado de fora.

No caminho a gente decidiu que queria sorvete, e depois batata frita e assim foi até a gente acabar indo parar em uma pizzaria. Olha que beleza.

Nathan POV

Estou feliz pela Sophie estar solteira...tipo, ter terminado com o otário do namorado dela, pelo menos aquela discussão serviu para alguma coisa. Eu estava com medo de que ela ficasse brava comigo, ela até ficou mas passou rápido. Se ela realmente se mudar para Nova York, eu não sei o que eu vou fazer porque há cada dia que passa eu sinto mais vontade de ficar com ela, depois que o Chris foi embora ela mostrou que é uma boa amiga e se ela for, eu vou ficar aqui sozinho, porque o resto de quem eu conheço não são amigos igual eles...puta que pariu, eu só me fodo mesmo.