Ah, eu não sei como meu cérebro ainda não deu pane, sério, de tanto que ele está sendo forçado a trabalhar, mais do que na sua existência inteira, já era para ele ter fritado todo dentro da minha cabeça e explodido. Bom, até agora não explodiu.  

Minha procura por um apartamento não vai nada bem para a felicidade da minha mãe que eu sei que apesar de tudo não quer que eu vá. Mães sempre sendo mães. Falando sobre apartamento quem age estranho sobre isso é o Nathan mas ele não gosta de falar muito sobre o assunto e eu não forço ele a nada, não quero outra discussão.

Eu estava só para variar na frente do computador procurando por apartamentos só para variar sem sucesso e escutei a campainha tocar mas já que hoje minha mãe está em casa ela que atenda.

-Sophie, um amigo seu está ai. -Minha mãe disse entrando no meu quarto.

-Tá, já vou. -Disse sem tirar os olhos da tela do computador e ela saiu do quarto e depois só ouvi ela me gritando mandando eu ir logo porque o menino estava de pé do lado de fora. Até tentei enrolar mais um pouco mas ela me impediu.

Sai da minha caverna logo conseguir ver o Nath parado na porta. Minha mãe só olhava para a minha cara e para a dele possivelmente pensando besteira.

-Mãe, não sei se já conhece o Nathan. -Disse olhando para ela com uma cara como se mandasse ela parar com aquilo.

-Já ouvi falar muito mas nunca fomos apresentados. -Ela me olhou e deu um sorriso. -Prazer, sou a Christina. -Eles deram um aperto de mão.

-É um prazer. -Ele disse totalmente corado voltando a colocar a mão no bolso.

-O prazer é meu. -Minha mãe sorriu.

-Bom...é...Sophie...-O Nathan me encarou. -...eu vim te chamar para sair comigo. É...acho que você está passando muito tempo trancada só pensando nesse apartamento, precisa se distrair um pouco, então eu...-Se isso é possível ele conseguiu ficar mais vermelho do que já estava.

-Também acho que precisa sair um pouco, Soph. -Minha mãe veio se intrometendo.

-Mas...

-Mas nada... -Ela me interrompeu. -...vai aproveitar enquanto pode, menina.

-Então eu vou me arrumar.

-Não precisa, a gente vai se sujar mesmo. -O Nath disse antes que eu pudesse fazer qualquer outra coisa.

-Aonde vamos? -Franzi as sobrancelhas.

-Segredo. -Ele deu um risinho.

-Vou me arrumar de qualquer jeito.

-Já disse que não precisa. -Ele rolou os olhos.

-Por favor, estou parecendo uma mendiga. -Disse e dei a costa sem escutar mais nada e fui me arrumar.  

[...]

Já estávamos há não sei quanto tempo dentro do táxi indo para o tal lugar misterioso e ele insistia em não me contar o que iríamos fazer e eu insistia em querer saber.

-Aonde a gente vai? -Olhava com cara de cachorro que caiu da mudança.

-Eu já disse que é segredo. -Ele me encarava de volta.

-Me conta, por favoooooor.

-Eu preciso que você feche os olhos.

-Por que?

-Porque já estamos quase chegando. -Dei uma olhada em volta para saber se conhecia alguma coisa que pudéssemos fazer por ali mas acho que nunca estive aqui antes. -Fecha os olhos. -Ele disse colocando as mãos nos meus olhos. Tentei tirar mas não consegui. Está rolando muito contato fisíco no momento mas ok. -De olhos fechados. -Ele disse
perto do meu ouvido. Descemos do carro e ele foi me guiando para só Deus sabe onde.

-Quando vou poder abrir os olhos?

-Quando eu disser que pode.

Continuamos andando e finalmente ele me deixou abrir os olhos e para a minha surpresa a gente estava em um daqueles lugares para jogar paintball. Como em todos os jogos eu devo ser horrível nesse também.

-Paintball? -Olhei para ele para ver se não era zoeira.

-É. -Ele riu. -Tá com medo de perder? -Quando ele disse essas palavras ele mexeu com o meu orgulho e agora estou determinada a vencer ele.

-Você vai ver. -Apontei para ele e ele riu de novo. -Não estou brincando, idiota. -Fiz cara de brava.

Nos arrumamos e ai me informaram que seria eu contra ele e para melhorar estava chovendo e o lugar onde será o jogo é uma espécie de labirinto, que me lembrou um pouco o lugar do jogo do Slender, e é cheio de terra que agora com a chuva virou lama. Ah, como eu adoro isso. Agora é que eu perco mesmo e fico com o meu orgulho ferido.

-Boa sorte. -Ele riu e deu um tapa no meu capacete. Fuzilei ele com os olhos.

O jogo era basicamente um jogo de bandeirinha que você atira bolas de tinta no seu adversário e não pode levar nem um tiro, quem levar um tiro primeiro perde, ou quem pegar a bandeira primeiro e chegar até o ínicio de novo ganha.

Um cara gritou em um daqueles auto falantes que o jogo tinha começado. Pensei em ficar escondida onde eu estava até o Nath ganhar mas o mesmo cara apareceu e me mandou sair dali e me disse até onde o Nath estava, que era bem longe de mim. Eu poderia imaginar que os dois tinham armado um plano maléfico contra mim e que eu não devia ter
confiado mas eu não tenho nada demais para perder. Levantei dali e sai andando me sentindo no CS. Disparei essa arma algumas vezes acertando a parede só pelo fato que é legal atirar com isso daqui. Ouvi barulho de uns tiros também, acredito que era o Nathan avisando que estava me escutando e ele estava chegando mais perto. Sai correndo,
acho que a maior parte do tempo em círculos, na esperança de me afastar o máximo possível dele, mas na realidade eu sou uma sedentária e não consigo correr de uma esquina até a outra sem ficar cansada agora imagina correr dentro desse lugar enorme. A chuva estava mais forte, eu estava ficando quase atolada na lama, o Nathan parou de fazer
barulho...que demais.

-AHHHHHHHHHHHHH...-Gritaram no meu ouvido fazendo eu gritar de volta. Logo reconheci a gargalhada do infeliz que ainda estava me segurando pela cintura.

-Idiota. -Me virei pronta para atacar ele com socos, tapas, e tudo que eu conseguisse pensar no momento.

-Calma. -Ele segurou minha mão quando começou a levar os primeiros tapas mas não parou de rir.

-Ok. Então me solta. -Disse puxando minha mão e ele obedeceu alguns segundos depois. Peguei minha arminha de tinta que estava na outra mão e perdi a conta de quantos tiros daqueles ele levou. No fim de tudo eu ganhei.

-Isso é trapaça. -Ele olhou para si mesmo.

-Não é não. -Ele tirou o capacete e ficou me olhando com cara de reprovação. Fiz igual.

-Olha o que você fez. -Ele apontou para si mesmo, a chuva já estava até limpando a tinta. -Você me paga. -E ele começou a atirar em mim.

-Para, você já perdeu. -Foi o que eu disse antes de dar mais um tipo na cara dele. O ruim é que ele não estava com o capacete então, sim, machucou. Ele colocou a mão no rosto e fez cara de dor, até largar a arma ele largou antes de se sentar na lama.

-Nath, desculpa. -Disse tentando chegar até ele. -Deixa eu ver. -Puxei a mão dele para longe do rosto. Provavelmente aquilo vai ficar roxo. Esse menino é tão babaca que enquanto eu estava lá morrendo de preocupação com ele e com a voz da minha vó na minha cabeça dizendo "imagina se pega no olho?", ele jogou lama na minha cara.

-Você é um idiota. -Fuzilei ele com os olhos.

-É o mínimo depois de levar esse tipo na cara. -Ele fez bico e já começou a rir também. Relei minha mão suja na cara dele, e logo mais lama voou na minha cara e quando eu percebi eu estava totalmente suja. Até me jogar na poça de lama ele me jogou. Sério, agora eu sei como os porcos se sentem mas não é legal como eles fazem parecer que é, ou como o Nathan faz parecer que é.

Me levantei do chão, quase caindo de novo, enquanto o porco estava jogado na lama rindo. Não sei o que tem de tão engraçado. Rolei os olhos olhando aquilo mas tive que rir também.

-Levanta dai. -Eu disse cruzando os braços esperando ele me obedecer, o que não aconteceu. Sai andando deixando ele lá.

-Você me da um tiro na cara e depois sai andando e me deixa aqui jogado, todo sujo, molhado, com frio? -Me virei para ele que esticou a mão para que eu ajudasse ele a se levantar. Rolei os olhos de novo e andei até ele. Segurei a mão dele e ele me puxou e eu cai em cima dele. Acho que isso doeu.

-Gorda. -Ele riu mas estava com cara de dor. Aliás, o rosto dele está bem perto do meu.

-Você que me puxou.

-Eu sei.

-Então você que é idiota, e não eu que sou gorda.

-Sophie, cala um pouco essa boca. -Ele me puxou para mais perto, se isso é possível e...me beijou. Ok. Como reagir depois de beijar o seu melhor amigo? Além do mais quando você não devia ter correspondido ao beijo?

-Nathan...eu preciso ir embora agora. Eu preciso continuar procurando o apartamento. -Disse me levantando. -Eu te vejo depois. -Disse e deixei ele lá.

Fui andando até o vestiário e tentei tirar o máximo de lama possível de mim. Me vesti suja mesmo e peguei um táxi de volta para casa. Quando cheguei em casa tomei um banho e pensei sobre o que aconteceu e decidi fingir que nada aconteceu.

[...]

NATHAN POV

-E esse sorriso ai? -Minha mãe disse me olhando e me trouxe para a realidade.

-Que?

-Está no mundo da lua com esse sorriso na cara desde que chegou em casa. -Ela cruzou os braços.

-Nada, só estava pensando.

-Pensando em que? -Minha tia veio se meter na conversa.

-Em nada. -Dei de ombros.

-Sei. -Ela me encarou. -Esse tal de ninguém deve usar saias.

-Também acho. -Minha mãe concordou.

-Não, vocês que estão imaginando coisas que não tem nada a ver. -Disse e me levantei indo para o meu quarto.

É lógico que elas estão certas mas ninguém precisa saber. Eu já estava pensando se isso poderia estar acontecendo mesmo ou não mas depois daquele beijo eu tenho certeza que estou gostando da Sophie, mas é lógico que não é de mim que ela gostar e também ela vai se mudar logo, então acho melhor eu não dizer nada. Além do mais, ela é minha amiga e eu não deveria nem ter começado a gostar dela. Mas já que rolou um beijo e que eu não posso controlar meus sentimentos, não tem nada de errado ter gostado, né?

Leiam as notas finais.