Luz Negra I - Oculta escrita por Beatriz Christie


Capítulo 32
Capítulo 32 - Caça ao Filho das Trevas




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Fiquei imaginando o que aquilo implicaria. O que mudaria em minha vida? E eu, seria a mesma?
– Não tema. - Donna deu um sorriso que não me convenceu, e ela sabia - Sei parece algo infinitamente malévolo, e é, mas tudo pode ser purificado.
– Como assim? Sinceramente, o que eu já vi não é algo simplesmente mau, é algo além.
– A feitiçaria branca foi criada por Eleonor Feri. - August levantou-se da cadeira, ele andava pelo quarto enquanto parecia viajar até o passado - Ela foi a mãe deste clã, ao qual me uni. - ela sorriu para Donna - Eu e todos que não queria mais viver daquela forma.
– Muito sofrimento - Donna murmurou e tocou sua nuca, onde havia a cicatriz deixada pelos Alexandrinos.
– O que, exatamente, vocês podem fazer? - era uma pergunta inevitável. Eles teriam de ser bons pois, caso não fossem, todos morreríamos.
Neste momento me surpreendi com duas batidas na janela do quarto que ficava em um andar alto. Donna e August não pareceram surpresos quando uma mulher de cabelos longos e negros, assim como sua pele, entrou no quarto saltando do parapeito feito um gato.
– Não pergunte o que podemos fazer. - ela aproximou-se de mim com um olhar severo - Pergunte o que eles esperam que façamos. - seu olhar se desfez em um sorriso - É ela não é?
– Sim. - Donna respondeu.
– Olá Esperada. Sou Paola, Mestra dos Feri, seguidora de Eleonor. - ela baixou levemente a cabeça.
Eu não sabia o que responder. Tudo aquilo era tão surreal, que apenas assenti.
– Onde está Antonella, Ettore, Fabrizio e Cezar? E meu Matteo? - Donna perguntou, olhando através da janela.
– Não se preocupe irmã. Fabrízio está com Matteo, você sabe, pela floresta. Antonella, Ettore e Cezar foram vigiar o perímetro.
– Indicou a velha casa? - August indagou, enquanto pegava uma cadeira para Paola.
– Sim, devem estar lá agora. O terreno tem uma energia muito forte, não há dúvidas de que está por lá.
Eu continuava em silêncio, tentando acompanhar a conversa quando um celular tocou. Paola o atendeu.
– O que? E como não o exterminaram? - ela parecia furiosa - Agora ele dirá á outros que estamos guardando-a. Não entende que... Esqueça!
Demônio? Exterminar? Droga!
– Não! Esse... - eu não consiga chamá-lo diretamente por esse termo - O cara que eles encontraram lá, ele é um amigo. Está me ajudando.
– Não é um homem, Mellany, é é um demônio! - August exclamou.
– Sim, eu sei! Por favor, diga para não o ferirem!
– Você é amiga de um ser das trevas? - Donna parecia horrorizada. E quem não estaria?
– Ele é diferente. Por favor, diga para não o matarem, ele tem me defendido...
– Tarde demais. - Paola pegou-me pelo braço ao ver minha reação - Acalme-se. Ele foi atacado, mas fugiu.
– Como pode confiar em um filho das sombras? - Donna permanecia encarando-me perplexa.
– E não estou confiando em vocês? Que são o que? Um clã do submundo, onde todos querem me matar. - sentei-me de volta sentindo a cabeça latejar - Estou em uma posição onde confio e não confio em ninguém. Quero proteger todos que amo, e a mim mesma, mas sei que não posso fazer isso sozinha...
– Estaremos ao seu lado. Pode acreditar nisso. - August intercedeu com sua voz serena.
– Isso qualquer um poderia dizer. Estou cansada disso tudo, eles estão se aproximando e cada vez mais meu desejo de vingar minha mãe aumenta. Não quero saber quem vocês são, se ele é um filho das sombras, ou se há um espirito maligno oculto em mim. Apenas me treinem. Mesmo que morra, levarei Hasek comigo.
Eles ficaram em silêncio, surpreso ao ouvirem o nome do líder dos Alexandrinos. Donna levantou-se lentamente, e todos assentiram.
– Falou como uma verdadeira líder. - Paola sorria orgulhosa.
Eu estava aliviada depois daquele surto de desabafo, mas não havia tempo a perder.
– Tudo bem - Paola começou a dar ordens - Donna, leve Mellany á casa e fique lá com ela. Avise também aos nossos companheiros sobre esse filho das trevas. Mas, tenham cautela.
Saímos do quarto e pegamos o elevador.
– Por que não vai pela janela como ela? - perguntei.
Quem visse Donna diria que ela era uma pessoa comum.
– Não é muito mais divertido andar de elevador? - ela sorriu. - Gosto de coisas humanas, tipo hospitais.
– Odeio hospitais. - murmurei.
Donna tinha sempre um semi sorriso no rosto, como se fosse uma daquelas máscaras de teatro.
O elevador parou quando chegamos ao subsolo, onde ficava a garagem. Donna parou perto de um carro dourado e acionou o alarme que destravou-o. Ela entrou, sentou no motorista e abriu o teto do carro conversível. A cor do carro e de seu vestido eram quase as mesmas.
– Você gosta mesmo de amarelo, né? - não pude deixar de comentar, enquanto entrava também.
Ela apenas assentiu.
– Donnatela?
– Sim?
– Vocês são imortais?
Eu estava acostumada com seres místicos serem imortais. Ao menos era o que via nos filmes e livros.
– Não - ela disse com pesar - Mas, dizem que há um ritual que pode transformar um mortal em imortal. É só uma lenda, ninguém viu essa escritura realmente.
– Entendo.

Conversamos sobre várias coisas durante o caminho. Donna me perguntou como era a vida da minha mãe como "comum" e pareceu fascinada. Ela me contou sobre sua vida com os outros na Itália e sobre Matteo, seu filho. "Ele é um garoto estupendo! Exímio arqueiro, assim como o pai." Com isso, entendi que eles poderiam ter filhos. O que era muito bom, já que Donna parecia gostar muito de crianças. Ela era uma mulher doce, me lembrava o jeito livre e alegre de minha mãe e também falava do filho com muito amor e orgulho. Ela me fazia sentir mais serena.
Chegamos á casa. Não havia nenhum carro na entrada e as luzes estavam apagadas.
– Tem certeza de que estão aí? - perguntei, enquanto ela estacionava.
– Ah, com certeza.
Andamos até a entrada, ela abriu a porta sem cerimônias. Uma mulher, idêntica a Donna, só que de cabelos curtos, estava de pé ao lado da janela da frente. Um homem estava sentado, ele tinha uma barba rafa e cabelos ruivos como os meus, ficou de braços cruzados nos encarando com seus olhos pequenos.
– Bem vinda irmã. - a mulher também tinha a voz bem diferente da de Donna.
– Esta é Mellany. - ela colocou a mão em minhas costas, incentivando-me a entrar.
Eles não disseram nada, até que um voz grossa veio do alto da escada.
– A recebemos com alegria! - ele anunciou enquanto descia as escadas. - Sou Ettore, da casa Feri e estes são meus irmãos. Cesar - ele apontou para o homem sentado com um sorrisinho irônico - E Antonella.
A mulher na janela aproximou-se de nós, dando passos lentos como os de um gato.
– Essa casa fede. - ela olhava em volta. Encarou o forro de madeira, com um ar de desprezo.
Definitivamente a irmã gêmea de Donna não tinha nada de igual á ela, fora a aparência. Já não bastava ter de ver a casa da minha mãe ficando dominada por estranhos, ter de ouvir aquilo era demais.
– Deve ser você. - rebati.
Ela encarou-me rapidamente, então deu um sorriso.
– Quem sabe. - respondeu antes de sair andando novamente.
– Não comece Antonella... - Ettore ergueu uma mão. - Deixe, está revoltada por não termos abatido o filho das sombras.
– Sobre isso, Ettore...
– Não o matem. - interrompi Donna - Ele está do nosso lado.
– O que? - Cesar falou pela primeira vez, com escárnio - Um filho das sombras, servo Alexandrino está do nosso lado? - ele deu uma risada irônica.
– Sim, ele tem me protegido. Fez isso diversas vezes. Preciso encontrá-lo e ver como está, ele pode estar morrendo.
– Sinto muito, mas não podemos abrir nossa guarda desta forma. - Etorre anunciou. - Já enviamos irmãos atrás dele, não podíamos deixá-lo fugir assim.
– Confiem em mim, como estou confiando em vocês. Ele não é como os outros!
A probabilidade de que ele estivesse morto estava sendo chutava de minha mente nos últimos minutos, eu tinha de manter a esperança de que ele estivesse vivo. Precisava salvar Enzo, mas eu não sabia onde ele estava, ou se quer se estava vivo.
 


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Notas finais do capítulo

~Le eu resurgindo como uma Fênix~

Eu gostava muito do Enzo :< todas chora

Eu sei, sumi... Mas foi graças a queda nos reviews, me senti escrevendo para o vento. Espero que voltem e que eu possa contar com as opiniões e incentivos de vocês. Sinto muita falta, aqui era o lugar onde eu vinha pra me sentir feliz no fim do dia, ver o que acharam dos acontecimentos.

Beijos, Beatriz ♥



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