"E é aqui que eu fico!" falei, beijando levemente seus lábios.

"Ou podemos fugir..." sugeriu Ian, nossas testas coladas. Sentia sua respiração se misturando à minha, seu hálito mentolado e, ao mesmo tempo, doce acariciando minha face, embaralhando meus pensamentos.

"Aí minha mãe mata." disse, sorrindo. Ele riu.

"Ok, ok. Não posso te desvirtuar. Por isso vou deixar você entrar na sua sala e assistir à sua aula." falou.

"E você vai para SUA sala,Mason" falei, frisando o pronome.

"Claro, Comandante Smith." brincou, batendo continência.

"Agora some." falei,empurrando-o de leve, pois via o professor entrar no corredor.

"Não sem uma despedida..." ele disse, já enlaçando minha cintura e puxando-me para perto. Minhas mãos rumaram para sua nuca e nossos lábios se encostaram. O beijo foi breve, mas foi suficiente para nublar minha mente e fazer meu coração acelerar.

Ele sorriu e se foi, enquanto eu voltava para a sala com um sorriso no rosto.

As aulas passaram rapidamente, e logo pude ir para casa. Encontrei Ian encostado em seu carro, exibindo um sorriso torto.

"Iai, gatinho, tem dona?" perguntei, me aproximando.

"Nem sei..." ele disse, me puxando para perto e ganhando um tapa no braço.

"Não sabe, né, palhaço!" disse, falsamente brava. Ele riu.

"Carona?" perguntou.

"Anita?" questionei de volta. Nós não havíamos nos encontrado depois da aula, e eu iria esperá-la.

"Já foi. Com o Jay. Pegarei ele lá na porta da sua casa."

"Com o Jay?!" perguntei, meio surpresa. Anita não era muito de ficar, nem nada assim, e era estranho ela ter ido para casa com alguém que ela mal conhecia. Mesmo sendo irmão do meu namorado.

"É, é. Parece que eles tiveram um trabalho em dupla, ou algo assim. Ou foi só uma desculpa para ficarem sozinhos." Ian respondeu, dando de ombros. Conhecia bem minha amiga, e se ela foi com ele, era porque algo havia acontecido, e logo eu saberia o quê.

Então pensei que gostaria que eles ficassem juntos. Jay era um cara legal e engraçado, além de inteligente e educado. E eles combinavam. Cheios de energia e piadinhas. Era algo que eu gostaria.

"Vamos?" ele perguntou.

"Claro!" respondi.

"Missão levar a princesa ao castelo: em andamento." brincou, abrindo a porta para que eu entrasse e indo para o lado do motorista.

"E por falar em casa, como sabia onde era a minha?" perguntei, enquanto saíamos do colégio.

"Nada difícil. Sua mãe é a única advogada Katrina Mason daqui!" ele disse.

"Ah, claro!" falei, sorrindo.

Encostei minha cabeça no vidro e me distraí com a paisagem. Há alguns meses, se alguém me dissesse que eu estaria namorando sério, eu teria uma crise histérica de risos. Era engraçado como as coisas haviam mudado e como eu me sentia bem com tudo aquilo.

"Um beijo pelos seus pensamentos." Ele disse, de repente, chamando minha atenção.

"Um só? Ih, acho que encontro quem dê mais!" brinquei, virando-me em sua direção.

"Tá bom, tá bom. Dois beijos..." Ian disse.

"Ah tá. Vamos aumentando essa oferta!" falei

"Todos os beijos que você quiser." Ele disse, estacionando o carro na porta da minha casa e virando-se para mim.

"Estava pensando em nós. Em como as coisas estão." Falei

"E isso te faz feliz?" ele questionou.

"Demais. Demais." Respondi, puxando seu rosto para mim.

Nossos lábios se encontraram em um beijo calmo. Seu hálito fresco se misturava ao seu cheiro amadeirado ç, inebriando meus sentidos. Sentia como se corpo estivesse a flutuar. Meu coração se contraía de alegria, e, ao mesmo tempo, se expandia com o sentimento.

Conversamos por mais um tempo e nos despedimos. Uma garoa fraca caía e por isso corri para casa. Já protegida da chuva, acompanhei o carro com os olhos até que sumisse completamente de vista.

"É, eu tô mesmo apaixonada..." concluí em pensamento.