Destino escrita por mcorreia


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Espero que aprecie!
Boa Leitura!



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Ian

Mas, infelizmente, aquele não foi o dia da minha morte. Indo contra todos os fatos, passados e presentes, três meses depois de sua morte, eu voltei à vida, surpreendendo ainda mais a todos. Devido à minha natureza, eu deveria ter morrido junto com ela. Mas não aconteceu. Entrei num coma/sono profundo, e três meses depois, sem nenhuma explicação, acordei, vivo. Ou morto, dependendo do ponto de vista. Por que, apesar de respirar, falar, comer, e ter domínio sobre todas as minhas ações, por dentro, eu era nada. Apenas comia, dormia, falava o que era estritamente necessário, para o total desespero de meus pais, e, como sempre, uma vez por mês, me transformava. E esses eram os piores momentos. Quando transformado, tudo é agravado. A personalidade se faz mais presente e os sentimentos aumentam. E a dor de morrer a cada segundo, tornava-se mil vezes pior. Eu simplesmente entrava em choque, não suportando. Ás vezes desmaiava, ou gritava, quer dizer, uivava até não conseguir mais.

Minha família não sabia o que fazer. Minha irmã caçula, Sophia e meu cunhado, Peter, não suportaram a pressão e foram embora, sob o pretexto de ir curtir quinta lua-de-mel, ou algo assim.

Minha história é complicada, e incomum até para um ser como eu. Um Filho da Lua. Ou lobisomem, como os humanos ingênuos gostam de nos chamar.

Katherine, era minha Destinada. Assim como havia acontecido comigo, ela havia nascido para ser minha. Aos 20 anos a conheci, aos 20 anos a perdi, e, não seguindo a regra geral, há 50 anos sofro sua perda. De acordo com a própria História, com sua morte, eu deveria morrer também, mas isso não aconteceu. Eu continuei vivendo e congelado nos meus 20 anos, morrendo um pouco a cada dia, sendo, aparentemente, imortal.

Minha família, e até mesmo eu, fomos atrás de respostas, para entender o porquê de eu não ter morrido. Encontramos as mais absurdas explicações, sendo a mais convincente a dúvida. Nem o poderoso dom de minha irmã de ver o futuro foi capaz de desvendar o mistério.

E enquanto isso, eu definhava. Para os seres humanos, poderia parecer exagero ou loucura. Mas quando se é um Filho da Lua, perder sua Destinada é a pior dor que se pode sentir, tanto que quando acontece, ele morre no mesmo momento. Mas eu não tive esse prazer. E agora, 50 anos depois, eu espero algo acontecer.

Dez anos depois de partir, minha irmã e meu cunhado retornaram, e ela trazia em seus olhos o brilho que eu não via há quase 60 anos.

Com a delicadeza de sempre, minha pequena Sosô invadiu meu quarto.

"Ian. Maninho!" exclamou pulando para meus braços. A abracei forte. Fazia 5 anos que não a via e eu estava morto de saudades.

"Sosô!"

"Ian Mason. Você enlouqueceu? Quer matar todo mundo?" perguntou-me, muito brava.

Apesar da irritação, eu conseguia ver em seus olhos pena, tristeza e até mesmo dor. Ela sabia, ou melhor, tinha noção do que eu estava sentindo. Ela me entendia, e isso me confortava.

"Sophia Russel. Eu..." não consegui completar a frase.

"Meu irmão. Me dói te ver assim. Morrendo. Mata a todos nós aos poucos." Disse, me abraçando.

Eu entendia o que ela queria dizer, mas não tinha nada a fazer.

"Perdoa-me, pequena. Eu realmente não sei o que fazer."

Eu já estava exausto de tudo aquilo. Eu só queria dormir. Para sempre.

"Vamos. Levante dessa cama." disse, puxando-me.

Usando sua velocidade sobrenatural, ela se pôs a pôr ordem na minha bagunça. Em poucos minutos meu quarto parecia um lugar habitável, e ela me empurrou para fora do quarto.

"Onde está me levando?"

"Teremos uma reunião de família. E essa será definitiva." Disse, fazendo-me revirar os olhos. Eu odiava essas reuniões. Sempre acabavam com alguém chorando e com uma lista de metas que todos sabiam que eu não iria cumprir. Eram simplesmente estafantes e exaustivas.

FLASHBACK

"Era noite de lua cheia, e como sempre, o Poder tomou meu corpo. Não sabia há quanto eu estava correndo e menos ainda para onde estava indo, mas o fazia com a mesma intensidade do início. Gostava de estar sob aquela forma, pois a racionalidade me abandonava parcialmente, mas a dor não. Hoje ela estava mais suportável, isso graças à irritação que predominava em meu ser. Mais uma vez minha família tentou resolver o meu problema', e mais uma vez não chegamos a outro lugar a não ser lágrimas e mais uma nova onda de sofrimento. Me irritei novamente com aquela história, e aproveitando as circunstâncias, deixei que o poder tomasse total controle, certificando-me antes de estar longe de qualquer ser humano. Corri até o ponto mais alto da colina que se estendia à minha frente. Devia estar em algum lugar da fronteira entre os EUA e o Canadá. Ou talvez mais longe. Não me importava. Sentei-me no pico da tal colina, e fiquei encarando a Lua. Minha segunda mãe, comandante dos meus atos. E mais uma vez sofri minha perda. Chorei, uivei e descarreguei minha raiva nas árvores próximas, causando um pequeno colapso ambiental. E me mantive assim até perder as forças e cair no sono."

"Ian.Ian?" Sophia me chamava, e parecia fazê-lo há algum tempo.

"Ah. Oi."disse retomando a atenção.

Sem que eu percebesse, já estava na sala, junto à meus pais, Thomas e Isabel, meu cunhado e minha irmã. Sentei-me na poltrona à frente deles e preparei-me para a "conversa".

Meus pais, meu irmão, Jared, e meu cunhado, a quem eu abraceiassim que cheguei, mantinham o mesmo olhar de minha irmã. Dó, tristeza e dor. Perfeito. Melhor impossítvel. Vamos fazer o pobre Ian sofrer ainda mais.

"Oi, família."

"Ian, meu querido..." minha mãe começou, mas a interrompi:

"Mãe, desculpa te interromper, mas eu já sei o que vai dizer. Já sei o que todos vocês vão dizer. E todos sabemos que não vai adiantar. Eu não vou voltar a viver, nem que eu quisesse."

"Já sabemos disso, cara. Mas queremos te ajudar." disse Peter

"Você está morrendo, mano. Tem noção do quanto isso é desesperador?" disse meu irmão.

"E por isso, meu filho, queremos que tente. Volte à escola, ou faculdade, não sei, mas arrume alguma distração. Tente ser menos infeliz. Por nós." insistiu meu pai.

" Ah. Vamos lá, maninho! A diversão do colegial novamente. Vamos, por favor! Eu e o Peter estaremos lá também. Fingir ter 18 anos de novo." disse, fazendo biquinho. Ela sabia que era praticamente impossível para mim negar algo a ela. E ainda tinha todo o resto da família olhando-me daquele jeito irritante.

"Ahh, que droga. Tá bem, tá bem. Eu vou. Mas só esse ano e sem mais cláusulas." disse, derrotado.

"Aaaaaaaaaah!" minha mãe e minha irmã gritaram, pulando em cima de mim, enchendo-me de beijos.

E que fosse o que Deus quisesse. Rumo ao colegial. De novo. "Melhor" impossível.



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