Charlotte Le Fay - Herdeira De Voldemort escrita por DudaGonçalves


Capítulo 17
A Lady das Trevas/Senhora das Fadas e o Menino que Sobreviveu - Parte I


Notas iniciais do capítulo

Olá meus lindos!! ^^
Eu ia postar esse capítulo só depois de vinte comentários como já havia dito, mas como vou viajar (De novo) por uma semana e provavelmente demorarei para postar o próximo capítulo.
Fiz este capítulo bem grande para poder dividi-lo para você, leitora linda que comentou o capítulo passado ou a minha nota em forma de capítulo. E dividi ele em duas partes para melhorar a leitura já que ele é bem grandinho.
Luna, minha linda, como esse capítulo foi dedicado as outras o leitoras e você merece um só seu pela recomendação maravilhosa o próximo é todinho seu! ^^
Boa leitura,



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Depois do longo e terrível dia em que eu visitei a casa em que cresci quando pequena algo acendeu dentro de mim, a certeza de que nenhum amor viria do meu pai principalmente por ele jamais ter recebido amor de outra pessoa, talvez ele até tenha recebido da minha mãe, quem sabe não é?! É bem estranho e desconfortável imaginar que Alice se casou e me teve com um homem que ela nem gostava um pouquinho como Harriet disse.

Desejava em meu âmago saber se era ou não igual meu pai, contudo tinha muito medo da resposta. Na realidade aquele foi um dos primeiros fatos que me causavam medo; não poder amar, não ter sentimentos bons e esse medo se comprovava quanto mais pensasse sobre o assunto já que sempre fui uma pessoal apática. Era muito triste imaginar saber como meu pai se sentia, ter visto aquela memória do passado dele, aquele momento negro da sua vida, o momento que ele criou um arrombo na sua alma com três mortes de uma única vez, me fez ter compaixão por ele e por isso achava que não era igual ao pobre Tom Riddle.

Nada justifica tudo que ele fez de mal para pessoas inocentes, todavia se estivesse no lugar dele teria feito muito pior com aqueles trouxas nojentos. Acho que antes de arrancar um pedaço da alma meu pai perdeu o que tinha de coração, a dor que ele deve ter sentido era o suficiente para desejar não ter uma alma, não se importar com nada. Parece para mim que ele os matou para provar para si e para todos que realmente não amava e não se importava com nada nem ninguém. Mas no fundo deve ter doído ouvir aquilo que meus bisavós e meu avô disse, porque mesmo não amando-os ser rejeitado daquela forma era algo desprezível, desumano e doloroso até a essência.

Ter aquele sentimento bom pelo meu pai, aquela compaixão, me deu força para acreditar que não era uma pessoa sem amor e me fez até mesmo amar meu pai de uma forma que não acreditava que poderia amá-lo (não que eu acreditava com qualquer certeza que poderia amar alguém, mas defini que o sentimento que tinha por ele era um tipo de amor).

Depois de solucionar o problema com meu lado paterno momentaneamente tive que focar no meu lado materno (que, por enquanto, era de longe mais complicado). Perguntava-me se alguém da minha família, como minha tia-avó, estaria viva, quem era realmente minha mãe, a parte dela que não via nas memórias dela que me abraçavam de vez em quando, e o que Narcisa poderia me contar e foi instruída a me contar.

Era por todas essas dúvidas que eu resolvi me render a minha curiosidade e ao glamour de Narcisa Malfoy e visitá-la na tão majestosa Mansão Malfoy. No dia seguinte ao que visitei a Casa dos Riddle o desejo de ver Narcisa diminuiu drasticamente como a temperatura de alguém que estava todo vestido com roupas de frio e havia acabado de tomar um chocolate quente que caiu dentro de um poço de água meio congelada. Enquanto tomava um delicioso suco de abóbora bem gelado minha vontade foi diminuindo aos poucos e assim adiei por dias a minha visita a Narcisa.

Quando chegou Terça feira, Joseph, Carla e Thomás iam passear para comemorar algo sobre o novo trabalho de Carla, que era no Ministério em alguma sessão bobinha, e me deixariam com Gallif, eles sempre fizeram isso comigo quando iam passear, menos quando era aniversário do Thomás que sempre queria que eu fosse. Como estava acostumada assenti para os três e eles foram embora.

Me sentei confortavelmente no sofá branco da sala e estava me preparando para assistir um documentário bruxo sobre as reações dos trouxas se soubessem de nós, na parte de hoje era sobre uma trouxa que presenciou uma luta bruxa quando criança e teve a memória apagada pelo Ministério, só que de alguma maneira as memórias estavam voltando, pelo que entendi ela bateu a cabeça, iria usar a rede de flú da casa da vizinha bruxa dela.

Quando pensei bem naquele momento alguns anos depois ri que tinha achado na época a desculpa de bater a cabeça no chão algo muito bobo para fazer as memórias voltarem, e fora daquela forma que meus dons (pelo menos o da visão) se iniciaram tão cedo.

Mas quando encontrei a melhor posição no sofá Gallif entrou na sala e começou a fazer barulhos para tirar a minha atenção da trouxa que tentava entender como havia chegado numa loja de corujas no meio do Beco Diagonal.

–A senhorita irá fazer algo? – Gallif me perguntou. – Gallif desconfia que a senhorita esteja adiando algo que deveria fazer.

Abaixei meus olhos para a elfa que tirava migalhas de pão do sanduíche de Thomás do carpete da sala.

–Como você sabe tanto assim das coisas, em Gallif? – a elfa deu uma risadinha.

–Gallif é uma elfo doméstica, ela sempre escuta tudo, mas seu trabalho é esquecer e não falar o que ouve – ela abaixou as orelhas se desculpando de não ter se esquecido do que eu estava adiando.

–Foi bom você ter me lembrado, eu tenho mesmo que fazer isso – sorri para a elfo e olhei para a lareira. Mesmo não querendo ir eu sabia que era o certo de se fazer, na verdade eu queria saber, mas não queria ter que ficar perto de Narcisa.

–Agora é um bom horário para uma visita. Eles devem estar esperando – a elfo sorriu. – Vá logo antes que desistam.

Olhei para o relógio em forma de algum pássaro natural do país da Carla, meio-dia. Bufei e desliguei a TV na hora que Gaia, a trouxa, saiu da loja e esbarrou em um bruxo usando um chapéu pontudo roxo e carregando uma vassoura de quadribol.

No início ficava muito surpresa com o quanto Gallif sabia de todos nós, mas depois me acostumei e comecei a adorar o jeito dela.

–Tudo bem, eu vou – anunciei. – Se algum dos outros chegarem me avise, sim? Eles não devem saber que saí.

–Gallif avisará, senhorita. Pode confiar em Gallif.

Com a confirmação dela eu me dirigi à lareira e peguei um jarro azul, como a maioria dos objetos da casa dos corvinais, que ficava na mesa de café em frente à lareira e enchi a minha mão de pó de flú.

Entrei na lareira e me ajeitei melhor para minha cabeça não bater, eu havia crescido mais do que imaginava, pigarreei para o som da minha voz sair melhor e joguei o pó no chão da lareira de onde chamas verdes que não queimavam brotaram.

–Mansão Malfoy – disse em alto e bom som.

Senti a famosa sensação de estar sendo sugada como água da chuva por um bueiro. Comecei a descer rodopiando rapidamente, tentava espiar dentro das lareiras de outras pessoas, mas estava mais rápido do que imaginava... logo chegaria a Mansão... só mais um pouco.

Me precipitei para a frente e apareci em pé e sem nenhuma fuligem dentro da Malsão Malfoy.

Era muito bela a sala em que me deparei, o chão era de uma madeira muito escura e as paredes eram brancas, o cômodo era muito grande com muito poucos objetos, um par de sofás, um negro e outro verde escuro igual ao emblema da Sonserina que era o mesmo tom das cortinas, um lustre de prata imenso com várias esmeraldas incrustadas nele, uma tapeçaria que cobria quase todo o cômodo e duas portas de madeira também negra com a maçaneta prata que ficavam em paredes opostas.

Atrás de mim um quadro mais largo que a suntuosa lareira estava pendurado, a pintura retrava algum Malfoy sentado no que parecia ser um trono de madeira negra e estofado com almofadas verdes nas costas, braços e bunda. O homem lá pintado, velho com cabelos loiros lisos muito longos e uma expressão severa, me avaliava sentado no seu trono enquanto segurava a sua bengala.

–Boa tarde – falei cordialmente para o homem. – Você poderia me dizer onde encontro a Senhora Malfoy? – ele cerrou ainda mais as sobrancelhas. – Sou Charlotte, Charlotte Le Fay.

–Claro que é... – ele disse em uma voz arrastada. – A Lady das Trevas, filha de Alice Le Fay, a Senhora das Fadas – ele se levantou. – Deseja falar com Narcisa? – que droga era aquilo que ele falou?!

–Sim, por favor – o homem andou para o canto esquerdo da moldura e desapareceu, indo para qualquer outro quadro em que estivesse pintado.

Enquanto esperava admirei o resto do cômodo, a lareira de mármore negro com as bordas desenhadas em formato de cobras que pareciam querer entrar no fogo da lareira, a mesa de café de mármore branco em que estava o jarro de vidro verde de pó de flú, algumas revistas de quadribol e dois envelopes grosso de pergaminho amarelado e endereçado com tinta verde esmeralda. Duas cartas de Hogwarts? Mas como isso era possível se só havia um aluno naquela casa, o filho de Narcisa, Draco?

Peguei o envelope mais próximo e li a quem estava endereçado.

Sr. D. Malfoy

A Segunda Suíte do Segundo Andar.

Mansão Malfoy

Wiltshire

Coloquei o envelope de volta no lugar e peguei o outro que era idêntico se não fosse um pouco mais pesado e não estivesse endereçado a outra pessoa. Quando li o nome mal tive tempo de para processar a informação já que ouvi passos vindos de trás da porta dupla e só tive tempo de colocar o envelope no lugar exatamente na hora em que a porta se abriu e um garoto um pouco maior do que eu apareceu.

Ele tinha cabelos loiros e os olhos frios e claros, iguais ao do homem da pintura, era muito magro e pálido, com um rosto pontudo sem bochechas, e usava um moletom verde com calças pretas. Ele parou quando me viu e seus olhos se arregalaram.

Devemos ter ficado um bom tempo em silêncio, então ele começou a se aproximar de onde eu estava.

–Quem é você e o que está fazendo na minha casa? – o garoto perguntou. Logo compreendi que aquele era o filho de Narcisa, Draco.

–Sou Charlotte Le Fay – disse para o menino que franziu as sobrancelhas. – Vim aqui para falar com a sua mãe.

–O que você quer com ela? – ele perguntou mais desconfiado.

–Eu sou filha de uma velha amiga dela, mas só nos conhecemos pouco tempo atrás – expliquei para o garoto que se sentou no sofá negro. – Eu vim conversar com ela.

Ele franziu mais ainda o nariz, me olhou de cima em baixo e estendeu a mão ao outro sofá.

–Sente-se, pelo jeito Abraxas foi procurar ela, não deve demorar – ele disse apontando para o quadro do homem em que havia conversado com a outra mão.

Enquanto me sentava Draco pegou as duas cartas de Hogwarts, que pareciam estar bem longe dele, no meio da mesinha, mas seus braços eram bem longos. Não pude deixar de reparar enquanto ele admirava sua carta que ele tinha realmente a beleza gélida dos Malfoy, quase como a beleza de uma escultura, mas também tinha a presunção de carregar um nome tão antigo e de linhagem tão pura.

–Minha carta de Hogwarts, eu a recebi faz alguns dias – ele disse com um brilho no olhar, mas com a voz de tédio que parecia ser a voz normal dele. – O diretor deve estar ficando mesmo gagá para mandar duas cartas, não é? – ele me questionou com um sorriso de escárnio no rosto.

Pelo jeito ele nem se deu ao trabalho de olhar para a carta de baixo e ver a quem estava endereçada, quando vi meu nome do envelope de baixo finalmente entendi o motivo de não ter recebido a minha carta, Dumbledore sabia que eu viria para cá e queria me mostrar que ele sabia.

–Bem, uma é sua – disse calmamente. – A outra está endereçada a mim.

Draco me avaliou novamente e pegou a carta que estava por baixo, leu o endereço e então me olhou.

–Por que sua carta foi entregue aqui? – Draco perguntou um pouco surpreso com a sua voz menos arrastada.

–Porque o diretor mesmo sendo gagá não é desinformado – aquele garoto me irritava com toda aquela presunção. – Dumbledore sabe de tudo – sabia que meu pior erro seria achar que Dumbledore só porque estava velho não era superior a mim. Arriscava a dizer que ele me vigiava desde que nasci, ele sabe quando faço ou farei qualquer coisa, mesmo o Ministério não recebendo os avisos de quando uso magia simples ou aparato, Dumbledore sabe.

Ele jamais me deixaria ir para Hogwarts, chegar perto de Harry Potter, se desconfiasse de mim. Mas o pior que eu já tinha feito era alguns feitiços das trevas e falar com cobras, algo que era de se esperar já que eu era herdeira de Salazar Slytherin, nada muito surpreendente, menos meus dons que ele não tinha como saber.

–Você por acaso conhece o velho? – ele perguntou me estendendo o meu envelope de Hogwarts.

–Na verdade eu o conheço, estou no segundo ano – disse para o garoto enquanto pegava o envelope. – Dumbledore é um grande bruxo e ter tanta idade só o engrandece ainda mais, ele viveu muito, sabe mais do que nós sobre o mundo e as pessoas. Ele lutou contra os dois maiores bruxos das trevas do nosso século e ganhou dos dois, um fora morto por Harry Potter é claro, mas ainda assim foi Dumbledore que saiu ganhando – percebi que estava divagando em voz alta e logo tratei em mudar de assunto. – Mas Hogwarts é antiga e cheia de mistérios, muitas pessoas memoráveis, passaram por lá. É bom caminhar por Hogwarts na hora livre, passear pelos andares inexplorados, entrar nas salas que não tem aula, sentir a história que ecoam das paredes – ou da sua mente com as memórias dessas pessoas importantes não é mesmo?!, minha consciência me lembrou.

–Estou curioso para ver como a escola é, todos ficam tão animados quando chega a carta de Hogwarts. É difícil entender como uma escola velha pode ser tão admirada – ele parou de falar quando passos foram ouvidos atrás da mesma porta que Draco apareceu. – De que casa você é mesmo?

–Sonserina, como os meus pais – disse quando a porta se abriu.

A sala ficou em silêncio quando Narcisa apareceu impecável em um vestido verde que ia até o joelho e cobria os braços até os cotovelos e de saltos negros. Quando me viu ela me deu um sorriso caloroso, fiz o máximo para parecer menos desconfiada e irritada com ela, quis sair correndo e pular na lareira de volta ao sofá e assistir a garota trouxa passear pelas ruelas do Beco Diagonal na TV, mas eu tinha que falar com Narcisa não podia fazer birra e fugir como da última vez.

–Charlotte, minha querida – ela se aproximou de mim, eu me levantei por educação e tive que aceitar o abraço dela de uma maneira desconfortável.

Ela me apertava muito forte e no final Narcisa beijou a minha testa, só podia dizer duas coisas daquele abraço, asqueroso e inapropriado. No final só me veio na mente que ela cheirava a narciso.

–Vejo que conheceu meu filho, Draco – ela disse aquilo e foi até o filho ajeitar o moletom que estava, aos seus olhos, torto e deu um beijinho na testa dele, igual fez comigo.

Vendo a maneira como Draco era metido e presunçoso e como Narcisa era uma mãe grudenta agradeci mentalmente a ela, ao meu pai e a minha mãe por terem me jogado na casa dos meus primos. Se eu tivesse sido criada por Narcisa teria me tornado uma Lady das Trevas mimada e bobinha, e esse não é o modelo que os Comensais esperam como Herdeira de Voldemort, nem como meu pai ou eu esperávamos. Foi nesse momento que entendi o motivo dele de querer que eu crescesse com primos que não ligam para mim, ele não queria que eu fosse mimada por um bando de comensais e na primeira batalha que tivesse eu fugiria porque minha unha quebrou, ele queria que eu fosse rápida e astuta, uma sobrevivente.

Voldemort queria que eu fosse igual a ele, e nada melhor do que me fazer crescer perto de cretinos para me deixar assim. Mas algo deu errado no meio do caminho, porque eu não tenho um desejo de sangue e vingança tão grande como o dele, e o odeio mais por ter me abandonado para caçar um bebê do que odeio Potter que o matou para se defender sem nem ter consciência disso.

Mesmo conhecendo o motivo do meu pai e apreciando-o eu ainda não conhecia o de Narcisa para me abandonar, e já que ela prometeu para a melhor amiga dela no leito de morte que ia cuidar de mim, ele tinha que ser muito melhor do que o de Voldemort – que tinha maior perdão por ser um monstro sem coração.

Outra pessoa que estava me devendo respostas era minha mãe que falou para que eu não culpasse Narcisa porque ela pediu para a bruxa fazer o que fez... E Harriet também me devia algumas respostas.

–Sim, minha carta foi entregue aqui junto com a dele – mostrei para ela a minha carta.

–Sua carta foi entregue aqui? – ela deu uma risadinha nervosa. – Dumbledore não perde uma.

Sorri e alisei a saia do meu vestido, dado por Narcisa. Ele era totalmente negro e ia até os joelhos, ia, até eu cortar três dedos. O colo era bordado e ele não tinha mangas. E claro que a sapatilhas também eram dela, cor de vinho com detalhes em preto. Ela viu a minha roupa e sorriu.

–Narcisa, poderíamos conversar sozinhas? – perguntei engolindo minha raiva, mas com um sorriso no rosto.

–Mas é claro – ela olhou para Draco que ainda admirava a carta de Hogwarts dele. Ele podia dizer que não ligava, mas estava doidinho para ir para aquela escola. – Draco querido, se arrume que depois de Charlie e eu conversarmos vamos comprar seu material.

–Se você diz – ele falou e saiu pela outra porta da sala.

Narcisa me convidou a sentar, o que eu fiz em silêncio enquanto ela se sentava ao lado do meu. Ela estalou os dedos e um elfo apareceu do nada, ele fez uma longa reverência fazendo com que seu nariz tocasse o tapete verde, o que fez Narcisa fazer uma cara de repugnância, algo como cheirar um ovo de dragão podre.

–Pois não, minha senhora? – o elfo tinha orelhas muito maiores do que as da Gallif e olhos imensos e verdes iguais a uma bola de tênis. – Deseja alguma coisa?

–Dobby me traga uma xícara de chá – ela disse ao elfo Dobby quase indiferente a existência dele. – Deseja alguma coisa Charlotte?

Por medo de Narcisa ter pedido para o elfo envenenar tudo que eu tomasse neguei com a cabeça.

–Não, muito obrigada – Narcisa olhou para o elfo como se o amaldiçoasse por ainda não ter sumido e ele fez uma última reverência antes de desaparecer.

Só depois de Dobby trazer uma xícara de chá e sair com mais uma reverência que Narcisa disse a sua primeira palavra.

–Eu agradeço muito por ter vindo, Charlie – ela sorriu e meu estômago embrulhou. – Sei que deve estar sendo difícil para você.

–Está sendo mesmo, Narcisa. Mas tenho muitas curiosidades sobre a minha mãe que só você pelo jeito pode me responder

Ela tomou um longo gole do chá e colocou a xícara de volta na mesa de café antes de dizer alguma coisa.

–Se eu souber a resposta terei o maior prazer de responder as suas perguntas.

Respirei fundo e olhei para a mulher, por onde deveria começar? Havia tanto que queria saber e tanto que eu não queria que Narcisa soubesse que estava interessada em saber.

–Comece do começo, Narcisa. Fale-me sobre a minha mãe.

–Sobre Alice? – ela se ajeitou e me olhou nos olhos. – Alice nasceu no dia 12 de Junho de 1958, ela foi para Hogwarts em 1969, eu estava no meu terceiro ano quando a conheci. No princípio nenhuma garota gostou muito dela, e todos os garotos gostaram dela, isso aconteceu por ela ser uma meia-veela. Ela era gentil com todo mundo e muito amigável, logo no segundo ano ela se tornou uma garota muito popular e sempre dava uma de conselheira romântica para todo mundo que precisasse, foi assim que conheci meu marido. Ela teve muitas paixões, gostou de muitos garotos, mas nunca se apaixonou por um. Ela não tinha problemas com sangues-ruins, já que foi grande amiga de uma, Lilian Potter, mãe de Harry Potter, e era muito inteligente, se me lembro bem ela tirou Ótimo em todos os N.O.M.s e era muito boa com feitiços.

–Eu soube que ela ajudou Snape – Narcisa pigarreou nervosa e tomou outro gole do chá.

–Sim, no mesmo ano que entrou, no terceiro ano da Alice, Severo começou a sofrer brincadeiras de Tiago Potter, pai de Harry Potter, e o grupo dele, que incluía meu primo, Sirius Black. Alice ensinou vários feitiços das trevas, algo que ela sabia até demais, para ele e algumas vezes ela até os confrontou. Sempre foi uma alma protetora a sua mãe.

–Mas ela nunca gostou de ninguém? – será que a minha mãe não podia amar?

–Acho que algum garoto mexeu com o coração dela nos seus últimos anos de Hogwarts, mas eu não estava mais em Hogwarts e Alice jamais me contou sobre ele. Só que eu tinha minhas apostas – ela riu.

–Quem? – me aproximei dela.

–Ninguém importante – ela abanou a mão como se tivesse uma mosca chata na sua frente. - porque depois que ela saiu de Hogwarts tudo mudou. Alice sempre foi muito interessada em objetos das Trevas, ela estudava um especificamente desde o segundo ano, e por isso quando ela se formou em 1976 ela começou a trabalhar na Borgin e Burkes, uma loja na Travessa do Tranco que vende objetos das trevas e artefatos considerados perigosos – ela tomou outro gole do chá enquanto eu absorvia mais aquele detalhe. – Ela trabalhou lá por menos de meio ano até o dia em que Lorde Voldemort apareceu, Alice o atendeu e jogou o charme dela para cima dele para ele vender algum objeto valioso que ele tivesse... e Alice tinha charme até não poder mais.

–Mas como meu pai já trabalhou lá ele percebeu o que ela estava fazendo – conclui.

–Sua mãe não sabia quem ele era, assim como ele não sabia quem sua mãe era. Foi por isso que no mesmo dia seu pai perguntou para minha irmã quem era a garota que trabalhava na Borgin e Burkes, ela disse que era a minha melhor amiga e por isso ele me chamou e me fez contar tudo sobre a sua mãe. E então ele voltou na loja nos dois dias seguintes, mas eu não sei sobre o que eles conversaram já que Ali nunca quis me contar. Só sei que na metade de 1977 o Lorde das Trevas fez um comunicado só para os Comensais mais leais a ele de que encontrou a Lady das Trevas dele e que eles iam se casar naquela semana, foi só aí que Alice me disse que ia se casar com Lorde Voldemort, e eu falei para ela não fazer aquilo, eu protestei e falei que era um erro, mas ela ignorou meu aviso e se casou. Um ano depois, na metade de 1978, ela estava grávida.

Narcisa parou e tomou o último gole do chá dela, me deu um breve sorriso e voltou à estória.

–Eu juro que achei que Voldemort só se casou com a sua mãe porque ela era muito poderosa ou não tinha um lado escolhido ou até porque ela era muito bonita. E jamais entendi o motivo dela ter se casado com ele, lhe disse uma série de razões para não se casar com o Lorde das Trevas, mas ela me ignorou e disse que tinha seus motivos. Por isso jamais achei que eles... você sabe... – fiz cara de interrogação e então entendi o que ela queria dizer. – quero dizer, eles nem dormiam no mesmo quarto e eles nunca estavam juntos, nem mesmo para comer. Os poucos que sabiam da sua mãe e de você eram Comensais muito leais, muito mesmo, contudo sempre existiu uma fofoca sobre isso no mundo bruxo, por isso a maioria dos que sabiam a verdade achava que essa maneira fria como eles se tratavam era para chamar menos atenção e para o Lorde das Trevas continuar com a fama de ser frio e cruel, mas eu que vivia junto da sua mãe sabia que era mais do que isso, ela falava dele de forma intima só que sem nem um pingo de paixão – toda aquela conversa não estava me levando a nenhum lugar, minha única duvida sobre isso ainda não fora respondida. – Claro que o Lorde das Trevas ainda tinha certa beleza, não tanta como na época que Lúcio foi alistado aos comensais, mas aquilo não era nem metade do que Alice era, desde o momento que ela pisou em Hogwarts ninguém tirou os olhos dela.

–Mas então minha mãe se casou me teve com Voldemort por qual motivo? Será que ela o amou? – fingi tirar aquela conclusão.

Narcisa engasgou com a minha pergunta e quando voltou ao normal só começou a rir.

–Não tenho certeza, mas no fundo acho que sim. Ela poderia ter se casado com ele sem amor, mas ter um filho era outra história, filhos é a coisa mais sagrada entre as Le Fays, Ali me contou que havia um tipo de doença que matava quase todas elas depois que davam a luz. Você deve saber sobre isso – neguei, eu sabia tudo sobre o assunto, mas Narcisa não precisava saber sobre isso. -, é muito difícil nascer um homem na sua família, e todos eles nascem com problemas em fazer magia, eles nascem abortos – fiz um barulho de surpresa mesmo já sabendo daquilo pela carta da minha mãe sobre a tal maldição.

–Abortos? Os homens Le Fay nascem abortos, sem nenhum pingo de magia? – Narcisa assentiu. Fingi ficar chocada com aquela noticia que realmente me chocou quando soube.

–Alice não queria ter um filho por obrigação como todas as Le Fays geralmente tinham, a mãe dela a teve por amor e ela também desejava que fosse assim consigo, por isso acho que ela quis ter você com ele. Ela queria ter um filho por amor, e então ela deve ter amado ele pelo menos um pouco.

–Você acha que ela pode ter me amado? – perguntei fingindo indiferença, mas no fundo senti uma pontada de esperança, queria muito que minha mãe tivesse amado a mim e a meu pai.

–Ela te amou, Charlie, ela te quis mais do que qualquer coisa – ela sorriu para mim. – Alice me implorou para eu cuidar muito bem de você, ela tinha medo do que aconteceria com você levando em conta que seu pai achava que você seria um garoto e mais ainda com que os Le Fays e Dumbledore fariam com você.

–E aí você me joga no meio dos Le Fays?! – falei cruzando os braços com raiva dela.

–Seu pai não queria que você crescesse conosco por alguma razão, e sua mãe muito menos por culpa daquela caça que fizeram pela parte da sua família e eu sei que você sabe muito sobre essa parte. Então ela me falou para te deixar com outros Le Fays, e quando seu pai me fez falar sobre o plano de Alice ele próprio escolheu quais Le Fays seriam, eles são Le Fays idiotas, viviam longe de todos os outros, no meio da Bulgária. Achei que eles ficariam lá bem longe dos Comensais e de Dumbledore e você estudaria em Durmstrang. O problema é que o idiota do Joseph recebeu um convite para vir trabalhar no Ministério daqui e aceitou, trazendo você para o pior lugar de todos. Eu fiquei com medo de muitas coisas quando isso aconteceu, dos Comensais e de Dumbledore, principalmente, mas eu te vigiei todos esses anos para saber como você estava sendo tratada – fiz um ruído, ela por acaso achou que eu estava sendo bem tratada?

Sabia que era agora que Narcisa iria me explicar o motivo dela, e ele tinha que ser muito bom para me fazer mudar de idéia sobre ela.

–Eu sei como foi horrível, mas foi algo que eu tinha que fazer – ela me olhou bem profundamente e eu quase torci o pescoço fino dela. -, pela sua mãe.

–PELA MINHA MÃE? – gritei irada, me levantei com tanta raiva que nem percebi quando joguei a xícara que ela havia tomado chá na parede e acendi o fogo da lareira com a mente. – VOCÊ ME JOGOU NO MEIO DE IMBECIS QUE ME FAZIAM PASSAR FOME QUANDO EU NÃO SABIA COZINHAR PELA MINHA MÃE? – bati na mesinha de café.

Minha respiração estava entrecortada e sabia que meu grito foi ouvido por todo mundo daquela casa. Achei que Narcisa ia dizer algo, esboçar qualquer reação, mas ela ficou lá sentada sem nem me olhar. Fiquei com mais raiva ainda e os olhos dela vieram de encontro aos meus. Ela estava tão calma que fiquei com mais raiva, e falei entrecortadamente e lentamente, engolindo dolorosamente cada letra. Estalei os dedos e os estilhaços da xícara se reconstruíram em cima da mesinha de café e a lareira apagou.

–Me diga Narcisa – quase vomitei ao falar o nome dela, havia tentado ouvir toda a conversa dela por curiosidade, mas a raiva era maior. -, por que você fez isso se prometeu a Alice cuidar de mim? – ela tremeu os lábios e os molhou antes de começar a dizer muito baixinho.

–No leito de morte dela, depois de Voldemort e depois de você ter conversado com ela, eu fui até lá, e Alice me contou e me fez prometer várias coisas – olhei para ela sem esboçar nenhuma reação. – Sei que não acreditará em mim, então te mostrarei essa memória – ela se levantou e me olhou na expectativa, não entendi o que ela queria que eu fizesse. – Use seu dom Le Fay para ler a minha mente, procure essa memória, veja com seus próprios olhos.

Fingi que não fiquei surpresa dela saber sobre meus dons, fiz o mesmo movimento que havia feito em Harriet, coloquei meus dedos bem em cima da têmpora do rosto dela, imaginei toda minha força correndo para as pontas dos meus dedos. Minha cabeça foi preenchida com várias memórias paradas, procurei a que Narcisa havia me indicado e a escolhi quando a achei.

Eu estava em pé ao lado de uma cama em um quarto de chão de madeira igual ao da Casa dos Riddle e com paredes verdes relva, no quarto só havia um guarda roupa, uma penteadeira e uma cama que estava ocupada por Alice. Ela estava cinza e muito fraca, tinha muito sangue nos lençóis e mais nos braços e peito dela. Ela olhava para uma jovem Narcisa e apertava a mão esquerda dela, seus olhos estavam tão pequenos e profundos e ela falava tão baixo que tive que ficar bem entre as duas para ouvir.

–Charlotte não é qualquer garotinha, ela é mais forte e mais poderosa do que o pai. Matá-la seria um ato de misericórdia, pois quando o pai dela perder seu corpo ela será perseguida por todos os Comensais, eles irão desejá-la no trono das trevas, Dumbledore desejará ela ao lado dele. E também há a minha família que irão procurar nela os traços da profecia e se acharem teremos um problema... três problemas já para ela carregar.

–Eu posso cuidar dela, posso protegê-la, assim como o Lorde das Trevas por enquanto – Narcisa tentou argumentar. -, ele não matará uma um-terço-veela Le Fay que ainda é filha dele.

–Tom ficará cego procurando se vingar daquele que o destruiu, ele precisará da Charlie ao seu lado, minha morte não contribuirá para que ele sinta nem um pouco de carinho por ela, contudo ele não a verá como uma inimiga, mas se ela entrar no caminho dele não sei do que ele será capaz de fazer... Daqui uns dois anos todos irão achar que Voldemort esta morto e as lendas sobre a herdeira dele começarão a se espalhar. Para a segurança dela, Charlie não deve ficar com você, é muito perigoso, ela saberá quem é e quem o pai é, planejei uma forma de ela saber tudo desde o princípio como sei que ela deverá saber. Não deixe ela te conhecer ou conhecer qualquer comensal antes dos onze anos que será quando ela conhecerá Dumbledore em Hogwarts e Harry Potter no ano seguinte, o garoto que matou o pai dela, ela e o garoto devem ser próximos, Charlie deve ser amiga dele, para o bem de qualquer dos lados que escolher seguir. Ela precisa proteger aquele menino e ser astuciosa o suficiente para proteger a si mesma durante isso.

–Eu posso levá-la para a Bulgária, ela viverá longe de todos esses problemas, jamais saberá nada sobre sua verdadeira identidade – Alice sorriu para a Narcisa.

–Ai, minha amiga, mesmo depois de todos esses anos vendo como minhas visões funcionam você ainda não entende. Eu vi toda a vida da Charlie, sei onde ela vai estudar, os garotos que ela ficará, as notas nos N.O.M’s e nos N.I.E.M’s dela, eu vi as vidas que ela terá de ceifar, vi ela estudando em Hogwarts e conhecendo você, Severo, Lúcio, Harry Potter o garoto que sobreviveu e o resto do mundo, sei os maiores medos e desejos dela, eu conheço a minha menina mais do que ela mesma, sei até que lado ela irá escolher no fim. Ela vai para Hogwarts de qualquer jeito e sofrerá de qualquer jeito, como a Le Fay que é, como a escolhida que é, mas terá amigos verdadeiros de todos os lados, e essa é coisa mais importante – ela sorriu para Narcisa, apertando a mão da loira, fechou os olhos e por um segundo achei que ela havia morrido. – Você deve contar para ela sobre mim, eu dei o meu jeitinho dela saber sobre mim tanto quanto eu sei sobre ela, isso a ajudará em alguns momentos e a confundirá em outros, mas você deve contá-la os detalhes sólidos, ela deve nos odiar no principio por tê-la abandonado, mas sei que eventualmente ela entenderá seus motivos e os meus.

“Prometa para mim que fará isso, Narcisa. Prometa que abandonará minha filha para um bem maior, prometa, principalmente, que quando Charlie vier até você, você a abraçará como eu abraçaria a minha pequena Charlie, – a mulher tossiu quando voltou a falar seus dentes brancos estavam sujos de sangue. – A última senhora das trevas e das fadas, reverenciada pelo fogo e imortal nas águas... - Alice ia continuar, mas parou e sorriu para amiga fechando os olhos pela última vez.

–Eu te prometo que sua filha terá sempre um lugar na minha casa e no meu coração, assim como você, e que eu cuidarei dela como cuidarei do Draco – Narcisa Malfoy sorriu para o corpo da amiga apertou a mão dela e foi embora sem olhar para trás, fechando a porta atrás de si.

Olhei para a Narcisa e vi nela, pela primeira vez, a amiga da minha mãe que realmente se importa comigo. Ela fez muitas coisas erradas, tentou me colocar na Bulgária bem longe da verdade, mas desde que me conheceu cuidou de mim como se eu fosse sua filha e me abraçou da melhor maneira que Alice faria, ela fez muitos erros na tentativa de ter acertos, como havia dito.

Com os olhos marejados a abracei, minha cabeça deitada no ombro fino dela, e nos lábios um pequeno sorriso. Ela me apertou e beijou a ponta da minha cabeça, agora aquele abraço parecia aconchegante.

–Eu te entendo, Narcisa – falei soltando dos braços dela para ver seus olhos também marejados. – Mas não venha com abraços e beijinhos para cima de mim.

–Só mais um pode? – eu ri junto com ela.

–Mas realmente preciso saber mais sobre minha mãe, eu quero isso.

Ela ajeitou o cabelo preso num rabo de cabelo baixo e se remexeu no sofá.

–O que mais quer saber? – ela me olhou interessada.

–Sobre minha família... minha mãe me contou o que houve com a minha avó e me falou sobre a minha tia-avó que era grande amiga da sua mãe, mas de resto eu não sei muita coisa – ela sorriu.

–Realmente Alice fez planos para você saber de tudo não é mesmo?! – ela sorriu ainda mais e então pigarreou e se endireitou. – Ela me contou a história de uma maldição, e comentou que todas as Le Fays eram meio piradas com o assunto. A verdade é que os Le Fays sempre se casaram entre primos para o sangue de Morgana continuar puro, mas começou a acontecer só nascimentos de homens abortos e então depois de um certo tempo só havia homens Le Fays, então a solução que eles acharam foi a de se reproduzir com veelas, que sempre souberam tudo sobre a maldição e os poderes Le Fays porque elas estavam perto do lugar onde a maldição foi proferida, e quando digo que nasceram muitas veelas Le Fays eu digo muitas mesmo, todas as Le Fays de uns trezentos anos para cá estão cheias de sangue de veela correndo em suas veias... Por isso todas as Le Fays são loiras.

“Mas imagino o que esteja se perguntando é sobre esses dons que você vem tendo. Pelo que sua mãe me explicou a maioria das Le Fays recebe vários dons igualitários, que todas têm, e um dom único, que é escolhido pela personalidade de cada uma. O grande negócio é que existem as “Senhoras das Fadas”, que por alguma razão nascem com dons únicos extras, e posso incluir aí a própria Morgana que tinha todos os dons, a neta de Morgana que recebeu grande parte deles e então pulando séculos e séculos de gerações sua mãe e você. E por algum motivo ter dons extras faz de vocês uma ameaça para Morgana, sua mãe me contou que existia algum tipo de profecia, essa parte eu não sei direito, provavelmente sua mãe vai te explicar sobre o assunto de outra forma. A parte importante é que as Senhoras das Fadas são inimigas de Morgana, ela tentou matar a neta quando descobriu a existência das tais Senhoras e da profecia... é uma parte que eu realmente não sei direito. Desculpe-me”.

Então Harriet me escondeu que Morgana tentou assassiná-la e me escondeu essa história de Senhora das Fadas, e não vamos esquecer que também não comentou sobre essa história de veela e que nem todas as Le Fays tem vários dons. É... estava ficando difícil confiar nela depois disso.

–Mas e minha tia-avó...? - Draco apareceu no momento que Cissa ia me responder abrindo a porta dupla que ele havia saído minutos antes.

–Vamos indo? – ele perguntou. – Já é quase meio dia e temos que comprar muitas coisas.

Narcisa pegou a varinha e fez um feitiço em silêncio, uma bolsa apareceu voando pela porta e caiu nos braços magros dela.

–Vamos, quer fazer as suas comprar conosco Charlotte? – ela me perguntou, assenti com a cabeça automaticamente. Garanti para mim mesma que aquilo era só para poupar tempo e não porque queria a companhia deles. – Vamos aparatando, então peguem meus braços.

Draco pegou o braço dela e eu peguei o outro, segundos depois tive a sensação de ser puxada pelo umbigo e depois de pisar firme em frente à escadaria que dava ao banco Gringotes.

Subimos rapidamente e mal tive de admirar o lugar pela segunda vez já que um duende apareceu bem quando entramos.

–Senhora Malfoy, deseja fazer uma retirada? – ele perguntou fazendo uma reverência breve.

–Sim, no meu cofre e no cofre Le Fay da Charlotte – ela falou brevemente com uma cara de nojo para o duende.

Eu podia entender as razões do meu pai de odiar tudo mundo, mas não Narcisa de ter nojo de todos. Obviamente que não iria dizer isso em voz alta só que no fundo me sentia irada quando via aquela cara de nojo dela, como se tivesse algo bem mal cheiroso por perto, algo como um corpo decomposto.

Vi que ele ia falar algo, provavelmente que não havia um cofre Le Fay já que eu nunca soube da existência de um, mas olhou para o rosto de Narcisa e se calou.

–Me acompanhem, por favor.

Enquanto ele nos levava para a porta que havia entrado da última vez que vim aquele lugar não pude deixar de reparar em Rúbeo Hagrid, Guardião das Chaves e das Terras de Hogwarts, com seus mais de dois metros e meio de altura procurando alguma coisa nos bolsos e falando ao mesmo tempo algo para o duende que estava o atendendo. Vi que tinha um garoto ao lado dele e não pude deixar de sentir um arrepio quando o vi, não sei o motivo, mas achava que o conhecia de algum lugar, e que o conhecia muito bem.

Entramos novamente pela porta que dava aos trilhos dos vagonetes, o elfo assobiou e apareceu o vagonete rapidamente.

Draco entrou por último dando sua mão para me ajudar a entrar num gesto cavaleiro para mim, algo que me surpreendeu muito. Ele entrou e o vagonete começou a descer, não liguei muito para os balanços e para os trilhos diferentes que passávamos, estava pensando no garoto que havia visto perto de Hagrid.

Senti gotas de água e vi labaredas de algum dragão, também senti o olhar de esguelha de Draco sobre mim. Sabia que estávamos descendo muito ao fundo da terra, a cada segundo as paredes estavam mais molhadas.

Eu já havia visto os cabelos negros dele e os óculos grossos em algum lugar, mas não fora em carne e osso e ele era mais alto na primeira vez que o vi. Tentei me lembrar das feições dele e quando o vagonete parou eu me lembrei de onde o conhecia, mas não porque senti como se fossemos amigos.

Enquanto seguia Narcisa, o duende e Draco para a entrada do cofre dos Malfoy, que não era protegido por um dragão como o meu, eu só consegui pensar no garoto que estava ao lado do corpo de Cedrico Diggory, mas ao me lembrar de Cedrico fiquei me perguntando como o olharia naquele ano sabendo que logo ele iria morrer.

O cofre Malfoy era de um número muito pequeno, trezentos e dezenove e não tinha fechadura, era algum tipo de cofre mais protegido, mas não era tão protegido e tão profundo como o meu. O duende que não sabia o nome alisou a porta de ferro lentamente com seu dedo imenso e a porta se dissolveu.

–Uau – exclamei surpresa. Para abrir meu cofre era necessário um dragão e uma amostra de sangue para saber que sou eu, nesse só um carinho de duende.

–Se alguém que não fosse um duende de Gringotes tentasse fazer o mesmo seria engolido e ficaria preso dentro do cofre, que só é conferido a cada retirada dos senhores Malfoy – o duende explicou. E isso é seguro? Aposto que arrombo um cofre desses em menos de cinco minutos sem chamar atenção, quero ver é matar meu dragão e conseguir meu sangue...

Narcisa estava colocando vários galeões dentro da sua bolsa enquanto o elfo me explicava. Tentei não olhar para dentro do cofre deles, mas minha curiosidade foi maior e fiquei surpresa do cofre ser quase do mesmo tamanho que o Riddle e havia quase a mesma quantidade de dinheiro lá dentro, só que o meu tinha mais objetos das trevas que aquele que só tinha dinheiro e muitas jóias. Mesmo que o Ministério tentasse entrar no meu cofre seria necessário o meu sangue ou o do meu pai para poder entrar de qualquer forma então era seguro colocar meus objetos das trevas nele.

Voltamos ao vagonete assim que Narcisa terminou de pegar o dinheiro e a porta do cofre se materializou.

–Em que cofre agora? – o duende perguntou. Antes de Narcisa repetir o cofre dos Le Fay eu me interferi.

–O cofre Riddle, por favor – o duende se virou para me olhar de cima a baixo.

–O cofre Riddle? – falou apontando para o chão com certa apreensão, acho que ele nunca foi para um cofre tão profundo.

–Sim, exatamente.

O duende não voltou a dizer outra palavra até terminarmos de descer mais ainda e o vagonete parar no buraco que era a entrada para o meu cofre, e também o lugar onde o primeiro dragão que vi em toda a minha vida vivia.

O duende se precipitou para pegar o tal objeto que machucava a audição do dragão, eu abaixei a mão dele e entrei no salão onde o belo dragão azulado descansava. Olhei para trás e vi a cara surpresa de Narcisa e do duende e a cara de excitação de Draco.

O dragão me olhou com seus olhos cor de âmbar e tremeu a calda, mas não fez nenhuma menção em se mexer. Aproximei-me dele e acariciei seu focinho duro e quente como uma pedra no deserto, o animal me olhava.

–Oi – falei para ele que fez um ruído no fundo da garganta. – Já perdeu a fita que te dei?

O dragão abriu a boca e seu hálito quente e com um cheiro podre de enxofre me esquentaram. Pude ouvir Narcisa reclamar do calor que estava lá atrás onde ela estava e estranhamente não sentia nem um pouco de calor, nem o bafo dele me afugentava.

–Passem para o meu cofre – disse para eles que começaram a se mexer bem devagar.

Voltei ao dragão que me olhava com seu olho esquerdo.

–Tenho que ir, mas na próxima vez que vir aqui te trago um pedação de carne de ovelha e tento vir sozinha assim podemos conversar um pouco sem esses chatos reclamarem – fiz mais um pouco de carinho no focinho dele.

Saí correndo até o cofre onde todos os três me esperavam assustados, ignorei os olhares dele e pressionei a minha mão contra a parede fria do cofre, senti um puxão e um corte. Minha mão fora solta e a porta se abriu revelando a minha fortuna.

Entrei no cofre e peguei vários galeões. Saímos rapidamente sem nem olhar para o dragão e logo voltamos a receber a luz solar, descemos do vagonete e fomos embora do cofre. Sabia que Narcisa queria falar do dragão e do meu cofre e de várias coisas, mas com Draco ali ela se manteve em silêncio.

–Parar gastarmos menos tempo vamos dividir as coisas, vocês dois me dão suas listas que irei comprar os livros e os materiais do primeiro ano que são necessários para você, Draco querido, enquanto faço isso por que não tira sua medidas na Madame Malkin para seus uniformes e Charlie pode fazer o que quiser durante esse tempo.

–Acho que irei em um livraria menos popular que a Floreios e Borrões para ver alguns livros – na realidade queria ir visitar Borgin e Burkes na Travessa do Tranco, mas Narcisa jamais aprovaria.

–Que bobeira, venha comigo na Floreio – ela me arrastou ao lado contrário em que queria ir enquanto gritava para Draco aonde ir. Parecia que não seria hoje que iria a Travessa do Tranco. – Tenho bons contatos que te acharam os melhores livros por lá.

–Que legal! – exclamei a contra gosto.

Logo que entramos vi o número de pessoas que estavam lá dentro e perdi a vontade de realmente procurar livros bons e mais ainda quando vi Cedrico folheando um livro, eu não sabia como iria encará-lo, por isso me desvencilhei de Narcisa que mostrava as duas listas de Hogwarts para uma vendedora dizendo que iria ajudar Draco com o uniforme dele.

–Tudo bem – ela falou meio chateada, sabia que ela queria falar comigo sobre tudo que viu no meu cofre.

Saí correndo da loja e fui em direção a Travessa do Tranco, mas no meio do caminho me encontrei com Hagrid sem o garoto da minha visão junto dele.

–Olá Hagrid – o cumprimentei, ele me olhou com seus olhos escondidos em suas imensas sobrancelhas.

–Charlotte Riddle, não é mesmo? – ele falou meio nervoso.

–Sim, sou eu. Espero que você não me odeie por causa do que meu pai te fez – comentei para ele que assentiu com a cabeça. Eu tinha que seguir o conselho da minha mãe e não ter lados.

–Não a odeio, pode ter certeza.

–Então fica nervoso por quem ele se tornou? – mesmo Dumbledore tendo me avisado que Hagrid não sabia que Tom Riddle havia se tornado Voldemort sabia que ele havia mentindo.

–C-o-co-mo? – ele gaguejou.

–Você tem medo de mim porque meu pai se tornou Você-Sabe-Quem? – vi que ele quase assentiu, mas parou rapidamente. – Se eu fosse igual a ele Dumbledore jamais teria me colocado em Hogwarts sabe... – agora que soube da visão da minha mãe que dizia que Dumbledore queria a minha ajuda não me matar havia outra razão para me ter por perto.

–Tem razão – ele disse pensativo. – Dumbledore é um grande bruxo, nunca errou – e então ele me olhou e senti a dúvida dele. – Se me der licença tenho que ir comprar um sorvete para o Harry –Harry? Fingi que não percebi o deslize do Hagrid, mas ele percebeu na hora em que disse.

–Claro, tenho que terminar de comprar meu material. Te vejo em Hogwarts! – gritei indo em direção à Madame Malkin automaticamente

Harry? Um garoto de cabelos pretos, magricelo e com óculos grossos? Harry? O garoto com as vestes da cor da Grifinória que estava ao lado do corpo de Cedrico gritando de dor... Harry?

Quando cheguei à loja ainda pensava no que Hagrid havia dito, estava botando meus pés dentro do lugar quando duas bruxas velhas passaram atrás de mim exclamando para todos ouvirem.

–Que Harry, Dolores?

–Ora que Harry?! Harry Potter! Eu apertei a mão de Harry Potter no Caldeirão Furado, o garoto estava com Hagrid – a velhinha disse.

Harry? É claro! Harry Potter, o garoto que sobreviveu.

Entrei na loja pensando no assunto, Harry Potter entraria na Grifinória e estaria perto do Cedrico quando morresse. Provavelmente eu não encontraria Harry Potter, seria muito difícil, e mais ainda agora que Hagrid sabia que eu estava aqui e o esconderia de mim.

Fui para o fundo das lojas para ver se Draco já estava pronto quando o menos esperado aconteceu.

Na minha frente, em pé em um banquinho ao lado de Draco, com uma veste comprida, estava ele.

–Olá. Aqui, sua mãe queria ver se você já estava acabando – falei para o Draco automaticamente.

–Acho que sim, ela já comprou os livros?

–Quase, estava na fila quando saí – olhei para o garoto ao lado do filho de Narcisa. – Não vai me apresentar o seu amigo? – pelo jeito como Draco nem reparava no garoto ele não sabia quem ele era.

–Ele? Ele é... – Draco olhou para o garoto que estava com uma cara de tédio. – Quem é você mesmo?

Harry Potter abriu a boca para dizer seu nome, mas Madame Malkin tirou as vestes da cabeça dele e disse que ele podia ir.

–Terminei com você, querido – a mulher baixinha me olhou. – Charlotte, não é? Você cresceu desde a última vez que fiz seu uniforme... veio refazê-lo? – neguei com a cabeça, me arrependi de não ter refeito depois, mas ainda estava chocada com Harry Potter que estava indo embora.

–Draco vou te esperar lá fora – disse e dei um sorriso para a bruxa. Enquanto saia, eu esbarrei no garoto Potter “sem querer”.

–Desculpe – disse para ele que me olhou com seus óculos remendados, não tive como não olhar para a cicatriz na testa dele em forma de raio. – Primeiro ano? – ele assentiu com a cabeça. – Estou no segundo, na Sonserina – o garoto fez uma careta.

–O menino lá atrás acha que vai para lá – Harry comentou.

–Ele é de uma família bruxa muito tradicional, todos eles foram para a Sonserina e provavelmente sempre irão, mas a casa não é tão ruim assim, todo mundo que não foi dela irá dizer que a Sonserina é a pior por puro preconceito, porque bruxos muito maus foram de lá, eles se esquecem das exceções e como ser julgado assim transforma as pessoas... – comentei para ele. – Você não parece saber muito sobre o assunto – percebi.

–Eu fui criado com, bem, tios trouxas – Ah, Dumbledore! Como o velho sabia cuidar da proteção do garoto, ele cresceu com trouxas longe de todos os holofotes?!

–Seus pais? Eles... morreram? – perguntei e ele assentiu. – Os meus também, cresci com primos distantes. Eu juro que te conheço de algum lugar... qual seu nome?

–Harry – ele fez uma pausa para ver a primeira reação que fora nula. – Potter – eu sorri para o garoto, ele era mais fofo do que esperava.

–Você é Harry Potter? O garoto que sobreviveu? – ele assentiu corado.

Harry Potter era um garoto tímido que não sabia sobre os seus feitos quando criança? Ele não sabia nada de magia ou sobre meu pai ou sobre mim? Agora fazia sentido o desejo da minha mãe de protegê-lo... aquele daí não parecia ter a menor chance de sobrevivência, se bem que julgando pela aparência eu também não tinha.

–Eu cresci querendo conhecê-lo – uau! Fui muito sincera naquele momento que até estranhei. Apertei a mão do garoto que era quente, muito quente, seus olhos verdes me encaravam surpresos. – Você é uma lenda, sabe? – ele negou. – Claro que não, você não sabe praticamente nada sobre o mundo mágico... eu sou Charlotte Le Fay - me apresentei com um sorriso Le Fay/meia Veela.

–É um prazer - falou meio assustado. Realmente estava sendo má com ele, eu não podia dar uma de Lady das Trevas com um garotinho desses.

–Não tenho certeza se será mesmo – disse receosa, deveria falar para Potter quem eu era ou simplesmente esconder?

Como queria saber o que iria acontecer comigo igual a minha mãe sabia! Queria poder descobrir tudo de uma vez e só ir mudando os erros. Lembrando de Alice dava para se pensar no que ela viu pelo que disse para Narcisa, minha mãe praticamente disse que eu deveria ser neutra, ela me fez crescer longe de Comensais e longe de Dumbledore para nunca pender mais para um lado. Mas eu era filha de Voldemort, eu tinha mais trevas dentro de mim do que luz, eu era um furacão na tempestade, um vulcão em erupção.

E o Potter? O que eu faria com o garotinho que mal sabia do fardo que carregava e menos ainda que o homem que matou os seus pais ia voltar para acabar com ele? Ou que eu era, supostamente, a maior inimiga viva dele até meu pai voltar?

Eu podia ser misericordiosa e matá-lo agora mesmo, ou poderíamos ser amigos sem ele jamais saber quem eu sou até Voldemort voltar, ou eu poderia contar para ele agora quem eu sou e ver a reação dele e aí, provavelmente, seriamos inimigos mortais.

Se eu o matasse teria que ficar em Azkaban esperando meu julgamento ou o retorno do meu pai, entretanto minha mãe falou que eu devo protegê-lo e matá-lo é completamente o contrário do que ela disse; se fossemos amigos sem ele jamais saber quem eu sou quando ele descobrir vai achar que tentei matá-lo várias vezes e que ajudei em todas as falcatruas contra ele o que não ajudava muito; se eu contasse quem eu sou agora mesmo ele não iria me matar já que ele é todo fofinho, mas poderia me odiar para sempre e aí eu não o ajudaria a sobreviver e meu pai o mataria, o que minha mãe não recomendou.

Minha mãe teve uma visão sobre a minha vida e viu o que deveria fazer, e achou melhor ele e eu sermos amigos do que inimigos, mas para isso acontecer eu deveria falar ou não quem eu realmente era naquele exato momento?

–Por que não seria bom termos nos conhecido? – ele perguntou curioso ajeitando seus óculos.

Eu não era mentirosa, não iria esconder a verdade do garoto. Se eu me tornasse amiga dele não teria escolhido um lado, certo? Eu poderia sempre dizer para o meu pai que estava espionando Potter e poderia dizer ao Potter que tenho medo e vergonha de ser filha do meu pai e quero lutar contra ele.

–Porque, Harry – suspirei e perdi a vontade de contar, era melhor deixar isso para lá, eu tinha que saber a opinião de Dumbledore quanto a isso, porque não queria que ele pensasse que eu tinha um plano. Eu tinha que ser a garota que lá no fundo tinha medo e vergonha de ser a Lady das Trevas, filha de um monstro, tinha que ser o modelo de uma jovem incrível, porém imperfeita e que tinha vergonha de sua imperfeição – Porque o mundo diz que você e eu nascemos para sermos inimigos, e acho que você não gostará de ter me conhecido depois de saber quem sou - falei aquilo bem baixo e abaixei meus olhos.

Eu era Charlotte Le Fay, a Lady das Trevas e Senhora das Fadas, mas estava na hora de Harry Potter, o Menino que Sobreviveu, saber.


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Notas finais do capítulo

Shii... que sufoco que em?! Muitas emoções em um capítulo só, e por isso dividi ele em duas partes.
Eu espero que vocês continuem comentando, viu? Não é porque eu não disse "não posto sem pelo menos quinze comentários" que eu sinto a falta deles, pois eu sinto.
E agora vem uma enquete para os próximos dois capítulos: Qual deve ser a reação de Harry e qual será o relacionamento entre ele e a Charlie? Eles se odiarão ou serão amigos? Porque agora Charlie achou o Harry bonzinho para alguém que cresceu sem os pais no meio de trouxas, e Harry acha a Charlie puro mistério.
Então, deem suas opiniões e farei o meu melhor para acontecer.
Beijos e até os comentários!