Charlotte Le Fay - Herdeira De Voldemort escrita por DudaGonçalves


Capítulo 18
A Lady das Trevas/Senhora das Fadas e o Menino que Sobreviveu - Parte II


Notas iniciais do capítulo

Meu Merlin, eu não vi que tinha demorado tanto!
Espero que vocês me perdoem por toda essa demora, agora estou acostumando com o pique da nova série... é muito dever e talvez eu não poste na próxima semana só na depois já que a próxima vai ter prova todo dia.
Como já havia prometido esse capítulo vai todinho para Luna linda, que recomendou essa fic! Finalmente você pode ler seu capítulo Lu! ^^
Desculpem-me novamente e tenham uma boa leitura.



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Depois da minha frase tão complicada e cheia de meias verdades Harry Potter demorou um pouco para entender o que eu havia dito. A reação dele, a expressão que ele fez com aquela carinha magra e desnutrida de anos de maus-tratos, ficou gravada na minha mente por toda a minha vida.

Ele me olhou surpreso e confuso, suas sobrancelhas juntas e seus olhos ficaram opacos pela primeira vez, sem o brilho de estar conhecendo algo novo e incrível, quando ele ajeitou os óculos seu olhar caiu finalmente sobre mim, eu não consegui definir o que ele estava sentindo. Se ele ficasse bravo só por saber que eu era de uma família das Trevas, contar que sou filha do Lorde das Trevas seria inviável e assim deixaria de lado meu desejo de lhe contar a verdade.

–Sua família lutava por Voldemort? – ele me perguntou sem reação, a voz curiosa e não irritada. Muito boa a conclusão a dele, aquele era um garoto esperto.

–Minha mãe durante os anos de Hogwarts dela, quando Voldemort recrutava alunos para serem Comensais, não quis nem saber do assunto. Mas meu pai era o maior seguidor de Voldemort, ninguém o adorava mais que meu pai – eu estava dando bandeira, tinha que me controlar e começar com a história da vergonha. – Voldemort foi a destruição da minha família, se meu pai jamais tivesse o escolhido talvez minha mãe e ele estivessem vivos hoje, e sinto que meu pai nunca se arrependeu da sua decisão e dos seus atos. Eu tenho vergonha do meu pai por causa disso, sempre terei. Espero que não me odeie por causa da minha família – Uau novamente, eu estava sendo bem sincera com aquele garoto, bem mais do que esperava que poderia ser com qualquer um...

–Você também sofreu como eu por causa de Voldemort, eu só não gostaria de você se tivesse adorado do que Voldemort fez; das maldades que ele fez contras as outras pessoas, incluindo meus pais e os seus. E eu não tenho direito de te odiar.

Agora era oficial, Harry Potter era um doce de pessoa. Se alguém chegasse perto de mim e contasse que a família dela contribuiu com a morte dos meus pais e da desgraça da minha infância e possivelmente de toda minha vida eu cuspia na cara dela no menor das hipóteses! Mas Harry Potter disse que não tinha o direito de me odiar já que eu não achei os atos de Voldemort algo construtivo e legal de se seguir. O grande problema era que eu era a Lady das Trevas, algo que ele não sabia e sentia no fundo do meu âmago que ele não deveria saber tão cedo, e que com isso eu provavelmente iria seguir Voldemort, o meu pai, e fazer tantas maldades quanto ele fez e ainda fará.

Eu agradeci quando Hagrid apareceu na vitrine da loja batendo no vidro com seu dedo, quando ele me viu perto do Potter pude sentir o sangue dele gelar, sorri lá no fundo com isso e deixei Harry Potter ir, ele não se importava com as minhas nascenças contando que eu não tivesse orgulho dela, como Draco tinha. Eu era das trevas, feitiços das trevas eram a minha especialidade, lançar maldições o meu hobby e esperar meu pai voltar para ver o que ele iria fazer com o Potter e ajudá-lo nisso sendo amiga dele o meu maior dever.

Draco logo depois apareceu e nós dois seguimos o caminho de volta a Floreios e Borrões, depois daquele encontro havia até esquecido de ir à Travessa do Tranco. Conversar com o Malfoy filho me ajudou a parar de pensar no que eu faria quando visse Potter novamente, por isso concentrei nas palavras de Draco que me perguntava sobre Hogwarts com os olhos meio brilhantes, falava sobre quadribol e o quanto ele deveria entrar no time da Sonserina, mas como Dumbledore era idiota era proibido os alunos do primeiro ano jogarem ou ter uma vassoura só deles.

Draco era na superfície – a parte que víamos primeiro – mesquinho, maldoso, elegante e ofensivo aos mais fracos, pobres e ruins de sangue, mas em uma pequena conversa que tive com ele percebi traços que vinham do fundo dele, ele era engraçado, era um cavaleiro com as pessoas que achava que mereciam, ele era só um garotinho como Potter. Eu não gostei dele no primeiro momento, talvez isso tenha mudado por causa de quem ele é no fundo, mas eu sabia que grande parte era por pena. Pena de que ele serviria a meu pai e a mim como Comensal e ele não tinha escolha nem poderia reclamar quanto a isso, já podia ver a marca negra naquele braço branco.

Narcisa acabou nos encontrando, ele estava descendo para ir à Madame Malkin enquanto estávamos ainda subindo a rua indo encontrá-la, pude ver um breve brilho em seu olhar quando viu que Draco e eu estávamos nos dando bem, pelo menos bem o suficiente. Me perguntei se ele sabia quem eu era ou se teria que contar para ele também, só que lá no fundo sabia que Narcisa me pouparia o trabalho, contando-o quando os dois estivessem sozinhos.

Terminamos de comprar tudo que queríamos - e um pouco mais já que a Narcisa sempre se intrometia nas minhas escolhas me fazendo comprar o que ela gostou e o que eu gostei. – No momento em que íamos tomar sorvete (Pedido de Draco) ouvimos um estalo bem atrás de nós, me virei e não vi ninguém, já ia voltar a andar quando algo puxou a aba do meu vestido. Olhei para baixo e vi a cabeça e as orelhas que tão conhecia.

–Gallif? – perguntei incrédula, o que ela estava fazendo aqui? – Aconteceu alguma coisa?

–A Senhorita Le Fay pediu para Gallif avisar quando os outros chegassem, Gallif veio avisar – ela falou fazendo uma reverência breve a mim e aos Malfoy que nem olhavam para ela e tinham os narizes já franzidos... Malfoys... revirei os olhos.

–Obrigada Gallif – me virei para os dois loiros ao meu lado e voltei a falar com Gallif. – Tente enrolá-los por alguns minutos, tenho que me despedir e esconder as compras, e obrigada.

–Como quiser, senhorita – ela fez uma reverência e desapareceu em outro estalo.

Tirei todas as sacolas de material escolar, roupas que Narcisa insistiu em comprar para mim e livros de uma mão para a outra e dei um breve sorriso para a loira a minha frente que já estava pronta para me abraçar, sabia que aquele seria o melhor corte para ela parar com isso, e dei outro sorriso para Draco.

–Muito obrigada pelo dia, foi realmente ótimo! Melhor do que a última vez que comprei as minhas coisas – dei uma risadinha que foi acompanhada por Narcisa. – Tenho que ir antes que eles sintam a minha falta. Nos vemos na Plataforma indo para Hogwarts, okay? – falei para os dois e me virei para ir para algum lugar menos movimentado e aparatar, e quando dei meus primeiros passos uma visão breve apareceu.

Me virei para mãe e filho e tentei relembrar melhor os detalhes da visão.

– Ah, Draco? – ele se virou para mim. – Tome um sorvete por mim, sim? E não fique pensando demais sobre ir a Hogwarts, tenho certeza que você irá para a Sonserina, será muito popular com quem importa e impopular com os que não são importantes, e você vai entrar no time de quadribol... de um jeito ou outro – sorri para ele e fui embora.

Aquelas visões eram muito felizes, me davam um sentimento de superioridade, eu sabia pequenas coisas que ficam martelando na cabeça das pessoas normais, semanas ou meses antes de acontecer, mais um ponto favorável para o dom da visão, mas ainda assim eu não tinha visões sobre mim o que não ajudava em nada... e era engraçado que sem a ajuda de Harriet, que não aparecia fazia muito tempo, meus dons estavam aumentando ainda mais, assim como as visões da vida de Alice, minha mãe.

Entrei em uma ruela paralela e aparatei de volta ao meu quarto, como sempre admirei o redor daquele lugar. Depois de ter passado tantos anos em um lugar tão sem graça aquele quarto parecia uma suíte de hotel cinco estrelas.

Estalei os dedos e os livros saíram das sacolas e se colocaram nos espaços vagos das prateleiras da minha estante de livros, as portas do guarda-roupa se abriram e as roupas e sapatos foram penduradas no cabide e colocadas em pares no espaço de baixo, meu material escolar foi para dentro do meu malão. Peguei a minha varinha e a apontei para as sacolas já vazias.

–Evanesco as sacolas se desintegraram na minha frente.

Guardei a varinha no bolso da frente do meu vestido e tirei as moedas de dentro dele, eu ainda tinha bastante dinheiro já que Narcisa pagou os livros que eram os produtos mais caros, coloquei os galeões, sicles e nuques dentro de uma bolsa parecida com uma carteira só que apenas para moedas.

Desci as escadas e fui para a sala, de onde vozes se propagavam pelo corredor. A casa estava muito quente e com um cheiro muito doce que me deixou tonta. Entrei na sala e vi o casal Le Fay assistindo a reprise do documentário que estava vendo antes de ir às compras, na cena que se estava passando a trouxa lia uma pilha de livros bruxos que falavam sobre a história da magia e feitiços. Eles comiam biscoitos de chocolate e falavam mal dos trouxas, típico dos dois.

–Onde você estava, senhorita? – Joseph perguntou limpando o bigode dele dos farelos de biscoito.

–Estava no meu quarto, lendo.

Sabia que ele havia batido na porta, por isso a minha mentira devia ser mais detalhada.

–Acabei cochilando e Rowan me acordou trazendo a minha carta de Hogwarts – falei aquilo e tirei a carta do outro bolso do meu vestido, acenando ela em frente aos dois.

Thomás já havia comprado o material dele já que a sua carta chegou uma semana antes. Sabia que eles me dariam um dia para ir lá comprar o necessário, isso era muito bom, poder sair por um dia inteiro.

Quando fui liberada do questionário de Joseph subi para o meu quarto e escrevi uma carta para Dumbledore sobre Harry Potter, como já era de noite Hagrid já deveria ter contado sobre o meu encontro com ele, e como queria mostrar que me sentia a mercê do velho sabia que devia pedir o seu conselho sobre o assunto.

Conjurei um pedaço de pergaminho e peguei uma pena nova que fazia minha caligrafia mais elegante, demorei um pouco para começar a escrever. Como começar a falar de um assunto tão delicado?

Depois de alguns minutos comecei a escrever no pergaminho a minha carta cheia de verdades e de falsa vergonha.

Caro professor Dumbledore,

Espero que tudo esteja ocorrendo bem em Hogwarts para a volta dos alunos. E é sobre esse assunto que venho por meio desta carta conversar. Sei muito bem que Harry Potter vai este ano para Hogwarts, assim como sei que o senhor o colocou longe de toda a atenção de ser quem ele é, e assim ele não sabe da minha existência ou do fardo que ele carrega.

Por este motivo fiquei com receio de contar para ele quem eu sou hoje, como sei que já sabe que o encontrei, no Beco Diagonal. Deve haver um bom motivo para o garoto não saber quem ele é e quem eu sou, espero que possa me esclarecer isso.

Eu resolvi que não quero mentir para o menino, mas também não quero ser inimiga dele. Sei que a minha mãe nunca escolheu um lado até conhecer Voldemort, e o aceitou por algum motivo que desconheço, e pretendo ficar como ela. Espero que entenda que não consigo escolher tão cedo o meu lado e que sei que devo escolher, e para provar isso não ajudarei nenhum dos lados e se ajudar um ajudarei o outro da mesma maneira e intensidade.

Sei que o senhor tem algum plano para o Potter e por isso apenas disse que eu era de uma família que lutava do lado de Voldemort, o garoto em resposta foi gentil e muito educado comigo, e meu receio aumentou ainda mais em contar a verdade para ele, e por isso eu necessito da sua ajuda e de certo conhecimento sobre seu plano, para assim conseguir descobrir a melhor maneira de conversar com ele e se deveria, de qualquer forma, conversar com ele.

Atenciosamente,

Charlotte Le Fay

Mesmo a carta não estando perfeita, faltava sentimento nas palavras, mas compreendia que meus sentimentos eram inferiores aos das outras pessoas, assim como pensava que Dumbledore compreendia, coloquei o pergaminho dentro de um envelope endereçado ao velho Professor e entreguei para Rowan que coçava a parte de dentro da sua asa ruiva.

–Entregue isso a Dumbledore, só a ele, viu? – coloquei o envelope no bico da coruja que piou antes de alçar vôo pela janela aberta.

Como Alvo Dumbledore recebia muitas cartas de muitas pessoas a minha demorou um pouco para ser respondida. Um pouco mais de três dias depois de Rowan ter entregado a carta e voltado eu recebi a resposta do diretor de Hogwarts. Fora engraçado como toda a família Le Fay, incluindo eu, estávamos comendo a bela refeição de Gallif quando uma ave vermelha entrou pela janela e jogou uma carta endereçada a mim em cima do prato de Joseph que estava pronto para pegar o último pedaço de ovo estrelado.

Peguei a carta ao som da reclamação de Joseph que espantava a ave que eu reconhecia como a fênix do velho, subi rapidamente para meu quarto e me sentei para ler a carta.

Boa noite Charlotte,

Lamento ter demorado tanto para lhe responder, muitos acontecimentos estão acarretando certa desordem nesse novo ano letivo.

Ah é mesmo?! Agora tinha ficado curiosa... o que será que estava acontecendo que eu não estava a par? Será que tinha a ver com a visão que tive do meu pai e do jovem professor cagão e a coisa que ele tinha que pegar para ele?

Eu realmente achei melhor deixar Harry longe de todos os burburinhos que seguem seu nome, ele nada sabe sobre magia, mas com os pais que tem não será surpresa o quanto ele aprenderá em pouco tempo.

E isso não será suficientemente rápido para proteger o garoto agora que meu pai estava bolando um plano para retornar. Será que teria de interferir para proteger o garoto cumprindo o que minha mãe me disse? Queria pelo menos saber a razão de o garoto ter que sobreviver tanto assim...

Desde que ele nasceu decidi que a melhor maneira para contá-lo sobre a verdade seria aos poucos. Como você já sabe seu pai irá voltar em breve, e tenho receio de sobrecarregar Harry com toda essa informação, me entristece a senhorita ter que carregar tudo isso de uma vez.

Então ele sabia que meu pai estava vivo e queria voltar? Isso melhorava as coisas porque ele também estava então protegendo bastante o garoto Potter, mas sabia que para o desejo de vingança do meu pai nada que Dumbledore fizesse seria o suficiente.

Concordo com a sua opinião, mentir para o garoto será uma tortura e por isso necessito da sua ajuda. Você poderia ir até meu escritório logo após o jantar de recepção no dia primeiro de Setembro? E poderemos conversar sobre o assunto, mas como a chance de vocês dois se encontrarem antes é grande meu conselho é para dizer a verdade, só para ele, e apenas o básico... isso apenas se desejar. Se achar melhor esperar por um momento mais conveniente não acho uma má decisão.

Espero ansiosamente vê-la em Hogwarts,

Alvo. P. U. B. Dumbledore

Sabendo que podia contar para Potter o início da verdade sem me importar com a ira de Dumbledore um peso gigante caiu das minhas costas, e ao invés de receio meu corpo fora preenchido até o dia primeiro de Setembro com curiosidade de saber o plano do velho diretor de Hogwarts para o menino que sobreviveu, mas no fundo sabia que não saberia nem a metade da metade do que ele planejara desde que meu pai “morreu”.

No dia vago que disse que iria “comprar meu material de Hogwarts” fui ao Beco Diagonal porque queria muito ir pegar mais dinheiro porque sempre tinha a chance de achar algum objeto legal por aí e tinha que ter dinheiro de reserva para voltar para “casa”.

Primeiramente fui à loja de animais que tinha no Beco Diagonal, sabia que teria de ir ao Gringotes e estava devendo um presente para “meu” dragão (que não era realmente meu, mas ele estava cuidando do meu cofre então eu me senti na liberdade nomeá-lo assim).

Enquanto caminhava em direção a Animais Mágicos, a loja que vendia animais e artigos para animais, me perguntava se deveria ou não dizer a verdade ao vendedor e falar que queria algo para dar de presente para um dragão. Entrei na loja que mal me cabia já que havia outros dois compradores – um aluno de Hogwarts e junto com ele uma velhinha que não tinha nada de “inha”. – e uma atendente que estava atrás do balcão.

A loja tinha um cheiro muito ruim, não tão ruim quanto a Farmácia, mas ainda assim bem ruim, e era bastante barulhenta com todas aquelas gaiolas que ocupavam tudo, havia gaiolas até o teto e guinchos e sibilos saiam delas. Mas aquela barulheira fora abafada pelo vozeirão da avó do garoto.

–Neville aqui precisa de um animal para seu primeiro ano em Hogwarts. Nunca achei que ele fosse entrar realmente, mal consegue trancar uma porta! – a mulher falou para a atendente. – Ele fica dizendo que queria uma coruja, mas eu sei que há várias corujas em Hogwarts então não vejo necessidade, então quero saber dos seus sapos... – sapos!? Pobre garoto... olhei para a mulher e para o menino que fingia não estar ouvindo a avó enquanto mexia numa gaiola com vários ratos brancos que estava em cima do balcão.

Me virei quando ele reparou que eu os olhava, e pude ouvir o exato momento em que a gaiola caiu no chão e os ratos foram libertados, correndo para todo canto.

–Por Merlin! – gritou a atendente que já se preparava para pegar uns ratos que fugiam dela. Vi pelo canto do olho a avó do garoto olhando brava para ele, que estava de cabeça baixa.

Acho que a atendente ficou tentando pegar um rato por quase quinze segundos até eu perder minha paciência e resolver me meter.

–Element circa – murmurei enquanto pensava em todos os ratos. Disse na minha mente para que todos eles se agrupassem na minha frente e foi o que eles fizeram.

Para aqueles que se perguntam que feitiço era esse, é um feitiço que só pode ser feitos por bruxos muito poderosos, porque é quase um Imperio só que seu uso é legal.

–Levicorpus disse e todos os ratos foram levitados e levados pela minha mente para dentro da gaiola, que fechei com minhas próprias mãos. Todos na loja me olhavam espantados enquanto admirava meu trabalho feito depois de colocar a gaiola no lugar onde estava antes do acidente. – Acho melhor que a senhora dê para seu neto uma coruja, porque se ele for tão desastrado normalmente como foi nesse momento o sapo irá fugir antes mesmo que a senhora pisque seus olhos – apenas disse aquilo porque fiquei com pena do pobre garoto.

–Bem, talvez a senhorita tenha razão – a velha disse olhando para o neto que tinha um brilho no olhar. – Suas corujas estão em que preço?

–Dez galeões, senhora – a atendente falou voltando ao balcão e ajeitando seu cabelo. A velha olhou para a mulher como se ela tivesse falado “Voldemort”.

–Me perdoe Neville, mas não gastarei dez galeões em uma coruja, isso é um roubo! – a velha olhou para a mulher. – Quero um sapo mesmo. E enquanto olhamos tente não tocar em nada Neville.

Bem, eu tentei ser gente boa com o garoto, todo mundo viu. Por isso deixei de lado e fui ver uma jibóia que me chamava.

–O que uma ofidioglota faz em um lugar como esse?

–O que uma jibóia faz em um lugar como esse? – perguntei para ela bem baixinho.

–Fugi de um zoológico trouxa há alguns meses e tentei vir para o mundo mágico, me encontraram vagando no Beco e me trouxeram para cá.

–Que bom que conseguiu fugir, sinto que deve ser melhor aqui do que lá, com aqueles trouxas batendo no vidro... te examinando.

–Sim, é verdade, Senhorita. Mas ainda desejo que alguém me compre... – a cobra estava flertando comido, tentando me fazer comprá-la? Não gostava mais ela depois disso.

–Bem, espero que encontre alguém. Boa sorte.

Fui em direção ao balcão enquanto a avó e o garoto iam embora. A atendente me olhou nervosa e me deu um sorriso.

–Muito obrigada pelos ratos – ela disse. – Mas não existem problemas com o Ministério em alguém tão jovem fazer mágicas?

–Eles rastreiam feitiços na região, em um lugar como esse e sem eu usar minha varinha, que a melhor forma de rastrear eu não preciso me preocupar – disse dando meu melhor sorriso veela. E aquilo era realmente verdade, descobri por meio de um livro em Hogwarts que não era através dos bruxos que o Ministério rastreava os jovens menores de idade e sim pelas varinhas, que quando compradas eram conectadas aos seus donos e todos os feitiços feitos por elas eram averiguados pelo Ministério. Então desde que não usasse minha varinha meus feitiços não poderiam ser rastreados completamente a mim, e se me acusassem quando verificassem a varinha não teria feitiço nenhum. Mas meu pai tinha me ajudado com aquilo de forma muito superior – De qualquer forma eu queria saber quais são os seus produtos destinados a dragões.

–Dragões?! – ela me olhou assustada. – Dragões de verdade ou miniaturas como as que vendemos? Porque não sei se a senhorita sabe, mas vender dragões ou artigos relacionados a dragões é crime – droga! Tinha me esquecido daquilo, achava que era só o comércio deles que era ilegal...

Ela estava me olhando de forma acusatória, sabia que devia dar uma explicação para ela, mas ela sabia de coisas demais, do meu possível dragão ilegal e que faço mágica ilegal, teria que achar uma forma mais fácil de fazê-la “deixar isso para lá”... uma pena.

–Obliviate - falei apontando meu dedo para ela, que ficou imóvel enquanto eu a fazia se esquecer completamente de mim.

Quando terminei fui embora rapidamente, indo em direção ao Gringotes como se nada tivesse acontecido. Não traria um presente para o dragão hoje, pensando naquilo enquanto ia em direção ao Gringotes fiquei me perguntando se não havia ninguém que pudesse me ajudar a encontrar algo para dar de presente para o dragão, que eu decidi que tinha que dar um nome ou saber se ele tinha um nome.

Subi as escadas normalmente e quando entrei um elfo veio logo me atender como na vez que estava com os Malfoys.

–Deseja fazer uma retirada, senhorita? – ele fez uma breve reverência depois de me averiguar. Estava muito bem vestida já que agora metade do meu guarda-roupa fora dado de presente pela Narcisa, poderia ser por isso que fui prontamente atendida.

Eu confirmei, disse qual cofre desejava retirar e fizemos tudo aquilo que fazia parte do procedimento, que era muito chato na minha opinião.

Entrei pelo buraco que levava ao salão em que o dragão azulado vivia, ele olhou curioso para nós e quando me viu voltou a abaixar a cabeça. Foi então que lembrei que queria fazer uma pergunta.

–Ele tem nome? – o duende me olhou sem entender, por isso olhei para o dragão.

–Ah! Não senhorita, não damos nomes aos dragões, não há necessidade – ele disse já indo pegar aquele treco horrível que fazia um barulho estressante. – E é ela, é fêmea – arqueei as sobrancelhas, meu dragão era fêmea? Agora estava ficando interessante.

–Não use isso jamais com ela, entendeu? – disse olhando para o duende enquanto pegava todos aqueles trecos e me dirigia para fora do buraco perto da trilha do vagonete.

Olhei para o abismo abaixo de mim e joguei aquelas coisas nele, esperava que jamais tivesse que ver aquilo novamente.

–Quando terminarmos aqui irei conversar com seu chefe para resolvermos burocraticamente o uso daquele treco horrível com os dragões, bem pelo menos o meu.

–Seu? – ele me olhava furioso, sabia que ele sentia que aquele banco era de duendes.

–Esse cofre é unicamente meu, esse dragão guarda meu cofre, então sim, esse dragão é meu. E se não for legalmente eu compro de vocês para ele guardar meu cofre. Estamos entendidos? – ele acenou polidamente, engolindo sua ira assim como eu engolia a minha.

Passei por ele indo na direção do meu dragão, decidi que daria um nome para ela ainda hoje, gostava ainda mais dela agora que soube que era fêmea.

Ela me olhou com seus olhos amarelos em forma de fendas, seu couro estava ficando fraco, suas escamas estavam ficando flocosas e muito transparentes, era desumano o que faziam com esses dragões, tudo bem que eram bichos ariscos, poderosos e perigosos, mas não era como se eles merecessem aquelas cicatrizes (que havia reparado apenas hoje no rosto do meu dragão, e nas suas asas) que pareciam ser de ataques de espadas ferventes, já que uma espada normal não cortaria o couro, e percebi que não tinha como eles abrirem as asas, nem se mexer na verdade, já que umas argolas muito grossas prendiam suas patas traseiras à parede.

Novamente entendi as razões do meu pai de desejar matar todos os impuros, mas se fosse ele eu primeiramente explodiria Gringotes com todos os duendes dentro dele (depois de tirar todas aquelas criaturas aprisionadas ali, claro).

Meu dragão tinha pouco mais de oito metros ou algo do tipo, mas como ficava deitada grande parte do tempo acredito que poderia ser bem mais... ou bem menos.

–Oi garota – disse passando a mão no focinho fervente dela. – Não tive como te trazer um presente hoje, mas prometo que vou conseguir - o dragão me olhava como se estivesse me julgando.

–Ter tirado aquele objeto horrível de perto de mim já foi uma grande ajuda, Senhorita Charlotte – o dragão pareceu falar na minha mente. Tentei fazer meu máximo para não pensar que estava ficando doida. – Pela sua expressão me parece a Senhorita consegue me entender, desde o momento em que te vi soube que você não era igual a esses pequeninos horríveis. Se pudesse soltaria uma labareda de fogo na cara de todos eles – ela falou me olhando profundamente.

–Eu percebi, tentarei fazer algo para mudar isso. E te tratei o presente que estou te devendo – sorri para ela, que mexeu o rabo espinhoso para mim.

–Esperarei sua volta, Senhorita Le Fay.

Você tem um nome? – perguntei para o dragão que piscou parecendo assentir.

–Seamus, Senhorita – ri.

–Um dragão com o nome de “nascida do mar”?! É um nome muito exótico – disse olhando para ela que piscou.

–É por culpa da minha cor, azul igual ao mar, igual seus olhos, mas ao longo dos anos que vivi trocaram meu nome. Diziam que era um nome muito macho para uma fêmea como eu, que não seria comprada com um nome desses, mas quando os duendes chagaram, eles não ligaram para nomes.

–Mas o nome que te deram era melhor?

–Não, eles me chamavam de Morgana, que tem a mesma tradução que Seamus.

Realmente o destino estava fazendo uma piada comigo, não é mesmo?! Colocar o nome do meu dragão de Morgana já era apelação.

–Bem Seamus, te chamarei pelo seu nome original que é bem melhor que Morgana, tenho que ir agora. Mas não pense que esquecerei do que te prometi.

Fui em direção a porta do cofre e percebi que o duende vinha correndo atrás de mim, coloquei minha mão na porta e senti o rasgo e meu sangue ser puxado. Quando minha mão foi solta não havia corte algum. A porta fez um click e desapareceu.

Peguei uma quantidade maior do que esperava de dinheiro, e fechei o cofre. O duende e eu fomos embora em direção a superfície sem dizer uma palavra.

–Poderia me levar ao seu chefe agora por favor?

–Ele é muito atarefado, não sei se terá tempo de ouvi-la agora – aquilo era um desafio?!

–Diga a ele que é a dona do Cofre Riddle, e veremos se ele tem ou não um tempo para mim agora na sua agenda.

Esperei sentada numa poltrona alguns minutos até que o duende que havia me atendido voltasse com os olhos arregalados para mim.

–Ele a verá agora, Senhorita Riddle. Me acompanhe por favor – o segui para uma porta mais chique do que as outras, ela era dupla de madeira escura.

Desembocamos em um corredor com o mesmo chão que o saguão , mas agora as paredes eram de madeira e havia vários quadros de duendes pendurados entre as portas de madeira escura. Mas o duende me levou para o fundo do longo corredor, e me deu espaço para entrar pela porta entreaberta do fim do corredor.

Entrei num escritório com papel de parede vermelho na parte de cima e na parte de baixo era de madeira, igual a madeira do chão. Havia várias estantes de livros cobrindo as paredes, um sofá em forma de L de couro de dragão vermelho estava de um lado e do outro havia um Lince deitado em uma cama feita unicamente para ele que me olhava como se fosse um pedaço de carne muito apetitoso, aquele duende era corajoso de ter um Lince assim tão perto dele. Mas o que me chamou a atenção foi a escrivaninha que estava a minha frente a uns dois metros, um duende me avaliava sentado por trás daquela escrivaninha assustadoramente grande.

–Senhorita Riddle, é um prazer finalmente conhecê-la – ele disse sorrindo para mim. Estendeu sua mão para uma poltrona que parecia muito confortável que ficava a sua frente. – Sente-se por favor.

Sentei na poltrona que era realmente confortável. Aquele duende parecia estar tentando me intimidar, mas eu era a Lady das Trevas e nenhum dinheiro ou poder poderia me intimidar, ainda mais quando estava lutando por algo que queria; Que naquele momento era encontrar uma forma de fazer Seamus sofrer menos.

–Me perdoe estar tomando seu tempo, sei que o senhor é um homem muito atarefado, mas não tinha como deixar o assunto que desejo conversar com o senhor de lado.

–Gastar meu tempo com a senhorita não é perdê-lo, Senhorita Riddle. Entretanto lamento em dizer que tenho um compromisso em dez minutos e por isso não posso demorar, podemos ir direto ao ponto? – confirmei com a cabeça de forma leve. - Pelo que fui informado a senhorita veio reclamar quanto ao seu cofre? – ele estava brincando comigo, se fazendo de bobo?! O duende havia lhe contado tudo que houve com toda a certeza, preparando o terreno para quando eu entrasse, e o chefão havia resolvido me fazer gastar todo o tempo que ele dizia ter para mim tendo que explicar tudo novamente.

–Sim, o dragão que guarda meu cofre me parece muito abatido, não acho que passe uma boa impressão ter um dragão abatido como animal de guarda do meu cofre, e também me sinto no dever de cuidá-lo bem. Não tolerarei o uso daquele objeto irritante para afugentá-lo e muito menos qualquer tipo de maltrato, vi as cicatrizes nas suas asas – ele não queria ir direto ao ponto? Bem, eu fui direto ao meio do ponto de uma vez. – Não estou acusando seus duendes de maltrato ou algo do tipo, claro que não. Mas não quero mais que ninguém use aquele objeto que faz um barulho terrível, doloroso para ele, se for necessário se aproximar do dragão que sejam educados. Sei que o que guarda o meu cofre não é arrisco, ela é na realidade um dragão muito calmo que não precisa sofrer, nem merece isso.

–Bem Senhorita Riddle. Não posso garantir que os dragões serão tratados como se fossem o Ministro, mas se a senhorita me garante que o dragão do seu cofre não irá machucar nenhum dos meus duendes enquanto eles estiverem cuidando dele sem o uso dos Cêmbalos, me garantindo que em qualquer ataque a senhorita se responsabiliza pelos atos do dragão eu não vejo porquê não – ele sorriu para mim de forma assustadoramente tranqüila. Ele deveria estar planejando algo que atiçasse meu dragão.

–Claro, mas tenho que dizer que o uso de qualquer força bruta contra minha vontade ou a vontade do dragão revogará essa responsabilidade sobre mim, devido que, por culpa do banco Gringotes, ele fora atiçado a se comportar de forma agressiva – dei o mesmo sorriso que ele havia me dado em resposta. O duende tirou o sorriso dos lábios e me olhou minuciosamente.

–Realmente a senhorita sabe fazer uma negociação, Senhorita Riddle. Seu pai não se importou com a saúde do dragão que guardasse o cofre.

–Mas agora o cofre é meu, não do meu pai. E sinto muito me dizer que se for para ter um dragão mal cuidado guardando meu cofre prefiro fechar minha conta aqui e encontrar algum outro banco para guardar meu dinheiro... talvez aquele muito bom na Suíça aceite guardar minha fortuna a partir de agora – sorri desafiadoramente para o duende que se remexeu na cadeira. Claro que perder um cliente não o deixaria na falência, mas o Cofre Riddle era o número três, ou seja, era o terceiro mais seguro e o terceiro mais caro, me perder era perder uma fortuna que ele ganhava por ano só comigo.

–Prefere que eliminássemos o dragão que cuida do seu cofre agora e coloquemos um jovem e bem cuidado por quatorze mil galeões ou deixar esse mesmo? – que monstro! Tentei não parecer ter ficado pessoalmente ofendida com aquela proposta.

–O meu não está tão ruim ao ponto de ter que ser abatido, mas desejo que vocês dêem para ele a melhor comida, água e tudo possível, por minha conta é claro – sorri para ele. - Podemos então fazer o contrato?

–Claro, claro – ele bateu palmas e um bruxo apareceu, ele olhou de mim para o chefe duende que nem quis saber o nome.

–Pois não senhor?

–Precisamos de uma pena mágica, pergaminho e meu selo para criarmos um contrato – o jovem assentiu.

–Claro, Senhor.

Depois de dez minutos eu tinha uma cópia do contrato que garantia a Seamus uma vida menos agonizante dentro daquele banco. Trabalho cumprido.

O resto das férias poderia ter sido uma tortura se eu não tivesse recebido uma penca de cartas dos meus amigos, principalmente da Marie que queria que eu fosse a casa dela – senti que havia algo que ela queria me contar mais importante que não podia ser por carta. -, mas sempre recusei, acho que no fundo ainda não havia me acostumado com a idéia de ter amigas e ir para a casa delas.

Também recebi duas cartas da Jenn, uma para falar da viagem que ela fez para a algum lugar na América Central da qual ela só reclamou do calor e a outra para dizer que havia adorado tudo e que morreria de saudade, típico da minha loira. Três cartas da Ali que também me convidou para ir a casa dela já que ela ficaria muito sozinha aguentando o irmão que não parava de perguntar sobre Hogwarts, me contando sobre o trouxa amigo dela, que na última carta não era mais amigo e ela voltou a odiar trouxas, e falou muito sobre comida – o que não me surpreende já que é sobre isso que ela mais pensa quando não tem nenhum garoto no seu radar.

E por último e não menos importante, recebi três cartas dos gêmeos Weasley – que demoraram a ser entregues porque a coruja deles, Arrow ou algo do tipo, é retardada. Ela já se perdeu duas vezes e batia constantemente na janela. Eles, como sempre, foram extremamente bem humorados e me contaram as novas falcatruas que estavam preparando para este ano e perguntaram se eu iria tentar entrar para o time da Sonserina de Quadribol, o que confirmei já que havia feito uma promessa. As cartas deles e as da Marie foram as minhas prediletas de responder, o bom humor dos dois ruivos me fazia muito bem, levando em conta que eu vivia em uma casa sem vida, e as cartas doces e cheias de carinho da Marie me traziam sentimentos sobre o que poderia ser amizade.

Finalmente fiquei com tédio na semana anterior ao dia 1º de Setembro e resolvi conversar com Harriet mesmo não tendo certeza se poderia confiar nela ou não. Fechei os olhos e deixei meus pensamentos escoarem pelo ralo até ter a mente livre e comecei a gritar seu nome. Logo depois eu senti como se estivesse sendo puxada até estar no meio daquela névoa. Mas agora havia um banco e uma árvore por lá.

–Nossas linhas temporais estão se juntando... esse banco é do limite da prisão – ela comentou rindo. – Por que você sumiu?

–Lembra que minha mãe tinha encontrado formas de eu saber mais sobre a verdade da minha família e do meu destino porque ela é a única que o viu completamente devido aquele treco de visão sobre os filhos? – ela assentiu. - Eu descobri que você me escondeu muitas coisas... – ela se remexeu desconfortável.

–Existe coisas que sinto que não devo te contar ainda, ou que me esqueço de comentar... me diga quais foram e irei te explicar o melhor que posso – me sentei, era incrível como ela conseguia lidar tão bem comigo e com meu temperamento.

–Vou começar do começo, soube que alguns séculos atrás não havia Le Fays mulheres e por esse motivo os homens Le Fays começaram a se reproduzir com veelas e por isso no meu sangue corre uma grande quantidade de sangue de veela, o que significa que nunca teve nada de dom da beleza.

–Sim, é verdade, mas eu nunca gostei desse fato na nossa história... misturar nosso sangue poderoso com veelas nojentas! E Charlotte, eu vi todas as Le Fays veelas que podem existir naquela prisão e nenhuma delas tem metade do charme de você ou da sua mãe; Eu perguntei para Alice se você tinha ou não o dom da beleza e ela comentou que não sabia com toda a certeza, mas que tinha grandes chances de que você e ela terem tido esse dom.

–Tudo bem, esse era o mais fácil. Iremos agora para o fato desses tals dons, eu soube através de fontes seguras que cada Le Fay nasce com os dons comunitários ou algo do tipo que todas têm e que cada uma recebe um dom único, apenas um, entretanto existe um grupo seleto de Le Fays, as Senhoras das Fadas, que nascem com mais de um dom único, elas nascem com um monte e que podemos incluir entre elas você, minha mãe e eu...

–E Morgana – ela suspirou. – Isso tem a ver com a maldição e com a profecia e por isso eu não te contei nada, parecia cedo demais para isso, mas já que você quer saber... Morgana era tão poderosa que tinha vários dons que nenhuma das feiticeiras da época tinha, por ser tão poderosa ela se deu um nome, Morgana, A Rainha das Fadas, e quando Ambrose estava jogando a maldição resolveu zombar um pouco desse fato, ela disse que existia descendentes dela, as Senhoras das Fadas, que seriam tão poderosas quando Morgana, teriam grande partes dos dons que ela tinha, e que uma delas iria destruí-la. Quando Morgana viu que eu tinha dons extras, ela soube que eu era uma Senhora das Fadas e tentou me matar, isso resumidamente, por isso que quando eu morri de uma doença trouxa ela soube que eu não era a escolhida.

–Essa é a profecia não é?! Que uma das Senhoras das Fadas, a “escolhida” entre elas, iria matar Morgana?

–Sim e não, Morgana está morta, presa conosco nesse lugar. Eu a matei Charlotte, ela jogou um Avada Kedavra contra mim e eu consegui sobreviver aquilo e lancei um contra ela, se a profecia fosse essa eu teria sido a escolhida e já teria acabado, mas não é esse o grande problema. Inclui Morgana de qualquer forma só que de uma forma mais profunda, mais sombria. O que você terá de enfrentar é pior que Morgana, e por isso estou te ajudando com seus dons e te prevenindo a nunca confiar em Morgana, nem por um segundo... – olhei para ela curiosa. – Morgana descobriu a pouco sua existência e que você possivelmente é uma Senhora das Fadas e como fez com sua mãe, ela está planejando algo contra você. Sua mãe me disse que você vai saber disso tudo daqui a pouco, antes do lacre se abrir, e que não precisa se preocupar e que soube que Narcisa ia falar demais – ri daquilo, realmente Narcisa falou demais, então eu só deveria saber desse fato mais tarde? Interessante...

“Por falar em Morgana, dom da beleza, e já que estamos abrindo o jogo aqui, eu acabei de reparar que você é idêntica a ela – que maravilha em?! – Não, é sério. Vocês são iguais, se você morrer e ficar presa lá conosco eu juro que te levo no castelo e te apresento a ela só para você entender o quanto vocês são parecidas! – ela estava sorrindo me olhando profundamente. – E ela tem todos os dons, levando em conta isso e o fato de vocês duas serem tão parecidas, eu diria que você realmente tem o dom da beleza.

–Ah, bem... então eu te devo desculpas por ter desconfiado de você – ela piscou para mim.

–Que nada! Eu não te falei para desconfiar de todos? Você começou logo por mim, melhor do que isso impossível Charlotte.

–Já voltamos ao normal queria te avisar que meus dons estão aprimorando muito desde a última vez que nos vimos, estou tendo visões sem que meu cérebro apague, assim são muito breves e são de futuro muito próximo – ela arregalou os olhos e pegou uma das minhas mãos.

–Querida, isso é incrível! Eu estava esperando que essas visões começassem só no fim desse ano. Talvez o lacre realmente se abra cedo como sua mãe avisou... – percebi que ela não queria ter dito aquilo em voz alta. - Teve mais alguma mudança nos outros dons?

–Não, nada comparado ao progresso das visões – e era verdade, grande parte dos meus dons parecia estar prontos e eu realmente já estava cansada de ter que ficar treinando e aprendendo mais coisas sobre meus dons.

–Estou fazendo isso para acelerar o processo, mas podemos segui-lo sem treinamento forte – ela apertou minha mão, havia me esquecido que ela lia mentes. – O mais importante é você entender que no fim disso tudo você terá que lutar. Lembra-se daquilo que te falei na primeira vez que conversamos? Sobre matar por sobrevivência, por algo superior, se sacrificar por isso? É esse o grande desafio. De qualquer forma a escolha é sua... se quiser deixar que as coisas aconteçam naturalmente eu não irei achar ruim, da forma como sua mãe me disse você os usa muito então não vejo porque continuar tão puxado.

–Eu preferia diminuir sim. Ainda mais que agora tenho que cuidar de Harry Potter – ela me olhou de forma estranha e então arqueou as sobrancelhas e sorriu.

–Sua mãe comentou. Então Potter está na listinha negra de Voldemort? Ela me contou umas coisas que irão acontecer em meio aos seus problemas Le Fays, me mostrou uns garotos... – ela piscou e deu duas cotoveladas na minha barriga, tive que rir com ela. – E eu achando que você concentraria suas energias em salvar Potter, lutar a favor do que acredita... tsc tsc. Mas quando rolar quero saber de tudo, lá na prisão não acontece muitos amores mesmo que 80% da população seja francesa porque somos todos família.

Fiquei o resto da semana me odiando por não ter perguntado sobre minha família, e foi aí que recebi uma carta de Narcisa que parecia saber das minhas dúvidas sobre Potter, e minha família.

Bom-dia, Charlotte!

Você descobriu muitas coisas sobre você em um dia e sei que você deve ter ainda mais curiosidades, e a maior delas deve ser sobre a sua família e sobre Harry Potter.

Sei que você deve estar curiosa sobre a sua família, saber de onde vocês vieram, e se ainda existem parentes vivos. Os Le Fay mais puros, os que não aceitavam os abortos ou filhos de alguém que não fosse um Le Fay daquele clã vivem ainda no nordeste da França em uma vila só deles, mas existe Le Fays que não são tão puros e que são contra a forma como eles agem e acabaram saindo da França e indo para outros lugares.

Um exemplo é a sua avó, Elise, que teve a sua mãe com um bruxo que não era Le Fay e veio para cá. Eu não a conheci muito bem, mas soube que ela morreu quando Alice ainda estudava em Hogwarts, ela era muito sigilosa quanto à família. Quem conheci mesmo foi sua tia-avó que era uma grande amiga da minha mãe, ela estava sempre pela casa dos Black, mas desde que a sua mãe se casou com o Lorde das Trevas eu não ouço noticias sobre ela. O pai da sua mãe morreu quando ela tinha três anos, eu não conheço a circunstâncias já que era indelicado perguntar. Não tenho conhecimento se sua tia-avó continua viva, jamais soube onde ela morava e por isso não tenho como te dar o endereço, e lamento por isso. Se quiser posso buscar informação sobre ela.

Sabia que grande parte daquilo era mentira e nesse caso não podia culpar Narcisa por isso. Minha mãe poderia considerá-la a sua melhor amiga, mas o assunto Le Fay era de longe muito íntimo, elas terem que fugir da França porque minha mãe podia ser a escolhida, o assassinato da minha avó, o ódio de Morgana... aquilo tudo era algo muito sério e secreto.

Sei que você está também preocupada com o fato que Potter irá entrar esse ano e por isso vou tentar te ajudar com esse assunto, como a sua mãe me disse para fazer.

Como você viu, mas não sei se conseguiu deduzir. Sua mãe sabia que seu pai ia voltar eventualmente e também sabia que você teria que conviver com Dumbledore, o assassino do seu pai e tantos outros que guardam histórias muito boas. Mesmo ela tendo escolhido as Trevas ela quis te dar o poder da escolha, não era porque Alice escolheu as trevas que você tinha que segui-la. Alice deixou claro que independente da sua escolha ficar no meio ainda é o melhor a se fazer enquanto seu pai não voltar, talvez até seja melhor falar que está no meio e que não quer escolher (Sabemos que Dumbledore não acreditará que você odeia Voldemort, e que o Lorde das Trevas não aceitará você no lado da Luz) ou criar boas desculpas para poder transitar entre cada lado.

Falando do Potter, aguente-o e converse com ele. Faça-o sobreviver até seu pai retornar (ordens da sua mãe). Voldemort não terá noção que o garoto será necessário no seu retorno e por isso tentará destruí-lo assim que não conseguir aliá-lo. Somente quando seu pai voltar e você ter comprido seu dever Le Fay a sua escolha ficará clara – não me pergunte desse dever Le Fay porque não sei o que é isso, fora Alice que pedira para eu falar exatamente isso, ela me disse que você saberia o que isso significa na hora certa e sei que tem algo com uma profecia.

Era isso que tinha para dizer para você e espero que te ajude. Eu sei que receber mensagens da sua mãe dessa maneira é horrível, mas essa foi a melhor maneira que ela achou de cuidar de você como toda mãe deve e deseja. Alice me contou muitas coisas que só poderei te contar na hora certa, e é por isso que sei de tantas coisas, assim como você saberá quando seus dons começarem a florescer.

Até o dia 1º de Setembro.

Com carinho,

Malfoy

Tenho mesmo então que ser o anjo protetor do Potter? E eu achando que teria que matá-lo com as minhas próprias mãos quando comecei a pensar nele... mas ele me pareceu ser legal, não será tão difícil aguentá-lo. E ainda terei que pensar se vou contar ou não para ele a verdade.

Imagine a dificuldade que seria ir até Potter, dizer que sou filha de Voldemort, me rebaixar e ser humilde, pedir o perdão dele e ainda ter a chance dele não querer ser meu amigo?

Eu era Charlotte Le Fay, os outros deveriam se ajoelhar perante a mim não o contrário. Mas sabia que as previsões da minha mãe estavam certas então cedi ao conselho de mais de doze anos atrás dela, assim como o de Dumbledore e planejei como deveria ocorrer a sequência das revelações para o Potter e esperei mais um pouco aguardando ansiosamente o dia 1º de Setembro.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Odiaram?
Mandem reviews please! Eu sei que demorei, mas mereço pelo menos 10 reviews em?
Beijos ^^