Premonição: Caçada Insana escrita por PeehWill


Capítulo 10
Angústia


Notas iniciais do capítulo

Último capítulo! Aêee!
Saiu um pouco depois do previsto, mas nada para compensar que o último capítulo não é?
Este capítulo está mais para explicações de dúvidas que ficaram(mais uma vez) da minha fic 2. Entretanto, também tem o fechamento do ciclo. Ou não! MUAHAHAHA
Aproveitem ao máximo!



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Três dias depois...

Miranda, sua irmã e Loren estavam novamente na estação rodoviária, que há algumas semanas havia sido palco de sua premonição. Esperavam mais um ônibus a caminho da Filadélfia. Miranda queria conhecer Charlotte, a tia de Loren, e saber mais sobre a lista, sobre como a tia da garota de cabelos negros havia detido a morte para sempre. Loren estava receosa em receber a resposta que tanto queria.

— Eu ainda quero saber por que a morte foi atrás de mim, e não dela. — Loren murmurou.

— Você quer dizer que o acidente que houve aqui há algumas semanas foi só um pretexto pra morte te levar? — Drew perguntou com certo tom de medo.

— Creio que sim. — Loren respondeu.

— Mas eu tive a premonição, então mais uma vez a morte foi driblada. — Miranda falou, saindo de seu silêncio.

— Isso. Segundo o que sei, depois do acidente do circo, no qual eu e ela nos salvamos por causa da premonição de um garoto, a morte deveria perseguir nós duas. E não somente a mim.

— Ela deve ter a explicação para isso, Loren. Não se preocupe. — Miranda passou a mão pelo seu ombro e sorriu, tentando acalentá-la.

O ônibus chegou, e novamente elas entraram nele. De imediato Miranda sentiu outro arrepio, seguido de uma brisa fraca que balançou seus cabelos. Não agora. E achou seu assento: poltrona 18, ao lado de Drew.

x-x-x

Quando as três garotas chegaram à rodoviária de Filadélfia, ficaram boquiabertas com tamanha beleza do lugar. Drew avisou que iria ao banheiro, então saiu. Miranda pediu que Loren lhe acompanhasse até a lanchonete do lugar, a outra assentiu sem dar nenhuma palavra. Chegando ao lugar, as duas sentaram-se e pediram um suco. Loren ainda mantinha-se intrigada com relação à sua tia Charlotte. Como ela conseguiu? Mas a jovem ainda não havia parado para pensar se ela ainda estava viva, já que seu último contato com ela havia sido há várias semanas.

Miranda decerto sabia que sua vez havia chegado novamente. Ela avisara da torre para Loren, que desviou rapidamente de uma das enormes antenas, em seguida salvara Drew, isso queria dizer que era novamente sua vez na lista, o ciclo havia recomeçado. Mas ela não estava mais sentindo o mesmo medo de antes, pois se sentia com uma esperança dentro de si. Esperança de que tudo acabasse bem. A mesma sensação de alguns dias atrás, quando percebeu que não adiantou saber que Violet e Luther eram os próximos, e que não havia conseguido salvá-los, havia desaparecido de seus pensamentos. Como a Loren disse: Eles estão em um lugar melhor, não estão aqui para sentirem que seriam os próximos novamente. Assim como eu me sinto. A lista seria detida, disso ela tinha certeza. A morena acreditava que saberia lidar mais com a morte do que antes. Grande Engano.

A atendente deu-lhe seus pedidos. Então, tomando um gole de seu suco, Miranda viu a irmã voltar do banheiro, com uma expressão estranha no rosto. Parecia assustada.

— O que houve? — A irmã caçula perguntou rapidamente.

— Eu vi uma coisa muito estranha no banheiro. — Respondeu-lhe tremendo e sentando ao seu lado.

— Pode falar.

— Tinha uma garota vomitando lá... Ela não falava coisa com coisa... Estava drogada ou algo do tipo... Ela repetia várias vezes: “Está tudo acabado, não há como vencê-la!”.

Miranda e Loren tremeram. Loren virou-se para a morena e disse-lhe:

— Ela fala da morte, disso tenho certeza. Provavelmente isso foi pra gente. Mas vamos conseguir detê-la, se depender de mim nós vamos!

— O que você está pensando em fazer? — Logo a outra perguntou, estava preocupada.

— Não fique assim. Não será nada demais... Apenas a decisão mais importante de minha vida.

Ela sentiu a dualidade e a diferença na fala da garota, mas não se importou com aquilo de momento. Ela tinha uma grande confiança em Loren.

x-x-x

As pernas de Miranda começaram a tremer quando ela chegou de frente ao casarão de Charlotte. O casarão tinha dois andares e varandas enormes. Várias janelas e vidraças eram vistas de longe. Não podia dizer que era uma mansão, mas que estava perto. Isso elas poderiam concluir. Loren tocou a campainha, ouvindo-a tilintar e ecoar ao longe.

— Que linda! — Soltou Drew ao inclinar-se um pouco, tentando enxergar além das grades do enorme portão.

— Tia Charlotte comprou este lugar com um esforço enorme. — Loren falou, ouvindo um estalo e empurrando as grades do portão negro. Ele estava aberto.

As três caminharam por entre canteiros de flores, era um jardim muito bonito. O céu não estava nebuloso como antes, estava azul e calmo, como deveria estar. Miranda tocou uma das flores, mas esta espetou seu dedo e fez uma gota de sangue aparecer. Ela levou o dedo à boca e pareceu estancar o pequeno corte com os lábios.

Então, passaram a admirar a fachada da casa mais de perto.

— Que bom que chegaram. — Uma voz feminina ecoou pelo jardim. A voz era branda e pacífica, transmitia paz aos ouvidos de quem a encontrasse.

As três menearam a cabeça ao mesmo tempo, avistando a bela figura feminina no término do jardim, de frente à espaçosa varanda no lugar. Loren mostrou um largo sorriso, correndo em seguida, ao encontro da sua guardiã. O abraço que se seguia fora o mais acalentador e puro que poderiam ter dado. A saudade se esvaiu e deu lugar a alegria imensa de poder ver novamente quem você ama.

Um vento bateu e os cabelos ruivos da bela mulher voaram, mostrando o quão linda sua madeixa era.

— Esta é Charlotte, meninas. — Loren virou-se novamente para Miranda e Drew, que também sorriram ao ficarem de frente com ela.

Elas acenaram timidamente.

— Prazer em conhecê-la. — Miranda falou, se aproximando.

— O prazer é todo meu. Entrem. — Charlotte abriu a porta e deixou-as entrarem.

O espaço por dentro ainda era mais amplo do que por fora. As irmãs ficaram boquiabertas diante de tanto bom gosto. Miranda quis elogiar, mas preferiu ficar em silêncio e esperar o momento certo para falar sobre a lista. Era aquele o motivo dela estar ali. Poderia ter sido grossa em pensar aquilo, mas para ela era o certo a fazer.

No auge de seus trinta e dois anos, Charlotte sentia-se mais cheia de vida do que antes. Havia se recuperado do choque da lista de sete anos atrás, mas nunca perdeu seus amigos de sua mente. Eles se tornaram tão próximos e de repente sumiram de sua vida fisicamente de uma forma descomunal. Ela ainda sentia muito pelo que havia acontecido. Mas já havia parado de se culpar pela morte de Jenna. Por vários anos ela fez isso, quando pensava que ela pedira para a morena entrar no circo. Ela não sabia que o acidente aconteceria, mas o garotinho loiro sabia. Mesmo que não tivera interesse em se envolver na vida do garoto e avisar-lo do perigo que a lista lhe proporcionava. Sentiu a dor dele, sentiu mais receio ainda por não querer fazer nada. Para ela, mesmo que fosse egoísmo, era o certo a fazer.

Depois que Charlotte viu-as muito bem acomodadas e sentadas ali próximas, se viu sentando-se também em uma linda poltrona acolchoada. Cruzou as pernas e jogou o cabelo alaranjado para trás, sentindo-se mais confortável para saber sobre o assunto tão importante que Loren queria tratar com ela.

— Então, Loren... Pode começar. — Charlotte sentiu-se preparada psicologicamente para falar aquilo.

— Acho melhor a Miranda mesma falar. — Loren passa a vez para Miranda, observando seus gestos para que ela não dissesse nada.

— Então, pode começar... Miranda, não é? — E sorriu o sorriso mais doce do mundo.

Miranda criou forças para começar a dizer tudo o que passou.

— Foi há algumas semanas atrás. Eu tive uma premonição em uma estação rodoviária. Um acidente terrível com o ônibus em que estávamos: eu, minha irmã — Loren viu Drew sorrir de lado para Charlotte — A Loren e outros colegas nossos. Mas eu os salvei, antes do acidente realmente acontecer. Foi tudo rápido, mas naquele momento, eu tinha certeza de que tinha que tirá-los de lá, sabe?

— Entendo. — Completou Charlotte. — Eu nunca senti esta sensação desconfortável de se ter uma premonição antes. Não como Jenna teve. Só tive alguns déjà vus bem comuns. — E cruzou as pernas novamente, pondo suas mãos sobre os joelhos. — Se quiser e puder continuar...

— Ah, claro. — Respondeu Miranda, pronta para continuar. — Mas eu acarretei um problema maior ao nos tirar daquele acidente. Eu desencadeei a lista da morte. — Sua face ficou entristecida rapidamente. — E todos eles estão mortos.

Aquela frase fora o bastante para Charlotte suspirar e perceber o sofrimento no olhar de Miranda. Ela passou pelas mesmas coisas que Jenna passou. Que eu passei. Então, com uma expressão de dúvida, a bela mulher virou-se para Loren lentamente, revelando seu total interesse.

— Por que não me contou antes, que estava na lista novamente?

— Eu queria lhe poupar. — Loren respondeu em um tom indeciso.

— Me poupar? — Sentia-se o forte tom de indignação na fala de Charlotte. — Me poupar de que, Loren? De quem?

— De tudo. — Respondeu em tom acanhado.

— Você não deveria ter feito isso. Mas eu sei que não veio até aqui para levar broncas, e sim, para pedir ajuda. — E voltou a olhar Miranda. — Sinto que ainda quer me fazer outra pergunta. Todas vocês querem fazer a mesma pergunta.

Drew se mexia no grande sofá cinza de modo impaciente, ela queria despejar tudo, colocar tudo para fora. Ela achava que a mulher não estava dando a mínima para elas, que na verdade só estava se preocupando com Loren. Então, explodiu:

— Você não percebe? Ainda estamos no caminho da morte! As nossas vidas estão amaldiçoadas! A morte ainda nos persegue! — Não parou nem para respirar, então se ergueu do sofá ligeiramente. — Você está fora da lista não está?

— Sim. — Charlotte respondeu calmamente.

— Senhorita Charlotte... — Miranda começou a falar mais uma vez, mas Charlotte olhou-a de forma estranha e logo ela tirou o erro da fala. — Charlotte. Por que você saiu da lista e Loren não? Você duas saíram juntas do circo. Eram para as duas estarem sendo caçadas pela morte, e não só a Loren! O que você fez?

Charlotte pensou duas vezes antes de respondê-la.

— Tem algo que você ainda não me contou, tia? — Perguntou Loren, cheia de todas as perguntas sem respostas.

— Tem sim. — E Charlotte respirou fundo. — Quando o acidente no circo aconteceu, eu já estava fora da lista.

O baque para Loren fora maior. A garota tentou reunir tudo em sua mente, pois estava embaralhado demais para ela entender. Estava incrédula quanto ao que a tia acabara de dizer. Como Charlotte teve a coragem de esconder isso dela? Nem Loren sabia como começar a responder aquela indagação.

— O que disse? Mas, tia...

— Eu não tive a coragem necessária para lhe contar, me desculpe. Eu sei que pode parecer exagero meu, ou até egoísmo, mas... Não deu. — Agora Drew percebia a sensibilidade da ruiva.

— E como você saiu da lista, sem quebrá-la por inteira? — A dúvida de Miranda só aumentou.

— Lembra da Sandra, querida? — A ruiva olhou para Loren, que hesitava em olhá-la nos olhos.

— Não. — Loren respondeu sem parar de fitar o tapete colorido no chão.

— Ela era a namorada do Tristan. Eu não sei o que deu em mim. Eu... — Charlotte começou a tremer. Logo Drew percebeu aquilo e ficou mais intrigada.

O estalo na mente de Loren fora maior que seus murmúrios. A garota já tinha pensado em tudo, já havia reunido informações suficientes em sua mente para deduzir uma única coisa.

— Você a matou. — Loren falou num rompante, assustando até mesmo a tia, que falaria aquilo um segundo antes, se não tivesse sido interrompida.

x-x-x

Outubro de 2011

Charlotte saiu do hospital, arrasada. Estava cabisbaixa e abatida. Em sua cabeça passavam várias palavras e imagens que desembaralhando daria um belo sermão para ela mesma refletir no que havia feito até ali. Decidida a desvendar tudo que puder sobre a lista. A ruiva chegou rapidamente em casa, mesmo que cansada, e pesquisou tudo que tivesse ao seu alcance para descobrir tudo sobre a lista. Culpava-se por ter tido aquela sensação de coragem tarde demais. Todos ao seu redor tinham morrido por conta da lista, e ela sobreviveu, fora salva por Tristan. E depois de saber que ele e Sandra tinham voltado, sentiu-se a pessoa mais infeliz do mundo. Era tarde demais, Charlotte já estava totalmente envolvida por ele, estava apaixonada.

Enquanto pesquisava, na lembrança vinham os dois para lhe lembrar o tormento. Mas a imagem sumiu quando ela achou uma teoria para a quebra total da lista: Dar uma vida para a morte, em troca da sua. Isso, tanto lhe tirava da lista, como tirava os demais: Jenna, Loren, Tristan e Mason. Mas ela não tinha a coragem e audácia de matar alguém. Tinha? Ela não sabia, mas não queria deixar de arriscar. Era sua vida e a vida de seus colegas que estavam em jogo. A vida de Tristan...

Entretanto, se realmente ela estivesse querendo tomar esta decisão, não deveria contar a ninguém, pois ninguém lhe apoiaria. Não a deixariam fazer aquilo.

Charlotte pensou em tudo. Pensou na vítima, que mesmo que não conhecesse, planejou cada detalhe. Nada poderia dar errado, estava tudo estratégico demais. Nada falharia, disso ela tinha certeza.

Duas semanas se passaram e Charlotte se viu caminhando próxima da estação de metrô. Esperou o sinal de trânsito ficar na cor vermelha, para poder passar. Mas isso, sem tirar os olhos de seu alvo, que conseguira passar a rua antes dela. Várias pessoas caminhavam ali, era difícil focar no cabelo liso e negro tão comum de sua vítima. A ruiva não se sentia uma assassina, em hipótese alguma. Ela achava que o que estava fazendo era certo.

Então, continuou caminhando, até sua vítima entrar ir em direção à estação de metrô, entrando na mesma em um piscar de olhos. Fazendo uma trança por entre algumas pessoas, ela pôde entrar na estação logo após sua vítima, sem tirar os olhos dela, nem para retirar o chiclete que havia grudado na sola de sua sandália.

Ela desceu a quase infinita escada que dava no ponto mais subterrâneo da estação, e parou quando percebeu que sua vítima também havia feito uma pausa. Ela observava cada movimento dela, com cautela e discrição.  O canivete que carregava era para que algo que tivesse planejado saísse dos conformes. Mas ela acreditava que com a estação de metrô praticamente deserta àquela hora, nada poderia dar errado. Não haveria nenhuma testemunha ocular de seu feito. Fora tudo minimamente arquitetado.

Charlotte caminhou até mais próxima de sua vítima e se escorou em uma pilastra.

Sandra olhava para o relógio impaciente. Ela batia o pé no chão, como sinal disso. Ela tinha a sensação de estar sendo seguida, mas quando olhou para trás nada viu, além de um casal se pegando em um canto, um cego sentado em um banco e uma mulher ruiva escorada na pilastra. Nada que pudesse lhe fazer mal. Assim que parou de bater o pé no chão, Sandra sentiu um arrepio em forma de corrente elétrica, que passou por todo seu corpo, antes de deixar seus pelos totalmente eretos com aquela sensação agourenta.

Quando olhou novamente para o relógio, suspirou de alívio, pois acabara de ouvir o barulho do metrô se aproximando. A luz não era vista ainda, mas ela sabia que ele estava próximo. Então, ela deu três passos, até ficar mais próxima de onde ficavam os trilhos. Ela olhou para baixo e sentiu novamente a mesma sensação agourenta, mas passou rápido.

Charlotte também aproveitou para se aproximar, ainda empunhando o canivete discretamente, debaixo de seu casaco. O barulho do metrô ficou mais forte e a luz que vinha do buraco, antes negro, também. Então, quando percebeu que o metrô estava bem próximo, Charlotte esticou os braços, e em um único movimento os direcionou até a mulher de cabelos negros. Ela fechou os olhos e criou forças para mover os braços. Em um segundo, depois de um empurrão, Sandra estava caída sobre os trilhos.

Ela gritava de dor, seu tornozelo havia torcido. Ela olhou para cima, avistando a figura feminina que havia feito aquilo, mas sua vista embaçou e logo ela soltou um grito de medo e agonia, vendo a ruiva se afastar e ir de volta à pilastra. O metrô se aproximava e ela continuava gritando.

Quando o casal, que antes estava se pegando, conseguiu avistá-la já era tarde demais. Eles viram a mulher ruiva gritar para que ajudassem a mulher que havia caído nos trilhos, mas não havia nada que eles pudessem fazer, pois o metrô já estava bem próximo.

Foi em questão de segundos que o corpo de Sandra se chocou contra o metrô, o esmagando por completo. Sangue espirrou no piso da estação e nos sapatos dos jovens, mas o que eles e a ruiva viam era pior. Apenas uma massa disforme jogada ali próxima. Todos taparam a boca e os dois jovens vomitaram juntos. Charlotte apenas recuou e sentou-se ao lado do cego, que permanecia atordoado. Então, ela colocou a cabeça nas pernas e chorou.

x-x-x

Charlotte acordou de seus pensamentos quando sentiu a mão gelada de sua sobrinha tocar a sua.

— Então foi por conta disso que você estava com o tio Tristan naquela noite, no circo? Foi você quem matou Sandra? — No fundo, Loren não estava acreditando naquela história.

Agora Charlotte sentia-se a pior pessoa do mundo. Mentira para sua sobrinha todo este tempo, mas fora por uma boa causa. Mas Loren ainda estava na lista.

— Existem outras maneiras, confesso. Mas naquele dia, naquele instante, fora a única que eu encontrei. — E uma lágrima desceu em seu rosto, mostrando sua tristeza, impossível de ser escondida.

Miranda estava mais confusa que antes. Então, era por este motivo que a tia de Loren havia saído da lista, ela matara uma pessoa. E estava ali bem. Luther também poderia estar bem se tivesse matado aquele garoto. Talvez ele estivesse ali com ela, talvez ele pudesse ter gostado dela. Apenas ilusão. Queria era esquecer de uma vez por todas tudo aquilo.

— Eu não estou chateada com você, tia. — Disse Loren séria, ainda segurando as mãos de Charlotte.

— Não? — O espanto da ruiva foi inevitável.

— Claro que não. Eu não sei se faria o mesmo, mas faria de tudo para tirar meus amigos da lista. — E olhou para Miranda e Drew ali, uma do lado da outra.

— Mas eu não os salvei! Eu só salvei a mim mesma! Nem você eu salvei... — E seus olhos derramaram lágrimas novamente.

— Claro que salvou lembra? Naquela noite lá no circo!

— Não. Eu só lhe coloquei novamente na lista. E provavelmente o acidente com o ônibus no qual você deveria estar, era só mais uma tática da morte de te pegar.

— Isso eu já desconfiava. A morte deveria ter causado aquele acidente para me matar.

Drew não hesitou em falar:

— Você está dizendo que eu e os outros só ficamos em perigo por sua causa? — Não sentia seu pensamento precipitado.

— Acalme-se Drew. De qualquer maneira estaríamos no caminho da morte. Não esqueça isso. — Miranda tocou seu ombro, também se erguendo do sofá.

— Não se preocupem. Eu vou corrigir meu erro! — Loren disse, fazendo todas olharem-na.

— Você não está pensando em se matar, não é? — Charlotte olhou-a inconformada.

— É uma opção? — Perguntou ainda séria.

— Claro que é! — Miranda respondeu de imediato.

— Mas assim a lista seria quebrada. — Drew murmurou.

— Mas eu quero a Loren viva! — Miranda fuzilou Drew com o olhar. Ninguém merece morrer. Ninguém pode se render.

— Sua amiga tem razão, Loren. Você deve estar de cabeça quente. Pode pensar um pouco, existem muitas maneiras de se vencer a morte! — Charlotte tentava mudar sua decisão.

— Existem tantas maneiras... E você optou por matar alguém. Agora tem certeza do que disse? — Agora lágrimas desciam dos olhos de Loren.

— Tá! Desculpe-me mais uma vez! Eu fui a responsável por ter colocado isso na sua cabeça. Agora se acalme minha querida. — E Charlotte se ergueu da poltrona, abraçando fortemente Loren. Tentando lhe dar o melhor conforto possível.

Enchi sua cabeça. Ela deve estar confusa.

x-x-x

Drew terminava de pentear os cabelos para colocar a maquiagem. Cady não sabia se ela demoraria muito, mas fez de tudo para avisar-lhe que a vez das duas de se apresentarem, juntas de toda a companhia de teatro, estava chegando. Ao dizer aquilo, Cady viu Drew fazer uma careta e jogar o pente na penteadeira do camarim. O lugar estava cheio de atores, andando para lá e para cá, preocupados com o término da apresentação. Muitas atrizes estavam nervosas, suando até. Alguns dos coordenadores chegavam para assegurá-las de que tudo daria certo, mas elas nem ouviam o que eles tinham pra falar, de tão nervosas que estavam.

Quando a atração da companhia de teatro em que Drew estava fora anunciada para estar no palco, ela gelou. Estava mais nervosa que as outras. Cady tocou em seu ombro.

— Vai dar tudo certo amiga. Vamos arrasar neste palco! — Disse Cady convicta.

As duas, junto com as outras pessoas, se encaminharam ao palco e ficaram em suas marcas, para o início da peça. Quando chegou ao palco e ficou em sua posição, Drew avistou Miranda em uma das cadeiras da primeira fileira. Ao seu lado estavam Loren e Charlotte, também muito sorridentes. Todas se sentiam felizes, inclusive Miranda, que ainda era a próxima. Drew não queria estar na pele da irmã. Nunca.

Então, a peça começou. No decorrer dela, Drew disse suas falas muito bem ensaiadas. Tudo parecia bem real. Então, houve a cena da ventania, que também ocorreu tudo bem. Enquanto toda a apresentação acontecia, o enorme lustre brilhante no alto do teatro, suspendido por equipamentos fortes. Mas a velhice do lugar tirava a segurança do equipamento de suspensão, em estado crítico.

O lustre continuava balançando, e ninguém conseguia perceber aquilo acontecendo. Nem mesmo Miranda, Loren ou Charlotte. Todas estavam muito encantadas com a peça, que estava deslumbrante.

Miranda sorriu, aplaudindo o término da peça. Então, um vento fraco bateu em seu rosto e ela olhou para os lados, sentindo a mesma sensação de semanas atrás, na rodoviária. A mesma sensação que sentira antes de todas as mortes acontecerem. A mesma sensação agourenta de estar sendo seguida, de estar sendo forçada a sentir medo e aflição. Então, ela viu as luzes piscarem ao seu lado. Também viu uma placa de emergência que brilhava, em cima de um extintor de incêndio, apagar. Foi neste momento que ela soube que seu destino havia chegado. Novamente.

No mesmo instante, a morena escutou o grito de Drew, então ela olhou para cima, como um reflexo, e viu o enorme lustre balançar e despencar em uma velocidade absurda sobre ela. Miranda ergueu-se da cadeira e viu o lustre se aproximar. Olhou para trás. Charlotte estava apavorada. Loren havia tropeçado e por um acaso, indo parar na poltrona de Miranda, sendo o alvo fatal do lustre.

O lustre a esmagou como se fosse uma boneca, e deixou-a espalhada no piso do teatro. Inerte. Morta. Apenas uma massa retorcida de ossos e sangue. Miranda vomitou, e não teve tempo de pensar em mais nada, além de: Ela morreu no meu lugar. Era para ser eu, a vítima do lustre. Loren morreu fora da ordem! Isso significa que... Acabou.

x-x-x

Miranda estava com Zack em seus braços. Ao seu lado estava Drew e Charlotte. A segunda olhava o horizonte, estóica e hipnotizada. Provavelmente lembrando-se da sobrinha tão querida. Drew por sua vez estava sentada, sentindo o mar gelar seus pés, enquanto batia-os na água. Ninguém sorria, e Miranda não parava de acariciar os pelos macios de Zack. O coelho mexia o focinho, enquanto sentia a brisa marítima bater em seu rostinho calmo. De vez em quando ele fechava seus olhinhos vermelhos, mas abria-os em seguida, se assegurando de que sua dona estaria ali para fazê-lo um chamego.

Por uma última vez Miranda olhou a expressão de Charlotte. A ruiva deixava que seus cabelos fossem bagunçados pelo vento que chegava ao cais com fúria. Mas ela estava gostando de espairecer um pouco. Drew sentia-se a garota mais sortuda por ter uma irmã mais nova tão responsável quanto ela.

— Eu te amo. — Disse-lhe Drew sorrindo de orelha à orelha para ela.

— Eu também. — Respondeu, devolvendo um mesmo eu te amo acalentador.

— Estou feliz que vocês escaparam da lista com vida. — Charlotte soltou num rompante. Mas isso não surpreendeu nenhuma das duas irmãs.

Elas apenas sorriam uma para a outra. Estavam livres. Livres da morte, livres de preocupações. Mas, não estavam livres do medo.


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam de comentar! XD
Olha. Sem realmente você gostou da fanfic, recomende-a!
Isso fará bem a mim e a você. E a todos que ainda terão a oportunidade de lê-la.
Agraço a todos por terem lido. E até a fanfic 4. Que sairá em breve. Um abraço!



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