A Distância De Um Beijo escrita por ThiagoRocha


Capítulo 15
Capítulo 14


Notas iniciais do capítulo

Não me matem, OK?!?!



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Capítulo XIV


POV Ju


Na minha mente a lembrança da nossa conversa — aquela que estava me perturbando — ainda está fresca. Lembro perfeitamente dos gestos, das palavras e os tons em que as mesmas foram ditas. Só que naquela época o que parecia ser uma conversa inofensiva, agora estava me amargurando por dentro. Pra falar a verdade estava me destruindo.


“— Você ainda gosta dela? — eu me sentei na poltrona em frente a ele. E nós ficamos cara a cara.

— Pra falar a verdade eu não sei. — ele disse sério — Ás vezes, eu acho que gosto dela, mas tem vezes que eu acho que só gosto dela como amigo. Sei lá, acho que essa vai ser uma dúvida eterna. Acho que só se eu tivesse um relacionamento com a Lia eu teria certeza dos meus sentimentos por ela.”


— Como assim, Ju? — a voz angustiada de Gil acordou-me do devaneio — Eu fiz alguma coisa que te magoou, alguma coisa que te irritou? Se for isso, eu juro que não tive a intenção. Sério, mesmo.

— Não, não — eu respiro e tento colocar meus pensamentos em ordem — Você tem sido incrível.

— Você ainda gosta do Dinho? — seu brilho no olhar havia esvaído — Percebeu que não gosta de mim. É isso?

— Não. Não é nada disso. Eu gosto de você, e muito — não sei se era certo dizer uma coisa dessas quando se está terminando um relacionamento — E esse é o problema.

— Tá, agora eu to mais confuso. Se a gente gosta um do outro e tudo está dando certo. Por que você quer terminar?

— Pra evitar que você e eu fiquemos magoados nessa história — explicar o real motivo estava sendo difícil.

— Eu nunca faria algo pra te magoar, Ju — ele fala com sinceridade.

— Mas, você não pode prometer algo tão incerto, Gil — continuo — Às vezes magoamos as pessoas sem intenção. Não é algo que temos total controle.

— É. Eu percebo isso agora. Sei que você não teve a intenção de fazer isso, mas acabou de me magoar — ele baixa a cabeça.

— Viu, Gil — jogo a cabeça pra trás com a finalidade de que as lágrimas que se acumulam em meus olhos não jorrem, mas isso não acontecesse — Acho melhor eu ir.

Ele segura a minha mão e me detém.

— Me fala o real motivo, Ju — os seus olhos também estavam lacrimejando — Eu te conheço, e sei que você tá me escondendo alguma coisa.

Sinto minhas pernas ficando mais pesadas, como se pudessem se fincar naquele local, meu corpo se enrijece e as palavras saem como uma enxurrada.

— Tá bom. Lembra do dia em que você me disse que só saberia o que sente pela Lia quando tivesse um relacionamento com ela. Então, acho que agora que a Lia e o Dinho terminaram, é a hora de você tentar entender o que sente por ela. Tentar entender se gosta dela ou não.

— Eu não to entendendo. Por que isso?

— Por quê? — minha voz está um pouco alterada — Por que eu gosto de você. E se eu for adiar isso, as coisas só vão piorar. Por que eu não vou agüentar ser trocada de novo pela Lia.

As lágrimas que antes estavam aprisionadas, agora não param de jorrar.

Arremesso-me pela porta e pulo os degraus da varanda de uma vez. Quero correr pela praça, desviar o caminho, encontrar um lugar em que ninguém me encontre, sentar-me embaixo de uma árvore e chorar. Quero chorar e chorar e chorar e chorar até toda a terra se transformar em lama. E é exatamente isso que estou prestes a fazer exceto porque, quando saio da casa de Gil, e já estou saindo da praça, percebo que uma mão puxa meu braço pra trás.


POV Gil


Ali estava eu, parado e surpreso com as palavras que acabaram de ser ditas pela Ju. Não sabia o que falar, como agir diante da situação. Entendia a insegurança dela, mas algumas coisas tinham que ser esclarecidas.

Ela não disse mais nada e saiu em disparada pela porta do meu quarto. E eu ainda fiquei um tempo parado sem reação.

Eu odiava a idéia de perder até meus breves momentos de proximidade dela, das lembranças do que havíamos vividos — aquelas que vinham espontaneamente, sem que eu pensasse nelas.

Entrei em pânico, não podia deixar que ela fosse embora assim.

Saio da minha casa o mais rápido possível e a avisto saindo a passos largos da pracinha.

Chego perto dela, seguro sua mão e puxo delicadamente o seu braço pra trás.

— Não vai embora — falo baixo e ela não se vira.

— Por que eu deveria? — ela continua de costas pra mim.

— Por que eu preciso te dizer uma coisa — eu falo esperando que isto soe determinado.

— Fala — ela continua na mesma posição. Imóvel, fitando o chão.

Puxo-a para ela ficar de frente pra mim e minhas mãos afagavam o seu rosto com delicadeza. E ela não pareceu perceber que eu tentava obrigá-la a me olhar nos olhos.

— Você pode olhar pra mim, por favor?

— Por quê? Eu não escuto com os olhos — ela retrucou.

E eu não pude evitar dar um pequeno sorriso. Era um lado da Ju que eu ainda não havia conhecido.

— Por que é importante. E quero que olhe nos meus olhos pra que veja que o quê eu vou falar é verdade — eu disse. Pareci mais corajoso do que me sentia.

Ela reluta e continua olhando para o chão. Mas, mesmo assim não desisto e começo a falar.

— Primeiro, muita coisa mudou desde o dia que nós tivemos aquela conversa. E uma delas, quer dizer a principal, foi conhecer melhor uma garota incrível, que me faz rir com as suas caretas fofas, que entende o meu jeito, que surpreendentemente consegue acabar com o meu mau-humor— eu sorrio, porque de certa forma o que eu digo é inexplicavelmente a pura verdade — E quando ela sorri pra mim é como se tudo a minha volta se iluminasse. E apesar de sermos tão diferentes, sinto que de alguma forma somos iguais.

Ela respirou fundo e por um logo momento encarou o chão, sem ver. Sua boca se contorceu um pouco. Quando enfim ela se voltou para mim, seus olhos estavam diferentes, o brilho havia voltado. E aquilo me encheu de alegria que eu não consegui guardar um sorriso.

— E recentemente quando eu a encontrei desacordada no seu quarto, quando eu percebi a possibilidade de perde-la, foi como se um pedaço de mim fosse arrancado. E um vazio tomou conta de mim — fiz uma pausa e uma pequena lágrima rolou dos seus olhos — Mas, o vazio foi preenchido quando eu vi o sorriso dela de volta depois de tudo que havia acontecido, e no momento em que ela sussurrou meu nome enquanto dormia — eu sorri.

Pude sentir meu coração batendo no peito, o sangue pulsando rápido e quente pelas minhas veias. Meus pulmões se encheram do aroma doce que vinha dela.

— E a coisa que eu mais quero nesse momento é que ela acredite nas minhas palavras — continuo — Que não existe Gil e Lia, na verdade Gil e Lia nunca existiu. E que se depender de mim só vai existir Gil e Ju.

Sei que as palavras podem soar bregas e piegas para as pessoas que passam pela praça e começam a se aglomerar ouvindo nossa conversa, mas eu não me importo.

— Quero que saiba que estou completamente apaixonado por você, Juliana Menezes — digo alto e sem medo.

— Quem me garante que isso é verdade?

Coloco meu braço em volta da sua cintura e a puxo-a para mais perto.

— Talvez isso faça você acreditar — e sem pensar duas vezes beijo-a.

E enquanto estamos nos beijando posso ouvir algumas pessoas aplaudindo e soltando gritos entusiasmados. E apesar de saber que todos estavam acompanhando a situação, nós não paramos e ficamos assim por bastante tempo.

— Acho que esse foi o melhor beijo da minha vida — eu digo ainda de olhos fechados.

— O meu também — ela sorri. E naquele momento percebo que o sol já tinha se posto e a lua começava a aparecer brilhante no céu.

— Isso quer dizer que você desistiu de terminar comigo? — espero ansioso pela resposta.

— O que eu posso fazer se eu estou completamente apaixonada por você também — ela sorri enquanto enlaça o seu braço em volta do meu pescoço.

Eu sorrio em resposta e nós continuamos de onde havíamos parado.


"Perguntei a um sábio, a diferença que havia entre o amor e a amizade, ele me disse essa verdade...

O amor é mais sensível, a amizade mais segura.

O amor nos dá asas, a amizade, o chão.

No amor há mais carinho, na amizade compreensão.

O amor é plantado e com carinho cultivado, a amizade vem faceira, e com troca de alegria e tristeza, torna - se grande e querida companheira.

Mas quando o amor é sincero ele vem com um grande amigo, e quando a amizade é concreta, ela é cheia de amor e carinho.

Quando se tem um amigo ou uma grande paixão, ambos sentimentos coexistem dentro do seu coração."

William Shakespeare



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Notas finais do capítulo

HAHA Brincadeirinha ;)
E vamos começar a contagem regressiva: 3
Até mais... ^.^



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