“Frederico percebeu o que estava fazendo e por um momento se retesou, afastando-se alguns centímetros... Catarina também notou e em um impulso fez o que pensou nunca ter coragem de fazer... Ela o beijou.”

Catarina não sabia realmente o que fazia, não pensou antes e não pensou durante, apenas colou seus lábios aos lábios do homem a sua frente e fechou seus olhos.

O beijo foi inocente, sutil, singelo... Apenas um encostar de lábios que durou cinco segundos.

Quando sentiu sua boca colada na dele apenas apreciou a sensação, da ultima vez ela não estava preparada e fora tão rápido que mal sentiu, mas agora não... Ela se mantinha colada a ele e sentia os lábios levemente cheios nos seus, o calor que vinha deles... A sensação de realização.

Sentiu a mão dele se afastando alguns centímetros de seu pescoço com o choque, mas ele não retirou a sua boca da dela... E ela se sentiu ainda mais no paraíso.

Frederico estava realmente surpreso com o ato dela, não conseguia acreditar que ela faria isso... Mas ela fez.

Ele se assustou com colar de lábios e, ao contrário dela, arregalou os olhos surpreso. Sua mão se retesou automaticamente com o inesperado... Tudo havia sido súbito, mas ele teve de admitir para si mesmo que... Aquele beijo, aquele pequeno e inocente beijo, mexera com toda a sua estrutura naquele momento.

Ele se sentia em jubilo que ela havia beijado-o, pois era o que ele queria também... Era o que iria fazer, mas se conteve...

E então quando sua mão voltou a seu controle e voltava a seu pescoço, o beijo terminou.

Fora tão rápido, questão de segundos... E mesmo assim tão intenso.

Catarina separou seus lábios dos dele quando parou de sentir e começou a pensar...

Senhor, eu beijei ele!

Ela olhava-o atônita, como se estivesse se desculpando pelo que fez; agora ela sentia remorso... Mas não era o que via nos olhos dele.

Seus olhos mostravam a surpresa, mas também tinham um brilho... Sem repreensões. O verde claro se transformara em escuro e algo começava a se sobressair sobre as outras emoções... E ela não sabia o que era.

Catarina havia se afastado apenas alguns centímetros dele, fazendo com que a distancia entre ambos ainda fosse pequena... E fazendo com que ele quisesse mais.

Ela logo percebeu que algo não estava normal, mas quando tentou se afastar ainda mais sentiu a mão dele voltando ao seu pescoço impedindo-a de ir para longe.

Catarina se surpreendeu com o ato dele, ele não a deixava se afastar mesmo depois dela ter beijando-o de surpresa, por quê?

Olhou-o nos olhos e sentiu algo inédito em seu corpo... Aquelas orbes verdes transmitiam sinais diretamente para sua pele que se arrepiara e para seu coração que começava a bater descontrolado. Que efeito era esse que ele tinha sobre ela?

Os olhos estavam conectados intensamente... Frederico não sabia mais se fazia o certo ou o errado, mas fazia o que queria naquele momento, o que desejava...

O pequeno beijo soltara tudo o que tinha sentido naqueles últimos dias e aquilo o atropelou... Fez com que um lado adormecido acordasse e naquela hora, naquele minuto aquilo o guiou.

Ele a desejava. Desejava seus lábios sobre os dele, desejava seu sabor, sua textura, sua cor...

Catarina se sentia estranha naquele momento, um estranho diferente, era bom... Algo novo para ela e que ela queria explorar.

Com o forte batimento cardíaco os pulmões exigiram mais oxigênio, fazendo-a ofegar e, consequentemente, entreabrir os lábios... Aquilo foi um convite para Frederico... Que aceitou.

Ele se aproximou e colou seus lábios levemente aos dela de forma que o lábio inferior dela ficasse entre os seus.

Ambos fecharam os olhos imediatamente. Ele sugou levemente o lábio dela tentando extrair o sabor, o toque... E logo foi correspondido; Catarina imitando-o sugou o lábio superior dele que estava entre os seus e quase sofreu uma sincope.

Era aquilo, ele estava beijando-a consciente e querendo isso... E ela respondia, pois também queria.

Alguns segundos depois ele se afastou e colocou agora o lábio superior dela entre os seus e sugou-o sendo novamente respondido. Ele se sentia em outro lugar, se sentia nos céus... Afinal, só podia ser um anjo na sua frente, um anjo doce e macio.

Ele novamente se separou dela e agora se permitiu olha-la.

O que ele via não ajudou em nada seu próprio controle. Os olhos dela estavam fechados ainda aproveitando a sensação, a boca entreaberta respirando forte... E então a língua dela acariciou o lábio inferior, como se para retirar de lá o ultimo gosto dele. Aquilo foi a gota d’água.

E então, de repente, ele se viu mandando tudo para o inferno e se entregando aos lábios dela.

Antes ele havia sido leve, mas agora a puxou para ele bruscamente com sua mão em seu pescoço.

Os lábios se chocaram e se sugaram fortemente, com desejo... Ela não sabia o que fazia, apenas fazia.

Ele sentia que iria enlouquecer. Quando se separou para tomar uma lufada de ar não pode evitar mordiscar o lábio dela... Fazendo-a incrivelmente gemer quase de forma inaudível.

Aquilo foi demais para ele que atacou novamente a boca dela, agora se permitindo passar a língua levemente pelo lábio dela... Catarina se surpreendeu quando sentiu a língua úmida dele acariciando-a.

Ela com certeza acreditava que tinha morrido e estava no paraíso, com Frederico.

Seus pulmões imploravam por ar, ela se separou dele, mas logo voltou a beija-lo...

Agora era ela quem queria sentir o gosto dele, então com uma recém descoberta coragem passou sua língua sobre os lábios dele; ele sentiu o musculo quente e úmido em seus lábios e não conseguiu evitar... Gemeu também levemente.

Há tanto tempo ele não beijava e não era beijado daquela forma!

Assim, incentivado pelo momento abriu levemente sua boca permitindo a língua dela deslizar por ali... E fez com que sua língua se chocasse com a dela.

Aquilo foi uma novidade para ambos, a corrente elétrica que os percorreu foi tão assustadora que fez com que se separassem bruscamente...

Ambos estavam ofegantes e se olhavam de forma assustada, ainda com a sensação daquele momento de calor quando suas línguas se tocaram.

Catarina estava com o rosto extremamente vermelho enquanto Frederico tinha os olhos arregalados ao máximo.

Agora a razão voltava a ambos, enquanto a mesma castigava Frederico. Catarina estava surpresa, mas nada arrependida, sua cabeça formulava questões em série... Por quê? O que foi aquilo? Como...? E ele... ?

Frederico se torturava mentalmente. Céus, ele havia beijado Catarina intencionalmente! Com desejo, com um forte desejo que ainda estava lá... Ele se controlava para não puxa-la contra ele novamente.

Viu-a calada, surpresa... Mas com um brilho nos olhos; ela o respondeu... Ela o quis também... Ela foi quem iniciou, ela o beijou! Não! Não, não, não... Ela não devia, ela não podia querer também. Aquilo era demais para qualquer autocontrole de qualquer homem no mundo.

E então, percebendo que não resistiria se continuasse no mesmo local que ela disse:

-Eu... – Sua voz era rouca. – Eu... Me perdoa, Catarina!

-Fred... – Ela tentou falar, mas foi interrompida.

-Não! – Calou-a. – Eu não posso... A gente não pode! – Ele agora se sentia desnorteado.

Um brilho triste passou pelos olhos dela.

-Eu comecei... – Ela disse sussurrante, desculpando-se.

Ela via o arrependimento puro nele agora que a razão voltava e se sentia culpada.

-Não... Eu... – Ele esfregou o rosto nas mãos. – Fui eu que... – Ele não conseguia falar sem sentir vontade de fazer tudo de novo. – Me perdoa.

E num súbito momento de restrição se levantou e foi em direção ao seu quarto sem olhar para trás.

Ambos agora paravam para raciocinar sobre o que fizeram... Ela cheia de perguntas e ele cheio de arrependimento, mas ambos cheios de... Cheios de desejo.