-Algum problema, Ana? – Frederico perguntou após notar que “ela” estava estática.

Ele continuava com as mãos na cintura dela, o que dificultava ainda mais a recuperação na opinião dela.

Os rotos ainda estavam encobertos pelas sombras da cozinha, assim ele não conseguiu perceber o que realmente havia acontecido.

-Você está bem? – Insistiu quando viu que a “esposa” não respondia.

Ela respirou fundo e se recuperando do acontecido respondeu:

 -S-Sim, mas... Eu não... Não sou a Ana. – Sua voz falhara algumas vezes no percurso.

Ele se afastou alguns passos depois de reconhecer a voz.

-Catarina?!

Ela percebeu a incredulidade na voz dele, como se não acreditasse no que aconteceu.

-Bom, eu... Sim! – Ela respondeu envergonhada após ser reconhecida.

Por sorte o escuro impedia-o de ver o rosto escarlate dela, ela sentia-o quente e latejante, sim, a mais velha e pura vergonha.

-Eu... Eu não... – Ele tentava falar, mas também estava envergonhado pelo que fez. – Eu pensei que fosse a Ana... Eu... Me desculpa, Ca.

Um sorriso envergonhado tomou o rosto dela.

-N-Não se preocupe... Você se confundiu, tudo bem!

Ele respirou fundo como se estivesse mais aliviado.

- Eu realmente não percebi que era... Você... Eu... Me desculpa de novo. – Ele insistiu um pouco mais.

Ela sorriu.

-Como já disse eu entendi, não se preocupe com isso, foi... Foi um mal entendido. – Respondeu pensando que para ela foi realmente algo mais.

-Que bom que pense assim! – Ele exclamou já aliviado. – Tenho sorte de ter uma cunhada tão compreensiva quanto você, Catarina!

Ela sorriu mais desconfortável, cunhada...

-Bom, acho que vou voltar pra cama, até... – ele consultou o relógio da cozinha -... Bom, até daqui a pouco! – Ele disse já despreocupado e rindo, sem a tensão de antes.

Logo Frederico saiu do cômodo.

Quando teve certeza de que ele se fora Catarina finalmente se deixou respirar profundamente.

Ele me beijou, um beijinho de nada, mas... Foi ele! A boca dele!

E assim olhou novamente para a lua cheia que antes encarava fascinada.

Talvez... Talvez você realmente seja mágica!

E assim decidiu voltar para seu quarto... Com um enorme sorriso no rosto.