Catarina estava num momento de dormência. Não havia se dado conta do que acontecera, apenas percebeu que num momento virava-se para ele e no outro... No outro sentia a língua voraz invadindo sua boca sem permissão e lhe arrancando o ar.

Ela foi pega de surpresa, Frederico foi rápido e num segundo se sentiu sendo beijada fervorosamente. Sentia a necessidade nele, na verdade ela partilhava da mesma de forma excepcional.

Ele se afogava no sabor doce da boca quente que desejou tanto beijar de novo, a mão na cintura prendendo-a colada a ele, a mão na nuca trazendo o rosto delicado cada vez mais perto permitindo a ele explora-la intensamente.

Catarina nunca havia sentido tantas emoções quanto sentiu naquele beijo.

Mesmo ainda estando atordoada e machucada não conseguiu evitar corresponde-lo.

Lentamente Frederico percebeu que a boca dela finalmente recebeu a dele sem restrições, ela deixou-se ser beijada. Os lábios se moldavam, os dele buscando os dela desesperadamente...

Catarina sentia um turbilhão de sensações atropelando-a de uma vez. Seus braços ainda permaneciam soltos ao lado de seu corpo preso ao dele, a confusão que sentia não permitiu que eles se movessem, assim como não a permitiu realmente se afogar na boca dele, como ela infelizmente sabia que desejava.

Frederico notou que ela estava retesada, confusa, mas não conseguiu impedir-se de continuar... Aquilo era como o paraíso para ele. Havia passado uma semana inteira sem nenhum toque dela e agora a queria exasperadamente.

Catarina por sua vez redescobria uma consciência que estava escondida em baixo de todas aquelas sensações... Ela queria sim beija-lo da mesma forma que ele fazia, correspondê-lo à altura, mas seu sistema defensivo estava em alerta. Apesar de deseja-lo com todo o seu ser não queria novamente sentir toda a dor que sentiu quando ele disse que aquilo era errado.

E foi assim que com muita força e pesar colocou suas mãos no peito forte e empurrou-o.

Frederico ficou extremamente surpreso com a reação dela, as mãos pequeninas empurravam-no para longe, ele deu passo vacilante para trás, mas não por causa da força dela, o que com certeza não conseguia faze-lo se mover um milímetro, mas pelo ato em si.

Ele deu outro passo quando percebeu que ela ainda o afastava. Frederico apenas sentiu-a parando quando já estavam a uns três passos de distancia.

Catarina não sabia como havia conseguido, mas ficou orgulhosa por tê-lo. Percebeu que fora a primeira vem em que tocou seu peito e se sentiu triste em constatar que foi para afasta-lo.

Quando se deu conta da rejeição Frederico olhou-a nos olhos pela primeira vez em muitos dias. Viu acima de tudo confusão, mas também notou desejo e muita tristeza.

Não queria vê-la assim, não por causa dele. Isso o matava por dentro.

E como por impulso de consola-la se aproximou mais uma vez... E mais uma vez foi impedido por ela.

-Não... – Ela disse num fio de voz enquanto se afastava um passo dele.

Ele sentiu algo doer nele ao mesmo tempo em que um amargo veio em sua boca. Rejeição.

Frederico desviou seus olhos por breves instantes sentindo aquilo roendo nele, até que novamente olhou-a e viu sua defensiva alerta.

-Você... Você não me quer mais... – Admitiu seus pensamentos em voz alta não saboreando a sensação que veio com isso.

Como diabos ele pode pensar isso?

Catarina estava incrédula e irritada agora. Depois de tudo o que ela passou nessa semana por causa dele... Como podia ainda ter duvidas de que ela o queria?

-Eu não... Você não sabe o que diz! – Declarou séria.

Frederico se surpreendeu com o tom dela. Ela estava brava... Não, estava magoada. Foi o que constatou depois de olha-la intensamente.

-Me desculpe. – Pediu com sincero arrependimento.

Catarina notou a veracidade do apelo e se acalmou instantaneamente.

Frederico pela primeira vez se deu conta da situação em que tinha se metido.

Lá estava ele, louco para toca-la novamente, temendo que ela não o quisesse mais, confuso, extasiado, com saudades imensas... Ele sabia qual havia sido sua escolha, mesmo que a tivesse tomado subconscientemente. Ela estava ali, na frente dele...

Seus “contras” martelavam em algum lugar distante que não podia afetá-lo, não enquanto estivesse com ela e... Bom, ele não queria mais tomar consciência deles, e assim, só via um caminho a seguir...

-O que você quer, Frederico? – Catarina perguntou confusa e afetada.

Ele foi retirado de seus pensamentos com a pergunta dela.

O que diabos você quer, Frederico? Não é óbvio?

-Você... – Sussurrou para si mesmo e para ela.

Catarina petrificou no lugar.

Não, ele não pode fazer isso comigo!

-Não... Eu não... Você... Não é certo! – Ela disse desconexa e extremamente abalada.

Ele respirou fundo. Era complicado para ele. Tinha que se esclarecer... Consigo mesmo e com ela.

-Eu... Eu não me importo... – Disse confuso.

-O que?! – Ela bradou surpresa e exasperada. – Como assim? Desde quando?

Ele evitou rir da reação dela antes que ela decidisse pular em cima dele de um jeito que ele tem certeza de que não gostaria.

-Me perdoe. – Continuou. – Escolhi mal minhas palavras... Eu me importo sim, mas... Mas não de forma suficiente.

Catarina se calou. Não queria se sentir da forma como estava, mas era inevitável... Ali estava Frederico, o homem por quem estava apaixonada, declarando que a queria. Mesmo com milhares de “contras”... Ele a queira.

Ela não queria nunca mais sentir tudo o que a falta dele lhe trouxe, mas também não queria acreditar para depois... Não! Não conseguia nem pensar.

-Até quando? – Ela perguntou triste.

Ele não entendeu.

-Como?

Catarina respirou fundo.

-Até quando você não irá se importar o suficiente para estar comigo?

Ele então finalmente percebeu o receio dela, e se dependesse dele não iria se afastar nem por mais um segundo.

-Catarina, eu... – Disse se aproximando um passo e vendo-a recuar outro, não conseguia suportar ela tentando se afastar então se conteve.

Respirou fundo antes de continuar.

-Essa semana, para mim, foi uma das mais difíceis que eu já passei. – Para mim também, Frederico... – Você... Você não tem ideia do inferno que virou a minha cabeça, o meu humor e o meu tempo!

Catarina escutava a tudo atentamente, bebia cada palavra que ele dizia.

-E tudo isso por sua causa! – Acrescentou admitindo com dificuldade.

-Eu?! – Perguntou surpresa enquanto sorria internamente.

Ele bufou.

-Por quem mais seria?! – Disse irônico.

Frederico respirou fundo e deu passo em direção a ela. Se encontrou sorrindo quando percebeu que ela não recuou.

-Eu senti tanto a sua falta... – Admitiu sem conseguir controlar as palavras. – Eu já lhe disse um milhão de vezes que você é uma menina muito especial e não é mentira. Senti tanta falta da sua companhia, das nossas conversas... Foi um inferno sem você. Creio que dei a pior aula da minha vida sem nossos debates... – Terminou rindo e fazendo com que ela risse junto.

Se aproximou mais um passo.

-E também não posse negar que... Catarina, você despertou alguma coisa em mim que eu não consigo controlar. É frustrante. É uma coisa que me faz te querer... Tanto. Senti falta dos beijos e dos toques...

Se aproximou finalmente quase colando os corpo.

Catarina não retirava seus olhos dos dele.

-Senti falta de você! – Confessou intensamente.

Ela estava congelada.

Não conseguia acreditar no que tinha escutado. Ainda absorvia as palavras dele.

“...você despertou alguma coisa em mim que eu não consigo controlar...”

“...me faz te querer... Tanto...”

“Senti falta de você!”

Ele me quer! Me quer tanto quanto eu o quero! Deus, como eu quero esse homem...

As palavras dele soaram a ela como a mais perfeita declaração de todos os tempos.

Catarina ainda estava receosa, ainda estava confusa, ainda se sentia contrariada... Mas não havia receio, confusão ou contra algum que a impedissem de aceitar e compartilhar das palavras dele.

Se ele a queria ela também o queria! Que o mundo fosse o inferno, só queria estar com ele...

-Por favor, me diz alguma coisa... – Frederico interrompeu os pensamentos dela.

Catarina viu a apreensão e a incerteza na voz dele. Parece um adolescente inseguro...

E foi então que ela decidiu respondê-lo da única forma em que poderia expressar tudo o que sentia.

Catarina se jogou nos braços de Frederico da forma que sempre desejou fazer e foi recebida de uma forma que nunca imaginou que seria.

Ela estava apaixonada e nada mais importava naquele momento...