Foi uma noite atormentada para Frederico. Ele apenas foi pegar no sono quando estava quase amanhecendo; Catarina havia pegado boa parte de sua noite.

Não conseguia tirar da cabeça os acontecimentos dos últimos dias, ela havia passado de uma menina incrivelmente admirável para uma menina incrivelmente admirável e desejável. Maldito dia em que ele a confundira com Ana e a beijara, maldita hora em que comparou as duas, maldita hora em que ela não trancara a maçaneta do banheiro... Maldita testosterona.

Ele se sentia no paraíso enquanto ela estava por perto, ou melhor, colada a ele; mas depois o remorso o destruía por inteiro, era horrível demais. Ele se sentia um idoso se aproveitando de uma menina jovem e inocente, não que ele não soubesse que surpreendentemente ela também o queria, mas ele sabia que as reações dele iam além das dela.

Ela pedia beijos a ele; ele sentia a inexperiência dela, se deliciava com isso enquanto ela saboreava as novas sensações, mas as sensações dele com certeza iam além das dela. Ele era um homem adulto com necessidades que a muito não era supridas, e não um adolescente descobrindo sua sexualidade.

Frederico sentia como se a explorasse, como se estivesse se aproveitando dela. Isso o matava; sua consciência implorava por uma resposta, mas quando a via não conseguia resistir, ela era uma garota extremamente sedutora, não apenas por sua beleza jovem, mas também pelo seu jeito... Ela era...

E ainda havia Ana; sabia que ela o havia traído e sabia também que isso provavelmente estava se repetindo, mas mesmo assim. Ele não era um homem que retribuía um erro com outro, isso era imoral. Ela ainda era sua esposa e fez juramentos quanto a ela, se ela não tinha palavra, pois bem, mas ele tinha... E, afinal, Catarina não era qualquer uma, jamais! Era irmã de Ana e jovem demais para se envolver nessa história tão fracassada deles.

Por Ana ele não acreditava sentir mais nada, realmente, se Catarina não tivesse aparecido na casa ele provavelmente estaria deixando Ana, mas com Catarina tudo mudou...

-Tudo mudou... – Sussurrou para si mesmo.

O problema é que com ela, ele não pensava em Ana ou nada que não fosse aquele desejo por ela... Simplesmente não se importava.

O que diabos ela fazia com ele? Era uma menina incrível, mas deveria ser só isso...

Meu Deus, eu tenho que acabar com isso!

E foi com essa ideia fixa que pegou no sono.

 Catarina foi deitar-se com um enorme sorriso nos lábios. Não acreditava que aquilo realmente estava acontecendo, nem em seus melhores sonhos imaginou algo tão bom.

Frederico era o homem mais maravilhoso que já tinha conhecido, foi exatamente por isso que se apaixonou por ele, mas ela nunca poderia imaginar que eles chegariam a esse ponto, ou melhor, nunca imaginou que ele também pudesse sentir algo por ela.

Mas ele sentia e ela sabia.

Catarina percebeu a mudança na forma dele de agir quanto a ela desde o beijo enganado. E ele admitira para ela, ele queria ela... Aparentemente ela o deixava louco. Será que uma menina como ela podia afetar tanto assim um homem como ele?

Bom, se podia ela tinha que ter certeza, pois toda essa confusão e esses beijos entre eles estavam dando-a esperanças de que ele pudesse realmente gostar dela. E ela amava isso, da mesma forma que amava ser beijada por ele.

Quando sentia sua boca na dele e o seu corpo colado no dele se encontrava no paraíso. Aquele homem adulto desejando-a era tão... Ela nem sabia como explicar. O desejo pelo beijo dele ainda não passara ou diminuíra, pelo contrário, ele acabou despertando novos desejos nela...

Como sentir as mãos dele no corpo dela, o corpo forte colado no seu, acariciando, jogando-a na parede, prensando na mesa...

-Deus... – Ela sussurrou depois de um gemido incontrolado escapar.

Como posso me sentir assim só com lembranças?

Frederico acordou com um raio de sol forte batendo em seu rosto. Ana estava dormindo profundamente ao seu lado.

Levantou-se e esfregou os olhos, olhou para o relógio na cabeceira e viu que já era tarde, quase hora do almoço, bom, era isso que dava ir dormir tarde por ficar pensando em...

Ele apertou fortemente os olhos, ele se lembrava de ter tomado sua decisão e não iria voltar atrás. Tinha que conversar com ela... E o quanto antes melhor. Antes que as coisas fiquem piores...

Frederico entrou na cozinha e viu Rosa no fogão cozinhando o almoço julgando pelo horário., o cheiro estava ótimo.

-Que cheirinho bom, Rosa. – Ele disse com um sorriso verdadeiro iniciando uma conversa.

-Ah, seu Frederico. – Rosa virou-se para ele sorrindo também. – É o almoço, logo estará pronto. Pensei que não iria acordar mais hoje...

Ele riu.

-Bem que eu não queria, Rosa. – Disse pensando em como seria prático.

Rosa concordou com a cabeça e se virou novamente para o fogão.

-Hum... Rosa? – Frederico chamou-a novamente.

-Sim...

-Você sabe onde a Catarina está? – Perguntou o que queria desde o inicio.

-Bom... Procure-a no jardim, seu Frederico. – Ela respondeu.

-Ah, sim... Obrigado. – Agradeceu e logo saiu da cozinha.

Frederico foi em direção ao quintal atrás da casa. Viu a piscina e logo atrás o jardim, e nele uma Catarina deitada de barriga para baixo lendo um livro.

A imagem por si só fazia-o querer desistir. Ela estava com os cabelos caindo pela grama, usava um vestido simples e florido que mostrava bem as curvas do seu corpo, a brisa balançava de vez em quando seu vestido e seu cabelo. Divinamente linda.

Se controla Frederico! Você tem que fazer isso...

E então ele se aproximou dela. Contornou a piscina e foi para o jardim, ela não o tinha visto, mas foi questão de segundos para ela notá-lo se aproximando.

Ela se levantou rapidamente e esperou-o. Ele ficou a uns dois metros de distancia dela, afinal, precisava de uma distancia segura.

Catarina por sua vez se enchia de expectativas a cada passo dele. Ele era ainda mais lindo com o sol, os cabelos claros e lisos brilhavam junto dos olhos, a pele refletindo a luminosidade, os músculos se exibindo enquanto ele andava.

Ele é lindo...

Ela já não conseguia se manter afastada dele, ainda mais assim. Ela queria beijá-lo de novo, e com sua própria certeza sabia que ele também queria e foi com essa certeza que conseguiu certa coragem.

-Catarina, precisamos conversar... – Frederico disse tentando se mostrar sério.

-Tudo bem... – Ela concordou se aproximando. – Mas queria te pedir uma coisa primeiro...

Frederico desconfiou dela se aproximando, mas se conteve.

-O que? – Perguntou intrigado.

-Isso... – Ela disse se aproximando bruscamente.

E quando se deu por si, Frederico notou que os lábios dela estavam novamente contra os seus.