Mind Clock escrita por Metal_Will


Capítulo 6
Capítulo 06


Notas iniciais do capítulo

É. O mundo não acabou..então, vamos continuar com nossa história! XD



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Capítulo 06 - A cética

- COMO É QUE É?! - o espanto de Vanessa foi tão grande que ela mal conseguia segurar o tom de voz. Diego tapou os ouvidos e olhou para os lados. Por sorte, ninguém ligou muito.

- Que parte do não fazer escândalo você não entendeu? - indagou o rapaz - Precisava gritar desse jeito?

- Desculpa...mas escutei você dizer uma coisa muito absurda. Voltar no tempo? Foi isso mesmo que você disse?

- Sim - respondeu ele - Existe um jeito de mandar sua memória de volta para o passado.

 Vanessa ficou alguns segundos em silêncio olhando para Diego com uma cara de admiração. Era óbvio que a garota não estava acreditando em nada daquilo.

- Diego..

- O que foi?

- Quer que eu peça para a inspetora chamar seu pai e pedir que ele te leve a um médico?

 Diego não se admirou, afinal, teve a mesma reação quando seu pai contou sobre o Mind Clock. No entanto, Diego tinha como provar que estava falando a verdade.

- Eu entendo que você duvide - falou Diego - Mas eu posso provar facilmente.

- Como?

- Bom, o sinal já vai tocar agora, não é? - disse o rapaz, olhando para o relógio no celular.

- Vai....mas isso não prova nada.

- A primeira aula será de geografia e o professor irá trazer os trabalhos que fizemos duas semanas atrás corrigidos.

- Ah, você tá chutando.

- Quer apostar?

- Hmm...tá, vamos ver se você está certo mesmo.

  E o sinal tocou. Os dois foram para a sala, sentaram-se em seus respectivos lugares no fundo e, poucos minutos depois, surge o professor de geografia com um grande saquinho cheio de folhas nas mãos.

- Beleza, pessoal. Eu trouxe os trabalhos - disse ele, colocando tudo em cima da mesa. Vanessa recuou um pouco em admiração, mas ainda não estava acreditando muito.

- Eu falei, não falei? - disse Diego.

- Isso...isso não prova nada - falou Vanessa - Você simplesmente chutou.

- Ah, é? E se eu te disser que você tirou 8,5?

- Sou uma ótima aluna. Claro que tiraria uma nota boa - retrucou Vanessa.

- Ah, é? E por que não um 9,0 ou mesmo 10,0? Será que é porque você se esqueceu de falar da parte religiosa dos países da Ásia?

 De fato, Vanessa havia se esquecido de comentar sobre o lado religioso dos países asiáticos no trabalho e ela lembrou que nunca comentou sobre isso com Diego. Ok, agora as coisas estava começando a ficar estranhas.

- C-Como você sabe? - perguntou a garota.

- Eu já disse. Já sei tudo que vai acontecer hoje - disse ele.

- Vanessa, Vanessa Salvi? - chamou o professor. A garota se levantou e pegou seu trabalho com a nota 8,5.

- Seu trabalho tá bom, mas você esqueceu de falar das principais religiões dos países - comentou o professor.

- Ah, é verdade - disse ela - Obrigada, professor.

 Vanessa voltou para seu lugar com uma cara de espanto absurda. Diego apenas sorriu cinicamente.

- E então? Que nota você tirou?

- 8,5 - respondeu Vanessa, sem olhar para ele.

- E por que não tirou 10? 

- Por que esqueci de falar das religiões - disse Vanessa - Como..como você sabia?

- Eu já disse, não disse? Eu me lembro do futuro...isso é, se o futuro já não mudou muito.

- A gente precisa conversar! Urgentemente! - disse ela, com um olhar bastante espantado.

- Relaxe - disse ele - A próxima aula será vaga e um professor eventual vai dar uma atividade para fazermos em dupla. Poderemos conversar à vontade.

 E, de fato, foi o que aconteceu. O professor da segunda aula havia faltado e um substituto passou uma atividade para ser feita em duplas. Mais uma previsão exata de Diego. Vanessa começou mesmo a suspeitar de alguma coisa. 

- Então...você pode mesmo prever o futuro? - perguntou ela.

- Bem...eu sei que é difícil de acreditar - disse ele - Mas você sabe que meu pai é um inventor, não sabe?

- Sim - respondeu a garota - Lembro até hoje do fiasco daquele shampoo que muda a cor do cabelo...e eu achando que ele fez mesmo um shampoo que superaria qualquer um do mercado.

- Mas pelo menos o fator anti-queda funcionou, não funcionou? 

- E deixou meu cabelo quase rosa!

- Ele poderia ter ficado mais rosa, olhe pelo lado bom.

- Gosto de ficar com o cabelo colorido, mas não daquele jeito. Tsc. Tá, mas voltando ao assunto...seu pai fez uma máquina do tempo? É isso?

- Sim, é isso - disse Diego, enquanto respondia todas as questões da atividade sem o mínimo de esforço - Mas não é uma máquina do tempo comum. É uma máquina capaz de mandar suas memórias para o passado.

- Não vou nem perguntar como ele fez isso...

- Tem toda uma explicação - disse Diego - Mas não vale muito a pena perder tempo com isso. O importante é saber que funciona, embora só tenha funcionado comigo.

- Não deu certo com o seu pai?

- Não. Ele tentou, mas não funcionou.

- Por que não?

- Não sei, mas acho que ele não consegue passar as memórias dele para a máquina. O sistema, na verdade, é bem simples. Você faz download das suas lembranças em um celular e envia todas elas para o passado.

 Vanessa começou a pensar na plausibilidade de tudo que Diego falava. Mas ela não era do tipo que aceitava informações com tanta facilidade e claro que ela iria fazer muitas perguntas.

- Tá...tá bom, vamos supor que isso funcione mesmo - disse Vanessa - Nesse caso, você é a única pessoa que leva vantagem nessa história.

- Como?

- É claro! Se acontecer uma calamidade no mundo é só você usar essa máquina e escapulir para o passado. E o resto do mundo que se ferre. Essa é uma coisa que eu sempre me perguntei em viagens do tempo: não adianta voltar ao passado e mudar alguma coisa. Quando você muda o futuro, a linha do tempo muda e a linha de tempo anterior continua a mesma porcaria.

- Pela teoria do meu pai, não - falou Diego - Parece que uma leve alteração no passado é suficiente para fazer o universo apagar todo o futuro a partir do ponto em que teve a alteração no passado e começar a traçar a linha de tempo a partir dali. É como apagar uma bobagem que você digitou e voltar a escrever a partir do ponto que deu errado. Então quando eu mando minha memória para o passado, o futuro todo é apagado a partir do ponto em que elas voltaram...e a linha do tempo continua de modo que eu saiba o que irá acontecer.

- Hmm. Muito conveniente - disse Vanessa - Então quer dizer que já ocorreu algo no futuro e tudo foi apagado?

- Exatamente.

- Então isso evita aquela história de você voltar para o passado para matar seu avô, não é?

- Se isso for mesmo verdade, então podemos fazer muita coisa - disse Vanessa, agora em tom baixo, porém empolgado - Podemos voltar para a época da Segunda Guerra Mundial e matar o Hitler! 

- Infelizmente, eu só posso usar a máquina para mandar as lembranças para um dia no passado - respondeu o rapaz.

- Ah, é? Não tem problema. Use a máquina várias vezes até voltarmos naquela época!

- Tem ideia da dor de cabeça que dá quando você usa essa máquina? Eu morreria antes mesmo de voltar uma semana no passado! - reclamou Diego - E além disso, as memórias voltam necessariamente para minha cabeça. Como eu ainda não tinha nascido na época de Hitler, elas não teriam para onde voltar.

- E o que aconteceria nesse caso? Você mandar suas memórias para uma época em que você não existia?

- Nunca pensei nisso...mas acho que a máquina simplesmente não funcionaria. As memórias se perderiam além do espaço-tempo ou algo assim...ou, na pior das hipóteses, iria parar na mente de alguma pessoa aleatória.

- Se reencarnação for uma realidade, talvez pararia na mente da sua vida passada - ponderou Vanessa, com uma cara pensativa.

- Aí já é viagem demais - retrucou Diego.

- De qualquer forma, isso tudo tá muito bem contado - reparou Vanessa - Como posso saber se não é uma pegadinha sua junto com todo mundo da escola?

- E por que eu faria isso? Eu nem tenho amizade com outros alunos além de você!

- Não sei...talvez alienígenas tenham mesmo te controlado...

- Fala sério...você consegue acreditar em ETs, mas não acredita em viagens no tempo?

- Mas se for verdade, isso é o máximo, Diego! Dá pra saber tudo que vai acontecer...se você for mal em uma prova, pode simplesmente voltar no dia anterior e refazê-la! Fantástico!

- Não é?

- Então era por isso que você estava tão confiante hoje de manhã, não é? - perguntou Vanessa, em um tom mais malicioso - Já sabia que ia falar com a Bianca sozinho, né, safado?

 Diego observou Bianca do outro lado da sala, fazendo o mesmo trabalho com uma menina. E claro que ele desviou o olhar antes que ela percebesse

- B-Bem...precisa aproveitar a oportunidade, não é?

- Mas mesmo assim você só conseguiu permissão para adicioná-la numa rede social! Sua volta ao passado não foi de grande ajuda.

- Ter um contato com ela já é de grande ajuda - falou Diego - Agora, é só continuar investindo...e, qualquer erro, basta usar o Mind Clock de novo.

- Mind Clock?

- É. É o nome da máquina. Mind Clock, ou o Relógio da Mente. 

- Você disse que é uma máquina portátil. Ela tá aí com você?

- Não, não está. Preciso refazer a conversa com o meu pai e dar um jeito de ele deixar eu pegá-la para mim - lamentou Diego, lembrando de todo o papo que teria de suportar para conseguir ficar com o Mind Clock para ele.

- Sério? Sei não...acho que só vou acreditar quando dar uma boa olhada nessa maquininha com esses olhos que a Terra há de comer!

- Mas todas as minhas previsões deram certo até agora, não deram? - lembrou Diego.

- Éééé...seria difícil alguém ter tanta sorte. E você tem mais alguma previsão?

- Hmmm...daqui a pouco o professor vai dar uma bronca naquela menina por ela estar falando muito alto - disse Diego, apontando para uma garota aleatória da sala.

 De fato, foi o que aconteceu. 

- Você podia ter chutado isso também - falou Vanessa.

- Caramba, você não acredita em nada mesmo, heim? - reclamou Diego - Isso é tudo que eu posso te falar. Se eu voltar ao passado, você não vai acreditar de novo!

- Então faz o seguinte...dá um jeito de arranjar esse Mind Clock e volta ao passado amanhã à noite.

- Amanhã?

- É. Amanhã é sábado. É só você ver tudo que acontecerá no sábado, voltar ao passado e me contar tudo. Se eu confirmar todas as previsões, aí talvez eu comece a acreditar.

- Hmmmm...tudo bem. Mesmo porque eu quero poder voltar no tempo tendo sempre posse do Mind Clock.

- Então, combinado.

 Diego concordou. Ele já havia conquistado pelo menos a simpatia de Bianca. Agora era questão de desenvolver o relacionamento. Quanto ao Mind Clock, Diego só precisava fazer seu pai permitir que o rapaz ficasse com ele. Isso garantiria total controle da situação. E se Vanessa acreditasse, ter a colaboração dela seria muito útil.

- E será que eu posso usar esse Mind Clock? - perguntou Vanessa.

- Eu não sei - disse Diego - Mas é melhor que só eu use. Afinal, seria mais difícil você usá-lo de novo.

- Tá bom, então só você quer se divertir, não é? Se eu pudesse usar, aprontaria um monte durante o dia e depois era só voltar ao passado pra arrumar tudo.

- É que com o meu pai não funcionou, não sei se funcionaria com outra pessoa.

- Tá, tá, Diego - falou Vanessa - Eu ainda nem acredito se isso tudo que você falou é verdade mesmo, por mais bem contado que seja. Vou esperar até amanhã.

- Tudo bem.

- Mais uma coisa - disse Vanessa em tom sério.

- O que é?

- Se você fizer sexo hoje e depois voltasse ao passado, você ainda seria virgem? - perguntou Vanessa.

- Não me faça perguntas difíceis! - retrucou Diego ruborizado, embora tenha achado que isso daria um roteiro interessante de filme pornô. 

  De qualquer forma, agora os planos de Diego envolviam garantir a posse do Mind Clock. Será que ele vai conseguir?


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Notas finais do capítulo

Ainda tem muita confusão pela frente. Aguarde os próximos caps.
Até! ;)