Mind Clock escrita por Metal_Will


Capítulo 3
Capítulo 03


Notas iniciais do capítulo

E trago aqui mais um capítulo de Mind Clock!



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Capítulo 03 - Funciona!

  Após uma viagem mental extremamente densa com seu pai, Diego não estava a fim de pensar em muita coisa. Foi para o seu quarto, pegou seu game portátil e passou a tarde jogando, sem tentar pensar em mais nada. Mesmo assim, embora sua mente não estivesse mais interessada em teorias malucas, o coração dele estava ansioso, afinal, ele havia, finalmente, conversado com a garota por quem estava apaixonado! E agora? Como faria para se aproximar de Bianca Fado de novo?

"Eu falei mesmo com ela", pensou Diego, deixando seu jogo um pouco de lado para deitar-se na cama, olhar para o teto e lembrar com detalhes da seu primeiro diálogo com a pessoa amada. A questão é: mesmo que ela tenha sido gentil e mesmo que ela não visse mais Diego como um simples garoto invisível, isso não significava muita coisa. Ele ainda precisava se aproximar dela com intenções mais claras, e quando dizemos intenções claras, estamos pensando em um jeito de dizer que estava a fim dela, ou seja, uma das missões mais difíceis para qualquer tímido, nerd, não muito atraente, vítima de acne, desajeitado, sem traquejo social, roupas fora de moda, e...opa, não precisa olhar com essa cara, Diego...o que queremos dizer é que deve ser difícil.

- É muito difícil! - exclamou Diego, agora se esparramando na cama - Quando terei outra oportunidade de falar com ela? E se ela já gostar de outras pessoa? E se ela aceitar ir ao cinema comigo e eu perder o ingresso na última hora, ela me achar um imbecil, publicar isso na Internet, me fazer de palhaço da turma e me impedir de ter sucesso com qualquer outra mulher pelo resto da minha vida?! Isso é possível!

 Percebam que Diego é uma pessoa bastante preocupada com o futuro. Após ponderar essas coisas, o rapaz se levantou, ligou o computador e começou a planejar suas próximas ações.

- Tudo bem, tudo bem - disse ele - Não deve ser tão difícil assim criar uma simulação de computador que reproduza todos os diálogos entre mim e a Bianca...assim eu posso pensar na melhor investida. O ideal para isso seria ter uma opinião feminina.

  Diego mandou uma mensagem para Vanessa que, após alguns instantes, retornou para ele via chat.

 "Fala, Diego!", era a mensagem na tela.

 "Vanessa", digitou ele, "Preciso que me fale todos os traços de personalidade que a Bianca tem"

 "Mas eu nem conheço a menina direito!"

 "Ah, use sua intuição feminina. Preciso do máximo de dados possíveis!"

 "Dados?"

 "É", digitou Diego, "Preciso criar um algoritmo que me dê todas os diálogos possíveis com a Bianca"

 "Você me fez interromper minha partida de RPG Online pra falar uma bobagem dessas, Diego? Pelo amor, né? Amanhã, na escola, a gente conversa. Tchau!"

- Vanessa? Vanessa? - mas ela já estava offline. Fazer o quê? Por mais que Vanessa gostasse de coisas fora do comum, ela preferia muito mais colocar a mão na massa do que ficar teorizando. Já Diego era bem mais calculista e detestava correr riscos.

"Já vi que ela não vai me ajudar", pensou o rapaz, "Agora tudo que me resta é imaginar a personalidade dela e programar sem muito rigor...tsc...tudo bem, é só me concentrar um pouco e..."

 Mas em tempos de Internet é cada vez mais difícil se concentrar em uma tarefa só.

- Ah...só uma olhadinha naquele site não vai fazer mal - disse Diego, abrindo outra aba no navegador - Hahahuaha! Esse vídeo é muito engraçado!

 Duas horas depois.

- Droga! Não fiz nada do software ainda! Assim não dá! - reclamou ele, começando a digitar algumas linhas de código só naquela hora - Mas...mas...acho que a Vanessa tem razão. É bobagem querer programar algo assim com um número tão baixo de dados. Preciso observar a Bianca com mais calma e aí sim começar a desenvolver a simulação. Enquanto isso...acho que vou procurar dicas de como se aproximar de garotas na Internet.

- Diego! - chamou Alberto.

- Eu! - respondeu ele.

- Diego! Já colocou o lixo pra fora? - perguntou Alberto.

- Ah, pai, não era o seu dia hoje?

- Claro que não! É o seu dia! Tá tudo aqui marcado no calendário! - retrucou o pai dele - Pode levar agora. Daqui a pouco o caminhão do lixeiro tá passando!

"Droga", ralhou o rapaz, mas fazia parte da divisão de tarefas da casa. Diego levantou, se espreguiçou e desceu para levar o lixo para fora. Após colocar todos os sacos (com o lixo devidamente separado, claro), Diego passou pela salinha do "laboratório" de seu pai. Reparou que a porta ainda estava aberta.

- Pai! - gritou ele - Você deixou a porta da sua sala aqui embaixo aberta!

- Ah! - respondeu Alberto - Tranca pra mim?

- Tudo bem - gritou Diego. Eles realmente tinham uma boa comunicação. Bem que Diego podia levar isso para o dia-a-dia também. 

   Antes de fechar a parta, o rapaz observou mais uma vez a salinha e viu que o celular tijolo, a suposta "máquina do tempo" de seu pai ainda estava ali em cima. Ele começou a se lembrar de toda a conversa maluca que teve com Alberto naquela tarde e riu-se do absurdo de toda a história.

- Máquina do tempo. Haha. Só o meu pai pra viajar numa história dessas - falou Diego - Se pá, era tudo pegadinha dele. Só pode. Olha só essas contas.

   Diego pegou as folhas e tentou olhar mais uma vez para os cálculos do pai. Era tudo tão complicado e fora da ciência atual que nem mesmo um físico profissional entenderia aquilo tudo.

- Mas que o cara é um gênio, ninguém pode negar - disse Diego, ainda rindo de si mesmo. Ele ajeitou os óculos, seguiu para a porta, fez que iria apagar a luz, mas, recuou por um instante.

"Máquina do tempo?", pensou ele, "Se eu colocar um plug do fio na testa, posso fazer download da minha memória para o celular...é muita maluquice."

 Apesar de não acreditar em nada daquilo, Diego resolveu fazer o teste. Ora, seu pai já havia dito que foi um fracasso, mas o rapaz achou divertido que fosse verdade.

"Então eu coloco...", pensou ele, colocando uma das extremidades do fio do aparelho em sua testa. "Agora eu me concentro e faço o download. Heh. Que bobagem!"

 Mas, para espanto de Diego, ao contrário do que seu pai havia feito na demonstração, não ocorreu mensagem de erro. O download da memória do rapaz foi efetuado com sucesso e teve até uma mensagem de êxito no final da operação.

- Hã? - Diego arregalou os olhos ao ver o que aconteceu - Fala sério..

  Apesar de cético, Diego não podia negar que a mensagem "Download de memórias efetuado com sucesso. Deseja enviar 24 horas atrás?" estava bem ali, diante de seus olhos.

- Deve ser piada do Albertão - balbuciou Diego - Agora tenho certeza que é pegadinha! Ele deve ter feito aquela mensagem de erro aparecer de propósito para ele, só para eu achar que não funciona, vir aqui, testar, ver que dá certo e leva um susto.

  Essa era a explicação mais plausível que Diego conseguia achar.

- Agora aposto que se eu confirmar que quero enviar minha memória, ele vai dar algum sinal e aposto que meu pai vai aparecer aqui caçoando de mim. Hehe! Aposto que é isso! - Diego estava mesmo achando que era um trote - Ah, mas isso não vai ficar assim!

 O rapaz subiu com um sorriso confiante e chamou seu pai na mesma hora.

- Muito bem, pai, qual é o truque? - falou ele.

- Truque? Do que está falando? - perguntou Alberto.

- Desse relógio aqui, que você chama de Mind Clock! - falou Diego - É tudo pegadinha, né? Eu já saquei tudo!

- Como assim? Não tô entendendo nada do que está falando...

- Para mim não deu mensagem de erro nenhuma quando eu fiz o que você mandou - disse ele, mostrando a tela de download efetuado com sucesso para Alberto. O cientista ficou tão atônito que caiu para trás com cadeira e tudo.

- F-F-Filho...você...conseguiu fazer o download?! - o pai estava mesmo espantado.

- Deixa de teatrinho - falou ele - Máquina do tempo uma ova. Você inventou tudo aquilo pra pregar alguma peça em mim, né? Mas eu não sou tão burro assim, não!

- Não é peça nenhuma, Diego! - exclamou Alberto - Você conseguiu passar sua memória para o Mind Clock de verdade! Incrível! A sua mente deve ser diferente da minha, ou algo assim, mas...funcionou! Funcionou mesmo!

- Ah, pai, fala sério! Tá na cara que isso é algum truque seu! Tá legal, criar um dispositivo que detecte atividade mental quando coloco o plug na testa não é difícil pra você...é tudo um truque! Até parece que isso funcionaria!

- Bem...o download funcionou! - disse Alberto - Agora...será que você consegue enviar?

- Ah, tá, até parece que eu vou clicar em Enviar e levar um choque ou algo assim. Você armou algo, não armou?

- Já falei que não armei nada! Vai, Diego, envia! Se a minha teoria estiver certa, assim que você apertar o botão, o Universo vai mudar completamente! Tudo voltará a ser como era um dia atrás, mas você vai lembrar de tudo!

- Boa tentativa, pai, mas eu não vou cair no seu truque - falou Diego - Admita que é tudo uma pegadinha. É melhor assim!

- Aperta logo a droga do botão! Precisamos saber se isso funciona ou não...quer dizer, é você quem vai saber! Vai, aperta logo!

 Alberto parecia nervoso, nervoso demais para ser só uma pegadinha. Diego, pela primeira vez, começou a levar aquilo a sério.

- Nossa, pai, nunca pensei que você fosse um ator tão bom. Do jeito que fala, parece mesmo que é sério...

- É sério, animal, aperta logo esse botão!

- Quando eu apertar, vai acontecer alguma coisa pra me fazer de bobo...nem pensar - recusou Diego.

- Diego..aperta logo a droga dessa botão ou eu tomo o Mind Clock de você e aperto!

- Nem ferrando.

- A sua memória está armazenada aí no celular, Diego. Se você conseguir mandá-la para o passado, confirmará que o Mind Clock funciona e poderei seguir com meus estudos nele e aprimorá-lo! Você tem o dever científico de apertar esse botão!

- Tá achando que eu sou trouxa, é? Até parece que eu vou ser besta de apertar o botão assim e...ops!

 É, na confusão, Diego acabou apertando Enviar sem querer, ou talvez parte dele também estivesse curiosa e queria ver se funcionava ou não.

- Apertou? Apertou? Hahuahha! Sim, sim, assim que toda a sua memória for enviada para seu eu do passado, o Universo mudará! Diego, nos vemos ontem!

- Ah, tá, até parece que vai dar certo, até parece que é só eu fechar o olho que estarei no passado assim que abrir. Deixa de brincadeira, pai, eu...pai?

 Mas, de fato, Diego fechou o olho por um instante de tempo e, assim que o abriu, se viu no seu quarto. O que havia acontecido?

- Pai? E..argh! - o rapaz caiu no chão com uma dor de cabeça monstruosa - Ai, minha cabeça! Preciso de uma analgésico urgente!

 No entanto, a dor durou apenas alguns instantes. Ela sumiu logo e o rapaz finalmente pode raciocinar sobre o que havia acontecido.

- Estou...no meu quarto - disse ele - Com outras roupas...e meu pai sumiu...eu estava conversando com ele..ou será que não estava? Peraí...essas são as roupas que eu estava vestindo ontem.

 Diego foi tomado de um imenso temor ao perceber que, talvez, o mais improvável tivesse ocorrido. Ele se apressou em olhar para seu computador que estava ligado e conferiu a data. E, de fato, estava marcando 08 de novembro de 2012. Exatamente um dia antes. 

- Fala sério... - balbuciou o garoto - ...tá querendo me dizer que... o Mind Clock funciona mesmo?


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Notas finais do capítulo

Agora a história começa de verdade! Aguardem os próximos caps!
Até! ^^