Mind Clock escrita por Metal_Will


Capítulo 16
Capítulo 16




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Capítulo 16 – Choque

Diego não conseguia absorver toda aquela quantidade de informação facilmente. Ninguém conseguiria. Ele até podia saber que viagem no tempo era possível, mas daí acreditar que Vanessa veio do futuro e deu o Mind Clock para ele..aí, já era demais.

-Parabéns – disse Diego, batendo palmas.

-Parabéns pelo quê? - estranhou Vanessa.

-Você devia mesmo escrever um livro. Nunca ouvi uma história tão fantasiosa na vida – disse Diego – Até parece que vou acreditar nisso.

-Você usa uma máquina do tempo e não consegue acreditar que eu vim de um futuro distante?

-Como posso saber que tudo isso não é uma grande piada? - falou Diego – Você é uma fanfarrona, Vanessa. Uma brincadeira dessas não seria novidade vindo de você.

-Não quer acreditar, heim? Bem, na verdade, não precisa. É até melhor assim.

-Como?

-Tudo que eu quero é que você pense nisso e não se entregue à desilusão. Sei lá, continue usando o Mind Clock eternamente para tentar ficar com a Bianca, mas não se deixe cair na desilusão. O destino da humanidade depende disso.

-Nunca ouvi tanta besteira na minha vida! Até parece...eu criar uma poção do amor rejuvenescedora. Tudo para ganhar todas as mulheres do mundo porque uma única garota não quis ficar comigo. Só um maluco faria isso.

-Do mesmo jeito que só um maluco voltaria no tempo para querer conquistar essa menina – disse Vanessa, enquanto Diego desviava o olhar após ouvir essa última frase – Ouça, Diego, você controla o destino do mundo. Se desistir de Bianca, não caia em uma desilusão amorosa!

-Tudo veio da minha desilusão, então? - perguntou Diego – Então, bastaria que eu ficasse com Bianca para não tê-la, certo?

-Ou arranjar outra garota antes que fique louco – disse a amiga – Olha, isso não é só pelo seu bem, é pelo bem da humanidade!

Diego esfregou os olhos, ainda descrente de tudo aquilo. Nunca imaginou passar por algo tão absurdo. E ele pensando que a invenção de seu pai era a coisa mais esquisita que poderia acontecer em sua vida...e, ao pensar nisso, Diego arregalou os olhos na mesma hora.

-Meu pai!

-O que tem seu pai?

-Ele sabe dessa história?

Vanessa fez que sim com a cabeça.

-Fui eu que pedi para ele te entregar o Mind Clock – falou ela – Isso te daria mais confiança, caso levasse um primeiro fora. Poderia repetir as cenas inúmeras vezes. O futuro nunca chegaria ao ponto de você enlouquecer.

-E ele acreditou em você?

-Por alguma razão, sim.

-”Por alguma razão”? - perguntou Diego – Não achou estranho ele acreditar nisso tão fácil?

Vanessa parou para pensar em alguns instantes.

-Pensando bem...ele não me questionou muito e aceitou a situação bem rápido – disse ela, com uma cara mais reflexiva – Talvez pelo fato de eu já saber que ele tinha planos de construir uma máquina do tempo...como eu poderia saber? Talvez só vindo do futuro. E o seu pai é meio louquinho, você sabe, né? Não é à toa que você tem chances de virar um cientista maluco e...

Diego praticamente socou a mesa com uma expressão de raiva.

-O velho do Alberto...sabe mais do que a gente pensa.

-Hã? Como assim? - estranhou Vanessa – Agora eu que quero saber no que você tá pensando.

-Vou considerar que toda essa história que você contou seja verdade – falou Diego – Se for, o meu pai também deve ter um rabinho preso nisso.

-Como poderia? Só as minhas memórias foram enviadas ao passado, pelo menos de acordo com o que eu sei.

-Aí que está...de acordo com o que você sabe! Depois de ouvir tudo isso e sabendo que meu pai acreditou na mesma hora...algo me diz que até a história de que esse Mind Clock só funciona comigo é mentira.

-Ele deve ter inventado alguma coisa sabendo do que eu contei – falou Vanessa – Não precisa ficar bravo com ele e...

-Não, você não está entendendo – Diego se levantou e começou a andar ao redor da mesa de braços cruzados e expressão pensativa – Estou dizendo que o meu pai deve saber mais até do que nós dois.

-Acha que ele já voltou no tempo antes? - perguntou Vanessa.

-Ele é mais velho do que nós, mais inteligente e...principalmente mais louco – ponderou o rapaz – O Mind Clock deve ter funcionado com ele. É isso! Ele já deve ter testado e duvidado da sua história na primeira vez que você o visitou.

-Hã?

-Mas depois de ter testado o Mind Clock, ele viu que viagens no tempo mentais são possíveis e por isso confiou na sua história. É...é bem possível.

-Não posso provar nada – disse Vanessa – Nem sei se entendi isso aí direito, mas não acho que seja impossível...eu devo ter entregado o Mind Clock para ele na linha de tempo anterior, daí ele testou e só depois o recebeu com facilidade. Mas eu lembro que ele aceitou a história com muita facilidade!

-É...é isso. É difícil saber quando a pessoa é um viajante do tempo ou não. Eu mesmo nunca suspeitaria de você. E você também nunca sabe quando usei o Mind Clock ou não. Meu pai deve ter usado o Mind Clock e ficou fazendo aquele teatro todo.

-E o que você pretende fazer? - perguntou Vanessa.

-É óbvio, não? - falou o rapaz – Vou falar com o meu pai.

-Vai?

-Ou melhor...vamos falar com o meu pai – corrigiu o garoto – Você também vem junto, bonitona. Quero ouvir a versão dele disso tudo.

-Claro, posso passar na sua casa lá pelas cinco horas?

-Esteja lá.

Os dois se despediram, enquanto Diego caminhava até sua casa com mistos de raiva, revolta, confusão e dúvidas. Muitas dúvidas. Raiva e revolta por nunca conseguir impedir Ciro de entregar o bilhete para Bianca. Dúvidas porque toda aquela papagaiada que Vanessa contou era surreal demais para acreditar. Mesmo assim, para um mundo onde mandar sua mente para ontem é possível, uma viagem no tempo mais longa também seria. E que história era aquela de poção do amor rejuvenescedora? Ele queria pegar todas as novinhas do mundo para sempre? Em que tipo de monstro estranho ele se transformaria? Diego balançou a cabeça e tentou manter a calma. Torcia para tudo aquilo ser uma pegadinha do seu pai com Vanessa (era bem possível que Vanessa inventasse uma peça bem elaborada como aquela), mas, no fundo, ele estava achando que Vanessa estava certa. Era muito irônico: ele se achava o mestre do tempo, mas Vanessa veio de um futuro ainda mais longínquo. E agora?

Naquele dia, Alberto ficaria na universidade até umas cinco e meia. Vanessa chegou às cinco conforme o combinado. Os dois esperaram a chegada de Alberto na sala, sendo que Diego não estava com uma cara nada boa.

-Ele tá demorando, né? - perguntou Vanessa, enquanto tomava uma água, já há mais de uma hora na casa de Diego.

-Deve ter passado no mercado – respondeu Diego.

-Ainda não acredita?

-Pior que isso – disse ele – Estou começando mesmo a acreditar...

Nisso, se ouviu o som de alguém mexendo no portão. Alberto havia chegado.

-Ufa! Desculpe a demora! - falou ele, deixando algumas sacolas de compras em cima da mesa – Mas eu passei no mercado. Trouxe chocolate, salgadinhos e...opa, a Vanessa está aí. Como vai?

Vanessa acenou. Já Diego, foi direto ao ponto.

-Pai

-O que foi, filho? Algum problema.

-Precisamos conversar...

-Conversar?

-Sim...conversar...sobre o futuro.

-Decidiu o que quer fazer na faculdade? - perguntou ele.

-Não é desse futuro que estou falando – disse ele – E sim do futuro que a Vanessa viu!

Alberto olhou para Vanessa que apenas acenou positivamente com a cabeça.

-Desembucha, pai – falou Diego – O que o senhor sabe que eu não sei?

Será que ele sabia mesmo alguma coisa?


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