Capítulo dois

Fairbanks, segunda feira à noite, Hanna tinha razão, quase tudo em mim havia mudado, eu não saia mais, não me divertia, eu passava horas escrevendo, lendo, e principalmente estava solitária... Até a minha paixão que eram os esportes havia mudado, eu havia saído do Atletismo, do Vôlei, e não levava mais jeito como líder de torcida... O mundo não dava mais suas voltas ao meu redor, ele estava longe, as folhas desse mundo eram murchas, tristeza em todos os centímetros quadrados, lagos sem oxigênio, o mundo que girava ao meu redor era... Sem vida.

–Bom... Já que não vai haver mais festa graças ao incidente com a Nathalie, o que vamos fazer hoje à noite? Perguntava Hanna empolgada.

–Olha com licença garotas, estou muito cansada e não estou a fim de sair hoje. Respondi.

Eu andei, andei, andei, sem olhar para trás. Onde estava aquela garota hoje de manhã? Empolgada com o primeiro dia de aula... Vamos resumir, foi uma catástrofe! Nathalie está por um fio da morte no hospital, aquelas manchas de sangue apareceram na minha blusa enquanto supostamente eu estava desaparecida, tenho certeza... Que se passaram 20 minutos, não foras 3 horas de jeito nenhum, e o pior é que podem pensar que fui eu que tentei assassinar Nathalie, graças a miseras manchinhas vermelhas na minha roupa, mas o mais marcante de hoje, foi Nicholas, não vou descansar, até que ele seja meu!

–Olá gatinha... Disse uma voz grossa, desconhecida.

–Vem se divertir com a gente, você vai gostar! Disse outra voz, um pouco mais fina vinda do beco sem saída, úmido, estreito e sem iluminação.

–Desculpe, tenho que ir para casa. Respondi apreensiva.

–Ah não se preocupe, eu lhe dou uma carona.

–Não, eu não estou interessada. Disse firme.

Eles se aproximaram e começaram a me tocar, na minha coxa, até os meus seios, eu estava com medo...

–Pare, eu disse para parar! Gritei o mais alto que pude. Eu estava com raiva, ódio, medo com o que eles queriam, e o que poderiam ter feito comigo naquela noite, mas algo aconteceu... Eles começaram a incendiar, os dois rapazes, caíram no chão... Gemendo de dor, eles gritavam, eles estavam sofrendo dolorosamente, eu os deixei lá, virando pó. Pôr um momento eu gostei daquilo, mas depois senti culpa, como eu poderia ter sentido culpa? Eles estavam sendo repulsivos, estavam pensando coisas horríveis, poderiam ter me matado, mas para mim foi ao contrário, eu era mais perigosa que eles, e nem eu sabia disso... Até agora.

Fairbanks terça feira,

“Querido diário, estou escrevendo hoje porque não consigo dormir, nada de novo aconteceu, são exatamente 04h30min da manhã, e eu só posso pensar agora, aonde o sol se escondeu, uma madrugada fria como essa, e já tem pássaros cantando, eles não se importam com a vida que levam, eles só servem a mãe natureza até o último dia que lhe restam.”

–Olá Nicholas, Quero dizer... Como vai Nicholas? Disse para mim mesma na frente do espelho.

O que eu estava tentando fazer afinal? Só estava sendo uma idiota. E sobre ontem... O que houve comigo, tenho certeza que fui eu que matei aqueles rapazes, magia? Ou melhor, uma feiticeira? Ah não acredito nessas besteiras... Por favor, Ester, você não é, e não existem coisas sobrenaturais.

–S. R. Merryweather? Disse.

–Sim Ester... Dúvidas nas lições de História? Ele perguntou.

–Não... Eu só queria me desculpar por ontem. Disse esperando uma resposta.

–Perdoada. Bom é melhor eu entrar, a aula já vai começar. Ele respondeu.

–Tudo bem... Eu estava procurando alguém, qualquer pessoa com quem eu pudesse conversar agora seria ótimo, Nicholas, andando pelo corredor, o cabelo dele era perfeito, amendoados, balançando conforme o vento soprava, olhos azuis, onde nem o Pôr do Sol conseguiria ser mais belo, eu só tinha olhos para ele.

–Olá Ester, fez o que na noite entediante e perigosa ontem?

–Desculpa, do que está falando? Tentei disfarçar, o que ele quis dizer com noite perigosa? Será que ele sabia...Como? Impossível!

–Ah qual é? Nós dois sabemos o que você andou fazendo, ih, olha a hora, não posso me atrasar para a aula de artes, até... Disse Nicholas, indo em direção ao final do corredor. Antes de entrar na classe, ele se virou e piscou para mim. Sim, eu estava confusa.

A aula de francês estava ótima, eu adorava francês, uma das minhas matérias preferidas, minhas notas eram excelentes, e para meu último ano no colégio, elas precisavam ser...Perfeitas!

O sinal havia tocado, porém não era o sinal comum que tacava todos os dias, era o alarme...sim, alarme de incêndio. -Atenção alunos, vamos fazer uma fila e sair em ordem, a fileira de carteiras da Srta. Field primeiro por favor.

Levantei cautelosamente. Assim que sai da classe, algo havia pegado no meu braço, fechei os olhos e em menos de um segundo estava em uma montanha na floresta perto da escola.

–Oh meu Deus... Quem é você? Perguntei assustada.

–Não temos tempo para perguntas, precisamos de você! Disse o garoto, um pouco mais velho que eu, olhos azuis da mesma tonalidade dos olhos de Nicholas, só que em vez de ter cabelos loiros, ele havia cabelos castanhos, ele me parecia... Familiar...

–Solte ela Andrew. Disse Nicholas, chegando em uma velocidade incomum.

–Me obrigue. O garoto, provavelmente como Nicholas disse, se chamava Andrew.

–Olha, Ester.... Antes que Nicholas pudesse terminar de falar, Andrew o interrompeu.

–Haha, eu explico tudo priminho. Disse Andrew. Primos, eles eram primos. Pensei.

–Então explique por favor. Disse Nicholas.

–Ester, vamos direto ao assunto, você é uma bruxa, e precisamos de você, você é a única que pode nos ajudar. Afirmava Andrew.

–Oi? Olha você só pode ter bebido, ou está drogado. Primeiro você me traz para essa montanha isolada, e ai me diz coisas estranhas, e agora você é primo do Nicholas, olha nem te conheço ok?

–Vamos contar a outra parte, em que me torno o malvado da história. Disse Andrew.

–Ela não pode, e nem precisa saber disso Andrew! Disse Nicholas.

–Uma hora ela iria descobrir mesmo Nicholas. Bom, quando você foi tomar o ar fresco, ontem... Eu tentei te sequestrar, só que ai Nicholas, sendo Nicholas estragou tudo! Ele te hipnotizou, e forçou você a esquecer, eai na sua cabecinha de "maionese" você achava que só tinham se passado 20 minutinhos. Hoje eu ativei o alarme de incêndio e te trouxe até aqui. Agora vamos logo, vamos nos atrasar para o voo. Disse Andrew me puxando, como se estivesse me levando a algum lugar.

–Voo? Não vou a lugar nenhum com vocês. Disse puxando meu braço das suas mãos.

–Olha, eu odiaria ter que te forçar a ir com a gente, então.. Colabora tá "filhinha"? Disse Andrew.

A força deles era absurda, a velocidade incomum, isso parecia com filmes sobrenaturais horríveis que eu assistia na TV.

–Afinal, quem são vocês?

–Sou um vampiro. Os dois responderam ao mesmo tempo.