Capítulo 3 – Pós-fracasso.

“Todo mundo vale mais do que os próprios erros e fracassos.”

- Lucy! – escutei alguém me chamar ao longe.

Havia vozes. Varias vozes, não consegui identificar nenhuma, mas me eram todas muito familiares.

Gemi de dor assim que tentei me mover.

Meu corpo todo doía. Eu podia sentir que alguém havia me trocado e colocado vários curativos nos meus ferimentos.

- Lucy... – Happy murmurou ao meu lado.

- Pessoal... me desculpem – disse com a voz tremula. – E-Eu perdi de novo... – sussurrei com a voz embargada puxando o lençol para esconder minhas lágrimas que ameaçavam escapar de sua prisão.

- Do que você esta falando? Ficou em segundo e nos deu oito pontos – afirmou Gray.

- Foi ótima! – completou Erza.

- M-Minhas chaves...? – voltei a sussurrar tremula retirando o lençol de sobre mim.

Aquarius me mataria depois por ter deixados as chaves, dela e do namorado, cair. Se bem que elas foram tomadas de mim, e não caíram... Foram jogadas. To morta!

- Aqui estão... – o gato azulado entregou-me elas.

- Muito... obrigado... – agarrei-me a elas e fechei os olhos deixando-me ser absorta pelos sonhos.

...

Abri os olhos devagar assim que escutei passos se aproximando de mim.

- Hm? – sussurrei virando-me e deparando-me com uma figura pequena verde com rosa. – Fro...? – indaguei baixo.

Logo senti os bracinhos dele sobre minha barriga.

- Fro ficou preocupado com Fada-san – disse-o choroso.

- E-Eu estou bem... – afirmei sorrindo.

Logo ergui o olhar deparando-me com Rogue. Naquele momento eu agradecia ao rei celestial por a cortina que separava as camas estar puxada e também por Elfmam ter o sono de pedra.

Respirei fundo tomando coragem para sentar-me.

- Não devia se esforçar muito – afirmou-o. Sorri fraco e estiquei-me um pouco para pegar Frosch nos braços.

Doeu? Com certeza doeu àquele simples movimento.

Ele suspirou. Estava serio, realmente serio.

Engoli em seco.

- Eu queria pedir desculpas pela tortura que a Minerva lhe submeteu – informou-o sentando na beirada da cama em que eu estava. – Ela não tinha o direito de fazer o que fez...

- Não se preocupe – sorri-o. – Esta tudo bem. Eu sabia, ou pelo menos suspeitava que algo assim pudesse acontecer se eu viesse a lutar contra alguém da Saber... que não fosse você...

O vi erguer as sobrancelhas surpreso enquanto mantinha o olhar em mim.

- Não quero te ofender dizendo isso, é só que seus nakamas parecem... assustadores para mim – murmurei. – Já você parece-me ser uma boa pessoa.

- Na verdade não... – ouvi-o murmurar virando-se e encarando o chão.

- Disse algo? – ele negou.

- Vamos Frosch, as batalhas vão começar – informou chamando o neko.

- M-Mas Fro queria ficar com a Fada-mãe... – corei quando o ouvi dizer isso. Rogue estava de costas então não pude saber se ele estava vermelho também.

Sorri, mesmo que ainda corada, e passei a mão na cabeça do pequenino.

- Esta tudo bem Frosch – sorri-o. – Eu vou ficar bem, além do mais, você tem que ir torcer pela sua guilda e pelo Rogue-san.

Ele pareceu pensar.

- Então quando acabar os jogos Fro vai voltar para visitar a Fada-mãe – acenei para ele em confirmação ainda sentindo minhas bochechas quentes.

Acredito que, se eu dissesse algo acabaria por gaguejar, então é melhor não arriscar.

Acenei para eles assim que os vi saindo do quarto.

Alarguei meu sorriso enquanto observava minhas chaves estelares. E pensar que ele veio mesmo aqui apenas para desculpar-se...

Deixei um riso escapar, mas este logo foi tomado por gemidos de dor.

- Lucy-san! – Wendy entrou rapidamente no quarto, seguida por Polyushka. – Se sente melhor?

Gemi ainda sentindo dor em algumas partes do corpo, mas logo confirmei que já estava melhor.

- Eu trouxe uma lacrima visual para vermos as lutas – informou-a posicionando a pequena lacrima sobre uma mesinha próxima.

Uma tela grande se formou e logo pude ver todo o publico. A imagem divagou entre as varias equipes de magos que estavam ali. Vi ate os membros da Saber e Rogue se aproximando deles.

Franzi a testa enquanto tentava localizar a minha equipe.

- Lucy-san as duas equipes A e B foram unidas. – informou Wendy. Abri a boca para perguntar o porquê, mas vendo isso ela logo se antecipou. – Foi pedido da administração para poder ficar com um numero par de times.

- Entendo... – voltei meu olhar para a tela.

Focalizei-me em Rogue. Ele aparentava estar mais serio enquanto os nakamas dele estavam sorrindo.

Engoli em seco. Mas logo vi a imagem mudar.

- O time Fairy Tail já se reorganizou! E enfim chegamos à parte da batalha do quarto dia – informou o locutor.

- A parte da batalha será em grupo, não é? – ouvi a indagação. Talvez fosse de um dos comentaristas.

- Será uma luta de dois contra dois! Parece muito divertido, não é? Muito obrigado! – gritou outro, acho que era outro comentarista.

- E a programação já foi anunciada! – assim que avisaram um quadro grande apareceu indicando as guildas que batalhariam.

Primeiro seria Blue Pegasus versus Quatro filhotinhos. Depois Lâmia Scale contra Mermaid Hell e por fim tigres contra fadas.

Sabertooth versos Fairy Tail.

Com certeza a ultima era a batalha mais esperada.

- Bom pessoal, vamos ao novo time Fairy Tail! – anunciaram. E a platéia começou a vibrar.

Sorri, parece que nos tornamos famosos novamente.

- Boa sorte a todos – murmurei observando cinco silhuetas adentrando no estádio.

- Vamos torcer por vocês! – afirmou a pequena Marvel com Charlie acenando positivamente ao lado.

- E damos a vocês... – naquele momento tudo parecia tremer, e por alguns segundos o mundo pareceu parar. – O time Fairy Tail! – e a platéia gritou.

Alguns chamavam pela Erza, outros gritavam por Laxus. Aquela era a prova de que a Fairy Tail estava de volta ao topo, claro que não literalmente.

Foi então que eu vi com mais clareza todos eles.

Natsu no meio com Gajeel e Laxus a sua direita. Erza e Gray tomavam à esquerda. Todo com expressões sérias.

A imagem rodou mostrando todos os times.

Alguns poucos magos sorriam, mas os restantes estavam sérios. Como se o destino do mundo dependesse destas batalhas.

E então começou. Bandeiras da Pegasus e dos filhotes foram hasteadas e os magos foram ao centro do estádio.

Pela Pegasus Ichiya e... aquele coelho estranho.

Pelos filhotes Bacchus e Rocker.

E a luta começou.

E tudo se iniciou com aquele coelho estranho tirando a cabeça de coelho e revelando-se ser um Exceed, mas o mais estranho é que ele é um Exceed idêntico ao Ichiya. Até as posses que eles faziam eram iguais.

Juro que já estava imaginando a Erza fugindo nesse exato momento.

Suspirei abaixando a cabeça para encarar minhas mãos.

Será que Rogue ira lutar hoje? Se sim... espero que ele não se machuque muito.

Suspirei novamente, queria poder ir desejar boa sorte para ele lá.

- Lucy-san, algum problema? Esta sentindo dor? – sacudi a cabeça negando.

- É apenas chato ver essas lutas. – menti. – Quero ver logo a Fairy Tail lutando e ganhando – sorri para ela.

Suspirei de novo e quando ergui a cabeça foi apenas para ver Ichiya derrotar os caras da filhotinhos com apenas um golpe.

- Assustador... – murmurei espantada com aquela cara ‘nojenta’ que o velho Ichiya fez.

Engoli em seco. A próxima luta seria Lyon e um tal Yuuka, da Lamia, contra a Kagura e Milliana, da Mermaid.

As bandeiras foram erguidas. E a luta começou.

Pelo que pude ver a batalha foi difícil. Nenhum dos lados cedia. E por fim deu empate.

Foi então que percebi. Ao ver as bandeiras serem erguidas ao notar o público extasiado e nervoso ao mesmo tempo. A batalha mais esperada desde o inicio dos jogos.

Fairy Tail versos Sabertooth.

Mas minha surpresa não estava ai. Foram os magos escolhidos para lutar que me deixou mais surpresa.

- Natsu e Gajeel da Fairy tail! – berrou no microfone o locutor. – Versos... – suspense. – Sting e Rogue da Sabertooth!

E a platéia gritou mais uma vez.

Quem venceria?

- Todos os quatro são Dragon Slayers, todos possuem magia matadora de dragões. Finalmente é hora do confronto! – e com isso foi dado o sinal para iniciar-se a batalha.

Talvez não houvesse vitorioso. Talvez empatassem...

Era isso o que eu pensava, mas quem eu queria enganar? Estava inevitável esconder a verdade, mas só de tomar consciência sobre para quem eu torcia, eu sentia minhas entranhas se remexerem.

- Natsu, Gajeel... – murmurei. – Boa sorte.

Este fraco murmúrio foi necessário. Não queria o fazer, mas tive. Pois Wendy perguntaria se eu ficasse em silencio. E eu deveria torcer por minha Guilda. Mas havia um porém... inconscientemente, ou melhor, de forma consciente mais sem admitir para mim e todos ao meu redor, eu torcia pelos tigres... melhor dizendo, eu torcia para um tigre.

Boa sorte Rogue-san.

xXx

Os eventos daquele dia foram realmente algo pelos quais me lembrarei pelo resto da vida.

A batalha deles me deixou angustiada a cada segundo que se passava. Eu não queria mentir, eu tinha de torcer por meus nakamas, mas eu também torcia por Rogue. Por que apenas por ele? É o que você deve estar se perguntando agora.

Por que naquele tempo havia apenas o Eu e o Ele.

Por que em meio à escuridão do covil de tigres. Em meio às trevas da Sabertooth, Rogue Cheney parecia ser uma única luz ofuscante que me atraia.