Acordei ainda ensonado. Estava na mesma sala onde adormecera, e a velhota ainda lá estava, sentada, a olhar para mim.

-Olá, estou a ver que já acordaste. Então prepara-te pois a tua missão é a seguinte. – Disse fazendo sinal para me levantar. - Em Londres há 2 mutantes que darão jeito na tua missão. Rose Pimperkrl e Alice Clary Fray. Eu não sei ao certo os seus poderes, visto que elas são muito discretas, mas sei que são mutantes e poderosas.

-Eu tenho apenas duas perguntas. Qual é o teu nome e como é suposto eu ir para Londres? – Perguntei em tom sarcástico.

-Eu sou a Anciã e – com um movimento rotativo do pulso ela fez aparecer uma porta – é só sair por aquela porta. As mutantes vão estar no mesmo sítio, á mesma hora e vão ser atacadas por Caçadores. Proteja-as e traga-as até mim por favor.

-Ok, mas e se falhar?

A anciã engoliu em seco.

-Se falhar, a nossa raça estará perdida.

Engoli em seco também. Porra, era muita pressão em cima de mim. Virei as costas e saí da sala pela porta. Do outro lado havia um beco tão escuro quanto o beco onde estava quando conheci a velha pela primeira vez. A velha… acho que ela não se importa que a chame assim pensei. 

Estava quase a sair do beco quando uma garota com mais ou menos 19 anos, cabelo castanho ondulado até meio das costas passou a correr perseguida por Caçadores.

-Dever ser uma delas!

Comecei a correr atrás deles. Passado 5 minutos já estava ofegante, mas não podia desistir.Após mais 2 minutos correndo os caçadores pararam e por pouco não fui contra eles. A menina havia entrado para uma Starbucks e feito refém uma empregada. A mutante tinha uma pata de felino no lugar da mão e as garras pressionadas contra o pescoço da mulher.

Não faças nenhuma estupidez pensei.

A refém sussurrou qualquer coisa, que eu não percebi, mas pareceu agradar à menina pata-de-leão. De repente as duas  desapareceram simplesmente. De repente apenas a Starbucks. Sem ninguém. Eu arregalei os olhos, Como isto é possível?.  Atrás de mim um senhor parecia estar a gritar. Eu olhei e ele estava sendo empurrado por uma força invisível, mas cessou antes que pudesse fazer alguma coisa. Mais à frente as duas garotas voltaram a aparecer e começaram a correr para longe.

-Nem pensem que vão fugir agora! – Sussurrei começando a correr atrás delas.

Após uns minutos pararam de correr e continuaram o caminho a andar. Eu fui atrás delas e quando já estava perto disse:

-Oi meninas, como desapareceram á bocado?

Elas estacaram no lugar e viraram a cabeça lentamente, de olhos muito abertos.

-Calma, eu não sou um Caçador. Eu sou um mutante, e, se não vierem comigo, vamos todos morrer.

-O-o quê? – Disse a que antes fora uma refém de modo tímido.

-É, basicamente é isso o que vai acontecer. Vêm? – Perguntei.

-Mas tu és louco? – Perguntou a outra que até agora estivera apenas ouvindo. – Nós temos que ir ou os caçadores ainda aparecem.

Dito isto ambas continuaram a andar. Eu tinha de levá-las dali.

Fechei os olhos e concentrei-me. Sentia os passos delas como se fossem na minha pele, como se eu fosse a própria terra. Juntei as mãos, como se faz quando se reza a Deus, e afastei quando iam por o pé no chão. Um buraco abriu-se e elas caíram lá para dentro. Poucos segundos depois uma cabeça sai do buraco, era a menina animal, com os seus caracóis todos despenteados e cheios de terra.

-Seu desgraçado! – Saltou o buraco começou a correr na minha direção.

Virei-me na direção oposta e fugi, na direção do beco mais próximo, que não era nada perto diga-se de passagem. Quando cheguei lá e bati no fundo do beco virei-me e vi as duas entrando.

-Rose, faça com que ninguém possa nos ver! – Rugiu a menina de caracóis.

Rose levantou as mãos e estas brilharam.

-Feito, mas tens a certeza que queres fazer isto? – Indagou Rose baixinho.

-Ele tem de pagar por nos fazer cair no buraco!

-Que precipitada! – Disse fazendo gestos para ela ter calma – Quem disse que fui eu que fiz o buraco?

-Tu disseste que era mutante!

-Ah, agora que penso disse, disse. Devia manter a minha boca calada.

A rapariga ficou rodeada por uma aura cor de cobre e pôs-se numa posição grotesca, de pés e mãos no chão e com as costas curvadas. O que se passou a seguir foi muito rápido, ela veio na minha direção, mas não era mais a rapariga de outrora, mas sim um tigre.

-Mas que porra? – Empurrei os punhos contra o chão e fui impulsionado por uma coluna de terra, depois afastei as mãos e a coluna ficou uma plataforma, presa ás laterais do beco. Isto não vai aguentar para sempre, espero que a velha venha rápido.

A rapariga-tigre voltou a ser apenas rapariga e Rose parou de usar o seu poder, fosse ele qual fosse, quando uma velha apareceu no meio do beco, entre as duas mutantes.

 -Anciã! – Disse realmente feliz de a ver.

-Anciã! – Repetiu ela com uma voz fina e quase impercétivel. Depois a voz voltou ao normal. – Agora já não me chamas de velha?

Eu corei e encolhi-me. A plataforma desceu e fiquei no chão.

-Rose Pimperkrl e Alice Clary Fray, minhas queridas mutan…

-Não sou sua queri..

-Não interrompa os mais velhos enquanto eles falam.- Interrompeu a Anciã e logo a seguir aclarou a voz - Minhas queridas mutantes, peço que venham comigo e com o Samuel, que com certeza tem um atraso mental, pois o mundo precisa de vocês, a raça Homo Potentia percisa de vocês.

-Mas porque nós, há tantos mutantes por aí! – Arriscou perguntar Rose.

-Bem, já ouviu falar de mutantes Omega?

-Não…

-Mutantes Omega são mutantes com o potencial de transcender as amarras da existência física, ser capaz de controlar a matéria e energia em escala sub-molecular, bem como ter um corpo capaz de conter tamanho poder sem auxílio externo. Vocês os três têm potencial para ser desse nível, vocês e todos os que nós recrutaremos.

-Eu vou ajudar a senhora. – Disse Alice.

- Eu também! – Disse Rose.

-Obrigado! Entrem – Com um gesto do pulso uma porta abriu-se no beco. – Aqui é a nossa base.

Mais duas, agora a equipa de salvação são três pessoas. Um controla a terra, outra transforma-se em animais e ainda há uma que não sei o que faz. Ótimo, é mesmo o que precisava pensei antes de entrar na base.

-Rose, qual é o seu poder? – Perguntei.

-Fotocinese, eu manipulo a luz.

-Interessante, então você pode não usar protetor solar na praia?

O dedo de Rose brilhou e ela apontou para o chão. Um raio de laser saiu, fazendo um buraco.

-Na verdade, eu posso fazer muito mais que isso.

-U-uau muito melhor que ser um animal.

-Está se referindo ao meu poder? É bem útil.

-Como? Tem um circo pessoal? – disse rindo.

-Ai que rapaz estúpido, devia tropeçar e bater com a cabeça no chão. Não tenho circo nenhum, mas ser um animal dá jeito sim, e ainda posso me transformar em animais extintos como dinossauros.

-Ah…depois vemos isso em batalha. Anciã nós vamos batalhar?

-Sim, brevemente vamos destruir o campo de concentração de Inglaterra. Tem lá um mutante que nós percisamos…Agora devem ir dormir.

-Mas eu não… - Disse Rose antes de dar um grande boceijo – Parece que tenho afinal…

Caímos os três no chão, dormindo.