Elizabeth

Não sei ao certo como Jack se sentiu ao me defender em todos os momentos que eu ficava em perigo, eu parecia à princesa da historia e isso às vezes me irritava. Mas era bom, porque tinha alguém preocupado com sua segurança e eu admiro isso.

Não é bom passar pelo perigo para se sentir importante, pois se pode acontecer o pior a qualquer momento. Eu estava preocupada com Jack, uma entidade má em posse do que ele realmente é. Não quero machuca-lo, mas as circunstancias não me deixam pensar e os segundos que passam me sufocam.

As sombras que ele tinha em sei poder nos cercavam, apenas por uma abertura pequena acima de nos se mantinha. Parecia que ele queria deixar uma sensação de falsa segurança.

— Eu não quero bancar o Romeu então... Eu só preciso destruir três coisas que mantem esse idiota do Frost e Jokul no comando, você e esse colar que esconde.— Olhei assustada para ele, como ele...?

Agarrei o colar em baixo de minha blusa e o segurei com força, numa tentativa inútil de me proteger.

— Oh, então você se lembra... Que lindo. Um presente de Natal, mas quem deu foi o guardião da diversão.

O seu tom de voz deixava-me assustada, pareciam três tons diferentes saídas da mesma boca. A boca da qual eu tinha beijado e falava em me matar. Será que tudo tem que dar errado? Primeiro com o meu irmão e depois comigo... Não tem fim.

— Deixe-o... Sei que isso tudo é culpa do Breu e ele quer se vingar de Jack e usando-o não o ajuda em vingança alguma!

— Breu apenas me mostrou o caminho certo, ele sussurrava entre sombras para mim, enquanto eu duelava com Jackson Frost. Enquanto eu brigava com Jokul por poder!

— E você é tolo! Devolva-o, pode me usar como hospedeira, não precisa dessa palhaçada.

— Há! Você é mortal, pode ter um pequeno retardamento de envelhecimento por causa do seu posto de guardiã, mas não faria a menos diferença. Esse poder ira passar através das suas gerações e o mesmo acontecerão com a sua amiga, tão distinta, tão poderosa junta a você...— O tom de âmbar dos seus olhos ficava mais claro ao falar cada palavra, o seu tem de voz ficava mais intenso.

Acho que era essa a sensação de saber que poderia perder alguma coisa, parecia que eu já tinha perdido Jack há tempos, desde aquele ferimento. Mas tem uma parte de mim que não vai acreditar nisso, eu não posso acreditar que é o fim e que eu tenho que morrer aqui por causa de uma possessão ridícula, porque é isso que o Black é. Um ridículo!

— Agora seja uma boa garota e me de esse colar, mesmo não tendo sido feito por Frost, teve o toque do que ele sentia por você e com isso, a menor lasca aberta tem o tanto do poder que eu preciso.

Senti uma lágrima descer ao meu rosto, e um nó se formar em minha garganta, o frio e as sombras ficavam mais agitados, tentando ver se me aterrorizavam para ver se eu obedeceria logo às ordens de seu superior.

Se Jack tinha deixado, mesmo que sem querer uma lasca de seus poderes no colar, ainda era parte dele e Black o quer para... Para ficar mais poderoso só que, como ele o usaria para ficar mais poderoso? Se eu usasse isso de uma forma contraria para tomar os poderes sem esse medo...

— Está bem, eu lhe darei... E se eu não lhe desse de boa vontade, você me mataria do mesmo jeito... – O sorriso sádico surgiu ao me ouvir falar tais coisas e os olhos brilharam intensamente ao ver o colar aparecendo. – Mas antes... Eu poderia tocar mais uma vez você? Não quero deixar de sentir o que resta.

— Oh... Sim claro, o ultimo desejo! — Falou irônico.

Pousando ao chão, ficava mais próximo de mim e em passos curtos e com os olhos nos meus, a apreensão tomava conta. É um risco, mas dane-se, ele mesmo disse que iria me matar para tirar Jack do poder e tomaria o colar para desligar Jokul.

Erguendo os braços e um sinal de abraço e a distancia havia sumido, sobrando apenas seus braços me cercando e me apertando fortemente, eu tentando abraça-lo com os braços tremendo, parecia que o colar em minha mão esquerda iria cair.

— Você tem um cheiro bom... Dá vontade de morder essa pele pálida.— Estremeci de medo ao sentir sua respiração em meu pescoço. Ele poderia sentir meu medo? Se pudesse, estava fazendo esse teatro todo apenas para senti-lo de perto.

Estremeci perante a minha ideia, era loucura ter pedido como a garota ingênua um abraço do garoto imortal que amava e estava sob posse de um ser das sombras. Parece que eu já li isso em um livro, e tenho certeza que eu não tenho muito tempo para por o “plano suicida” em prática.

— Sinto muito... – Sussurrei e afaguei seu cabelo e senti o aperto do abraço dele sumir.

Pareceu que foi em câmera lenta o que eu fiz. Abaixei minha mão esquerda sobre seu pescoço e posicionei o colar em minha mão, perfurando a pele do pescoço. No momento em que o fiz, apertava mais sobre a pele o colar enquanto Black tentava me separar dele. Quando consegui me arremessar para longe dele, minha visão tinha ficado turva com a batida da cabeça no chão.

Até minha audição estava fraca, fazia esforços inúteis de tentar me levantar e sabendo que não conseguiria, prestei atenção nos ruídos que se diminuíam e que era substituída com gritos de agonia, pura agonia. Parecia que o barulho do vento sobre a areia ficava como plano de fundo. Tentava soltar alguma palavra, não para pedir ajuda ou perguntar o que estava acontecendo, mas chamando um nome, apenas um nome.

Jack Frost.

E em pensamento só me vinha o que eu pensei no momento em que o vi.

Eu acredito em você e confiaria do mesmo jeito que você confia em mim.

Eu queria poder ver o que tinha acontecido, mas no lugar da pouca visão que eu tinha, uma luz branca e uma sensação de segurança tomaram conta de mim, como se um floco de neve tivesse caído em meu nariz, como uma bola de neve me acertando a cabeça causando risos seguidos. E o medo, ele tinha ido embora, mas... Será que eu consegui? Eu o trouxe de volta?

Acho que essas perguntas ficariam para ser respondidas depois, porque logo quando eu possibilitei tentar fazer algo, meus pulmões pareceram perder todo o ar e uma dor tomou conta do meu coração, mas por incrível que pareça a sensação de segurança fez com que tudo ficasse mais fácil até que meus olhos tornaram a se fechar.