Os Esquecidos escrita por Bruna36


Capítulo 3
Regras da vovó


Notas iniciais do capítulo

esse capitulo é meio curto
deixe coments ;)



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O dia raiou por detrás das  cortinas fechadas, que fôramos proibidos

de abrir. Gale foi o primeiro a sentar-se na cama, espreguiçando-se e sorrindo

para mim.

- Olá, descabelada - cumprimentou.

-Ah, cala a boca – falei irritada, tudo bem que meu cabelo estava um droga mas ele não precisava ficar falando

-Mal humor matinal? – perguntou rindo

-Não interessa

Sentei-me na cama e com o olhar pelo quarto, era um quarto grande com paredes cinzas, Havia três quadros nas paredes. Oh, meu Deus, eram de tirar o fôlego! Demônios grotescos perseguiam pessoas despidas em cavernas subterrâneas e Monstros sobrenaturais devoravam criaturas indefesas.

- Você está olhando para o inferno, da forma como alguns o imaginam - informou meu irmão sabe-tudo. - Aposto que nossa querida avó pendurou pessoalmente nas paredes, só para ficarmos sabendo o que nos espera caso desobedeçamos suas regras.

Prim e Liam acordaram ao mesmo tempo. Sentaram-se, bocejando, como duas imagens refletidas, esfregando os olhos e olhando sonolentamente em volta. Então, Prim declarou em tom bem decidido:

- Não gosto daqui!

Não era de espantar, pois Prim já nascera decidida.

- Kat - gorjeou minha irmãzinha com cara de bebê. - Você não me ouviu

dizer que não gosto daqui?

Ao escutar essas palavras, Liam pulou da outra cama e correu para a nossa,

abraçando-se à irmã gêmea com os olhos muito abertos e assustados.

- Como viemos para cá?

- De trem, ontem à noite. Não se lembram?- falei

Alguém no corredor mexeu na fechadura da porta, poupando-me obrigação de responder. Nossa avó e um velho com cara de rato entraram no quarto com uma bandeja cheia de comida

- Tem que fazer esta comida durar o dia inteiro. Divida-a em três refeições, não tenho tempo pra ficar trazendo comida pra vocês e criados não podem comer á mesa conosco- falou num tom ríspido

- Esse aqui é Snow - disse apontando para o homem com cara de rato- a partir de hoje todos pensaram que ele é o tio de vocês, e que vieram aqui ajudar na casa, já avisei aos criados sobre vocês. Quero que o obedeçam, amanhã começarão os estudos pela manhã e os mais novos vão estudar em uma creche integral, hoje vão pasar o dia trancados aqui. Mas uma coisa meninos e meninas nunca podem usar o banheiro juntos.

 Senti o rosto queimar de raiva! Que tipo de pessoas ela achava que éramos?

- Não se esqueçam, crianças: Deus vê tudo! Deus verá o mal que cometerem

às minhas costas! E Deus lhes aplicará o castigo, quando eu não souber!

Tirou uma folha de papel do bolso do vestido, prosseguindo:

- Aqui, nesse papel, fiz uma lista das normas que vocês devem seguir enquanto estiverem em minha casa.

Colocou o papel em cima da mesa e disse-nos que devíamos ler e decorar as

regras. Então, virou-se para sair... mas, não! Encaminhou-se ao armário embutido, que ainda não tínhamos examinado.

- Crianças, além dessa porta, nos fundos do armário, existe uma porta ocultando a escada que leva ao sótão. Lá em cima, no sótão, há amplo espaço para vocês brincarem, correrem e fazerem uma quantidade razoável de barulho.

Terminando de falar, retirou-se. E tornou a trancar a porta por fora.

Então, pudemos respirar.

- Vá preparar a mesa Gale, estou com fome

-HÁ HÁ, como o homem e chefe dessa família, saiba que de agora em diante serei servido de todas as maneiras e modos, como um rei. Mulher, como minha subordinada e escrava, arrume a mesa, sirva a comida, apronte-se para seu amo e senhor.

- Repita o que disse.

- De agora em diante, sou o chefe da família; você deverá cumprir minhas ordens, quaisquer que elas sejam.

- E se eu não as cumprir, o que fará o chefe?

- O tom de sua voz não me agrada. Fale respeitosamente quando se dirigir a

mim.

- Com certeza vou fazer isso, no dia em que a lua cheia surgir no céu ao meio-dia e uma tempestade de granizo e um príncipe montado num unicórnio.- falei perdendo  a paciência.

- Anime-se, cara amarrada - disse meu projeto de irmão mais velho. – Eu estava apenas brincando. Não precisará ser minha escrava. Eu apenas adoro como você fica quando provocada. Agora é sério eu preciso comer, vá arrumar a mesa.

Bufei irritada, e fui preparar a mesa, sabia que se não fizesse a mesa ninguém faria, e não queria os gêmeos com fome.

 Preparei tudo e sentamos na mesa.

Terminando o café, entreguei a Gale lista de obrigações e proibições. Primeiro, Gale franziu os lábios numa boa imitação da detestável boca da velha avó.

- UM - leu em voz fria e desprovida de expressão. - Vocês sempre estarão

completamente vestidos.

DOIS: vocês jamais tomarão o nome do Senhor em vão e sempre darão

graças antes de cada refeição.

- TRÊS: vocês jamais me dirigirão a palavra, a menos que eu fale antes com

vocês.

- QUATRO: vocês manterão este quarto arrumado e em ordem, sempre com as

camas feitas.

- CINCO: todos os dias, vocês escovarão os dentes após o café da manhã e

antes de se deitarem à noite.

- SEIS: se alguma vez eu pegar meninos e meninas usando o banheiro ao

mesmo tempo, arrancarei - de forma impiedosa e total - a pele de suas costas.

- SETE: vocês - todos os quatro - serão sempre recatados e discretos em

qualquer ocasião, em termos de atitude, palavras e pensamentos.

- OITO: vocês jamais manusearão ou brincarão com as partes íntimas de seus

corpos; nem olharão para elas através de espelhos; nem pensarão nelas, mesmo quando as estiverem lavando.

- NOVE: vocês jamais permitirão que pensamentos maus, pecaminosos ou

obscenos lhes ocupem a mente. Manterão sempre seus pensamentos limpos, puros e afastados de assuntos capazes de corrompê-los moralmente.

- DEZ: vocês evitarão sempre olhar para membros do sexo oposto, a menos

que seja absolutamente necessário.

- ONZE: os que saibam ler - espero que ao menos dois de vocês sejam

capazes disso - alternar-se-ão em ler a Bíblia em voz alta, pelo menos uma página por dia, a fim de que as duas crianças menores se beneficiem com os ensinamentos do Senhor.

- DOZE: cada um de vocês, inclusive os gêmeos, aprenderá ao menos uma

citação da Bíblia por dia. Quando eu assim exigir, vocês repetirão em voz alta tais citações, enquanto eu estiver acompanhando as passagens que vocês leram.

- TREZE: vocês comerão sempre toda a comida que eu lhes levar, sem

desperdiçar, jogar fora ou esconder uma única migalha. É um pecado desperdiçar boa comida quando tantas pessoas nesse mundo estão morrendo de fome.

- QUATORZE: Exijo que todas as pessoas que vivem sob este teto sejam recatadas e discretas - em tudo e por todas as formas.

- QUINZE: vocês assumirão posição de "sentido" sempre que eu entrar no quarto ou passar por vocês, com os braços colados ao longo do corpo não cruzarão seus olhares com o meu; não procurarão demonstrar sinais de afeição para comigo; nem esperarão ganhar minha amizade, piedade, amor ou compaixão. Tudo isso é impossível. Nem seu avô nem eu podemos permitir-nos sentir qualquer coisa por aquilo que não seja puro.

Ohhhh! Aquelas últimas palavras feriam de verdade!

- Gale! - exclamei, alarmada. - Pelo que a velha escreve, nossa mãe não tem esperanças de reconquistar o pai! Ele muito menos desejará olhar para nós! Por quê? O que fizemos? Não estávamos aqui no dia em que nossa mãe fez algo tão horrível que levou o pai a deserdá-la! Nem mesmo tínhamos nascido! Por que nos detestam?

- Fique calma - respondeu Gale, percorrendo com os olhos a longa lista. - Não leve nada disso a sério. Ela é biruta, piradinha. Ninguém esperto como nosso avô pode admitir as idéias da sua esposa. Do contrário, como conseguiria ganhar milhões de dólares?

Sorriu para mim e depois retomou a leitura das normas:

- DEZESSEIS: vocês jamais olharão para mim quando eu entrar no quarto para levar leite; nunca pensarão desrespeitosamente de mim ou de seu avô, pois Deus está presente e lerá seus pensamentos.

-DEZESSETE: Estão proibidos de entrar no quarto do avô de vocês enquanto estiverem arrumando a casa

-DEZOITO: Enquanto estiverem na escola quero que tirem boas notas, se tirarem nota baixa sairão da escola e trabalharão 24 horas por dia sem descanço.

Conclusão: não se trata de permissões ou proibições; é apenas uma advertência. Ela escreve: "Podem presumir, com razão, que eu adicionarei novos itens à lista, Não julguem que conseguirão iludir-me, zombar de mim ou fazer piadas às minhas custas, pois se assim pensarem o castigo que receberão será tão severo que suas peles e seus egos carregarão cicatrizes pelo resto de suas vidas, e seu orgulho tombará por terra, definitiva e permanentemente derrotado. E fiquem desde já cientes de que jamais pronunciarão na minha presença o nome de seu pai ou farão a menor referência a ele. Pessoalmente, recusarei-me a olhar para a criança que mais se parece com ele”.

Terminara.

Lancei a Gale um olhar interrogativo. Se ele estava interpretando como eu aquele último parágrafo, nosso pai fora - por algum motivo - o culpado de nossa mãe ter sido deserdada e, agora, abominada por nossos avós.

O mesmo raciocínio levava à conclusão de que passaríamos um longo tempo naquela casa.

Oh, NÃO, oh, NÃO, oh, NÃO! Eu não aguentaria uma semana!

- Kat - disse meu irmão com muita calma, um sorriso irônico nos lábios- Nada disso deve ser levado a sério, não devemos acreditar nessa velha louca, nossa mãe vai conseguir recuperar o amor do pai - concluiu, apontando para a lista.

Gale deveria estar certo, em pouco tempo o avô voltaria a amar nossa mãe; então, nós desceríamos a escada, vestindo nossas melhores roupas e sorrindo. Ele nos avistaria, perceberia que não éramos feios nem burros, mas bastante normais para que alguém gostasse um pouco - senão muito - de nós. E talvez, quem sabe, talvez algum dia ele ainda encontrasse um pouquinho de amor para dar aos netos.


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Notas finais do capítulo

No próximo o Peeta aparece *-*



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