Diário De Thalia Grace escrita por Drama Queen


Capítulo 4
Seven Years Has Gone So Fast


Notas iniciais do capítulo

Perdoem-me pela demora, mas esse fim de ano tem sido complicado. Foi um milagre eu aonda conseguir um tempo pra digitar esse capítulo. Estava meio que sem criatividade, mas espero que gostem (:



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Todos meus momentos com Luke passaram em minha cabeça em centésimos de segundos. Eu me lembrava de nós dois, duas crianças, correndo de mãos dadas, roubando comida das lanchonetes e dormindo em cavernas. Observando o por do sol, o nascer do mesmo, e as estrelas. Lembrei-me da noite que encontramos Annabeth vagueando. A imagem de Lady Ártemis oferecendo-me uma vaga ficou mais nítida em minha mente. Luke segurava minha mão com força, como se tentasse com todas suas energias me manter com ele. Como se pedisse silenciosamente que eu não fosse. Mas ele nunca precisou, afinal. Lembrei-me de fazermos planos juntos, de pensar em todos os detalhes de como seria nossa vida depois que encontrássemos o tal acampamento.

Mas tudo mudou quando eu morri.

E só então vi a ironia que o destino preparava para nós. Éramos perfeitos. Eu morri. Quando voltei, ele não era mais o mesmo. Ele havia mudado. E o meu mundo desabou.

Agora, quem morrera era ele. E eu realmente mudara. Ou ao menos, achava que mudara um pouco. Mas era como se o destino zombasse de mim:

“Se você mudar, como prometeu a si mesma que vai, o mundo dele desaba.”

– Quer panquecas? – foi a coisa mais inteligente que pude dizer naquele momento, ainda sem virar para encará-lo.

– Não realmente, mas eu aceitaria um copo d’água.

– Geladeira, terceira prateleira. – fechei os olhos, me recusando olhá-lo. Aqueles olhos azuis água eram piores que os da própria Medusa.

Ouvi seus passos caminharem lentamente. Por que a geladeira tinha de ser tão próxima a mim? Era possível ouvir sua respiração cansada. Ele viera correndo? Perguntei a mim mesma, mas a voz dele não me ajudava mais. Eu sabia o que isso significava: Para ouvi-lo novamente, eu teria de falar.

Só então pude perceber o quão dependente eu era de seu timbre. Minha consciência me mantinha sã. Não insana, ao contrário do que pensava. Eu necessitava de Luke. Cerrei minhas mãos em punhos e repetia em minha mente “Ele te traiu. Ele traiu a todos. Ele te abandonou.”, mas era em vão. Sempre fora.

– Como você vai, Luke? Muito bem, obrigado, Thata. E você? Ah, não tem como ir mal, eu não morro mais. Falando em morrer, como você voltou? – o loiro mantinha um diálogo consigo mesmo, alternando as vozes no que deveria ser uma imitação de mim.

– Minha voz não é tão ridícula. – resmunguei, finalmente abrindo os olhos e fitando-o.

Ele sentava exatamente à minha frente. Seus lábios finos estavam entreabertos, mostrando indecisão em sua mente. Seus olhos cansados sorriam, o que me fez segurar algumas lágrimas. Como eu poderia ser tão egoísta quando ele havia abandonado tudo por mim? Eu duvidara muito que depois de fugir do submundo, ele retornaria aos Elíseos. Ele passou fome, sede, sono. Ele não era como as caçadoras. Ele era capaz de morrer. E ainda sim, depois de noites em claro, evidenciadas pelas profundas olheiras, ele ainda estava feliz.

Mordi meu lábio inferior por dentro, contendo a enxurrada que por pouco não vazara de meus olhos. Só então me toquei de que estava em um estado deplorável. Meus cabelos bagunçados pela noite agitada de sono, marcas recentes das horas que passei chorando, e possivelmente um hálito de álcool e cigarro. Igual à minha mãe.

– Você não está tão mal – ele sorriu, lendo meus pensamentos – Na verdade, a única coisa esquisita é essa camisola verde. Desde quando você usa verde, Thalia Grace?

Suas palavras me fizeram rir verdadeiramente. Eu não ria há sete anos. Quando o Luke deixou de ser meu Luke.

– Coma logo suas panquecas e pare de tirar sarro de mim – fiz biquinho e empurrei-lhe meu prato. Elas definitivamente não eram mais tão apetitosas. – Enquanto isso, vou tirar essa cara de morta e vestir outra.

– Se demorar, eu vou atrás de você. – Luke disse, espetando seu grafo e praticamente colocando uma panqueca inteira de uma vez na boca.

– Seu ogro – disse ao subir as escadas. Ele fez um barulho como um “Rawr”, mas que se perdeu ao me distanciar. Tranquei-me no meu quarto e fui em direção ao banheiro. Banho. Um banho seria realmente ótimo.

Eu respirava com dificuldade entre os soluços causados por meu choro. Luke estava realmente de volta e eu não conseguia simplesmente recusar à tentação de tê-lo novamente. Eu não conseguia deixá-lo. E não conseguia pedir para que me esquecesse. Senti meus joelhos começarem a cedes, mas apoiei-me na saboneteira. Fechei os registros e saí. Uma lufada de ar frio me atingiu, o que me ajudou a ficar mais desperta. Vesti-me com as roupas da antiga Thalia, que eram a única coisa que eu era capaz de encontrar ali. Soltei os cabelos, penteando-os mais uma vez, e encaminhei-me ao banheiro para escovar os dentes. Já ia saindo pela porta do quarto quando senti um par de braços me puxarem com mais força e correr comigo escada abaixo, fazendo-me gritar.

– Eu nuca vou te perdoar por isso! – pulei no sofá, quando suas mãos afrouxaram a força em minha cintura. – Nuca, Luke!

Ele ria como dez anos atrás. Ria como se eu tivesse feito uma coisa idiota da qual ele me lembraria para sempre. Mas eu tinha feito afinal. Tanta coisa pela qual eu não poderia perdoá-lo, e eu simplesmente me irrito com o fato de termos agido como bobos.

– Eu disse que se você demorasse, eu iria te buscar. Vai que você decida fugir e tudo o mais... – ele deu de ombros e eu soquei seu braço com mais força do que deveria, mas ele apenas desequilibrou. – Continua fraca – seus lábios se curvaram em um meio sorriso, e só então notei o quando ele havia envelhecido. Luke parecia já ter seus vinte e cinco anos, e eu, imortal com quinze anos e trezentos e sessenta e quatro dias. – Aposto que ainda sou capaz de te derrubar.

– Cai dentro, ladrãozinho. – comecei a rir, colocando-me de pé, numa posição de boxe – Vamos ver se aprendeu alguma coisa nesse meio tempo. – mordi meu lábio inferior. Talvez eu pudesse ter Luke e continuar na caçada. Era só nos mantermos assim, como irmãos. Irmãos idiotas e retardados, mas irmãos. – Eu duvi...

Tarde demais. Luke já havia me derrubado sobre o sofá, prendendo meus braços com uma das mãos, e minhas pernas entre seus joelhos.

– Imobilizada – ele riu, enquanto usava a mão livre para jogar cabelo em meu rosto. Eu odiava quando os fios cobriam meus olhos, nariz e boca, e ele sabia disso.

– Eu ainda te mato, Castellan. – tentei me mover, inutilmente. Por uma fresta do cabelo, encarei seus olhos azuis. Depois de tanto tempo, e eles continuavam tão... Luke.

Lembranças com aqueles olhos se passaram diante de meus olhos, fazendo-me querer chorar. Novamente. Como se tudo o que não chorei durante sete anos viesse à tona agora. E estando ali, com ele, pude sentir que esses sete anos haviam se passado tão rápido... Quase como se nunca tivessem ocorrido.

Os mesmo olhos tiraram-me de meu devaneio. Percebi então que meu rosto estava finalmente livre dos fios. Sua mão era quente em minha bochecha. Senti-me corar.

– Me perdoa, Thalia. – Seus olhos se fecharam no mesmo instante que os meus e senti sua mão liberar meus braços.

Pude sentir seu hálito quente no meu, sua respiração roçando meus lábios. Sua boca se aproximava cada vez mais. E eu estava livre. Livre para sair. Mas por algum motivo, não quis.

E depois de doze anos de espera, Luke finalmente me beijou.




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Notas finais do capítulo

O que acharam? O beijo foi muito antecipado? D:
Fic movida a reviews.