Diário De Thalia Grace escrita por Drama Queen


Capítulo 2
Summer Has Come and Passed




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“Não, ele não voltou... Ele não poderia. Não, ele não voltou... Ele não poderia. Não, ele não voltou... Ele não poderia. Não, ele não voltou... Ele não poderia. Não, ele não voltou... Ele não poderia. Não, ele não voltou... Ele não poderia. Não, ele não voltou... Ele não poderia. Não, ele não voltou... Ele não poderia. Não, ele não voltou... Ele não poderia. Não, ele não voltou... Ele não poderia. Não, ele não voltou... Ele não poderia...”.

Repeti isso diversas vezes para mim mesma, e novamente a voz dele apareceu em minha cabeça “Uma mentira repetida ainda que mil vezes não se torna verdade, Thata.”.

Thata. Quase dez anos que ele não me chamava assim.

– E ainda não chama – disse para mim mesma, mas acabou saindo em voz alta.

Eu era uma fraca. Segurei-me para não chorar na frente de Nico ao receber a noticia. Primeiro a tristeza – ou felicidade, ainda tenho dúvidas – e agora eu já entrara na fase de negação.

Corri para o único lugar nesse acampamento que não me lembrava de Luke. Sem areia da cor de seus cabelos. Seu céu e água da cor de seus olhos. Sem dragões que me remetiam a suas cicatrizes, sem campistas usando as camisetas laranjas que o loiro usara por tanto tempo ao me visitar. Sem nada de Luke, nada que me lembrasse de Luke.

O chalé do meio da floresta.

Uma vez, num sonho, meu pai havia me falado sobre aquele chalé. Ele tinha feito especialmente para seus filhos, e era protegido por Pã. Assim, a menos que um filho de Zeus ou um sátiro lhe desse permissão, você não poderia ter acesso a ele. Grover havia me dito que nenhum eles entrara lá desde que Pã se foi. O lugar havia se tornado assustador para eles.

Ótimo, pensei comigo mesma. Pelo menos me resta um pouco de privacidade.

Suspirei ao entrar na clareira do chalé. Aqui a névoa era muito forte, até mesmo para semideuses, mas eu sabia que era o lugar certo. Com certo esforço meus olhos foram se adaptando à névoa e pude enxergar a cabana como ela realmente era.

Um pequeno quadrado de madeira, três cômodos, se visto de fora. Se visto de fora. As folhas douradas já cobriam o teto e se espalhavam pelo gramado. Aqui era o centro da estação, Zeus havia me dito uma vez. Tudo o que acontece na cabana, em uma semana cobre o acampamento todo.

Por isso os sátiros sempre sabiam exatamente os dias e as horas de cada mudança no tempo. Abri a porta, e uma lufada de ar frio penetrou por minha pele. Mas o frio não me afetava mais. Chegava a ser até cômodo. Tirei meu casaco e o pendurei próximo à porta antes de fechar a mesma. Retirei minhas botas e corri até um dos quartos.

Tecnicamente, o chalé era um local de refúgio. Mas eu me refugiava tanto pra cá que achei melhor indicar que aquele quarto era meu. O nome Thalia Grace estava entalhado na porta de madeira. Corri os dedos para a maçaneta e abri, receosa. Depois que Luke havia partido eu entrara aqui apenas outra vez, pra me sentar no canto e chorar, por mais que soe depressivo.

Corri meus olhos pelo quarto. Era tão repleto da antiga Thalia. Os pôsteres, os discos e CD’s de banda. As inúmeras peças de roupas góticas, a imensidão de maquiagens, brincos, anéis, pulseiras e colares. A única parte da antiga Thalia que não tinha sido aniquilada completamente.

Além de você mesma” a voz suave de Luke me fez arrepiar “Você nunca deixou de ser a minha Thalia”. A maldita voz estava sempre certa. Às vezes eu me perguntava por que Luke tinha se tornado a voz da razão em minha consciência. Ele poderia ser a voz tentadora, a voz idiota, a voz lutadora. Mas não. Ele tinha de ser a bendita razão. A única voz que estava presente o tempo todo. A única voz com a qual eu nunca poderia discutir.

– Quero ver como você se sai competindo com a voz bêbada. – resmunguei e agarrei uma das garrafas de bebida embaixo de minha escrivaninha. Bebi o máximo que pude em uma virada. E depois outra. E mais uma, duas. Mais três.

Doía o peito. Eu mal conseguia respirar. Senti meus joelhos cederem, e escorreguei com as costas ao pé da cama. Eu tinha certeza que estava chorando quando as manchas de delineador começaram a aparecem em minha roupa, carregadas pelas lágrimas.

“Não, ele não voltou... Ele não poderia. Não, ele não voltou... Ele não poderia. Não, ele não voltou... Ele não poderia. Não, ele não voltou... Ele não poderia. Não, ele não voltou... Ele não poderia. Não, ele não voltou... Ele não poderia. Não, ele não voltou... Ele não poderia. Não, ele não voltou... Ele não poderia. Não, ele não voltou... Ele não poderia. Não, ele não voltou... Ele não poderia. Não, ele não voltou... Ele não poderia...”.

Dessa vez a voz do filho de Hermes não interrompeu meu devaneio. A razão já estava longe de mim. Peguei um maço de cigarros aos meus pés e acendi um por vez, até se extinguirem. Eu de repente parecia entender o porquê minha mãe se tornara tão dependente quando eu e Jason éramos pequenos. Simplesmente era impossível aguentar toda essa pressão. Se eu, semideusa e imortal já estava assim, quem diria ela, uma mera mortal.

– Por que não fala nada agora, seu inútil? – gritei – Vai, fala alguma coisa! Ou está com medo? – eu já soluçava enquanto as lágrimas escorriam.

“Thata, você não pode ter um câncer de pulmão. Você não pode ter uma cirrose. O que quer que te diga? ‘Pare de fazer isso a si mesma? ’ Não faz diferença alguma.”. Sua voz era calma, e me acalmei também.

– Mas no meu estado, posso simplesmente me jogar daqui – abri a janela e olhei para baixo. Não devia ter feito isso. Senti-me nauseada.

Não, você não poderia. Primeiro, tem medo de altura. Depois, você quer me ver ao menos uma última vez antes de morrer”. A voz irritante praticamente debochava de mim. Mas eu não podia negar, era impossível argumentar comigo mesma. Ele está certo. Ou melhor, eu estou certa.

Eu não poderia simplesmente abandonar Luke.

Ele sempre será a maior parte de meu passado. Todo o meu passado.



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Notas finais do capítulo

Fic movida a reviews.