Dean acordou cedo naquele dia. Sentia como se não tivesse dormido nada na noite passada. Levantou-se e foi para a cozinha, onde Tish terminava de tomar o seu café e olhava para ele furiosa, pois ele havia trazido trabalho pra casa novamente. Ele a encarava como resposta aos olhares da ruiva. Ele não aguentava mais. Precisava falar o que ele sentia que seria o melhor pra ele. O melhor pros dois.

– Tish... Precisamos conversar – Dean tinha a cabeça baixa, mas continuava olhando Anna nos olhos. Não era um olhar intenso... Era suave.

– Pode falar Deanno, mas, por favor, fala rápido, ou eu vou me atrasar e... – Dean fez um sinal com a mão, fazendo com que ela se calasse.

– Olha, Tish... É difícil de falar... Mas eu sei que o nosso relacionamento é difícil e distante. Não tente negar. E eu tenho certeza que seria melhor se nós terminássemos.

– Dean, escuta... Eu sei que nossos horários não batem, mas você tem certeza que é a melhor ideia? – Platisha estava surpresa, não estava acreditando que aquilo estava com ela. Ela era linda, talentosa, inteligente e sempre conseguia o que ou quem queria. Ele não podia dispensá-la desse jeito, ele foi o único homem que ela já amou.

– Tish, me desculpe mesmo, mas a situação não é só sobre os nossos horários. É sobre toda a nossa vida juntos. Nós nunca conversamos, não nos tocamos, eu sei que estou parecendo uma esposa frustrada, mas é o que esta acontecendo, querida.

– Tudo bem Dean, eu entendo – TIsh estava chorando e algumas lágrimas surgiram nos olhos do loiro – Eu não concordo... Só entendo.

A ruiva se virou, pegou sua bolsa e antes de sair pela porta, disse uma frase olhando nos olhos do Winchester.

– Dean, você foi o único homem que eu amei de verdade. Volto depois do trabalho para pegar minhas coisas.

– Tish... – Dean tentou falar, mas ela já havia fechado a porta e ido embora.

Dean ficou parado de pé pensando se tinha feito a escolha certa, mas a realidade é que não importava mais se era o certo ou não. Ele o tinha feito. Ele e Tish tinham terminado uma relação de 11 meses e 17 dias... Em menos de duas semanas eles completariam um ano de namoro. Se as coisas não estivessem em um nível tão depressivo de seu relacionamento, Dean iria pedir a mão dela em casamento no dia do aniversário deles.

O Winchester voltou para si e olhou para o relógio. Se ele não se apressasse se atrasaria para o trabalho. Então Dean lembrou que hoje tinha uma cliente que queria ver uns apartamentos e da voz doce que falara com ele no telefone e sorriu inconscientemente. Ele chacoalhou a cabeça tentando afastar a voz angelical e o sorriso bobo de seu rosto. O que estava acontecendo com ele? Ele tinha acabado de terminar com Tish, como pôde pensar nisso?

Não. Ele tinha que estar focado. Banho.

É, banho e trabalho.

Então Dean foi tomar uma ducha rápida, colocou seu terno, arrumou sua gravata e penteou os cabelos. Pegou a pasta com os contratos e outras burocracias e saiu.

Entrou no carro, parou no Starbucks e dessa vez tomou um cappuccino. Voltou para o automóvel e chegou à imobiliária em menos de cinco minutos.

–----------------------------- L-O-V-E ------------------------------

Jo esperara Ruby chegar para buscá-la e quando a amiga chegou, seus pais não queriam deixá-la sair. O pai, ainda bêbado, a segurava com muita força e seus braços estavam doendo. Ruby teve que dar um tapa na cara de Bobby e um empurrão em Ellen para eles soltarem Jo. Depois daquele episódio, Harvelle agradeceu a Deus por ter uma amiga tão boa.

Ruby dirigiu até seu apartamento, subiram as escadas e ela abriu a porta com a frase mais clichê o possível.

– Mi casa, és su casa – disse Ruby ainda com um sorriso preocupado no rosto.

Jo forçou um sorriso e deu um abraço exageradamente forte em sua amiga, agradeceu-a um milhão de vezes e Ruby resolveu se desculpar.

– Jo, me desculpe por ter batido no seu pai e empurrado a sua mãe... Desculpa-me mesmo – Ela disse numa voz quase chorosa. As lágrimas que Jo estava tentando segurar, rolaram livres por seu rosto e abraçou a amiga novamente.

– Ruby, não se preocupe, ok? Você só queria me proteger, está tudo bem. Obrigada por ser minha amiga. Mesmo. Eu não sei o que seria de mim sem você.

– Ai amiga, de verdade? Eu me senti tão mal por ter feito aquilo com eles, mas eu tinha que fazer alguma coisa, eu podia ver no seu rosto que ele estava te machucando... Me desculpe. Eu também não sei o que seria de mim sem você – As duas sorriram. Eram sorrisos fracos e sofridos, mas eram verdadeiros.

– Agora, falando sério... Amanhã eu vou à imobiliária, já deixei tudo preparado, liguei pra eles falando que eu iria e tudo. Não quero incomodar, então vou sair daqui o mais rápido o possível, ok? Desculpe, mas eu só tinha você...

– Não se preocupe amiga. De verdade. Fique o tempo que precisar.

– Muito, muito, MUITO obrigada mesmo Ruby.

– Tudo bem, você pode ficar naquele quarto da porta branca, arrumar suas coisas, tomar um banho e dormir. Você teve um dia cheio.

– Obrigada, flor. Boa noite.

– Disponha. Mas não abuse – Ruby riu fazendo com que Jo abrisse um lindo sorriso para a amiga – Brincadeira, tá? Pode contar comigo para o que precisar.

– Obrigada amiga. Sonhe com os anjos.

– Você também, Jo.

Joanna entrou no quarto que a amiga lhe mostrara, deixou sua mala no chão e se jogou na cama. Ela não acreditava que tudo aquilo tinha acontecido. Todos os dias durante 26 anos ela teve que aguentar seus pais brigando, e teve que aguentar calada. Não mais, parecia que ela tinha jogado fora um peso que estava em seus ombros desde que era criança. Agora, por mais que ela estivesse preocupada e ansiosa, se sentia mais leve.

Levantou-se e pegou uma toalha que estava na sua mala. Entrou no banheiro, apoiou as mãos na bancada e olhou-se no espelho.

Jo era uma garota realmente muito bonita. Era magra, com os cabelos loiros e ondulados na altura dos ombros, era branca, menos as bochechas que ardem de cor, ela tem lábios finos e delicados, cílios compridos e um sorriso lindo. Mas a garota que ela via no espelho agora parecia muito exausta. O cabelo estava um pouco bagunçado, os olhos com uma expressão triste e cansada, abaixo deles havia duas olheiras grossas e escuras e os olhos ainda estavam inchados, pois chorou muito. Estava pálida, com fome, mas estava sem pique para comer.

Abriu a torneira, pegou um pouco de água nas mãos e lavou seu rosto. Tirou a roupa e tomou uma ducha rápida. Depois do banho, colocou rapidamente o seu pijama e deitou na cama. Dormiu profundamente alguns minutos depois.

Quando acordou, teve a sensação de que tinha dormido por dias. Levantou-se e andou para fora do quarto, ainda esfregando os olhos e bocejando. Viu que Ruby estava parada na frente do fogão, mexendo alguma coisa dentro da panela. Jo sentiu um cheiro maravilhoso que fazia tempo que não sentia. Sua melhor amiga estava mexendo um molho de tomate na panela, ela estava preparando uma lasanha. Ruby sorriu para a amiga e voltou o seu olhar para a panela.

– Bom dia, bela adormecida. Acordou cedo.

– Bom dia, Ruby. Que horas são? – Jo sorriu para a loira, mas estranhou o fato da amiga ter dito “Acordou cedo” ela sentiu como se tivesse dormido muito e acordado no meio da tarde.

– São 10h da manhã – respondeu simplesmente.

– Hum... Nossa Ruby, esse cheiro está maravilhoso.

– Lasanha 4 queijos de frango desfiado. Receita de família.

– Nossa me deu fome só de ouvir isso – Jo riu – Vou para o meu quarto me trocar e já volto. Ok?

– Ok. Depois você me ajuda a colocar no forno.

– Sim senhora – Disse sorrindo.

Jo saiu da cozinha, foi para o quarto e colocou uma calça legging preta, uma camiseta regata roxa justa, uma jaqueta preta e sua bota de salto. O salto não era muito grande, mas deixou a pequena e fofa Jo Harvelle, linda e sexy.

Quando chegou à cozinha, sentou em uma cadeira e cruzou as pernas. Ruby virou a cabeça para olhá-la e não conseguiu segurar.

– Tá gata, hein. Quem é o sortudo? – Soltou uma risada gostosa e Jo riu também. Ela não se sentia bem assim há muito tempo.

– Hoje vou ver uns imóveis lembra? Quem sabe eu tenho sorte. Brincadeira.

– Você está linda mesmo. Eu nem sabia que você tinha esse tipo de roupa. Por que resolveu colocá-la hoje?

– Ah, eu to fora da casa dos meus pais, eles não vão ficar implicando com a roupa que eu to usando, então eu decidi que vou usar o que eu bem entender.

– É assim que se fala amiga... Mas você tá bem mesmo?

– Estou ótima, não se preocupe.

– Tudo bem então. Olha o molho está pronto, despeje ele na lasanha pra mim enquanto eu dou um jeito nessa cozinha.

– Tudo bem – Jo já tinha experiência na cozinha. Sua mãe não cozinhava para eles e ela que tinha que preparar suas refeições. Despejou o molho uniformemente na lasanha e colocou-a no forno já pré-aquecido.

Quando a lasanha ficou pronta, elas arrumaram a mesa e comeram. Estava tão deliciosa que Jo repetiu duas vezes. Levantou-se e ajudou sua amiga a lavar a louça.

– Ruby, posso usar o seu carro por algumas horas? Preciso ir à imobiliária.

– Claro que sim. As chave estão penduradas ali – Ruby apontou para um chaveiro ao lado da porta – Que horas você vai?

– Ah, eu vou daqui há algumas horinhas, se você não for precisar do seu carro.

– Pode ir. Eu vou dar um jeito nessa casa, quando você voltar vai estar tudo limpinho.

– Não quer ajuda?

– Que nada. Vai lá ver um lugar bem legal pra você morar. Por eu vou ser a primeira amiga a ir lá – Ruby piscou para Jo que retribuiu com um sorriso.

– Obrigada Ruby, vou tentar dormir um pouco, estou me sentindo muito cansada. Quando eu acordar eu vou até a imobiliária.

– Ok, Jo. Bons sonhos – Ruby sorriu abertamente e piscou um olho para Jo, que retribuiu lhe mandando um beijinho.

– Ruby...

– O que foi, flor?

– Obrigada... Por tudo.

– De nada. Vê se não bate o meu carro, viu? – Ruby disse rindo.

– Vou tentar – As duas riram e Jo foi para o seu quarto. Ela adormeceu depressa. Acordou três horas depois, levantou-se foi até o banheiro, escovando os dentes em seguida. Arrumou seu cabelo e retocou a maquiagem. Foi para o quarto, pegou sua bolsa e seus óculos de sol, dirigindo-se até a sala onde pegou as chaves do carro da amiga e foi até a imobiliária.

Continua...