The Orphan escrita por BiancaCh


Capítulo 7
"The Interview Part. I – A Entrevista Parte I"




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Capítulo 07: "The Interview Part. I – A Entrevista Parte I"

No caminho até a sala da Senhorita Brito continuei calada , isso já era costumeiro mas parte disso era pelo fato de eu não saber o que me esperava . Chegamos em frente a porta , Senhorita Brito abriu e deu - me passagem . Sorri em agradecimento e ela entrou logo após , vindo atrás de mim , sua sala mantinha a mesma decoração de décadas . Tinha até uma vitrola ... Mas , isso também se deve ao fato do nosso orfanato ser muito antigo . Boatos que correm pelas internas dizem que o prédio do nosso orfanato foi feito na década de trinta e aqui era a mansão de uma família muito importante , mas nada é confirmado . Senhorita Brito sentou - se em sua cadeira e pairou seu olhar sobre mim , percebi que em nenhum momento enquanto iamos até sua sala Senhorita Brito tirara de seu rosto seu sorriso que aparentava animação . Uma animação um tanto estranha e suspeita , concordo ..


– Então , imagino que você não faça idéia do por quê estarmos aqui , não é Senhora Albuquerque ? – questionou - me , sem tirar seus olhos de mim . A encarei como se ficasse ainda mais confusa e Senhorita Brito deu espaço a uma leve risada , algo raro de vê - la fazendo . – Pois bem , serei direta . Você está há muitos anos em nosso orfanato e nenhuma de suas entrevistas rendeu alguma prentesão de adoção . – lembrou - me , fazendo - me abaixar a cabeça . Engoli em seco , lembrava - me de quantas vezes sai da sala de entrevista decepcionada , muitas vezes engolindo o choro por me sentir rejeitada . Eu tinha um caderno de deveres da escola , nele eu também anotava o número de vezes que fora entrevistada e as probalidades de ser adotada . Certo dia uma das meninas que mexia comigo na escola roubou meu caderno para me irritar e acabou descobrindo , então ela caçoou de mim para toda a escola , me humilhou e disse que ninguém jamais pensaria em me adotar . As últimas palavras dela para mim nesse dia foram : " No dia em que te adotarem te jogarão numa lixeira assim que verem como você é e vão se perguntar por quê não adotaram um cachorro vira - lata , valeria mais do que você ! " – ... Senhora Albuquerque , Senhora Albuquerque ... ! – Chamou - me Senhorita Brito , porém eu ainda não conseguira sair de meu transe . – SENHORA ALBUQUERQUE ? – Chamou - me novamente , mas desta vez elevando seu tom de voz . Assustei - me e quase caí para trás , seria um cena cômica se não fosse vergonhosa para mim . Senhorita Brito bufou , mas mesmo assim continuou : – Enfim , um casal americano ligou - me hoje pela manhã . Eles gostariam entrevistar alguma garota entre 14 a 16 anos , então eu fiquei pensando por quê não ser você ? – perguntou - me , fazendo - me abrir um sorriso em espanto . – Eles virão hoje á tarde e eu quero que você faça uma boa impressão . – contou - me , esse era o lado bom da Senhorita Brito , ela sempre se preocupara conosco e sabia que seu dever era nos fazer ter uma família novamente . Aquilo era melhor do que imaginava , uma excitação cresceu dentro de mim . Agora meu corpo estava cheio de alegria , animação e principalmente ... Esperança .


Após contar - me , Senhorita Brito pediu - me que me arrumasse . Então , segui até meu dormitório atordoada com a notícia , me sentia uma boba e eu realmente era . Agora depositara toda minha confiança nesse casal . Enquanto eu andava abobalhada até meu dormitório , acabei me debatendo com alguém ...


– Me desculpa , eu não estava olhando para onde andava ! – tentei explicar - me , enquanto levantava minha cabeça para encarar quem havia trombado comigo . Era a Jackeline , ela estava com uma expressão cansada porém não tirava a feição de desdém costumeira . Ela ignorou - me passando por mim , quase derrubando - me novamente . Revirei meus olhos , mas eu já deveria estar acostumada com o temperamento instável da Jackeline . Continuei meu caminho até meu dormitório e quando adentrei todas as minhas companheiras vidraram seu olhar para mim . Elas fitavam - me curiosas e eu abaixei minha cabeça envergonhada , seguindo até Anna que também me encarava mas não descaradamente como as outras internas . Sentei - me na cama e suspirei , Anna sentou - se ao meu lado e ficou esperando - me começar a falar .



– A Senhorita Brito não me deu bronca alguma , pelo contrário ela contou - me que um casal americano estava pensando em me adotar ! – contei animada , Anna ouvia - me atentamente mas estava com uma expressão estranha , como de desgosto ( ? ) . – Mas , a Senhorita Brito pediu - me que eu me arrumasse , mas eu não sei como me arrumar ... – terminei , um tanto quanto envergonha em contar - lhe aquilo . Não sabia nada de truques de maquiagem , como arrumar meu cabelo ou dicas de moda ... Parte de minha adolescência foi em um orfanato onde todas nós somos obrigadas a usar uniforme , onde não podemos usar maquiagem e é muito difícil conseguirmos ser individuais . Mas , cada uma de nós dá seu jeito !


– Não se preocupe com isso , conheço alguém que pode arrumá - la . Você parecerá uma digna dama ! – disse , em meio a uma risada . Ri também , porém rir não retirou o grande nervosismo que estava dentro de mim . Perguntas pairavam em minha mente , algo como se indaga - se a mim mesma se conseguiria convencer esse casal a me adotar . Eu não tinha tantos dotes como algumas outras internas , minha beleza era mediana e sempre me senti comum demais , acho que isso sempre influenciou em minha baixa auto estima . Meu cabelo é de tom de castanho escuro , levemente ondulado nas pontas e médio , meus olhos são castanhos também e ainda mais escuros que meu cabelo e minha pele é clara mas um pouco bronzeada ...

– ... E quem é essa pessoa misteriosa ? – perguntei , levantando uma de minhas sobrancelhas . – Olha lá o que você vai fazer comigo , Anna . – brinquei , sorrindo . Anna bateu de leve em meu braço e eu a empurrei levemente e Anna fingiu que caiu da cama , então eu me desesperei e tentei pegá-la pela mão mas quando Anna pegou minha mão me puxando , fazendo - nos cairmos juntas . Então , tivemos uma crise de risos ali mesmo . Era bom passar aquele tempo com a Anna , sentia - me como se estivesse em casa , com a minha família novamente . Anna nunca me contara o que acontecera para virar órfã , porém eu sempre respeitei seu espaço . Só espero que ela não tenha sofrido tanto quanto eu ... Então paramos de rir e colocamos nossas mãos na barriga , em um movimento que parecia sincronizado e levantamos do chão .


– Vem , vamos encontrar ela . – disse Anna , puxando - me pelo braço mas sem machucar - me . Seguimos até o corredor onde eram divididas as portas dos dormitórios . Anna pareceu pensativa e bateu na porta do dormitório 0 - 16 . Então , uma garota com o preso em um coque desajeitado e óculos muito quadrado , nos encarou após abrir a porta enquanto mascava chiclete , com uma expressão que aparentava tédio . – Olá , eu sou Anna Mendez e essa é a minha amiga Sophia Albuquerque , nós gostaríamos de conversar com a Lola . – disse Anna para a garota que apenas revirou seus olhos e chamou a tal Lola . De repente , uma garota com cabelos tingidos e repicados apareceu na porta , sinalizando para que nós entrassemos no dormitório . – Lola , eu sei que você é muito ocupada mas temos um caso de emergência aqui ! – exclamou Anna e eu a encarei como se perguntasse : " Está falando sério ? " , mas ela me ignorou e continuou olhando para a menina de cabelos repicados que nos encarava atentamente .


– Acho que posso ressolver esse caso , porém você sabe que tudo tem um preço . – disse finalmente Lola , direcionando seu olhar malicioso para mim . Franzi meu cenho , indagando - me o seria o " preço " que ela dissera . – A Sophia tem que fazer o meu dever de casa de Matemática durante um mês , se ela aceitar poderemos discutir sobre isso . – explicou Lola , fazendo - me suavizar minha expressão . Era apenas isso ? – indaguei - me , dando espaço a um sorriso desafiador em meu rosto . Poderia até perder em um concurso de MISS , mas em uma competição de Matemática ... Eu duvido muito ! Lola estendeu sua mão com uma apenas uma sobrancelha erguida e mantendo seu sorriso malicioso , não eu não negaria ! Apertei sua mão com um sorriso confiante , Anna apenas nos encarava . – O que posso fazer por vocês ? – perguntou Lola , ajeitando - se na cadeira . Garotas apareceram – que eu acho que são colegas de quarto de Lola – para auxiliá - la . Anna disse que também poderia ajudá - las e eu só ouvia tudo curiosa para saber o que aconteceria a seguir . Então , elas saíram do dormitório e voltaram alguns minutos depois .


Eu as encarava com medo do que poderiam fazer comigo , Lola segurava um babyliss em uma mão e na outra uma chapinha . As outras meninas seguravam necessaires e Anna tinha alguns estojos de maquiagem . Arregalei meus olhos , não havia como escapar de tudo aquilo ... Lola ficava repetindo que eu ficaria linda eu somente assentia , mas por dentro eu estava morrendo de medo , porém eu tinha que ser adotada por aquele casal , eu tinha ! De repente , Lola começou a puxar meu cabelo fazendo - me gemer de dor , enquanto as outras meninas passavam a maquiagem em mim . Anna começou a passar o rímel e eu não aguentava ficar com meu olho aberto , então ela sempre tinha que retirar o rímel e recomeçar tudo novamente . Enquanto passavam a base eu tossia e algumas vezes até espirrava , acho que era alérgica a aquilo ... Elas começaram a passar o blush e eu não gostei , reclamei dizendo que parecia que tinham me dado um tapa nas minhas bochechas – o que realmente acontecera , mas ninguém precisava saber – , as meninas bufaram e retiraram o blush .



[ ... ]



Após todo aquele sofrimento para me arrumar , eu estava pronta . Encarei - me no espelho sem acreditar , aquela realmente era eu ? Eu nunca fora ligada a beleza , até porque viver no orfanato não nos permitia isso . Mas , eu me sentira tão diferente . Parecia que eu era uma nova Sophia , pronta para uma nova vida ... Custe - se o que custar . Sorria para o espelho e dei um abraço espontâneo na Lola como agradecimento , tudo aquilo foi culpa dela , então ela merecia ! Mexi um pouco em meu cabelo ainda descrente , ele havia sido ali e enrolado . Coitado ! – pensei , mas estava tão bonito . Dei uma risada pensando nisso . Eu estava pronta para a entrevista !



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