Anony.com escrita por Kim Yechul


Capítulo 6
Tristeza


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura...



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Tristeza


A expressão de Charlie me magoava, parecia que eu sentia a dor que ele estava sentindo naquele momento, e meu coração se apertava cada vez mais quando eu via lágrimas rolar do rosto dele. Aquilo me corroía por dentro, eu estava muito triste, não só pelo o fato da minha tia ter morrido, mas por ver o Charlie sofrendo daquele jeito, eu tentava falar para ele que ficaria tudo bem enquanto ele chorava em meu ombro, mas parecia que as palavras não saíam de minha boca, pois eu sabia que não ficaria tudo bem. Não poderia enganar a mim mesma dizendo aquilo.

– Obrigada - Charlie se soltava de meus braços enxugando as lágrimas que escorria de seu rosto e logo após me deu um beijo na bochecha - Você é uma ótima pessoa, Claire. Te amo... Muito.

Aquelas doces palavras dele só fizeram meu coração apertar ainda mais e mais, Charlie conseguia me deixar sem palavras assim do nada, bom, era melhor eu ficar quieta, até porque quando ele falava essas coisas eu me engasgava para responder, com certeza eu ficaria toda vermelha e teria que me retirar da sala, então...

– Claire... - minha mãe chamou minha atenção - Tome um banho para você ir com Charlie até o funeral, por favor.

– Mas, mãe, já está tarde, eu estou com sono e preciso dormir, tenho aula amanhã.

– É um caso de família, da para você pegar a matéria com alguém depois. Não demora.

– Sério isso, mãe?

– É sério sim - falou brava enquanto olhava para Charlie subindo as escadas - Você não vê como ele está abalado?- agora ela falava baixo- Ele precisa de sua ajuda, além do mais, ele brigou com o pai dele, e o clima ficará estranho entre eles, e só você pode destraí-los.

– Tudo bem, mãe. Tudo bem.

Subimos a escada e enquanto eu pegava minhas coisas, minha mãe foi falar com o Charlie.

– Que horas será o funeral, querido?

– As onze, tia. Preciso sair o mais rápido possível.

– Sim. A Claire irá com você, tudo bem?

– Tudo, tia. Preciso de alguém comigo, mesmo. Obrigada.

– De nada, logo mais ela estará pronta. Só irá tomar banho, tudo bem para você se vocês saírem daqui a trinta minutos?

– Sem problemas. - ele virou em direção ao seu quarto.

– Ah, Charlie... Você pode usar o meu carro se quiser, assim vocês chegarão mais rápido.

– Quero sim, por favor. - quando eu sai do quarto, vi minha mãe entregando as chaves na mão de Charlie. - Obrigada.

– Por nada, querido. Charlie...?

– Sim? - minha mãe deu um abraço apertado em Charlie, fazendo ele chorar ainda mais.

– Vai ficar tudo bem, tá? Não se preocupe.

– Tu.. Tudo bem. - Charlie soluçava enquanto aconchegava a cabeça no ombro de minha mãe.

Eu caminhei até o banheiro, fechei a porta e tomei o meu banho super rápido, me vesti apropriadamente para o funeral, mesmo não aceitando isso de que tem que ir com roupa preta ou escura, fiz uma maquiagem básica e saí com Charlie em direção ao cemitério. Todo o acontecido dessa noite me deixava realmente triste, comecei a chorar discretamente, para que Charlie não percebesse.

– Sabia que você fica linda até chorando?

– Então você percebeu. - dei uma risadinha envergonhada.

– Sim, eu percebi - ele riu.

– Desculpa. É que eu lembrei de tudo o que aconteceu e não pude segurar o choro.

– Você está pedindo desculpa por estar chorando? - ele riu

– Me ignore, por favor.

– Não dá para te ignorar, você acha que eu já não tentei?

– Como assim? - fiquei surpresa.

– Claire, eu não estava nem um pouco afim de ter essa conversa, porque quando se trata de sentimentos, você sabe que eu sou meio... Fechado, né?

– Sei? Sentimentos? - fiquei confusa - Enfim... Continue.

– O que você acha sobre mim? - Charlie estava com os olhos fixos na estrada, e com as mãos tremulas.

E era esse o tipo de pergunta que eu odiava. Nunca sei o que falar, e se eu falar algo que ele não gosta? Ai... vamos lá.

– Bom, você é uma pessoa que sabe como falar com uma garota, ser fofo quando quer, super carinhoso - senti que eu estava ficando um pouco vermelha, eu sempre fico - E me desculpe mas eu não quero conversar sobre o que aconteceu entre nós, eu sempre fico com vergonha dessas coisas, por favor, não me faça falar sobre isso.

– Claire, não é isso - ele riu - Quero dizer... Você acha que foi tudo em vão?

– Não estou te entendendo. Vá logo ao ponto. - fui seca.

– Você acha que eu fiz isso só por fazer?

– Charlie... qual parte do "Vá logo ao ponto" você não entendeu?- dei uma risadinha para disfarçar - Você sabe que sou lerda para essas coisas.

– Claire... É que...

– Fala.

– Eu... - Charlie olhou para mim rápidamente - Eu gosto de você.

– Ah, Charlie, você demorou todo esse tempo para falar isso?- estava me fazendo de boba - Ta, muito obrigada, eu também gosto muito de você. - o jeito com que ele estava me fazia querer ficar olhando para ele o resto da noite, as mãos tremulas, as bochechas coradas, e com uma risadinha de canto de boca.

– Não nesse sentido. Eu quis dizer que eu te amo, Claire. Entendeu agora?

Como sempre, fiquei sem palavras. Seria isso possível? Charlie realmente gosta de mim? Não pensava que ele era assim, só achava que ele era desses que só queria aproveitar a vida de adolescente, sem se comprometer. Mas sim, isso saiu da boca dele, e Charlie não costuma mentir. Estava querendo explodir de alegria mas não poderia demonstrar sentimentos, para não deixar tão claro assim que eu estou apaixonada por ele também, se não eu entregaria o jogo muito fácil para ele.

– Só você mesmo para me deixar sem palavras. - fiz uma carinha triste para ele. Isso parecia ser a melhor coisa a se dizer no momento.

– Pois é - ele riu - eu não pensava que isso seria possível para mim, logo para mim, mas nós nos conhecemos a tanto tempo que é algo bem mais forte do que eu, quando brigamos da primeira vez, e você se mudou, eu não pensaria que eu fosse te ver de novo, ainda lembro de todas as palavras rudes que eu disse, e me arrependo amargamente por ter dito aquilo, lembro de ver o seu rosto abaixado e as lágrimas correndo, tudo o que eu queria fazer era voltar ali e as secar, mas eu não podia fazer aquilo, eu não poderia me aproximar muito de você, fiquei me sentindo horrível por ter feito aquilo, me sentia muito mal, um peso horrível na consciência, e ainda era obrigado a te ver todo dia, o que sempre me deixava triste.- Charlie encostou o carro - Meu desejo era correr, te abraçar e dizer tudo o que eu sentia, mas quando finalmente tinha tomado coragem para pelo o menos ir pedir desculpa, você já tinha se mudado, dessa vez para um pouquinho longe de mim, ficaria meio difícil te ver, e eu sentia que aquilo iria doer muito, não só em mim, mas em você também, por mais que você negue, eu sei que você me amava de verdade, espero que depois de tudo isso que eu te disse, você possa me perdoar, por saber a verdadeira história. E agora que eu abri o jogo, eu me sinto muito mais aliviado, eu te conheço, Claire, sei que você não faria aquilo no nosso reencontro se você realmente não gostasse de mim, tivesse lembrado de todas as coisas boas que aconteceram. - os olhos dele estavam fixos nos meus e as mãos dele se esfregavam uma na outra, Charlie só fazia isso quando estava nervoso - Tudo o que eu disse aqui é verdade.

– Mas eu não desconfio de nada, apesar de tudo... Obrigada por dizer tudo isso para mim, foi muito fofo da sua parte - não se entregue, Claire, mantenha o foco - Fiquei bem triste quando eu tive que vir para cá, morar longe de você, não poder te ver todo dia, te encarar ou fazer uma cara feia - ele riu, da forma mais fofa do mundo- Temos uma conexão incrível um com o outro, e não sei se é muito de minha parte falar isso - vou ter que me entregar um pouco - mas acho que fomos feitos um para o outro, e não é só coisa do destino, ou sei lá o que seja isso, mas creio eu que é amor verdadeiro, espero que seja amor verdadeiro, e por tudo o que há neste mundo, eu não quero ficar longe de você, Charlie, nunca mais. Eu vou ficar aqui bem do seu lado, com você até quando eu puder, até quando eu tiver forças para superar os desafios que a vida vai colocar em nosso caminho, sabe por que Charlie? - ele deu uma risada envergonhada, abaixou a cabeça e colocou a mão na nuca - Eu também te amo, Charlie.

Ficou um silêncio de uns dez segundos entre nós, Charlie continuava com a cabeça abaixada e rindo, ele levantou a cabeça e pude perceber que o olhar dele estava satisfeito, ele se aproximou de mim, e me deu um beijo, depois retomou o fôlego e continuou dirigindo até o funeral de sua mãe. Fomos conversando sobre o que havia acontecido no passado, e rindo durante todo o caminho. Quando fomos chegando perto do local do funeral, percebi o olhar triste de Charlie e aquilo me deixava triste também, infelizmente.

– Bom. Chegamos. - pude perceber que seu coração estava apertado.

– É, você vai querer descer do carro agora?

– Vamos sim, apesar de tudo... Ela era minha mãe né, eu não devia tê-la abandonado, mas foi tão derrepente. - os olhos dele estavam cheios de lágrimas.

– Não se julgue por isso, era a hora dela. - eu realmente não sabia confortar as pessoas.

– Enfim, vamos. Charlie abriu a porta do carro, e caminhou até a frente do veículo.

– Espera um pouco. - gritei abrindo a porta do carro.

– Sabe, Claire, ainda não estou pronto para isso.

– Deve ser muito difícil mesmo, mas você tem que superar isso. Agora vamos entrar, que sei pai já deve estar esperando.

– Sim. - ele apertou o botão de alarme do carro - No telefone ele disse que tinha algo para me dizer, espero que ele não me apronte hoje.

– É, ele tem que respeitar, e entender que não é hora para brigas.

– Pois é, agora enfie isso na cabeça dele. - ele riu.

– Para de ser bobo. - dei uma risadinha também.

Conforme iriamos nos aproximando da sala onde sua mãe estava, Charlie ficava cada vez mais triste, não era por nada também né?! Me aproximei de Charlie e segurei a mão dele, estava gelada e soando, isso era um péssimo sinal.

– Chegamos "finalmente" - sussurei

–Sim, agora terei que ficar de cara com o meu pai pelo o resto da noite.

– Para, não é tão ruim assim.

– Não mesmo. É péssimo.

– Ai, Charlie... Para de drama. - resmunguei enquanto entrávamos na sala.

Fomos até o caixão, ficamos lá um tempinho para Charlie dar suas despedidas de sua mãe, só que infelizmente ele foi interrompido pelo tio Thomas.

– Charlie, venha aqui, por favor. - o tom dele era seco, me dava medo - Oi Claire, tudo bem?

– Tudo sim, tio, e o senhor?

– Estou bem, querida. Charlie... Por favor.

– Já volto - Charlie sussurrou no meu ouvido

– Tudo bem, eu espero, mas vê se não perca a calma.

– Isso já não posso prometer. - Charlie estava sério.

– Pelo o menos tente, ok?

–Vou tentar sim - Charlie tirou a blusa de frio dele e me entregou- Segure para mim, por favor?

– Claro.

Caminhei até um dos bancos e me acomodei, já era meia noite, estava morrendo de sono, mas teria que ficar acordada até o Charlie voltar pelo o menos, tenho medo de que ele e o pai dele briguem de verdade, por isso tenho que ficar acordada. Força, Claire, força.

– Tenho que me aconchegar aqui, não vai ser nada fácil essa noite-murmurei para mim mesma, dobrando a blusa de Charlie e colocando na cabeça- Só espero que não haja brigas.


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Notas finais do capítulo

Comentem por favor..



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