POV Hermione.

 Senti o sol em meu rosto novamente, e anotei um lembrete para mim mesma: “lembre-se de fechar as cortinas antes de dormir. “

 Espera.

 Eu não me lembro de ter ido dormir ontem. Na verdade eu não em lembro de nada.

 Abri os olhos assustada. Quando estiquei as pernas por baixo do edredom, atingi algo.

 -Argh, vai me chutar da cama de novo Granger? – Malfoy reclamou, se levantando.

 Ok, até que ponto eu havia chegado ontem? Pensei, assustada. Draco Malfoy estava na minha cama!

 -Malfoy! O que está fazendo aqui?

 -Você não se lembra de nada não é? – Ele respondeu, se sentando na beira da cama. – Eu aconselho que não se levante.

 -Por quê? – Perguntei, já me levantando. Uma tontura gigantesca começou a fazer aparecer pontinhos coloridos em minha vista, e eu logo desabei novamente na cama. Eu conhecia aquilo. Era ressaca. –Ahn... O que aconteceu ontem?

 -Bom, eu te achei no meio da rua, completamente chapada, e te trouxe até aqui. Você começou a falar sobre um tal de Tony, que eu acho, roubou todo seu dinheiro.

 -Mas... Por que você não voltou pro seu quarto depois?

 -Porque você pediu pra eu ficar. – Ele deu de ombros. Céus, eu estava tão bêbada assim?

 -O que mais eu pedi? – Perguntei, receosa.

 -Granger, eu nunca faria nada desse tipo. – Ele se levantou, e foi em direção à porta. – Agora, se não se importa...

 -Você parece bravo. – Observei.

 -Ele parou no meio do caminho, e se virou lentamente pra mim.

 -Mas é claro que eu estou. Você tem noção do que podia ter acontecido? Do que, aliás, já aconteceu? 50 libras não parecem tanto, mas... Eu não entendo! Porque você fez isso? A Hermione que eu conheço nunca faria isso.

 Eu continuei em silêncio, olhando novamente para o chão.

 -Eu acho que você me deve uma explicação. – Ele disse, friamente.

Eu hesitei. Tinha quase certeza de que ele iria rir da minha explicação.

 -Bom, eu estava completamente cansada de ser essa Hermione que você conhecia. – declarei. – Nunca teve vontade de mudar? De experimentar coisas novas?

 Terminei de falar, e afundei a cabeça no travesseiro para não ver sua reação. Um silêncio constrangedor durou por alguns segundos, até ele responder:

 -Mas você tem que saber como fazer isso. O que você fez ontem foi uma completa irresponsabilidade.

 -Há, olha quem fala. – Comecei a ficar irritada. – Vai saber o porquê de você estar nesse hotel. Você estava morando com a Astoria não estava? O que aconteceu? Ela te chutou?

 -Exatamente.

 Eu parei de falar imediatamente, e levantei a cabeça do travesseiro. Ele estava sério, e não me olhava nos olhos.

 -Eu... Desculpe. Eu não sabia.

 -Tudo bem. Ela vai voltar pra mim. Eu sei que vai. – Ele declarou.

 Afundei a cabeça no travesseiro novamente.

 -Sabe, depois de toda essa guerra contra Voldemort, muita gente mudou. Você continua o mesmo metido. – Declarei.

 -Sinceramente Granger, você consegue me imaginar sem ser metido? – Ouvi ele rir.

 -Hm... Não realmente. Mas eu aposto que conseguiria te mudar.

- Duvido muito.

 No silêncio que se seguiu, eu formulei uma idéia. Era loucura, mas como agora eu estava habituada a fazer loucuras, quem sabe eu me divertisse.

 - O que você acha de eu tentar?

 -Como assim? – Ele perguntou, confuso.

 -Você disse que eu não sei como me divertir, experimentar coisas novas. Mas eu aposto que você sabe.

 -E daí?

 -E daí que... Você me ajuda. E eu te ajudo.

 - Eu não faço questão de ser modesto, muito obrigado. – Ele revirou os olhos.

 -Isso pode ser divertido. E eu aposto que eu consigo te mudar Malfoy.

 -E o que acontece se você perder a aposta? – Novamente um sorriso presunçoso tomou seu rosto, enquanto ele cruzava os braços.

 -Eu faço algo que você queira. Simples assim.  Mas... – Me levantei da cama,  desta vez mais lentamente, indo até ele. – Você vai ter que fazer isso comigo.

POV Draco.

 O que eu tinha a ganhar com isso? Não fazia sentido algum.

Mas uma aposta... Até que seria interessante. Quem sabe me tirasse da vida tediosa que eu levava agora, naquele maldito hotel. E quem sabe... Hermione pudesse me ajudar com Astoria. E tudo voltaria ao normal.

 Apesar de eu não querer admitir, além desses motivos, eu tinha medo de que ela se metesse em alguma encrenca novamente. Essa garota parecia um imã para problemas.

 -Você vai fazer tudo que eu mandar? – Ela sacudiu a cabeça em sinal de sim. – Bem... Eu vou pensar. Descanse um pouco.

 Fui em direção à porta, mas ela me puxou novamente pela mão.

 -Se importa de ficar? A última coisa que eu quero é ficar sozinha agora. Quero que você me conte o que aconteceu ontem.

 Suspirei. Nem mesmo eu me lembrava do que havia acontecido muito bem, mas me sentei na cama, ao lado dela.