A deusa perdida escrita por Nina C Sartori


Capítulo 7
Confinamento




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Saí logo depois que Zeus permitiu. Não estava acreditando no que ele tinha me dito. Estava feliz por eu estar de volta? Mas como? Deve ser por isso que Hera fez aquilo comigo, ela tinha noção dos pensamentos do marido, mas atacar o lado errado não era bom.

E aquelas regras? Ele estava mesmo me desafiando! Não suportava aquilo, estar nas mãos do poderoso chefão. Detestaria perder aquele desafio, teria que engolir tudo aquilo e demonstrar o meu lado de “boa deusa”. Segui para os meus aposentos que ficavam em uma ala restrita, logo depois dos aposentos dos outros deuses. Nem sei o porquê de cada um ter os seus aposentos, afinal cada um tinha a sua moradia. Quando entrei estava tudo em ordem. Tirei a minha capa e a pendurei no canto da parede, depois sentei em minha cama. Senti que estava cansada e merecia uma boa noite de sono, afinal reprimir a raiva me deixava mal humorada e exausta. Quando estava me preparando para deitar, senti a presença de alguém se aproximando. Virei para a porta e encontrei Zeus com a minha mochila em uma mão e na outra aquela maldita caixa. Suspirei.

— Trouxe as suas coisas que não estavam em seu devido lugar.

Ele colocou a mochila encostada na parede perto da porta.

— Isso aqui ficará comigo. Irei destruí-lo.

Concordei e ele saiu. Quando cheguei aqui sabia que o quarto que tinha entrado não era o meu, mas o conhecia. Era o de Zeus. Ótimo lugar para abandonar as minhas coisas, depois de tudo o que houve. Soltei os meus cabelos e troquei o belo vestido por uma camisola longa de seda cinza e deitei na cama. Quando fechei os olhos não tive paz.

Acordei com uma dor de cabeça terrível. Durante a noite não tive sossego. Os deuses não ficam em sua forma completa, sempre uma parte sua está em sua esfera de domínio, então acabei sonhando com vários lugares que estavam sendo atacados pelas minhas tempestades...

É isso.

Zeus se acha esperto, mas eu sou bem mais. Tenho um plano e irei coloca-lo em ação hoje à noite. Levantei, coloquei as minhas vestes e arrumei os cabelos. Saí para tomar o meu café privativo em uma pequena sala reservada para mim ao lado do meu quarto. Quando terminei fui procurar Hermes. Quando entrei em sua ala privativa ele tomou um susto, pelo que percebi estava fazendo algo sem permissão.

— Por Zeus, Alexis, você quase me matou de susto.

— Desculpa, Hermes, não queria assustá-lo.

Ele agitou a mão, ainda de costas para mim, estava tentando esconder algo. Continuei na porta.

— Tudo bem. Ainda não me acostumei com sua presença silenciosa, igual uma tempestade, ela chega devagar e silenciosa até anunciar a sua chegada com algum barulho.

Sorri.

— Geralmente.

Ele olhou para mim e sorriu.

— Entre.

Entrei e vi que no local tinham várias cartas, pergaminhos, pacotes. Também vi vários computadores, mas desligados. Onde Hermes estava, bem atrás dele tinha um balcão com muitas coisas em cima, tudo estava uma bagunça.

— Desculpe a bagunça, mas depois dos últimos acontecimentos não tive tempo para arrumar tudo. – Disse ele tirando algumas coisas de cima de um banco – Pode se sentar.

Fui até o banco e sentei perto do balcão. Ele se encostou ao balcão na minha frente e me analisou.

— Você está diferente.

Dei de ombros.

— Talvez tenha mudado por causa da minha temporada com os mortais.

Ele coçou o queixo.

— Talvez. Então, a que devo a honra da visita?

— Só gostaria de saber se tem algo para mim. Alguma coisa vinda do meu palácio por esses tempos que passei longe.

Ele olhou ao redor, pensando.

— Acho que tenho algo guardado para você, espere um pouco que irei procura-lo.

Fiquei observando Hermes bagunçar mais ainda o local. Isso me fazia rir. Ele jogava todas as coisas que estavam em sua frente para o lado. De repente parou e bufou.

— Tenho que dar um jeito nessa bagunça.

Ele bateu palmas e num piscar de olhos tudo estava arrumado e limpo. Hermes sorriu.

— Assim está melhor. Agora as correspondências de Alexis poderiam vir aqui?

Então apareceram três cartas que pousaram em sua mão. Ele veio até mim e as entregou.

— Obrigada.

Estava analisando as cartas e vi que eram notícias do palácio.

— Essas devem ser de muito tempo atrás, afinal não estou fazendo mais entregas e nem recebendo mais nada.

— Afinal, qual o motivo de Zeus fechar as portas do Monte Olimpo?

Hermes suspirou.

— Aconteceram várias coisas depois do seu desaparecimento. O Monte Olimpo fora ameaçado, quase destruído, mas conseguimos vencer. Depois tivemos um pouco de paz, até outra ameaça surgir. Estão procurando por você, Alexis, por isso Zeus a colocou aqui. Você está sendo caçada. Quando Zeus soube de sua volta, ele fechou as portas do Monte Olimpo. Ele não quer que descubram que você está aqui.

Fiquei surpresa com as coisas que Hermes me disse. Não sabia que tinha ocorrido uma guerra. Eu sabia que estava aqui para me proteger, mas não sabia que a situação estava piorando.

— O que eu não entendo é como não sentiram a minha presença na Terra? A presença de um deus é facilmente descoberta.

— Talvez Hera tenha colocado uma proteção em você ou outro deus estava te protegendo.

Pensei logo em seguida que fora Apolo, afinal ele me disse que estava me procurando e que estava me protegendo naquele dia no avião.

— Talvez. Hermes, por acaso você tem alguma notícia do meu palácio?

— Da última vez que fiz uma entrega da sua assistente, estava tudo em ordem.

— Obrigada pela informação. Preciso ir.

Saí de lá sem descobrir o que Hermes estava tramando, mas penso que seja alguma coisa em relação as entregas atrasadas e as notícias que ele precisa saber ao redor do mundo, afinal ele era o mensageiro. Fui em direção ao observatório divino e comecei a ler as notícias que minha assistente havia mandado. As cartas eram do tempo que estava desaparecida, continha relatórios e a situação das atividades do palácio. Nada de incomum ou errado. Depois de lê-las fiquei pensando como estará a situação agora. Tinha que visita-lo. E será essa noite durante o meu sono.


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