— Só estou querendo acabar com a enrolação e ir direto ao ponto.

— Entendo. Mas gostaria de enrolar um pouco, afinal tudo que irei lhe dizer será importante.

— Então prossiga.

Zeus entrelaçou os dedos, os apoiou no colo e ficou com uma expressão séria.

— Devo ressaltar que não poderá cometer os mesmos erros que teve antes de desaparecer, não irei ser piedoso da próxima vez.

— Entendo.

— Também terá que ficar no Monte Olimpo e só sairá quando eu permitir.

Vai sonhando, pensei. Logo em seguida concordei com a cabeça.

— Ficará nos mesmos aposentos que estava e terá os mesmos deveres que antes cumpria.

Concordei novamente.

— Está tudo esclarecido? Não irá fazer nada pelas minhas costas?

Dizer isso doía, mas tinha que mentir. Estava detestando a conversa desde o início.

— Está tudo coerente e obedecerei as suas ordens, senhor.

— Ótimo. Algo a acrescentar?

Se ele está perguntando...

— Gostaria de fazer um pedido. Quero saber as condições do meu palácio e creio que tenho o direito de visita-lo pelo menos uma vez na semana.

Zeus ficou calado por um tempo e depois sorriu.

— Se seguir as regras, poderei pensar no que me pede.

Não acreditei. Ele estava me desafiando. Como ele ousa me desafiar? Ah, claro, ele é Zeus o chefão de tudo. Não admiti isso, mas tive que me controlar, pelo menos em sua frente.

— Como quiser. Algo mais?

— Sim.

— O quê?

Pelo rosto dele dava para perceber que se divertia comigo.

— Estarei te vigiando, então não burle as regras.

Concordei.

— Algo mais?

— Sim.

Vamos continuar ainda com esse joguinho? Um jogo que os holofotes estavam totalmente me iluminando, ele estava analisando as minhas reações. Ainda bem que ele não pode ler os meus pensamentos, não sou idiota de deixa-los abertos para lerem. E ainda bem que não estava transmitindo nenhum sentimento, estava agindo como um soldado, simplesmente acatando as ordens do sargento. Ou pelo menos fingindo.

— O quê?

Ele sorriu ainda mais.

— Me agrada saber que está de volta.