A deusa perdida escrita por Nina C Sartori


Capítulo 45
Difícil batalha




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A energia que meu corpo emanava era densa, causando grande estrago ao nosso redor. Sabia que não podia usar muito os meus poderes para conseguir aguentar até o fim, mas o momento era crítico. Ataquei os inimigos ao redor do meu palácio, ajudando todos durante a batalha.

“Alexis, volte para dentro do escudo”, disse Apolo por pensamento.

“Ainda não”, respondi.

“Você está se colocando em risco, Alexis. Volte para o palácio e ataque de lá”, disse Apolo furioso.

O ignorei e continuei batalhando no campo. Percebi que os inimigos tiveram baixas, mas sempre apareciam mais. Parecia que não tinha fim. Percebi que as caçadoras estavam tendo problemas em atacar alguns monstros que voavam, então convoquei as bigas aladas que, graças a Hefesto, estavam prontas e com brinquedinhos dentro.

“Caçadoras, usem as bigas”, ordenei via pensamento.

Elas concordaram e as vi começando a subirem em duplas. Ataquei uma última vez e depois voltei para o meu antigo posto. Analisei a situação de cima do palácio e percebi que estava ficando cada vez pior para nós. Percebi também que o escudo estava enfraquecendo. Droga! Eles não podem entrar e encontrar o meu trono. Se eles destruírem tudo, perderemos. Onde estavam os outros deuses?

Comecei a sentir uma raiva que aumentava cada vez mais que eu pensava sobre a situação ao nosso redor. Em volta de mim, os ventos ficavam piores. Meu corpo pulsava com toda a raiva que eu sentia. Juntei as minhas espadas, aparecendo o meu cetro. Continuei acumulando energia ao redor, esperando o momento certo para liberar. Em minha mente passava as inúmeras reuniões, preparativos, semanas exaustivas de preparos, promessas e... Zeus. O grande Zeus também não estava aqui e isso me enfurecia.

Senti a vibração do escudo sendo quebrado e essa era a minha hora. Bati com força o meu cetro no chão e liberei toda a raiva que pulsava em mim. Uma força violenta varreu todos os lugares ao nosso redor, eliminando os inimigos que estavam me incomodando tanto. Depois do meu ataque, eu ainda irradiava muita energia, mas estava contente em ter eliminado os monstros. Todos estavam olhando incrédulos com o que aconteceu. Apolo apareceu ao meu lado e segurou o meu ombro.

— Poderia poupar energia? – disse ele seriamente.

Assenti e diminuí a emanação de energia. Meu corpo inteiro estava extasiado.

— Esse seu ataque nos deu alguns minutos de descanso. Em breve teremos mais inimigos ao nosso redor e bem piores. Controle-se, Alexis – reclamou Apolo

Olhei com raiva para ele e empurrei a mão dele do meu ombro.

— É difícil me controlar quando não temos a ajuda que precisamos. Passamos semanas planejando para nada, Apolo!

— Não planejamos para nada, Alexis. Algo aconteceu e eles não puderam estar aqui, mas virão. Precisamos aguentar mais.

— Aconteceu algo? Então você sabe o que houve, mas não me contou.

Claro que ele sabia. Mesmo os outros não contando o desgraçado saberia porque é o grande oráculo.

— Não tenho permissão para dizer. E, sim, eu sei porque sou o oráculo. Fazer o que? Este é o meu poder, Alexis! Você sabe muito bem que só posso revelar o que vejo se for de extrema importância.

— E isso não é importante, Apolo? Olhe ao seu redor e veja como o nosso campo de batalha está e avalie se isso não é importante. – Apontei para o nosso batalhão que estava com um número muito menor – O escudo se foi, nosso número está muito menor. Não iremos aguentar por muito tempo mesmo tendo quatro deuses reunidos, vamos esgotar nossas energias. Acorde, Apolo!

Apolo cerrou os punhos e chegou bem próximo de mim, quase tocando a ponta do seu nariz em minha testa.

— Eu estou acordado, Alexis. Sei o que vejo, principalmente o futuro. Se estou dizendo que temos que aguentar mais tempo, teremos que fazer e vamos fazer. Você que precisa acordar e controlar mais suas emoções porque esta sua reação é que levará a nossa derrota. – Ele disse friamente.

Ficamos nos encarando, um com raiva do outro e nossas energias se chocando. Passados alguns segundos, respirei fundo e me afastei, indo em direção a Ártemis que estava junto com os outros no campo. Quando me aproximei, ela me olhou dos pés à cabeça e levantou uma sobrancelha.

— Achei que Apolo ia morrer ali em cima.

— Quase. Como estamos?

— Ruins, mas vamos aguentar. Com o escudo quebrado, você vai precisar de alguém lutando ao seu lado.

Olhei incrédula para Ártemis.

— Agora tenho que ter uma babá?

Ela revirou os olhos.

— Não é uma babá, mas alguém para estar perto caso as coisas piorem, evitando que seja capturada, Alexis. Você sabe que o único objetivo deles é te levarem daqui para drenarem sua energia e poderem usar para despertar Gaia. Você é muito preciosa no momento e todo cuidado é pouco.

Suspirei, me sentindo frustrada com tudo àquilo. Mas Ártemis tinha razão.

— Tudo bem.

— Eu posso ser a tal babá.

Eu e Ártemis nos viramos para encarar Will. Ele tinha ouvido nossa conversa e, pela expressão de bravura, estava decidido em ser meu guardião. Eu e Ártemis nos olhamos e ela deu de ombros.

— Ele é um ótimo espadachim, devo admitir. – disse Ártemis.

Will corou um pouco com o elogio. Eu estava apreensiva com essa situação, mas pelo menos Will poderia estar perto de mim, assim iria protegê-lo melhor.

— Tudo bem. Me acompanhe, Will.

Os olhos dele cintilaram de felicidade, mas assentiu seriamente. Olhei para Ártemis e ela piscou um dos olhos para mim antes de nós dois partimos para a entrada do palácio. Chegando em frente a ele, encontrei Sheila.

— Sheila, precisamos fechar completamente o palácio e protege-lo.

— Isso já está sendo feito, minha senhora.

— Ótimo. Eu e Will ficaremos no terraço, protegendo de cima. Nosso objetivo é não deixar eles invadirem o palácio de jeito nenhum.

— Entendido, senhora.

Virei para Will e segurei o seu ombro.

— Essa é a hora que você fecha os olhos e prende a respiração, Will.

Ele ficou confuso, mas obedeceu e então nos transportei para o terraço.

— Pode abrir os olhos e soltar o ar agora.

Ele o fez e depois colocou a mão na cabeça.

— Nossa, essa é a sensação de ser transportado em vários lugares rapidamente?

Dei risada.

— Para você, sim. Para mim, não. Eu não sinto efeitos colaterais. Relaxe que irá passar rapidamente.

Ele assentiu. Fui em direção ao parapeito do terraço e fiquei observando o cenário ao meu redor. Tínhamos vários soldados e monstros mortos em todo o lugar. Os aliados que ainda estavam vivos, aparentavam cansaço e isso era preocupante. Até quando todos iriam aguentar nesta luta? Eu não queria ter mais perdas. Eu quero vencer, mas para isso preciso de mais ajuda. Senti a mão de Will se apoiar na minha e o olhei.

— Nós vamos conseguir vencer. – ele disse, confiante.

De repente senti um arrepio subir em meu corpo e percebi o aviso.

— Eles chegaram.

Will e eu olhamos para frente, percebendo no horizonte surgir mais uma onda de inimigos. O ar estava mais denso e eu sabia o que era: o grande general chegou para me capturar. Apertei com mais força o meu cetro. Senti a presença de Apolo e Electra atrás de mim.

— Isso é muito ruim, irmãzinha. – ouvi o tom de seriedade na voz de Electra.

— Eu sei.

— Ficarei aqui para te ajudar, Alexis. – disse Apolo.

Me virei para ele, encarando seriamente.

— Não. Ártemis e os outros precisam de você lá embaixo. Electra ficará comigo para coordenarmos juntas os ataques daqui de cima.

— Alexis...

— Você me ouviu, Apolo.

Nos encaramos por um tempo e depois ele concordou, saindo em direção a irmã, enquanto resmungava.

— Ele é sempre resmungão? – perguntou Electra, chegando mais perto de mim.

— Não. Só está muito preocupado comigo e com a chegada do nosso inimigo, compreendo o porquê.

— Bem, teremos um grande trabalho pela frente. Está pronto, semideus?

Fuzilei Electra.

— O nome do seu sobrinho é Will, Electra.

— Estou pronto. – respondeu Will firmemente.

— Ótimo porque estamos prestes a enfrentar o próprio demônio.

Will olhou seriamente para o general.

— Eu sei quem ele é. Já apareceu em sonho para mim.

— O quê? – gritei.

Will me olhou surpreso.

— Já sonhei com ele.

— E nunca pensou em me contar?

— Francamente? Não.

Fechei meus olhos sem acreditar que Will não pensou em me dar uma informação tão importante como essa. Suspirei. Preciso controlar a raiva. Preciso poupar energia. Pelas minhas tempestades! Abri os olhos e o encarei friamente.

— Dá próxima vez que um gigante aparecer em seu sonho, por favor, me avise.

— Me desculpe, eu não sabia... – ele disse baixinho.

— Agora não importa mais. Ele está aqui e iremos enfrenta-lo.

— Irmãzinha, acho que este é um ótimo momento para nos concentrarmos na batalha.

Olhei para a frente e vi que tinha uma grande massa vindo em nossa direção.

— Electra.

— Entendido!

E ela partiu para o ataque.

— Tem mais vindo por trás. – disse Will.

Me virei e vi uma grande massa vindo em nossa direção. Percebi que começaram a ser atacados pelos meus soldados que estavam protegendo o palácio. Só que ao nosso redor começou a aparecer mais conjunto de inimigos.

— Will, você já conseguiu fazer um tornado?

— Não muito grande.

— Hoje vai aprender. Se concentre junto comigo em controlar o ar ao nosso redor para criar um tornado. Será mais fácil agora, já que os ventos estão ao nosso favor.

Ele assentiu e começou a se concentrar, iniciando a formação do tornado em nossa volta. Auxiliei nesse momento e, juntos, conseguimos formar um tornado grande.

— Agora é a melhor parte, Will.

Ele me olhou, esperando eu terminar o comando. Então sorri.

— Hora de soltar o tornado.

Will sorriu também e, juntos, deixamos o tornado seguir em direção aos inimigos, sugando as massas para dentro dele. Em seguida, convoquei os raios dentro do tornado para matar todos eles, virando todos em churrasco. Will estava radiante e eu me sentia feliz em vê-lo daquela forma. Sabia que ele estava gostando de lutar ao meu lado e, ainda mais, tentando me proteger.

Logo vieram mais inimigos e juntos, eu e Will, atacávamos de longe, unindo forças também com Electra para evitar ao máximo que chegassem perto do palácio. Quanto mais derrubávamos eles, mais apareciam. Sentia o meu corpo começar a pesar e eu sabia que minhas forças estavam diminuindo cada vez mais. Sentia que estava envelhecendo e àquilo me deixava um pouco mais lenta. Quando as coisas ao redor do palácio estavam ficando difícil, eu e Electra juntávamos nossas forças e mandávamos ondas de ataques mais fortes para dizimá-los. Resolvia apenas para podermos voltar a ter o controle da situação, mas cada vez mais ficava difícil manter esse controle.

— Até quando iremos ficar nessa situação? – perguntou Electra, enquanto matava uns monstros.

— Eu não faço ideia. – respondi enquanto mandava um raio em um monstro enorme.

— Não vamos conseguir aguentar por mais tempo. Minhas forças estão diminuindo. – declarou Electra.

— Só as suas? – perguntei ironicamente.

— Eu sei! – ela respondeu irritada.

Senti um calafrio forte subir em todo o meu corpo, me dando um aviso. Olhei para a ala de entrada do meu domínio e àquela cena me trouxe alívio. Ares estava vindo em sua biga com seu exército o acompanhando logo atrás, atacando pela frente.

“Sentiram minha falta?”, disse Ares.

“Não mesmo”, respondeu ironicamente Apolo.

“Quando eu tiver a chance, irei te matar, Ares”, respondi.

Ares começou a rir.

“Estarei esperando por este momento pacientemente, querida”

“Parem de conversar e vamos acabar logo com essa batalha?”, disse Electra.

“Olha só, a irmã odiosa também está aqui. Que bom revê-la, Electra”, respondeu Ares.

Ares recebeu uma sacudida por causa de uma rajada de vento forte que passou pela biga.

“Ei! Eu estou no mesmo time, esqueceu?”

“Ô, desculpa, te confundi com o inimigo”, respondeu Electra.

“Acho que está na hora de nos comportamos com seriedade nesta batalha, não acham?”, disse Atena.

Olhei para trás e a vi chegando para o ataque, também estava em sua biga e com seu exército a acompanhando.

“Chegou a certinha da família”, disse Apolo.

“Não sabia que crianças tinham permissão para guerrear”, respondeu Atena

“Chega de conversa, pessoal. Quero agradecer pela ajuda mais que necessária de vocês. Meus poderes estão esgotando, devo lembrá-los”, respondi.

“Vamos acabar com essa guerra”, disse Ares.

E todos se concentraram em seus ataques. Ares auxiliando os ataques da frente e Atena os de trás. Só faltava Zeus... Onde estaria ele?

"Temos um grande problema em nossa frente, pelo visto", disse Atena via pensamentos.

"Só agora percebeu, Atena? Está meio lerda hoje", disse Apolo.

"Ares, tente segurá-lo por mais tempo que conseguir. Creio que seja o único eficiente para esta tarefa", alfinetou Atena.

"Ei! Estou esse tempo inteiro, junto com Ártemis, segurando-o", respondeu Apolo.

"Ártemis deve ter feito o maior trabalho, como sempre", respondeu Atena.

"Exatamente", disse Ártemis.

"Calada, gêmea idiota", disse Apolo.

"Certo, Apolo e Ártemis, vocês provaram serem eficientes. Agora é a vez do irmão mais forte entrar em cena", disse Ares.

"Convencido demais, você quer dizer", disse Ártemis.

"Vocês não conseguem lutar sem discutirem? Se concentrem!", repreendi a todos.

"Entendido, senhora", todos responderam.


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Notas finais do capítulo

Já descobriram o porquê de começarem uma guerra com Alexis. Agora, quem será o grande general da raça dos gigantes?



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