A deusa perdida escrita por Nina C Sartori
Depois de conversar com Ártemis, convidei-a para almoçarmos. Logo depois de comermos, ela se despediu e foi embora.
Fiquei dentro da sala do trono, olhando para o céu lá fora. O céu azul me faz lembrar o mar... E em minha mente aparece a imagem de Oceano e Tétis, meus pais titãs. Eles não estão mais entre nós, todos os titãs estão aprisionados no Tártaro. Nós, deuses, fomos contra nossos pais e lutamos ao lado de Zeus para derrotar os titãs e acabar com aquela era. Agora os deuses estão no comando e, mesmo assim, a cada ano que passa, sinto que somos ameaçados. Quanto mais poder temos, mais aparecem cobiçadores para nos tirar do nosso direito.
— Senhora?
Virei e encontrei Kim parada na porta da sala do trono.
— Sim?
— Senhor Apolo está aqui e já fiz a entrega.
— Mande-o entrar.
Ela fez uma reverência e saiu. Minutos depois Apolo entra com uma postura descontraída e com um sorriso torto no rosto. Ele para um pouco distante de mim e faz uma reverência exagerada.
— Olá, minha dama.
Comecei a rir.
— Para que tanto exagero?
— Para te impressionar.
— Você não me impressiona mais, Apolo. Esqueça isso.
Ele levantou uma sobrancelha e fez uma expressão desafiadora.
— Tem certeza?
— Absoluta.
— Veremos.
Ele ficou de costas e estalou os dedos. De repente ele se vira e uma cesta de piquenique aparece em sua mão com uma toalha em cima da cesta.
— Aceita um piquenique?
Fiquei olhando aquela cena sem acreditar. Dessa vez ele me impressionou.
— Gostaria muito de aceitar, Apolo, mas terei uma reunião daqui a pouco.
Ele me olhou e deu de ombros.
— Tudo bem. Deixa para a próxima vez.
E ele fez tudo desaparecer. Depois chegou mais perto e colocou as duas mãos em minha cintura.
— Penso que enquanto não chegam os colegas de reunião, podemos aproveitar este momento juntos.
Coloquei minhas mãos em seu pescoço e sorri descaradamente.
— Estou precisando mesmo de distração.
Então começamos a nos beijar. Tocamos suavemente nossos lábios e aos poucos nos entregamos àquela sensação crescente, avançamos de simples beijos carinhosos para algo mais intenso. Comecei a sentir a temperatura da sala aumentar e a urgência das mãos de Apolo passear em minhas costas até minha nuca. Não sei o que estava acontecendo comigo, mas me deixei levar pela sensação. Minhas mãos eram urgentes e queriam tocar todos os lugares possíveis do corpo de Apolo. De repente senti minhas costas baterem na parede e serem pressionadas por Apolo. Estávamos começando a suar e a temperatura da sala estava muito quente. Apolo desceu seus beijos até o meu pescoço e depois fazia o caminho de volta. Aquela situação estava muito boa e gostaria que não parasse. Alguma coisa em minha mente me fez despertar e senti um pequeno choque de energia chegando ao meu palácio. Empurrei Apolo e balancei os braços para um vento forte e gelado passar pela sala do trono.
— O que foi? – Perguntou Apolo
— Alguém está aqui.
Apolo estalou os dedos e sua aparência voltou a ser impecável. Fiz o mesmo comigo. Andei até o meu trono, sentei e imaginei uma taça de água bem gelada em minhas mãos e ela apareceu. Assim poderia acalmar um pouco meu corpo.
— Minha senhora, senhor Zeus está a sua espera e mais outros convidados.
— Mandem entrar, Kira.
Ela concordou e saiu.
— Posso participar da reunião? – Perguntou Apolo
— É claro!
Ele concordou e logo depois abriu um largo sorriso.
— Você está maravilhosa hoje.
Senti que minhas bochechas ficaram vermelhas. Quando os convidados apareceram, eu e Apolo voltamos à postura. Entraram na sala Zeus, Ares, Atena e meus generais. Todos pararam no meio do cômodo e fizeram uma reverência. Levantei do meu trono e falei.
— Me acompanhem.
Fui andando em frente e ouvindo os demais me seguirem. Entramos mais uma vez naquela sala e toda a tensão que sentia por causa da guerra começava a voltar. Fiquei na cadeira de uma das pontas da mesa e os outros escolheram as suas. Fiz um gesto para que sentassem e todos sentaram em suas cadeiras. Vamos a mais um dia de dor de cabeça.
— Antes de começarmos já declaro que fico grata com o apoio e presença de todos nesses últimos dias e agradeço que Ares, Atena e Apolo tenham comparecido hoje. – Eles acenaram a cabeça – Bem, então damos início a mais uma reunião de guerra.
***
Depois de passarmos a tarde toda em uma reunião exaustiva, chegamos ao fim das decisões e uma parte já estava programado. Iríamos dar o primeiro passo, um ataque surpresa. Irei surpreender meus inimigos e evitar que eles cheguem perto do meu palácio, afinal eles só poderiam vir aqui voando e sei que estavam espertos demais na parte de construir algo que voasse.
Atena se despediu e disse que estaria ao meu lado no grande dia. Ares fez uma despedida muito exagerada que teve um beijo em minha mão e uma piscada de olho que fez com que Apolo não gostasse daquilo. Meus generais se despediram e na sala do trono só estavam eu, Apolo e Zeus. Percebi que Apolo estava um pouco tenso com a presença do pai, mas tentei não encarar aquela situação com a visão que Afrodite tinha dado para mim.
— Alexis, gostaria de conversar com você. – Zeus olhou para Apolo – A sós.
Apolo olhou para mim e depois para Zeus. Eu sabia que ele não queria me deixar a sós com Zeus.
— Sobre? – Zeus olhou novamente para Apolo – Não se preocupe. Você deve estar ciente da minha relação com o seu filho, então não preciso esconder nada dele.
Zeus ficou sério. Estava óbvio que ele não gostava daquela situação.
— Então conversarei em uma hora que esteja só.
Zeus se virou de costas e foi em direção a saída. Poderia sentir a raiva dele que estava palpável no ar. Apolo ficou com as sobrancelhas alinhadas em uma linha reta enquanto encarava a porta de saída.
— O que será que deu nele?
— Não faço ideia.
Na realidade sabia muito bem o que era aquela raiva. Só não sabia qual assunto ele queria tratar comigo. Apolo virou-se para mim.
— Tem um palpite do que ele quer tratar com você?
— Isso é um mistério para mim.
Apolo se aproximou e segurou em minha cintura.
— Está com a aparência desgastada.
Fechei meus olhos e respirei fundo.
— Estou sentindo o peso do mundo nos meus ombros.
Ele riu e depois começou a brincar com uma mecha do meu cabelo.
— Não exagere.
— Tenho o direito de exagerar o quanto quiser, estou em meu palácio.
Apolo sorriu e depois me deu um beijo casto nos lábios.
— Posso te ajudar a relaxar esta noite?
Fiquei observando-o atentamente e sabia que naquele brilho dos olhos dele continha uma pitada de luxúria.
— Não. Pretendo relaxar de outro modo e você só irá me deixar mais exausta.
Apolo fez uma expressão triste de propósito.
— Tudo bem.
— Não adianta apelar. Agora vá. Quanto mais cedo descansar, melhor para mim.
Ele concordou e seguiu em direção a saída. Quando eu estava totalmente sozinha na sala do trono, meus pensamentos me atormentavam com esse pedido de Apolo. Faz dias que o percebo estranho, mas depois de hoje tudo começa a encaixar. Tenho que tomar mais cuidado com Apolo.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
O passado de Alexis começa a surgir e o quebra-cabeça começa a juntar as peças.
Por que Apolo anda tão próximo dela? Alexis tem toda razão por se preocupar com isso?