Acordei totalmente renovada. Tinha cancelado o meu pedido para Kira, pois estava me sentindo muito mais tranquila depois da massagem que tinha recebido de Zeus. Que Hera não saiba disso! Levantei e fui em direção a sala de banho. Já estava tudo pronto, com a água morna e meus sais de banho, nada melhor que uma ducha matinal. Quando terminei fui em direção a sala de refeições para tomar o desjejum. Kira já estava parada na porta de saída da sala de refeições enquanto eu comia.

— O que houve, Kira?

Ela fez uma reverência.

— Desculpe incomodá-la logo cedo, mas trago notícias urgentes.

Pela expressão de Kira, era coisa séria.

— Diga.

Ela se aproximou e colocou aquela postura séria de sempre quando quer dar uma notícia ruim.

— Seu filho saiu em uma missão no acampamento.

Levantei de supetão.

— O quê? – Gritei

Kira continuou com aquela expressão, me encarando.

— Fui verificar se estava tudo bem com os seus protegidos, como sempre faço todas as manhãs e soube que ele partira hoje bem cedo, quando estava amanhecendo.

Apertei as minhas mãos em punhos. Will me desobedeceu. Deixei bem claro que ele deveria ficar no acampamento para a segurança dele.

— Senhora, acalme-se. Pelo que soube a missão fora designada a ele e mais dois campistas juntaram-se também.

Olhei para Kira, surpresa.

— Ele é o líder da missão?

— Sim, senhora.

Comecei a relaxar um pouco. Então ele fora chamado pelo Oráculo, fiquei mais aliviada, mas ainda assim preocupada em relação à segurança dele. Que ele tenha a minha proteção. Voltei a me sentar a cadeira e terminar de comer.

— Quero que continue vigiando ele, Kira.

Ela assentiu e saiu.

Terminei de comer e depois levantei para encontrar Kim na recepção. Ela terá que fazer um favor para mim. Encontrei-a folheando um caderno e verificando a tela de um netbook.

— Kim, quero que faça algo para mim.

Ela levantou a cabeça e assentiu.

— O que quiser, senhora.

— Quero que entregue esta mensagem nas mãos de Jared. Tenha cuidado.

Balancei minha mão e a carta apareceu. Kim concordou e pegou a carta.

— Tomarei o máximo de cuidado.

E então ela saiu, invisível ao vento. Voltei em direção aos meus aposentos para poder me arrumar e estar pronta para a mais nova reunião de guerra. Encarei o meu reflexo no grande espelho e vi que minha aparência sempre foi aquela: com uma longa trança e um longo vestido cinza. Balancei a mão e meu vestido ficou preto, meus cabelos caíam em uma perfeita cascata ondulada e do lado direito estava uma presilha dourada em forma de uma nuvem prendendo uma parte do cabelo. Ah! Com certeza me agrada o que vejo. Saí de lá e fui para a minha sala onde ficava o grande globo. Quero dar uma olhada nos meus inimigos antes de começar.

— Mostre os meus inimigos. – Sacudi a mão em direção ao globo

O grande globo prata reluzente ficou turvo e depois mostrou uma imagem. Fiquei surpresa com o que vi. O pequeno acampamento já tinha se tornado um grande acampamento com vários reforços. Não estava gostando do que via. Tinham muitas armas, monstros mitológicos com seus ácidos nojentos, armadilhas sendo preparadas... Tudo aquilo estava começando a me deixar tensa.

— Então estão querendo apelar, não é? – Falei baixo.

— Essa brincadeira será muito divertida.

Virei de supetão e vi Ártemis parada na porta, sorrindo.

— Você está aí desde quando?

— Acabei de chegar e não vim pela porta da frente.

Ártemis veio até mim e me abraçou. Ela estava com o cheiro de terra e folhas.

— Estava caçando embaixo do seu domínio, então resolvi fazer uma visita.

— Uma ótima hora para aparecer.

Ártemis me olhou com aqueles olhos grandes e azuis com uma expressão séria.

— Eu sei que está passando por uma situação turbulenta, mas vim te dizer que quando o dia chegar estarei ao seu lado, batalhando com todas as minhas caçadoras.

Segurei as mãos de Ártemis e apertei as duas.

— Agradeço muito seu apoio. Quanto mais ajuda, melhor.

Ela sorriu. Depois ela olhou para o globo, balançou a mão e a imagem sumiu.

— Não vamos pensar em problemas logo cedo, concorda?

Fiquei observando aquela expressão travessa de Ártemis e pensando no que aquela cabecinha devia estar tramando.

— O que sugere?

— Vamos lá para cima conversar um pouco.

Concordei e fomos em direção às escadas que davam acesso ao terraço. Quando chegamos lá, Ártemis me puxou até um banco de mármore branco para nos sentarmos. Ela colocou as mãos em seu colo que era revestido por um vestido de seda longo e branco. Não sei como ela não sujava este vestido no decorrer dos caminhos que passava.

— Conte-me sobre essa relação com o meu irmão.

Encarei Ártemis e ela estava me observando atentamente, bastante ansiosa. Coloquei minha coluna para ficar ereta e respondi com descaso.

— Não tem nada para contar. É apenas uma relação normal.

Ela levantou uma sobrancelha.

— Não finja para mim. Eu vi os dois no maior amasso na festa e sei que andam saindo por aí juntos. Todos já sabem que você e Apolo estão juntos. Mas o que quero saber é sobre essa sua mudança repentina em relação a ele.

Franzi minha testa. Todos já sabem?

— Como assim todos já sabem?

— Oras! Todo mundo. Todos os deuses sabem que vocês dois estão de casinho, ainda mais que depois passou a fofoca no programa de TV de Éolo. E não fuja da minha pergunta!

Ai, não. Agora todos sabem que estou com Apolo e com certeza o assunto mais comentado por aí é sobre isso. Terei uma conversa séria com Éolo.

— Não estou fugindo. Só estou surpresa com o que você disse antes.

— Se está preocupada com isso, deveria ter pensado antes de sair por aí com meu irmão.

— Tudo bem, Ártemis. Entendi. O que você quer saber mesmo?

— Estou curiosa sobre sua mudança repentina de relacionamento com meu irmão. Sei que há séculos ele tenta algo com você, mas nunca imaginei que iria ceder a ele.

— E por que não?

Ártemis suspirou.

— Porque você sabe exatamente como ele é. Apolo não é de ficar preso em um relacionamento, é de sua natureza. Em breve ele irá aprontar algo.

Sabia exatamente o que Ártemis estava falando. Ela tem razão e eu sempre soube que em alguma hora Apolo vai fazer algo.

— Tenho plena consciência disso, Ártemis. Respondendo sua pergunta, resolvi apenas dar uma chance a ele. Só isso.

Ela me encarou surpresa.

— Apenas isso? Pensei que você tinha algum sentimento por ele.

— Tenho. Mas este sentimento é de carinho. Apolo é muito querido para mim e, por ele, estou tentando ver no que pode dar essa relação.

Ártemis digeriu um pouco o que eu falei e depois concordou.

— Tudo bem. Faça o que quiser. Mas saiba que em breve ele irá fazer alguma coisa. Apolo é o deus dos solteiros, é da natureza dele ficar pulando de galho em galho como um macaco.

Olhei para Ártemis e comecei a rir.

— O que foi?

— Estou tentando imaginar Apolo igual a um macaco pulando de galho em galho.

Ártemis me encarou e depois começou a rir também. A minha manhã tinha que terminar agradável e com risadas.