A deusa perdida escrita por Nina C Sartori


Capítulo 27
Reconhecimento




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Enquanto Kim cuidava dos assuntos de outros setores do meu palácio, Kira me ajudava com questões chatas de deusa. Estou sentada no meu trono com Kira em pé ao meu lado com seu caderninho e anotando tudo enquanto o meu súdito estava ajoelhado no meio do salão e explicando os seus problemas e pedindo ajuda.

— Senhora, precisamos de toda ajuda que for necessária, está tudo destruído!

Comecei a coçar o queixo e olhei para Kira. Ela chegou mais perto e sussurrou no meu ouvido.

— Ele está dizendo a verdade, senhora. Eu vi.

Assenti e voltei o meu olhar para o espírito.

— Que seja. Terá a ajuda que precisar.

Ele fez uma reverência exagerada e demonstrava bastante gratidão.

— Minha família fica agradecida pela ajuda e estamos muito felizes com sua volta, minha senhora.

Sorri e acenei com a mão que ele poderia sair.

— Alguém mais, Kira?

— Creio que não.

— Ainda bem! Estou cansada de ficar sentada, quero algo para me entreter.

Levantei, comecei a andar e modificar a forma do meu bastão várias vezes. Kira ficava me observando e esperando mais ordens.

— Como estamos com o trabalho aqui dentro? – Perguntei

— Tudo em ordem e indo perfeitamente como o esperado.

Aqui dentro não tem tantas atividades assim, mas fora deste palácio com certeza tem. Pena que continuo presa aqui dentro. Se eu não tivesse colocado vários encarregados de cada setor aqui dentro, imagino que estaria louca tentando colocar tudo em ordem. Parei e fiquei observando Kira.

— Você disse que temos um grande problema lá fora, não é?

Ela assentiu.

— Pois bem, vamos acabar logo com isso.

Andei em direção a minha sala favorita onde continha meu globo enorme da Terra. Presente de Hefesto.

— Mostre-me meus inimigos.

O globo girou e vi a imagem dos meus caçadores. Estavam em algum acampamento e pude perceber que tinham muitos aliados e várias armas. Olhei para Kira e ela estava com uma expressão de medo, depois voltei o meu olhar para o globo.

— Mostre a localização deles.

O globo saiu de foco, depois mostrou um mapa e um ponto preto piscando não tão longe daqui.

— Hum, estão bem próximos.

— O que irá fazer, senhora?

— Ainda não sei.

Kim apareceu na sala, pigarreou chamando a minha atenção e a de Kira.

— Minha senhora, senhor Apolo está aqui.

Olhei para Kira.

— Mais um conselheiro para nossa dúvida. Mande-o entrar, Kim.

Voltei minha atenção para o globo e senti a presença de Apolo dentro da sala.

— Alexis. Kira.

— Apolo.

— Senhor Apolo.

Olhei-o de soslaio e vi que estava com uma expressão normal.

— O que o traz aqui?

— Trazer notícias.

Assenti, mas continuei minha atenção para o globo.

— Pode falar.

Ele demorou um pouco para falar.

— Gostaria de conversar a sós.

Dirigi minha atenção para ele e vi que estava um pouco impaciente. Olhei para Kira e ela entendeu o recado, fez uma reverência e saiu. Quando ela nos deixou a sós, algo aconteceu rápido demais. Senti que fui jogada na parede e que Apolo me segurava firmemente em seus braços.

— O que é isso? – Falei totalmente pega de surpresa

— Estou tentando recuperar o tempo perdido.

Então ele me beijou. Um beijo violento e urgente. Caramba! É impressão minha ou a sala está pegando fogo? Apolo me segurava firmemente ao seu corpo e passeava com suas mãos nas minhas costas e cabelo. Aquilo estava estranho, não sei o porquê, mas sentia que devia parar. Desci minhas mãos para o peito dele e o empurrei com toda a minha força.

— O que está acontecendo com você, Apolo? – Perguntei ofegante

— Já te disse, tentando recuperar o tempo perdido.

Franzi a testa. Algo estava muito errado.

— Se estava sentindo tanto a minha falta me procurava mais vezes.

— Estava ocupado.

Consertei o meu cabelo, o vestido e voltei a minha atenção para o globo.

— O que quer?

A sala ainda estava quente e agitei a minha mão para diminuir o calor com um vento gelado. Fiquei esperando a resposta de Apolo, mas ele ficava nesse silêncio terrível. Olhei para o deus do sol e percebi que ele estava me analisando.

— O que foi?

Ele cruzou os braços e me olhou sério.

— Desde quando você não quer me beijar?

Fechei os olhos e balancei a cabeça. Uma guerra chegando até mim e ele quer mesmo discutir isso?

— Você me assustou. Só isso. Não significa que não quero te beijar.

— Por que me empurrou, então?

— Te empurrei de susto. Apolo, não vamos discutir isso, não é? Estou com problemas mais sérios para resolver no momento.

Ele ficou analisando a minha resposta e depois concordou. Chegou mais perto de mim e virou para o globo. Ele emanava muito calor, dava para sentir o quanto quente ele estava sem tocá-lo.

— Imagino quais são os problemas. Está analisando o mapa para quê?

— Saber a localização desses patifes.

— Entendo.

Ficamos ali olhando o globo. Eu sabia que ele iria falar algo mais, ele sempre tem sugestões boas, mas imagino que no fim ele irá me aconselhar a falar com Atena.

— Penso que a melhor coisa a fazer agora é esperar o ataque deles e estar preparada para isso. Você tem bons aliados, então não será difícil derrotá-los.

— Tem razão.

— Mas acredito que deva conversar com Atena. Chame-a para passar uma temporada com você aqui.

— Imaginei que iria sugerir isso.

— Prepare sua estratégia e convoque seus aliados. Tudo sairá bem.

Espero que sim. Encarei Apolo, sei que tem mais coisas nessa visita dele.

— Sei que quer me contar algo mais.

Ele me olhou e depois saiu andando ao redor do globo.

— Alexis, você terá que reconhecer seu filho no acampamento.

— Por que eu faria uma coisa dessas?

— Porque se não fizer tudo irá se modificar.

Não estava entendendo nada. O que irá se modificar? E por que meu filho tem que entrar nessa história?

— Você está sendo vago demais, Apolo.

Ele já tinha dado a sua volta no globo e parado em minha frente, sério.

— Se seu filho não for reconhecido seu império irá se romper e você não existirá mais.

Senti como se um líquido gelado tivesse descido em minhas costas.

— Como deixarei de existir? E o que meu filho tem a ver com isso?

— Eu vi, Alexis. Mas você conhece as regras, não posso contar tudo o que vi apenas alertar do perigo.

Virei para o globo. Isso tudo era muito louco, mas sei as consequências se não fazer algo para impedir. Eu sei que Will quer que o reconheça como meu filho, posso sentir a sua inveja em relação aos outros no acampamento, mas ele sabe o porquê para eu não ter feito isso. Suspirei e depois olhei para Apolo.

— Siga-me.

Fomos em direção ao terraço onde chamo de observatório terrestre. Prefiro este lugar porque tenho contato com o mundo lá fora do que apenas paredes ao meu redor. Fiquei observando a Terra lá embaixo e o procurei. Vasculhei o acampamento atrás do meu filho, Will. Quando o achei, percebi que estava treinando esgrima juntamente com outros ao seu redor. Ele estava indo bem, eram incríveis os movimentos rápidos. Sorri. Esperei o momento certo para poder lançar o meu holograma, tinha que ser bem na hora que ele derrotasse aquele garoto. Abri a minha mão e deixei o holograma flutuando em cima da mesma enquanto observava a batalha. Vamos, Will, sei que você consegue, tente confundi-lo. Finja que irá investir na direita, mas vá para esquerda. Confunda-o. Eu e Apolo observamos a batalha se enrolar e desenrolar, aquele baixinho dava trabalho demais para Will.

— Esse é o meu garoto.

Encarei Apolo.

— Aquele que está lutando com Will é seu filho?

Ele sorriu.

— Quem mais daria trabalho para o seu?

Revirei os olhos.

— Will irá ganhar.

— Veremos.

Dito isto, Will conseguiu confundir o garoto baixinho que percebeu tarde demais que ia perder. O garoto estava caído no chão e Will estava em pé apontando a espada para ele com um sorriso largo no rosto. Olhei para Apolo com um sorriso enorme.

— Eu não te disse?

Ele balançou a mão sem interesse.

— Faça logo.

Fechei minha mão com o holograma e o joguei em direção a Will. Depois que todos ao redor viram o holograma, vários ficaram de boca aberta e Quíron fez o pronunciamento. Will estava perplexo, mas assim mesmo sorriu e senti seus pensamentos vindos até mim: “Obrigado, mãe”. Sorri.


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