A deusa perdida escrita por Nina C Sartori


Capítulo 26
Presa




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Já tinha se passado uma semana e os meus dias eram entediantes. Virou uma rotina grotesca de deveres de deusa. Tudo seria mais fácil se ainda estivesse livre. A tempestade não gosta de estar presa, ela prefere ficar livre e acabar com tudo ao seu redor, no meu caso só gostaria de estar livre para passear por aí. Gostaria muito de ver os meus protegidos, mas tenho que ser boazinha agora e isto está me deixando maluca. Neste exato momento observo Éolo me encher sobre o relatório semanal do tempo.

— Só creio que este lado já recebeu muitas chuvas. Será que essa semana poderia diminuir? Eles precisam de um tempo sem chuva para recuperarem suas vidas.

— Não me importo. Quero mais chuvas aqui e assim será.

Éolo ficou analisando o meu relatório e olhou para mim.

— Neste relatório TODAS as cidades estão marcadas com tempestades. Não pode ser assim, temos que preservar o equilíbrio e diminuir a raiva nos mortais.

O fuzilei com os olhos.

— Fiz o maldito relatório para você e ainda assim continua questionando a minha decisão?

Éolo olhou para Kim com uma expressão muito paciente e que me irritava muito.

— Sei que está passando por muitas coisas, mas descontar sua raiva em quem não tem culpa não adiantará o problema.

— Ele tem razão, minha senhora.

Bati as mãos na mesa.

— Agora todos estão contra mim? Pois eu escrevi este relatório e ele permanecerá assim. Não modificarei nada.

Éolo pegou o papel e o jogou na mesa.

— E eu tenho o direito e dever de aprova-lo ou não. Posso muito bem reverter isto aqui. – Ele apontou para o relatório.

Desgraçado. Ele pode mandar minhas tempestades para longe só com uma rajada de vento. Deus dos ventos de merda. Olhei para Kim e ela me olhou com a mesma expressão de dias atrás, de reprovação aos meus atos.

— Que seja! – Agitei minhas mãos e o relatório fora modificado.

Éolo deu uma olhada e sorriu.

— Agora está muito melhor! Aprovo este aqui.

Agitei a mão com indiferença.

— Se já tem o que quer, então pode ir.

Éolo levantou-se, nos cumprimentou e seguiu seu caminho. Virei-me para Kim e falei.

— Juro que ainda o atinjo com algum raio.

— Mas a senhora teria que pedir um para o senhor Zeus.

Fiz uma careta. Pensando bem, fico apenas com um redemoinho, não quero pedir nada para o senhor presidente.

— Onde está Kira? Ela está atrasada e quero informações de fora já!

— Ela voltará em breve, minhas senhora. Por enquanto tenho alguns recados que foram mandados do Monte Olimpo.

Virei para Kim e vi que estava séria.

— Não me diga que esses recados são do grande poderoso.

— Não, senhora. Senhor Apolo mandou uma mensagem avisando que no fim do dia estará aqui.

Pelo menos algo de bom. Faz muito tempo que não o vejo e depois dos ocorridos, imaginei que ele ainda estaria preocupado e tentando contornar a situação.

— Boa notícia. Mais algum?

— Sim, senhora. Senhor Hermes deixou as correspondências habituais e trouxe uma carta.

— Uma carta? Onde está?

Kim pegou a carta e me entregou juntamente com as outras correspondências. Tudo tedioso, menos a carta que eu segurava em minhas mãos.

— Está dispensada, Kim.

Ela fez uma reverência e saiu. Fiquei encarando aquela carta por alguns segundos e a girei, não continha nada escrito no exterior então a abri. Peguei o papel que continha dentro dele, o desdobrei e comecei a lê-lo.

Alexis,

Sei que tudo o que está ocorrendo é bastante perturbador, mas devido aos últimos acontecimentos tem sido necessário. Em tempo de perigo devemos ser cautelosos, precisamos proteger aqueles que queremos bem. A cada dia que passa, observo seus passos e está sendo bastante satisfatório seu comportamento atual, estou ficando feliz com esta atitude. Se continuar assim, talvez farei uma visita breve para podermos rever seus direitos.

Ainda a considero minha conselheira, então gostaria de saber sua opinião, Apolo está pensando em organizar outra festa para podermos acalmar os nervos, acha sensato?

Espero sua resposta.

Zeus

Muito satisfatório, grande poderoso. Não vem pessoalmente para declarar suas desculpas, mas envia uma carta. Festa? Olhei ao meu redor e sabia que se enviasse a resposta por pensamento seria mais apropriado do que gastar as minhas energias em uma carta. Fechei os olhos e me concentrei em seus pensamentos.

Agradeço suas sinceras desculpas e preocupação com minha segurança. Questão festa: faça o que achar melhor”.

Feito isto, levantei da minha cadeira e saí do escritório. Comecei a andar pelo palácio e fiquei feliz com o resultado da reforma. Terminaram tem dois dias e depois disso senti que ele estava bem melhor com essa reforma, trazia mais leveza nesse tempo tão estressante. Encontrei Kim andando para lá e para cá na entrada principal e confesso que ela é muito boa em seu trabalho, claro, aprendeu com a irmã, Kira. Penso que elas duas são as que mais confio tarefas de extrema importância. Agora mesmo Kira está fazendo um serviço para mim fora deste palácio. Como não tenho permissão para sair, então ela será os meus olhos e ouvidos do lado de fora. É claro que tentei várias vezes sair do palácio, mas a proteção que Zeus colocou impedia a minha passagem, menos as dos meus funcionários. Torço que Kira volte logo e traga boas notícias, estou começando a ficar impaciente. Um barulho me chamou a atenção e vi apenas que uma bandeja tinha caído ao chão, o espírito desastrado pediu desculpas e eu apenas assenti. Quando olho para o jardim, vi Kira chegando ao palácio. Até que enfim!

— Já não era sem tempo, Kira. Vamos, precisamos muito conversar.

Ela me seguiu até a sala do trono e logo quando entrou fechou as portas enquanto eu estava sentando no trono.

— Conseguiu? – Perguntei

— Sim, minha senhora. Peço desculpas pela demora, mas encontrei obstáculos no decorrer do caminho.

Levantei uma sobrancelha.

— Quais obstáculos?

Kira ficou séria e suspirou.

— Minha senhora, podemos ter a proteção do senhor dos Céus, mas estamos em perigo. Precisamos urgentemente tomar alguma iniciativa. No decorrer do caminho encontrei os seus caçadores e eles estão preparados para uma guerra. Farão de tudo para pegá-la.

Fiquei analisando o discurso de Kira e agradecendo por sua preocupação, mas duvido que algo ocorra a mim. Não agora.

— Estou ciente do perigo, iremos fazer algo em breve. Conte-me, teve êxito na missão?

— Sim, senhora. O garoto continua muito bem no acampamento e o pai dele está sendo protegido, como me pediu.

Fiquei mais relaxada com aquela declaração.

— Ótimo. Kira, mais tarde Apolo nos visitará e irei relatar os ocorridos com ele, mas já quero te deixar ciente que hoje teremos muitas surpresas.

Ela me olhou desconfiada.

— Quais surpresas, minha senhora?

Apoiei meu cotovelo no braço do trono, coloquei minha mão no meu queixo e a observei com curiosidade.

— Não faço ideia, mas sei que em breve iremos descobrir.


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