A deusa perdida escrita por Nina C Sartori


Capítulo 16
Visita inesperada




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Estava sentada no banco do observatório pensando no que ocorreu horas atrás.

Logo que Zeus me beijou, nos afastamos, dei um tapa no rosto dele e saí de lá vindo até aqui. Eu não sei por que permiti que aquilo continuasse, era errado. Está uma confusão aqui dentro, eu não sei o que fazer! Traí Apolo e nem sei qual será a reação dele quando souber. Não quero magoa-lo, ele sempre fora tão bom para mim e, agora, apunha-lo as costas. Coloquei meu rosto nas mãos; eu estava me sentindo a pessoa mais horrível do mundo. Eu não sei se contarei para Apolo, estou tão... Confusa. Maldito Zeus! Não era para ter dito aquelas coisas para mim. Não era para estar sentindo aquilo também. Senti uma brisa chegar, então levantei o olhar e encontrei um espírito do vento.

— Minha senhora, o senhor do Monte Olimpo pede sua presença no salão dos tronos divinos.

Assenti e fui em direção aquele salão. Antes de entrar, respirei fundo. Quando entrei, deparei com uma mulher de cabelos vermelhos e vestido marrom. Estava de costas para mim, mas sei que ela é uma deusa, sinto sua energia sendo emanada pelo salão. Zeus olhou para mim e eu fiz uma reverência, não voltei a olha-lo. A deusa virou e ficou de frente para mim. Ela me fitou dos pés a cabeça e depois sorriu.

— Não mudou nada.

— Você também, Héstia. – Fui ao encontro dela para dar lhe um abraço apertado. Há muito tempo não a via.

— Calma, não sou de ferro! – Disse rindo.

— Mas é a deusa que sinto mais falta. O que a traz aqui?

— Recebi um convite de estadia temporária. – Ela apontou com a cabeça para trás.

Olhei para Zeus e ele estava sorrindo.

— Você merece um pouco de distração. Estou te liberando dos seus serviços por hoje.

Assenti e sorri para Héstia, segurando sua mão e a puxando.

— Venha, temos um templo para visitar.

Chegamos ao templo com estrutura grega. Dentro havia uma estátua e uma grande bandeja com um fogo queimando eternamente. Sentei em um degrau perto da estátua e fitei meus pés. Héstia chegou perto do fogo e começou a brincar com a chama.

— Está tão calada. O que houve?

Suspirei.

— Tudo. Tudo estaria diferente se eu continuasse no meu palácio sozinha.

— E por que não vai para lá?

— Sou a protegida de Zeus, só posso sair daqui com a permissão dele.

Ela ficou um pouco calada e eu a olhei. Héstia estava olhando para o fogo, depois colocou as duas mãos lá e as tirou fechadas. Sentou ao meu lado e as abriu revelando o fogo que havia nela.

— Olhe para a chama. – Comecei a fita-la – Ela é quente e perigosa, mas tem suas vantagens. Ela também traz acolhimento e conforto para quem precisa. Deixe-a te acolher, Alexis. Deixe-a te dar conforto. – Héstia pronunciou aquelas palavras suavemente.

Fechei os olhos e respirei fundo. Senti a chama dentro do meu corpo, me aquecendo e levando o frio embora. Abri os olhos e Héstia estava sorrindo para mim com os braços abertos. Não sei o que houve para acontecer aquilo, mas a abracei e chorei em seu colo. Uma chuva fraca começou a cair do lado de fora do templo e uma brisa fria entrou. Héstia não deixou que nenhuma brisa fria tocasse em mim; ela me abraçava forte e me acolhia dando-me o conforto que precisava tanto naquele momento. Quando terminei de chorar falei tudo que tinha entalado em minha garganta. Todo sofrimento e dor expus para Héstia. Desde o início. Desde que vivi com os mortais. Ela me ouvia pacientemente. O meu desabafo não fora desesperado, mas sim calmo e explicativo. Disse tudo sem esquecer um único detalhe. Isso levou metade da tarde. Quando terminei de falar, Héstia suspirou. Eu estava com a minha cabeça encostada em seu colo e ela acariciava os meus cabelos que estavam soltos no momento.

— Será uma decisão difícil.

— Eu não sei o que fazer.

Ela sorriu.

— Saberá na hora certa. Por enquanto pense e aja naturalmente, tente esquecer os últimos acontecimentos.

— Tentarei seguir os seus conselhos.

— Boa menina.

Suspirei, apertei a manta quente de Héstia sob o meu corpo e sorri para ela.

— Sentia falta de passar o tempo com você. Sempre fora uma ótima conselheira e irmã mais velha de coração.

Ela riu.

— Esse é o meu trabalho; trazer tranquilidade e acolhimento àqueles que necessitam.

— Tem toda a razão.

Ficamos um pouco caladas, só apreciando aquele silêncio acolhedor. Era tão bom ter Héstia por perto. Sempre quando precisei ela estava ali, do lado de fora de sua morada sorrindo e de braços abertos me esperando totalmente acolhedora. Uma verdadeira irmã. Uma verdadeira sábia com os seus conselhos. De repente ela cortou o silêncio, rindo.

— O que foi? – Perguntei.

— Só estou fazendo uma ligação.

Estranhei.

— Que ligação?

— No passado fui cortejada por Poseidon e Apolo, mas não fora correspondido por causa da minha fidelidade a continuar virgem. E agora você fora cortejada pelos dois, só que um obteve o que quis e o outro levou uma boa marca vermelha na face. – Héstia voltou a rir.

Não achei nada engraçado na situação, mas ri. Héstia contagiava qualquer um.

— Situação esquisita.

— Muito esquisita.

E continuamos rindo naquele fim de tarde.


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Notas finais do capítulo

Qual será a decisão de Alexis?
Beijocas.