Sinal Positivo escrita por Milk


Capítulo 5
Capítulo IV


Notas iniciais do capítulo

- To recebendo reviews lyndos nessa fic! Agora vou postar incansavelmente para vocês leitoras lyndas!
kekedia
Bi
Nyrvana Uchiha
Cherry GQ
monochrome_rose
MrsEverlark
Lady Milk Marmalade
lady_animedark



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Parei na frente da porta de casa e respirei um pouco. Precisava fingir que estava tudo bem. Tudo ótimo como sempre esteve. Sentei na calçada, tirei os patins e bati na porta, logo em seguida adentrando a casa. O cheiro de bolo de cenoura era palpável, tão delicioso ali na mesa, tão gostoso, mas meu estômago não dizia o mesmo.

Quando a vi, toda sorridente, feliz por me ter em casa, tive vontade de sentar e contar tudo para ela assim como eu fazia, como aprendi fazer. Aprendi a confiar na minha mãe e a me abrir com ela, mas naquele momento, isso não seria possível.

Sentei na mesa para comer juntamente com Reira. Aidou dormia no carrinho de bebê e mamãe preparava café. O aroma ainda me enjoava, mas ela misturava com leite, o que amenizava a ânsia. Comi pouco e quase não falei, apenas informei que sairia mais tarde com os meninos e dei um horário para voltar. Não questionou.

Fui para meu quarto, liguei todas as luzes e apaguei a principal (do interruptor), os pisca-pisca estendidos pelas paredes, objetos luminosos como lamparinas, globos de neve e suportes. Deitei na cama e me pus a observar aquele congestionamento de cores no teto e nas paredes, nos pontos mais escuros do quarto. Não me acalmava, apenas me distraía. Eu ficava eufórica quando observava aquelas luzes, tinha vontade de mergulhar nelas ou pegar um pouco do seu brilho, mas a beleza artificial que elas transmitiam me deixava inerte. Tudo o que eu podia fazer era observá-las e viajar naquele mundo.

Uma vez, antes dos remédios, fiquei o dia inteiro dentro do quarto, deitada com as luzes. Eu ouvia chamados lá fora, mas não achava que fossem comigo. O som estava ligado num volume normal com um cartão de memória com cerca de duzentas músicas, o que contribuía para a minha incompreensão. Não levantei da cama para nada. Como eu não destrancava a porta nem os respondia, pensaram que eu havia cortado meus pulsos de novo ou misturado remédios. Chamaram os bombeiros que arrombaram minha porta. Quando me encontraram eu estava dormindo, mas acordei quando percebi mãos me avaliarem. No fim, minha pressão estava muito baixa por ter ficado mais de vinte horas sem comer, fora isso, estava tudo bem.

Desde o ocorrido, meu quarto não tem tranca, ao invés disso tem um armário com comida, o que eu acho muito melhor. Afinal, uma tranca não é de muita serventia. Se eu quisesse cortar meus pulsos, seria com a porta fechada a chave ou aberta. Isso não faria diferença. Não é uma por sem fechadura que irá me impedir disso.

De repente fiquei com medo de acontecer isso de novo, então apaguei os objetos luminosos e fiquei no escuro, deitada de buços, pensando nada com nada. Me esforcei para chorar só que não tinha vontade, não saia uma lágrima sequer. Cansada de tentar, desisti e fui ao banheiro. Tirei as roupas e fitei meu reflexo. Eu tinha seios, não muito grandes, mas pelo menos tinha. Minha bunda era meu forte, empinada e redondinha. Mamãe dizia que eu deveria agradecer ao meu pai por, afinal, ele evitava me bater na bunda e sim nas pernas, justamente para eu não ficar com uma bunda feia.

Eu estava de perfil quando observei isso, com um sorriso sapeca no rosto que foi se desfazendo assim que de relance olhei minha barriga, ou melhor, o reflexo. Não tinha nenhuma saliência, ainda. Eu era tão pequena, toda criança, não me imaginava com uma barriga enorme, não me imaginava com outro neném nos braços que não fosse meu irmão, o Aidou.

Após o banho, modelei o cabelo, passei somente lápis de olho e rímel, pra destacar meus olhos. Não gostava de muita maquiagem, o que é contraditório, afinal, tenho base e pó compacto estocado para meses. Não eram para meu rosto, eram para meus pulsos. Minha pele tinha um bom aspecto, o que eu precisava esconder eram as cicatrizes nos braços e tornozelos. Perdia muito tempo fazendo isso diariamente, também perdia dinheiro, pois comprava os produtos que mais tapavam, mas valia a pena, me mantinha livre de perguntas indelicadas.

Deu o horário do encontro, coloquei tudo o que precisava no bolso e saí, sem patins, dessa vez pegaria metrô. Chegando lá vi apenas Shikamaru, Neji e Sasuke. Olhei de relance para esse último e sentir alguma coisa tapar minha garganta. Não sabia que sentimento era aquele, só sabia que não gostava.

–Danone! –Silabou Shikamaru assim que me viu. Ele não era muito animado, pelo contrário, era entediante, mas quando tentava ser simpático era evidente e manchava seu caráter, que era bom, isso posso garantir.

–Onde estão os outros? –Perguntei.

–Lee não virá. –Neji informou.

–Então quem vocês estão esperando? –Perguntei, pois sabia que na incerteza deu aparecer ou não, eles não perderiam tempo me esperando.

–Sai. –Arqueei as sobrancelhas me lembrando da existência de Sai. Depois de tudo o que aconteceu, nos afastamos radicalmente, ou melhor, ele se afastou. Eu sinto falta dele e já tentei puxá-lo para uma conversa: sempre sou ignorada. Simplesmente desisti disso, afinal, se ele fosse amigo mesmo, não me abandonaria assim, do nada.

Ele também está meio que afastado de todo mundo. Depois de mim, várias pessoas foram assunto na escola, ele não passou ileso. O fotografaram com um menino da minha sala e publicaram a foto através de uma conta falsa, imprimiram a imagem e espalharam em pontos estratégicos da escola. Pelo menos metade dos alunos sabia da orientação de Sai, o julgavam, mas ele nunca se importou, até com essa conspiração de preconceito ele permaneceu impassível, entretanto, os meninos acharam melhor ‘dar um tempo’ de Sai até que a poeira abaixasse. Sai só andava com eles, isso poderia desencadear boatos sobre a sexualidade dos outros, que era definida.

Enfim. Sai se afastou e eu esqueci da existência dele, assumo.

Depois de uns dez minutos ele chegou, mais bem vestido e cheiroso do que os outros três, só não digo mais bonito porque o tom da sua pele era meio doentio e me assustava. Eu gostava de homens mais morenos, tipo o Naruto, todo bronzeado.

Após todo o ritual de comprar ingressos, bebidas e comidas, entramos na sala e fomos para os fundos. Não tinha quase ninguém. Sai, Shikamaru, Neji, Sasuke e eu. Ficamos distribuídos nessa ordem (que eu odiei, queria ficar ao lado do Neji, o cabelo dele tinha um cheiro agradável), calados e bem acomodados para ver os trailers. Digo, os três do outro lado estavam relaxados, Sasuke e eu estávamos tensos. Podia perceber isso nele pelo seu maxilar travado e movimentos repetitivos com os pés. O som era auto e a falta de plateia contribuía para isso, resolvi puxar assunto, num tom que somente ele pudesse escutar, afinal, eu sabia, ele estava atento.

–Dizer ‘oi’ para as amigas de vez em quando é legal. –Ele me olhou com o canto dos olhos e voltou-se para a tela. Depois de muito, muito tempo mesmo ele me respondeu, ou melhor, me cumprimentou.

–Oi. -Virei-me pra ele espantada. –O canudinho do suco até escorregou da minha boca.

–Como vai você? –Perguntei bem humorada, no mesmo tom.

–Vou de Kadeting, ainda não comprei meu carro. –Respondeu sério e eu ri, abafando o som com a mão. Tinha vontade de escrever na testa “Lar doce Lar” para Sasuke. Enfim, meu amigo Sasuke de volta.

Que pena que duraria pouco.

–E você? –Perguntou.

–Eu o que?

–Como anda?

–Agora com os pés, às vezes de patins.

–Legal.

–Legal.

Silêncio.

–Foi mal. –Disse. Era o mais próximo que ele podia chegar a dizer de ‘desculpas’. Sasuke nunca pedia desculpas e isso era o que mais me irritava nele. –É complicado entende? –Assenti.

–O que disse à Naruto? –Ele se virou para mim, meio confuso. –No aeroporto. Você me disse que iria resolver.

–Naruto disse algo para você?

–Não.

–Agiu estranho com você?

–Também não.

–Simples.

–O quê?

–Eu cumpri o que disse. Eu resolvi. Só isso. –Fiquei meio que sem palavras.

Meu Naruto, corno manso? Mas como assim?

–O problema a solucionar agora é você. Não acreditou que eu fosse capaz de resolver o que prometi e acabou se esquecendo do que disse. É uma falha sua, Danone. –Sorriu de canto. Ele tinha mania de soltar essas frases que me calavam a boca na hora. Outra coisa que eu odiava nele.

–Então está tudo bem? –Ele ponderou, ponderou e por fim fez que sim com a cabeça, voltando a ser o Sasuke idiota que me irritava, apesar de que eu o via mais bêbado do que sóbrio. –E se por acaso, não estiver mesmo tudo bem? –Voltou a me olhar sério.

–Já disse, resolvi.

–E se por acaso, só por um acaso, eu não esteja me referindo a você? –Ao dizer isso, seu olhar mudou. Tornou-se opaco e seu maxilar voltou a travar. Do nada ele me apanha pelos pulsos e me arrasta para fora da sala de cinema.

–Hey! Onde vai? –Shikamaru exclama e recebe do meu ‘sequestrador’ o dedo médio.

–Você contou pro Camarão?! –Indagou cheio de fúria, nas escadas de emergência onde não havia movimento e nem iluminação. Detesto admitir, mas senti medo daqueles olhos escuros. Feios e sem brilho. Mamãe, Aidou e Naruto, os que eu mais amava, tinham íris límpidas e iridescentes, eu gostava de olhos assim.

–Não. –Disse me surpreendendo por minha voz estar firme. Ele pareceu respirar aliviado, como se houvesse tirado um enorme peso das costas, mas logo voltou para me bombardear. –Por que disse aquilo?

–Eu só perguntei. –Sem obter resposta pela segunda vez, repeti. –E se por acaso nada estiver bem em relação a mim?

–Não faz diferença. –Respondeu com aquele olhar frio, sem cor, sem vida. –Você não é mais problema meu. Como disse, resolvi. Acabou. Nada aconteceu. Você se lembra? Não. Nem eu. É como se nunca tivesse acontecido. Estou disposto a continuar sendo seu amigo, mas isso não depende só de mim.

–Estou grávida Sasuke. –Disse de um vez só, num só fôlego, sem olhar para ele, sem olhar sua reação. Olhava apenas seus tênis sujos, da Puma. Feios como a cara da minha irmã Reira. Era isso que ele precisava saber. Essa era a primeira coisa que eu deveria fazer, a única certeza que eu tinha: Informar para o ‘pai’. É. Era essa uma das coisas mais importantes a ser feita, agora, era esperar algo sair da sua boca.

“Aborte”

“Dê para a adoção”

“Crie sozinha”

“Maneiro! Vou sei pai!”

O mais incrível foi que de todas essas possíveis respostas, eu só esperava ouvir o silêncio dele e foi exatamente isso que aconteceu.


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Notas finais do capítulo

- Vish.
Nem vou falar nada! kkk
Baseado em fatos reais né, na história 'original' aconteceu o seguinte. A menina avisou o menino por sms e ele respondeu com o emoticon (=/) kkk Eu rio mas é tenso vei
Reviews?
....................................................................
fui expulsa de casa entao essa e as outras historias ficarão travadas



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