Sinal Positivo escrita por Milk


Capítulo 3
Capítulo II


Notas iniciais do capítulo

~ Obrigada às lyndas que comentaram, mil beijos!
Para as que não comentaram, dois beijos e um aviso de neon "vocês não são bem vindas ingratas!" u.ú
Tipo, é mini fic, mas tava pensando não conseguir resumir a história em menos de 20 capítulos >.< Vocês se importam? Caso se importem, os capítulos demorarão um pouco para saírem, mas em compensação serão gigantes como coração de mãe, então, para as lyndas que comentam sempre, coloquem nos reviews o que acham, por favor.
Enjoy



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–Naruto?! –O chamei assim que ele atendeu o celular.


Oi Sakura, tudo bem? Eu ia te ligar mais tarde... –Assim que ouvi sua voz rouca, meus olhos começaram a formigar, mas não como quando nossas pernas ficam dormentes, começaram a manifestar que estavam loucos para chorar. Respirei fundo e o interrompi.


–Eu te amo, sabia?


Sabia. Eu também te amo. –Disse todo meigo. –Tá tudo bem, Danone? –Ele me chamava de Danone, por causa da cor do meu cabelo. Assenti, me esquecendo de que ele não estava vendo e sim ouvindo, depois disse sim, tentando não aparentar chorosa. Senti-me extremamente egoísta. A irmã dele estava internada com leucemia e ele perguntando se eu estava bem.


–Como está sua irmã?


Na mesma. –Respondeu sem rodeios.


–Como assim na mesma?


Do jeito que estava ontem.


–Ela não melhorou?


Não. –Respondeu. Um silêncio se formou, como um leite transbordando do caneco quando você o esquece no fogo. Foi crescendo, crescendo, e quando resolvi me manifestar e acabar com aquele clima desconfortável, tudo já se perdera. –Estou preocupado com você agora. Você não é de ligar se não forem urgências.


–Falando assim sinto como se demonstrasse que não ligo pra você.


Não é isso, é só que...


–Eu entendo. Só estou com saudades.


Também estou Danone. Se tudo der certo volto pra casa em um mês.


–Ok. Vou desligar.


Depois te ligo. –Apertei a tecla vermelha antes que ele começasse com as despedidas.


Joguei o telefone para a ponta da cama, respirei fundo e tentei afastar aquela vontade de chorar. Não sabia como desatar aquele nó da minha garganta sem morrer sufocada na minha própria vergonha.


Eu não me lembrava direito da noite da festa, não sabia se o que eu pensava que tinha acontecido tinha de fato acontecido, mas cá entre nós, dois adolescentes bêbados nus em um quarto não iriam fazer nada?


Sabia como as pessoas ficavam alteradas com boas doses de álcool na veia. Tudo podia ter acontecido.



A dúvida que me deixava aflita. Também, não sabia porque estava me preocupando tanto sendo que era normal essas coisas acontecerem nesse tipo de festa e tal, acho que até demorou para acontecer comigo. As meninas da minha idade já eram sexualmente ativas e faziam coisas com vários caras em ficarem encanadas como eu estava, só que eu era virgem e eu tinha namorado, que para meu azar, era melhor amigo da pessoa que dormia ao meu lado.


É. Era azar dobrado, redobrado, triplicado, multiplicado... Era tudo de ruim que poderia ser. Se mamãe descobrisse iria me matar. Se Naruto descobrisse não iria me perdoar. Tantas consequências por causa de uma distração... Não devia confiar em nada que me oferecessem naquela festa maluca.


Maldita Ino!


Ao chegar em casa depois de ter passado à noite na rua, você já pode imaginar o sermão que levei. Minha mãe só não ficou mais brava porque ligaram para ela avisando que eu havia dormido na casa, que estava bem e voltaria no dia seguinte de manhã porque não havia ninguém para me levar em casa. Ainda assim, ouvi poucas e boas sobre como havia deixado ela preocupada e traído sua confiança, quando disse que iria voltar antes das uma da manhã e voltei no dia seguinte.


Ela tinha razão então não falei nada.


Subi para o meu quarto e tomei um banho gelado bem demorado. O cheiro de álcool e perfumes baratos não estava tão forte, do contrário, mamãe perceberia, ainda assim, ensaboei meu corpo umas quatro vezes a fim de tirar qualquer resquício da noite anterior. Desci, tomei os comprimidos matutinos e o noturno que deixara de tomar, dois de uma só vez. Peguei a bula e mais alguns comprimidos para acabar com minha dor de cabeça.


Quatro comprimidos de vez. Talvez a minha intenção era ter uma overdose de fluoxetina e paracetamol, vai saber.


Duas horas depois eu estava indo para a escola. Primeiro ano do ensino médio. Cabelo amarrado em maria-chiquinha, uniforme de verão e patins(tinha que economizar minhas verbas em vez de gastá-las com condução, afinal, meu meio de locomoção além de divertido era saldável e não destruía a camada de ozônio), lá ia eu rumo ao lar da aprendizagem quando percebo que eu não passava despercebida.


Não sei se na escola que você estuda ou estudou havia uma garota de cabelos rosa e patins, mas se há ou havia, todos prestavam atenção. O caso é que o pessoal já se acostumara com essas minhas atitudes sem noção e não se importavam desde que eu não atropelasse nenhum deles. Não entendia por que me olhavam. Eu nem bonita era, nem popular, nem muito inteligente, nem muito idiota, eu era comum, só ia de patins para a escola e isso não era novidade.


Tentei ignorar e fui falar com os meninos, eles tinham a mesma cara. Aí eu me irritei, poxa vida, até eles?


–Ah, qual é? To com remela no olho? To deformada? Por que tá todo mundo olhando pra minha cara?


–É por causa da festa... –Shikamaru respondeu olhando para a ponta do seu All Star sujo e falsificado.


–Entendo. –Respondi mais controlada, olhando para o rosto de cada um. Eles evitavam me olhar nos olhos. –Não sei o que aconteceu direito na festa, batizaram meu suco, mas pelo que vejo fiz merda né?


–Não é isso Sah, é só que... –Lee tentou se explicar, mas travou no meio da frase e eu perdi a paciência.


–Tudo bem. Eu vou estrar. Quando não tiverem vergonha de falar comigo sabem onde estou.


E entrei no colégio. Fui beber água no bebedouro, olhei o mural de comunicados, olhei o outro mural com desenhos das crianças do primário e as balizas da fanfarra do colégio conversando em voz exagerada sobre a festa de ontem. Ino estava no meio. Percebeu minha presença no corredor e veio saltitando sorridentes para mim. Ela me abraçou. Não retribuí nem neguei o afeto, embora tivesse vontade de lhe socar as fuças para que tomasse vergonha na cara e me pedisse desculpas.


–Como está de ressaca? –Perguntou animada.


–Não estou de ressaca.


–Tudo bem, não vou insistir. –Apoiou um dos braços ao redor do meu ombro e foi andando comigo em direção à sala. Ela era consideravelmente mais alta do que eu e vê-la assim me causava a estranha sensação de que era meu pai ali do lado, só que loiro, com voz de taquara rachada e saia batendo no meio da bunda. Ainda assim dava a sensação que era meu pai, embora ele fosse ainda mais alto que Ino.


–Vou você que batizou minha bebida não foi? –Ela assentiu como se fosse uma coisa óbvia e normal. Óbvia eu concordo que era, mas normal, bem, normal era também, só que não era certo e eu não gostei! –Por que fez isso?! Você sabe que eu não bebo!


–Não bebe porque é a filhinha da mamãe! Aposto que quando chega em casa ela cheira sua boca para detectar aroma de Vodka! –Parei no mesmo instante tirando o braço dela ao redor do meu ombro.


–Não vou beber por aceitação social ok? Eu não gosto e não tenho que dar satisfações para ninguém sobre meus motivos!


–Você fala isso agora que está sóbria, quando o suquinho fez efeito você queria beber todo o estoque de bebida da festa!


–Justamente porque eu estava fora de mim!


–Você estava gostando Sakura, admite! O porre que você tomou nem foi assim tão forte, você se lembra de muitas coisas! Principalmente do que aconteceu com o Sasuke.


–O que?!


–Ora, todos viram, tá rodando no celular de todo mundo o vídeo de quinze minutos, os dois bêbados se atracando descaradamente! –Dei um tapa na sua cara mais lisa do que bunda de bebê e fitei sua cara de indignação.


–Some da minha vida sua vadia! –Gritei a empurrando contra a porta da sala de biologia, em seguida saí correndo, chorando, em busca do banheiro mais próximo.


Para minha alegria o banheiro estava lotado de meninas, algumas eu conhecia, irmãs ou namoradas de alguns dos meus amigos, outras era apenas rostos que cruzavam comigo no corredor e não respondia as cortesias de ninguém.


Meninas orgulhosas.


Tinham mais peito do que eu, minha mãe e minha vó juntas e se achavam excepcionais por isso. Confesso que, eram peitos lindos e se eu fosse homem teria fascínio por eles, pelos peitos, não pelas garotas. Eram fúteis e depravadas. Assim que entrei todas se voltaram para mim com expressões de risos e outras de repulsa.


–Licença. –Disse entre dentes passando por elas. Fui na última divisória me tranquei lá, sentando sobre a tampa do vaso agarrando minhas pernas. Pensava sobre como a vida era engraçada. Num dia está tudo bem, no outro está tudo mal. Meus amigos me evitam, há um vídeo pervertido no qual eu e Sasuke somos os protagonistas e agora virei foco de fofocas e injúrias.


Tudo bem, sequei as novas lágrimas que se formaram, eu já passei por coisas piores, já passei por humilhações piores, por testes piores. Eles não passavam de jovens querendo se divertir com o deslize dos outros, eu não devia me importar, essa onda de rumores iria passar logo que fizessem outra festa e outro alguém fizesse algo pior.


E eu sabia que era possível.


Arrumei meu cabelo olhando pelo visor do celular e saí daquele cubículo mal cheiroso. Nenhuma menina estava do lado de fora, mas deixaram seu recado para mim escrito de batom no azulejo branco.

“Vadia ruim de cama!”


Respirei fundo.


Elas estavam me provocando.


Sorri.


Elas estavam me irritando.


Saí do banheiro soltando meu cabelo.


Elas estavam pedindo por isso.


Acelerei o passo a fim de alcança-las do outro lado do corredor antes que entrassem em sua sala.


–Hey! –Puxei o gorro da blusa decotada da Tenten, chamando sua atenção. Ela ao se virar me olhou de um jeito inexplicável, como se eu tivesse feito um crime por tocá-la. Ignorei e fui direta. –Qual de vocês escreveu aquilo no banheiro.


–Você sabe se foi a gente? –Retrucou.


–Fora as últimas a saírem.


–Mesmo, assim. Não foi a gente, e se tivesse sido, teríamos assinado seu nome.


–Se a carapuça serve, isso é pessoal seu! –Acrescentou Temari.


Pelo tom de voz que usou, tive uma vontade absurda de dar-lhe um tapa linda na cara por ser tão sínica e insinuante, mas me contive, eu tinha classe e menos de 1,60 de altura, não me arriscaria a fazer isso com o risco do bando todo vir para cima de mim.


Após muito blá blá blá, me cansei dando as costas para ela e indo para a minha sala. Passei a primeira aula na diretoria, pois já havia ultrapassado o horário de tolerância para atrasos. Eu ia frequentemente àquela parte da escola para conversar com a assistente social, mas parecia que cada vez que eu voltava lá, uma coisa parecia diferente, menos familiar.


–Vocês mudaram alguma coisa aqui? –Perguntei para a senhora sentada atrás do balcão de recepção, folheando uma revista de cosméticos. A mulher nem se mexeu, olhou-me por cima dos óculos, olhou ao redor e voltou a atenção à revista. Fiquei sem resposta, mas não me importei. Eu entendia a senhora. Também não gostava quando me faziam perguntas sabendo que eu estava distraída.


Na verdade, eu não gostava de perguntas. Respondia os outros por ‘educação’.


O segundo sinal bateu e eu fui para a sala. Os olhares esquisitos permaneciam banhando-me dos pés a cabeça como se eu estivesse tomando banho de água gelada com roupa. Uma comparação ridícula porém a mais próxima de descrever o que acontecia de tão intenso que era. Mantive a pose de tolerância e me concentrei nas aulas como jamais fizera, isso me distraiu e me ajudou, pois entendia teoremas de matemática que não havia aprendido durante o ano todo.


Se passou uma semana. Os olhares de canto diminuíam consideravelmente e as coisas voltavam a seu estado normal de ser. Mais um escândalo e eu voltaria a ser invisível para toda escola. Sasuke só voltou frequentar as aulas quatro dias depois do ocorrido, numa sexta-feira, me cumprimentou. Só. Não puxou assunto nem me chamou para sentar com ele e os meninos.


Shikamaru me disse que ele não transava com amigas e estava estranhando o clima que ficou, entretanto, nós dois, pelo que eu saiba, não lembramos de nada que aconteceu, então, é como se nunca tivesse acontecido (tirando as provas em vídeo, a manhã em que acordamos um ao lado do outro e relatos de quem estava na festa).


Ele também disse que isso era normal entre eles, fazer essas maluquices, beber muito e fazer coisas das quais nem se lembraria mais tarde, entretanto.


–Sasuke passou dos limites e tem consciência disso. –Shikamaru dizia. –Você e Naruto são amigos dele, isso foi errado, mas não há culpado.


–Eu não estou brava com ele. Só acho que ele podia voltar ao normal.


–Como era antes? –Perguntou e eu assenti. –Acho que isso não vai ser mais possível Sakura. –O olhei com o cenho franzido. –Como disse, Sasuke não transa com amigas. Muito menos com namoradas do amigo dele.


A partir daí percebi que não importava quantos vexames acontecessem, quantas vítimas de humilhação e rumores surgissem ao longo do ano letivo, aquela festa, aquela maldita festa havia deixado rastros que não se apagariam tão cedo. Percebi que, desde que acordei aquela manhã ao lado dele, não acordamos como Sasuke e Sakura, acordamos como homem e mulher. Isso parece meio óbvio e desnecessário de se dizer, mas não. Vai muito além do concreto. É um vácuo, um rombo que se formou entre nós. Um rombo que se expandiria assim que Naruto retornasse.


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Notas finais do capítulo

- E aí? Sexo é bom mas acaba com as amizades! Se beberem, não transem com seus amigos, mesmo que não saiba o que está fazendo ok? É uma dica.
Já disse que isso é baseado em fatos reais então.. Tem um pouco de sentido no que eu digo. Er.
comentários?



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