Passai um bom tempo pensando sobre as palavras de Daniel, mas optei por não relevar esse assunto o mesmo devendo se tratar de um simples mal entendido ou algo do tipo.

Era final de semana novamente, acordei sentindo um frio incomum sentei-me na cama passando as mãos nos braços no intuito de aquecê-los enquanto via pequenas baforadas de vapor saírem da minha boca devido ao encontro entre o ar quente e o frio, levantei-me rumo à janela sentindo o chão frio sobre meus pés descalços, quando alcancei a mesma olhei para fora presenciando então a justificativa para temperatura, pequenos flocos de neve caiam lentamente e uma camada fina branca cobria o chão e os telhados das casas vizinhas, apressei me em me trocar tirando o pijama me agasalhando antes de descer para tomar café da manhã. Adentrei a cozinha onde meus pais já se encontravam sobre a mesa.

___Bom dia. Disse meu pai ao me ver erguendo rapidamente os olhos do jornal que empunhava.

___Bom dia. Respondi antes de me sentar me servindo do café sobre a mesa.

___Viu querido esta nevando, porque não chama alguns amigos e sai para brincar na neve. Sugeriu minha mão animada ao sentar se a meu lado.

___Mão já tenho 16 anos não brinco, e do jeito que a senhora fala até parece que eu nunca vi neve na vida. Afirmei revirando os olhos, mas devo admitir que sua sugestão havia me dado algumas ideias, poderia convidar Marry para sair, porem a questão era encontra-la. Após o café subi para meu quarto considerando talvez dar umas voltas pelo parque pois com sorte a encontraria por lá, mas antes que pudesse completar essa linha de pensamento meu celular tocou.

___Alô. Atendi e para minha surpresa ouvi a voz de Marry responder do outro lado.

___Oi Richard! Cumprimentou.

___Oi, nossa eu estava pensando em você agora mesmo. Comentei realmente impressionado com tal coincidência.

__É... eu sei! Afirmou despreocupada.

___Como assim você sabe? Perguntei, mas ela não me respondeu.

___Quer me encontrar hoje? Indagou, e com essa pergunta fez com que me esquecesse da minha própria.

___Claro. Respondi animado, cada vez gostava mais de ter a companhia dela.

___Ok me encontre no parque, quero te contar uma coisa. Disse por fim antes de desligar.

Coloquei mais alguns casacos e desci para avisar que sairia e ao adentar na cozinha ouvi meus pais conversando sobre uma noticia do jornal.

___É mesmo muito triste, tão jovens e morrem assim, esse mundo esta perdido. Exclamou minha mão enquanto arrumava a mesa.

___Vou sair. Disse parando a soleira da porta não dando mais atenção a eles.

___Tudo bem tenha cuidado por ai. Assentiu minha mãe enquanto eu já me encaminhava á saída.

Quando cheguei Marry já me esperava, mas quando me aproximei percebi que dessa vez havia lago de diferente nela, parecia seria demais para seu usual.

___Uma moeda por seus pensamentos. Brinquei ao me aproximar chamando a atenção dela até mim, mas não sorriu permaneceu com a expressão inalterável a mesma quase tão fria quanto a neve que começava a cair timidamente. ___Tem algo de errado? Perguntei preocupado.

___Eu vou embora. Disse dando alguns passos na direção oposta a minha.

___A gente nem conversou, mas se precisar ir podemos nos ver amanhã. Sugeri, mesmo querendo que ela ficasse não julguei boa ideia dizer isso, pois ela não parecia bem humorada.

___Você não entendeu não vou embora só daqui, vou embora para sempre. Explicou e por algum motivo essas palavras soaram como um ultimato para mim.

___Porque você não pode fazer isso, t-em... eu nem tive tempo de...Comecei sem conseguir terminar minhas próprias frases um pouco surpreso comigo mesmo e com meu desespero.

___É melhor assim. Afirmou seca dando alguns passos para se afastar foi quando em um ato impensado segurei seu braço a puxando para mim ela então colidindo contra meu peito.

___Você não pode ir assim, pois eu acho que... estou apaixonado por você. Confessei pousando minhas mãos sobre seus ombros. Ela permaneceu calada por alguns segundos apenas me fitando, parecendo hesitante, antes de começar após um suspiro.

___Não sabe como me entristece ouvir isso. Disse desviando olhar.

___Por quê? Você não gosta de mim. Perguntei sentindo meu coração se apertar temendo sua afirmativa.

___É exatamente o contrario e essa é a questão. Respondeu dando alguns passos afastando se segurando os próprios braços pensativa.

___O contrario?...Então você também gosta de mim? Indaguei inseguro, e após alguns segundos ela ergueu os olhos para me encarrar, e se aproximou alguns passo.

___Até logo Richard. Disse dando-me um leve beijo nos meus lábios tendo que ficar na ponta dos pés para alcança-lo antes de se virar partindo me deixando estático e sem reação, devido à surpresa,

Retornei para casa distraído com minha mente revivendo aquele momento, quando nossos lábios se tocaram uma sensação estranha percorreu meu corpo, algo como uma espécie de arrepio, quente, como se tivesse me desligado do mundo por alguns segundos, aproveitava-me dessas lembranças satisfeito até mesmo com seu modo de se despedir, que foi com um “Até logo” e não comum “adeus’’”. Adentrei em casa tirado meu casaco que sustentava uma fina camada de neve, me dirigi à cozinha, mas não encontrei ninguém lá, sentei-me sobre a mesa pensativo quando o jornal sobre a mesa me chamou a atenção, peguei o mesmo analisando, a reportagem falava de alguns jovens que foram encontrados mortos e para minha surpresa eram os mesmos que não há muito tempo tinham tentado me assaltar, por algum motivo no mesmo instante minha mente trouxe-me a memoria o rosto de Marry, meu coração se apertou de uma forma estranha e tive um sobre salto quando uma das janelas se abriu batendo devido ao vento, me levantei fechando a mesma me perguntando de onde vinha esse sentimento