73 Edição Dos Jogos Vorazes escrita por Julia Everllark


Capítulo 11
Morte de um amigo


Notas iniciais do capítulo

Desculpe a demora, tive que resolver uns probleminhas.



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Separo minhas armas, ponho os óculos de visão noturna e saio para fora da barraca. Sento em frente a barraca e fico lá observando. Retiro o óculos por um segundo e o ponho logo em seguida, sem eles não consigo enxergar nada.

Olho a lua e as estrelas, elas são as mesmas que a minha família vê lá no distrito 3. Elas estão meio embaçada, porque a arena está envolta por um campo de força. Um tempo atrás, eu nem era nascida mas a minha mãe me contou que um garoto, acho que do distrito 12 mais ou menos com uns 14 anos ganhou usando o campo de força como arma. Esse ano era uma edição especial que ocorre a cada 25 anos chamado massacre quartenário, haviam 48 tributos na arena, as chances de vencer eram mínimas, daqui dois anos vai acontecer novamente.

Nunca gostei dos jogos,mas nem por isso os temia. É muito crueldade por 24 jovens na arena para lutar até a morte, e só um poder vencer, não seria mais fácil executar todos de uma vez, a capital só alimenta falsas esperanças. Fico me perguntando até quando isso vai continuar. Tudo que eu queria agora era estar na minha casa, na minha cama debaixo das cobertas dormindo. Qualquer lugar é melhor que a arena.

Ouço um barulho vindo do mato, olho e procuro. Ufa! Foi apenas o vento.

Como será que a minha família está? Pergunto a mim mesma. Devem estar bem, apesar da dor que devem estar sentindo, estão seguindo com suas vidas. Também devem estar felizes por eu ainda estar viva e com um pouco, bem pouco de expectativa de que eu volte para casa. Sinto falta, muita falta deles, principalmente da mim mãe , ela me apoiava em tudo, eu me pareço com ela ambas somos brancas e temos os cabelos e olhos escuros. Também sinto falta do meu irmão e meu pai.

Estou ficando com sono, não paro de bocejar, mas não posso me render a ele, tenho que garantir a minha proteção e a dos outros. Passam-se uns 20 minutos e Scott vem para me substituir.

- Pode ir - diz ele.

- Fique com o óculos , se não não vai enxergar nada – digo entregando-lhe o óculos.

Entro na barraca e me ajeito dentro do meu saco de dormir.

- Ei! Acorda! Acorda! – diz a voz, levo alguns segundos para perceber que já amanheceu e é Charlie que está me acordando.

- Vamos, ajude-me a acordar os outros – diz Charlie. Enquanto ele acorda Scott eu vou acordar Been. Não demoro a perceber que ele não está passando bem. Ele está queimando em febre. Me dirijo até Scott e Charlie.

- Não podemos ir com ele assim, está queimando em febre – digo.

- O que vamos fazer? – pergunta Scott.

- Não sei, talvez arrumar as coisas e ficar aqui mesmo – digo.

Desmontamos a barraca, guardamos as coisas dentro das mochilas e deixamos as armas prontas, caso precisemos usar.

Pego um comprimido para febre e entrego a Been.

- Toma, vai baixar a febre – digo entregando – lhe um comprimido e uma garrafa de água.

- Obrigado. Julie se eu morrer e você conseguir vencer, entrega isso pra minha família – diz ele puxando um colar de seu pescoço e me entregando.

- Tá – digo pegando o colar e o guardando no meu bolso da jaqueta.

Começo a ouvir um barulhinho irritante, demoro um tempinho para perceber que há um paraquedas prateado a alguns metros atrás de mim. Corro em direção a ele, está atado a uma cesta. Amarrado ao arco da cesta há um bilhete: Julie e Charlie aproveitem e fiquem vivos. Agarro a cesta e a levo para mostrar pros outros, os olhos deles começam a brilhar. A cesta está repleta de pãezinhos em formato de cubo, típicos do nosso distrito, queijo, maças, iogurtes e um bolo desses de café da manhã. Devoramos metade da cesta e guardamos a outra metade para comer mais tarde.

Já se passou mais ou menos uma hora desde que Been tomou o remédio e a febre não parece ter baixado em nada, ao contrario parece só aumentar.

- Toma mais um – digo a Been estendendo-lhe outro comprimido. Também pego aquele pano que a gente tinha usado para enxugar o ferimento, o molho e coloco em sua testa.

Como Been está fraco por causa da febre e seu ferimento optamos por ficar nesse local mesmo. Nosso estoque de água está se esgotando, mas dá pra aguentar até amanhã.

Desenfaixamos o ferimento de Been , está pior do que ontem, a pomada parece ter ajudado um pouco, mas ela endureceu e ficou grudada no ferimento. Limpamos o ferimento e fazemos outro curativo.

Hoje o dia foi bem tranquilo, só ouvimos um tiro de canhão. Agora já está quase anoitecendo. Me da fome só de lembrar daquela cesta, tudo o que restou dela foram 3 maças e um pequeno pedaço de queijo.

- Julie vem aqui rápido - grita Scott de dentro da barraca.

Corro o mais rápido que posso e entro dentro da barraca. Quando chego lá Been está se contorcendo todo, com os olhos revirados e cuspindo sangue. Charlie e Scott estão desesperados.

- Acho que ele está tendo uma convulsão – diz Charlie.

- E agora o que a gente faz? – pergunto para os rostos desesperados de Charlie e Scott.

- Não sei, não sei - diz Scott.

- Acho que não tem nada que a gente possa fazer a não ser esperar ele morrer – diz Charlie.

Ficamos lá vendo ele se contorcer até que ele para e um tiro de canhão é liberado.

- Rápido , vamos arrastar ele para fora da barraca para que o aerodeslizador possa leva-lo – diz Scott. O aerodeslizador ergue o corpo de Been e o leva.

Depois da morte de Been, eu Charlie e Scott ficamos sentados em frente a barraca, nossas mentes estão ocupadas por mil e um pensamentos, mas nossas bocas estão quietas, não se mexem.

O hino começa e em seguida aparecem dois rostos o primeiro é o de Been e o segundo é o de Audrey, a garota do distrito 9. Sabe, sinto pena dela, ela era uma boa garota.

- Tchau, boa noite vou dormir – diz Scott.

Ficamos eu e Charlie sentados em frente a barraca. Começo a chorar.

- Ei! Garota calma – diz Charlie me consolando, ele passa o braço por trás das minhas costas e faz carinho no meu ombro.

- Não sabia que era tão triste ver uma pessoas morrer – digo.

- Eu sei, eu sei – diz ele.

- Charlie você acha que quando as pessoas estão para morrer elas sentem? – pergunto

- Talvez – diz Charlie.

- Então acho que ele sentia, porque hoje de manhã ele falou que caso ele morresse e a gente conseguisse vencer pra mim entregar isso para família dele – digo deslizando o colar para fora do meu bolso da jaqueta.

É um colar com um pingente retangular, na frente do pingente tem Netuno o deus do mar. Quando a gente abre o pingente, dentro dele tem uma foto, na foto estão uma mulher, um homem, uma garota que aparenta ter uns 9 anos, um garoto que deve ter uns 14 anos e Been. Dentro do pingente também tem um bilhete que deve ter sido dobrado umas mil vezes. Sou vencida pela curiosidade e abro o bilhete, nele está escrito: Onde quer que eu esteja nunca vou esquecer de vocês.

- Ele era um bom garoto, não merecia ter morrido, ainda mais nos jogos – diz Charlie.

- É, não merecia. O garoto da foto podia ter se voluntariado no lugar dele – digo.

- Talvez tivesse medo – diz Charlie.

- E você tem? – pergunto.

- O que? – pergunta ele.

- Medo – respondo.

- Claro que tenho, Julie todo mundo tem, até os carreiristas devem ter, bem lá no fundo – diz ele.

- É eu também tenho, mas quando a gente tá nos jogos tem que aprender a conviver com ele – digo.

- Exatamente – diz ele.

- Charlie, você acha que a gente pode vencer os jogos?- pergunto.

- Eu prefiro acreditar que sim- diz ele.

- Quem vai fazer guarda essa noite? – pergunto.

- Eu vou, pode ir lá dormir – diz ele. Entro dentro da barraca.

- Prefere o machado ou o facão? – pergunto.

- O facão – diz ele.

Jogo o facão e o óculos que caem bem ao seu lado.

Me acomodo dentro do meu saco de dormir e tento dormir.




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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capitulo.



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