A Inquilina escrita por Naslir


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Yoooooo/ Como vão? Bem, mais um capítulo da Inquilina ai pro6, espero que gostem ;) ele ficou meio meloso no final, mas compenso no próximo capítulo, ok? Boa leitura!



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                Um dia, sem dúvida você se perguntou: "Não pode ficar pior do que já está." Essa frase é uma praga, não importa o que seja, chuva ou um ataque de esquilos raivosos, sempre vai ficar pior. Sei que já aconteceu com você, e no momento, está acontecendo comigo. Ou melhor, com todos daqui.

                Geralmente não é comum encontrar mais de um portal dimensional no mesmo lugar.

                - Mas que porcaria! - gritou o ruivo após dar um soco na cabeça de um dos animais, que acabou caindo inconsciente. - Isso daqui não vai acabar não?!

                - São muitos, é melhor pedirmos reforço. - acrescentou Mari. 

                - A gente consegue. - falou Arme. - Sei que sim, somos fortes e treinamos para isso certo? - ela sorriu. - Vamos dar o nosso melhor! - com raios, bolas de fogo e outros tipos de magia, ela foi abrindo caminho e acabando com todos aqueles seres insignificantes.

                "Caramba." penso. "Eles são bons..." Mas é claro que são. São a "maravilhosa e incrível Grand Chase". Tá certo, eu deveria admira-los e louva-los como deuses e blá, blá, blá. Mas pelo amor de Thanatos, eles não estão com essa bola toda. Tsc.

                Sorrio com desdém. Sendo gentis e arrumando um local pra morar, com comida e tudo garantido, eu fico agradecida é claro. Mas eles não são os únicos que conseguem executar lutas épicas.

                Com um impulso avanço rápido, ergo a espada e tento acertar a cabeça de um dos bichos, ele desvia. Com patas enormes e boca cheia de dentes ele ruge para mim, e abaixando uma de suas patonas tenta me acerta. Vou para a direita e seguro seu pescoço. A boca mordia seguidamente tentando sair do aperto, mais com um guinchar percebi que minha mão já estava encharcada de sangue, sinal que consegui queima-lo e deixa-lo se ar.

                - Adoro cheiro de carne queimada. - abri minhas asas e fui para o alto. Giro minha espada umas duas vezes acima de minha cabeça e a arremesso na direção da criatura que tentava desesperadamente respirar. Corto-a ao meio, e o sangue explode. Rio. - Menos um gente! - grito lá do alto sacudindo minha mão para que os resquícios de sangue do pescoço do animal se fossem. - Essa foi fácil. - me entrego a algumas gargalhadas.

                - Namie, não comemore a vitória antecipadamente. - a azulada disse dando um tiro no estômago de outra criatura.

                - Certo, certo. - desço e arranco a espada. Um rugido feroz corta meu raciocínio. Parecia uma espécie de leão misturado com águia. Um Grifo demoníaco. Não tinha um aspecto muito assustador. - Aqui bichano. - me ergo novamente no ar e ele me segue investindo contra mim enquanto eu desviava seguidamente. Com um giro, o Grifo bate o rabo em meu rosto, cortando-o como se fosse uma navalha. - Agora você me irritou. - concentro magia em minha mão esquerda. Uma pequena esfera de magia negra ia aumentando de tamanho aos poucos.

                Devia ter previsto isso antes. O Grifo sabia que meu ataque iria demorar um pouco mais para ser arremessado.

                Grande erro o meu.

                As asas o impulsionaram para frente. Senti minha pupila diminuir de tamanho por causa do susto. Agora, com suas garras de águia, o Grifo me empurrava de uma altitude brutalmente alta em direção ao solo.

                - DROGA! - gritei furiosa tentando ir para o lado, mas as garras cravaram em minha cintura para prevenir qualquer escapatória. Foi questão de cinco segundos para meu corpo se chocar contra o chão de concreto, e dois para minha vista ficar completamente escura e eu caísse na noite escura. Inconsciente.

                Bem, aquela coisa de "minha vida passou diante de meus olhos." é uma coisa completamente diferente do que eu senti. Além daquela sensação horrível de ter seus olhos tomados por uma escuridão que parece sem fim, eu não consegui ao menos sentir a dor de umas três ou quatro costelas se quebrando. Só teve uma única coisa que consegui sentir naquele intervalo:

                Desprezo.

                Sim, desprezo completo. Se eu morrer agora, eu não teria passado de mais um ser insignificante que um dia pisou na superfície de Ernas. Uma asmodiana completamente inútil e idiota. Poderia até brincar, dizendo que meu espírito ia ficar vagando por ai procurando terminar meus objetivos não cumpridos, assombrando os mais fracos.

                Por outro lado, posso ser mais útil morta do que viva. Deixando de assombrar os humanos cada vez que passo em alguma praça.

                E parar de atrasar meu pai.

                Ele tem me ajuda a conquistar o que quero: me tornar forte. Imagine, forte o bastante para derrotar o temido Duel. Bobagem... Mas sei que a Grand Chase consegue, eles são esforçados e seguem em frente.

                Não quero morrer agora. Não posso morrer agora. Deixar meu trabalho pela metade não é de meu feitio, além do mais, prometi ajudar meu pai me tornando mais forte, certo?

                Luto. Luto com aquele labirinto em que me encontro agora. Preciso achar uma saída, preciso achar a saída. 

                Parece que levei um tapa na cara, abri os olhos assustada e logo depois um suspiro aliviado.

                - Consegui? - disse quase como um sussurro, sem forças para falar algo em um tom mais alto.

                - Putz, pensei que você ia ficar desmaiada durante o resto da eternidade! - a voz exaltada perfurou meus ouvidos. 

                - Ryan acham que não existe essa expressão. - outra voz riu sem graça.

                - Quais são as notícias ruins? - perguntei querendo saber.

                - Temos uma péssima noticia para você. - agora já conseguia enxergar melhor, era o albino de olhos azuis. Esqueci seu nome, mas deve começar com E, acho eu. No momento não estou nem ai pro nome dele.

                - Que péssima notícia? 

                - Você quebrou seus chifres. 

                - Como? - como assim quebrei meus chifres? 

                - A queda fez com que você batesse a cabeça e quebrasse dois de seus chifres ao meio. - ele estava sério. Imediatamente levo minha mão ao topo da cabeça e procuro tateando minha cabeça. Os três estavam intactos. Logo o de cabelos laranja explodiu em risadas enquanto o de cabelos brancos ria também, porém não tanto quanto o outro.

                - Ha, ha, ha... Muito engraçado rapazes. - revirei os olhos.

                - A gente teve que colar eles. - o elfo tentou ficar sério, mas começou a rir de novo.

                - Devia ter aproveitado para colar seus neurônios também, eles parecem bem acabadinhos. 

                - Você é má! - ele apontou para mim e começou a soluçar, quando a outra elfa lhe deu um tapa na cabeça. Ah, então era ela que tinha o repreendido antes também.

                - Não ligue para ele Namie, é um bobão. - ela disse sorrindo meiga.

                - Poxa Lire... Pensei que você gostasse de mim... - Ryan fez beicinho e logo depois recebeu um beijo na bochecha dado pela garota.

                - E gosto, mas você deveria respeitar ela. - o alaranjado a abraçou.

                - Dá pra vocês guardarem esse tipo de coisas só pra vocês? - indagou o albino. 

                - Desculpe. - Lire disse sem graça enquanto Ryan a puxava para fora chateado.

                - Ignora o Ryan, ele é uma criança mesmo. - ele negava com a cabeça e os braços cruzados enquanto os dois saiam. 

                - Nada. - suspirei. Eu afastei o lençol de cima de mim e vi meu abdome enfaixado, as faixas coloridas de vermelho.

                - Que garras afiadas eim, quase que rasgaram sua barriga. 

                - Pois é. - tentei me sentar, mas a dor me venceu e eu deitei de volta bufando indignada. - A Elesis te mandou aqui? - ele afirmou com a cabeça sentando na ponta da cama.

                - Mas não foi sacrifício nenhum, sabe? Somos todos uma grande família, faria o mesmo por todos os outros. E sei que fariam o mesmo por mim. - ele sorriu. - Lass.

                - Ah, obrigada. - o garoto percebeu que eu havia esquecido o seu nome. Ele olhava para a janela, pensativo. Eu fitava seus olhos, eram tão azuis que chegavam a hipnotizar, ele era um garoto bonito. - Tem alguém em especial que você queira proteger? - perguntei. Era uma pergunta muito pessoal, de forma que lhe dei uns minutos para decidir se iria respondê-la ou não. Ele suspirou e sorriu.

                - Sim. De certa forma, o convívio nos aproximou e eu me apeguei a ela. - um vento entrou pela janela batendo em seus cabelos e fazendo-os dançar. - Dizem que nunca ia dar certo. Nossas personalidades são completamente diferentes. Mas hoje eu me vejo fazendo tudo para não perde-la.

                - Ela é da GC? - Lass afirmou.

                - Parece que todos nós fomos nos apegando uns pelos outros e ficando mais próximos. Até a estressadinha da Elesis tem uma queda por um garoto daqui. - riu.

                - Não brinca.

                - É verdade. Uns dizem ser o destino, outros falam que é pura coincidência. - o garoto fez uma pausa. - Para mim, foi o amor. É meio brega, mas foi o que me aproximou da garotinha amante de doces. - a Arme. Percebi de cara. - Bem, eu tenho umas coisinhas para fazer. - ele se levantou e se espreguiçou. - Boa sorte com a recuperação.

                - Obrigada. - e o observei saindo.

                Já ouvi tudo quanto é baboseira sobre o amor. Para nós asmodianos não era diferente, podemos nos apaixonar a qualquer momento e por qualquer um. A maioria dos casamentos de onde venho são feitos a partir de acordos, mas poucos são os casos que os asmodianos se casam por amor. Porém essa possibilidade nunca pode ser descartada. Eu sou fruto do amor de meus pais e fico orgulhosa disso.

                Mas comigo a coisa é diferente. Eu nunca consegui me ver apaixonada por alguém, porque simplesmente minha cabeça é totalmente voltada para outras coisas, não para o amor.

                Outra rajada de vento entra e inspiro aquele ar puro, chega a fazer cócegas em minha garganta.

                Olha eu aqui, pensando nessa coisa. Não que eu queira ter alguém para chamar de meu, mas também não quero. Estou neutra. Não tenho medo de um dia isso chegar, mas confesso que fico assustada com o destino. Quem garante que um dia eu acabe magoada por ter perdido quem amo?

                Prefiro continuar do jeito que estou, é muito mais divertido ter amigos do que um namorado.

                - Que engraçado. - rio. Cubro-me com o lençol novamente e fecho os olhos. Estou cansada mesmo sabendo que devo ter dormido por uma semana. Parece que qualquer conversinha está me deixando sem fôlego. 

                Alguns passos fazem com que eu abra os olhos novamente, e também um sorriso.

                - Olha só. - tento parecer o menos sarcástica possível. - Quem é vivo sempre aparece né?

                - Você está se recuperando?

                - Mas é claro. - respondi para Zero. - Foi só alguns aranhões, coisa besta. - meu rosto vira por um instante para uma folha de papel que se encontra ao lado da minha cama. Para ser exata, era como uma listinha do que havia acontecido comigo.

                Cinco dias em coma

                Cortes profundos na altura da cintura

                Respiração e batimentos cardíacos fracos

                Torção no braço esquerdo

                Duas costelas quebradas.

                - Ah que legal. Só porque eu bati minha cabeça acontece tudo isso. - bufei. - Do braço eu não tinha nem me tocado. - assim como meu abdome, meu braço está enfaixado com uma tipoia passando por meu pescoço. Incrível como não havia percebido.

                - Não se esforce muito. - Zero deu a volta na cama e se sentou ao meu lado. Engraçado, ele vive andando com Grandark pra cima e pra baixo...

                - Cadê minha espada? - perguntou sendo tomada por uma força que deve ter sido tirada lá dos confins de minha alma, e conseguindo me sentar. - Onde está a minha espada? - repeti.

                - Acalme-se. - ele estava muito mais calmo que eu, claro. - Ela está em seu quarto. - pelo menos isso consegue me deixar menos tensa.

                - Oh, certo. - disse soltando um pequeno grito de dor e tombando meu corpo, já não aguentando mais ficar naquela posição. - Como dói... - suspiro.

                - Não se esforce muito. - ele repete.

                - Eu sei, eu sei. - tentei olhar para seus olhos, mas ele nunca tira aquela coisa. - Por que não tira a máscara? - um silencio se instala na sala. Ele não diz. - Tá, não precisa responder, mas um dia ainda arranco ela de você. - eu sorrio.

                Para falar a verdade, já não é mais de manhã. O sol está se pondo. Eu até gosto do pôr-do-sol daqui. É cheio de cores vivas. Sabe? Quando você respira fundo e solta tudo enquanto olha uma paisagem? É uma sensação boa, né.  

                - Parece que vai chover.

                - Como assim vai chover? O tempo tá... - antes que eu consiga falar "ótimo", a chuva começa com trovões e tudo o mais. - Perfeito. - bufo. No rosto de Zero aparece um resquício de sorriso. - Sabe. - ele me encara. - Gosto da chuva. Bonita, astuta e vem sempre nas horas que a gente menos espera. Ou estraga tudo, ou nos ajuda. Engraçado né? - paro de olhar para a janela e me pego olhando para Zero. - De onde venho, elas vivem acontecendo. 

                - Não fiquei muito tempo em Elyos.

                - Entendo. - na verdade, não entendo não. - Um dia você volta lá. - ele afirma com a cabeça. - Mas por enquanto, eu vou aproveitar a musiquinha pra descansar mais um pouco. - pego o lençol e cubro ate meu ombro.

                - Bom descanso. - Zero se levanta.

                - Posso pedir uma coisa. - ele ergue a sobrancelha, bem, não da pra ver, mas dá para perceber que ele as ergueu. - Para de ser tão chato e sorri de vez em quando.

                - Vou tentar. - mas não tenta agora, só se vira e sai fechando a porta bem devagar. 


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Notas finais do capítulo

Desculpa se decepcionei vcs, sem uma luta épica e tals. Mas a intenção desdo início era pra mostrar o orgulho da garota. Ela acabou perdendo a consciência mas fazer o que né? Nesse cap vcs tiveram um pequeno traço dos casais que eu vou querer fazer ;) Eu amo romance, não consigo aguentar mt tempo pra fazer um cap bonitinho e tive que colocar um pouquinho nesse... Pq vai demorar MUUUUUITO ainda pra eu fazer a parte de romance que eu quero... But, gostaram do cap 6? Obrigada por lerem!
Reviews povo, não se esqueçam ^-^