A Inquilina escrita por Naslir


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Tomei vergonha na cara e ganhei paciência pra vir aqui e postar o cap 7 :) Eu sei que eu demoro, mas gente, eu sou ocupada pra caramba e tenho muita preguiça :3 Então, podem tacar tomate cara, mas eu não pretendo parar de escrever a fic, só demoro. (eu sei como vcs detestam isso pq eu também detesto, então eu n tenho moral pra falar nada :D) Mas enfim, aí está o cap, boa leitura :3



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Eu tive que ficar umas boas três semanas naquele lugar. Deitada, não podia fazer nada sem ajuda, era incapaz para falar a verdade. Me sentia como um fantoche manipulado, o que me deixava com mais raiva ainda. E enfim, não me recuperei totalmente, mas não aguentava mais ficar parada e precisava me movimentar.

– O que pensa que está fazendo aqui?

– Que surpresa. Preocupada comigo? - perguntei cruzando os braços e erguendo a sobrancelha. A Von Crimson estava para à minha frente, ao que parece, simplesmente passando por onde eu estava.

– Não se dirija à mim dessa forma, garota. É apenas uma pergunta e todos estamos encarregados de cuidar de você. - ai, essa doeu. Quando ela falou "cuidar" deu para sentir direitinho o quão pesada era aquela palavra sobre ela.

– Olha. - ergui minhas mãos a altura dos ombros, em rendição. - Eu tenho meus objetivos, e você tem os seus. Somos asmodianas, nascemos e vivemos no mesmo lugar. Vamos parar com as inimizades, eu detesto ficar assim com meu povo. - disse suspirando. A vi erguer a cabeça, empinando o nariz. - E por favor, nobres merecem respeito. - sorri.

– Você continua sendo melhor do que essa gentinha. - um sorriso de desdém apareceu em seus lábios. Tão fácil convencer gente assim, é só falar o que eles querem ouvir. - Mas para que consiga com que eu fique sua "amiguinha", você terá que ser digna disso.

– Certo, como quiser. - revirei os olhos. - Bem, a gente se vê. - acenei e continuei andando. Estiquei os braços e senti uma pontada na minha cintura. Um pequeno gemido de dor escapou da minha boca.

– Você está bem?! - a voz exaltada veio até mim e colocou as mãos em meus ombros.

– Estou sim, não foi nada. Mas vem cá, o que aconteceu com a parte do "se quiser ser minha amiguinha, vai ter que ser digna disso"?

– Como assim?... - a expressão assustada mudou para confusa e rapidamente para nervosa. - Humpf, tive que perguntar isso. Era óbvio que se acontecesse algo com você e eu estivesse por perto, aquela ruiva idiota ia me encher o saco perguntando por que não te ajudei. Ora, por favor! - ela se virou e saiu rapidamente.

– E é em horas como essas que eu digo, ual. - falei bem baixinho para mim mesma.

De acordo com as ordens que recebi, era preciso passar um mês em repouso. Isso enquanto me serviam na cama, até me ajudar a tomar banho era preciso. É, sem dúvida um verdadeiro fantoche.

– Preciso trocar essas faixas. - havia acabado de tirar a camiseta que usava, não que as faixas estivessem encharcadas de sangue ou algo pior, mas eu já estava começando a ficar com agonia daquela coisa. - Pois é, acho que não. - já que a cicatrização do ferimento feito pelas garras do grifo acontecia normalmente, não precisava ficar mais tempo com aquelas faixas que só faziam esquentar meu corpo.

As arranquei com um único puxão. Tês marcas de cada lado e atrás duas outras marcas avermelhadas se encontravam em meu abdome. Deitei-me assim mesmo na cama de meu quarto, apanhei a espada ao lado da cama e a ergui acima de minha cabeça.

Além de gentis sabem respeitar. Nenhum dos membros da GC ousou tocar em minha espada, ainda com o sangue do bicho. Me divertia observando meu reflexo na lâmina, metade de meu rosto brilhante, e a outra metade coberta de um forte escarlate. Dei uma fraca risada, a espada estava brincando com minhas feições. Farta daquela diversão sem nexo, coloquei a espada novamente em sua bainha e a repousei ao lado da cama.

"Que horas são?" pensei ao olhar para a janela que estava coberta pelas cortinas grossas.

– Estou com fome.

– Então deveria ir comer alguma coisa.

– Olá de novo, acho que não se passou tanto tempo desde o nosso ultimo encontro né? - perguntei arqueando minha sobrancelha, ainda estava deitada.

– Não seja idiota. Não fazem nem quinze minutos. - Rey estava com os braços cruzados em baixo do portal da porta. - E feche a porta quando estiver descansando ou qualquer coisa do gênero, não é muito agradável ver uma pessoa seminua. - a voz de desdém era clara.

– Ainda com raiva de mim, Rey?

– Ter raiva de uma asmodiana de classe baixa como você é o mesmo que discutir com a parede. - ela riu com a própria piada e jogou uma mecha de cabelo por cima do ombro.

– Obrigada pela dica. - havia acabado de passar por ela, com um sorriso. Minha satisfação de ver a cara de raiva de Rey foi tamanha, que cheguei a dar uma leve risada

– Não dê as costas para mim sua imbecil! - ela xingou e ouvi suas passadas rápidas para tentar me alcançar e a ficar à minha frente. - Os outros estão em missão, estamos apenas nós duas na base. Faça o que bem entender e não me incomode. - ela se afastou apressando ainda mais suas passadas.

"Todos estão em uma missão e eu incapaz de pegar um copo d'água" Suspirei. Estava sentada em uma poltrona que fica próxima da escada que levava à cozinha. A poltrona ficava perto da janela de modo que eu pude ver a claridade do lado de fora que indicava um céu já com alguns traços alaranjados. Eu já havia me cansado. Me sentia bem, mas sempre que tentava fazer alguma coisa além das minhas atuais capacidades, a coisa se tornava três vezes mai difícil e como devem ter percebido, não sou muito fã de ajuda.

Tomei fôlego e desci as escadas.

Eu estava andando com uma certa dificuldade, mas nada tão grande a ponto dee me fazer parar no meio do caminho.

– Opa. - foi o que saiu quando esbarrei na parede que dava acesso à cozinha. - Comida. Mãos à obra. - esfreguei as mãos em expectativa e encontrei todos os ingredientes para o super sanduíche fantástico delicioso saboroso e divônico da Namie, ou SSFDSDN para encurtar. - E voilà. Ei Rey! Quer um? Garanto que é muito bom!

– Um o que garota?! - ouvi ela gritar de sei la onde.

– Sanduíche!

– Não como comida de aldeão! - ela gritou de volta.

Comida de aldeão. Poxa, o SSFDSDN é um sanduíche famosíssimo na minha casa, meu pai adorava. Peguei o prato e segui para onde imaginei que a voz daquela chatinha tinha vindo.

– Oh Rey. - chamei após encontrar ela sentada numa poltrona e lendo um livro.

– Estou ocupada lendo.

– Eu percebi, não sou cega. - sorri com o grunhido dela.

– Isso é bom, pelo menos você consegue fazer uma coisa direito, garota. - ela levantou o rosto com um sorriso de triunfo.

– Ah qual é mana. - ela me olhou feio. - Deixa de ser chata e da uma mordida nisso aqui. - estendi o sanduiche para ela.

– Se eu provar, você me deixa em paz?

– Sem sombras de dúvida. - menti.

Ela se calou e deu uma boa olhanda no sanduíche. Apanhou o guardanapo que se encontrava ao lado dele e deu uma mordida no sanduíche, mesmo que com receio. Os olhos dela brilharam por um instante.

– É. - disse ela. - Não tem gosto de barata como eu pensava.

Eu sorri com o fato de ela ter gostado mas não querer passar vergonha na frente de uma mera "aldeã".

– Agora você me deixa em paz, vai, chô. - ela fez um jesto para que eu fosse embora. Fiz uma breve reverencia e sai de perto dali.

Quando cheguei na base da escada para voltar ao meu quarto, dei uma rápida olhada para trás e peguei a esnobe comendo o resto do sanduíche. "Hehe" pensei enquanto subia e ria internamente com aquela cena.

Oba, roupas novas. Acho que a ultima vez que a roxinha esteve aqui ela deixou essas daqui pra mim. Eram poucas, mas simples, e isso ja bastava. Peguei uma calça jeans no fundo do guarda-roupas, uma blusa preta lisa e um casaco com capuz. Se você estiver pensando ai como eu vou usar um casaco com capuz, é simples meu caro, meus chifres não são tão longos como os da Rey e os do Dio. Meus pais não tinha eles muito longos, então são tipo três plaquinhas do lado direito da minha cabeça, não atrapalham muito.

– Hora do meu passeio. - fechei o casaco até o pescoço, peguei minha espada e sai pela janela. - Oh porcaria!

O tombo que levei doeu até na alma. Levantei rangendo os dentes e muito trêmula.

– Da próxima vez, eu uso uma escada.

Acho que se minha costela não tinha quebrado direito antes com o grifo, eu terminei de quebrar ela agora com isso. Tentei ignorar a dor e a frustração e segui em direção ao bosque, que de acordo com que eu sei, vão dar na fronteira da cidade, onde se encontrava um mercado negro, pequeno, mas ajudaria.

O ar gelado amenizava minha dor e me dava estímulo para continuar em frente.

A fronteira da cidade não era muita lá coisa, mas tinha poucas casas e a maioria das pessoas que passavam, tentavam ao máximo não se expor. Era um lugarzinho meio estranho para uma fronteira que deveria ser bem movimentada, mas esse fato me agradava. Entrei em um beco e parecia que a metade das pessoas estava ali.

O beco se encontrava em uma situação nada agradável que fazia até eu ter arrepios sendo que já estava acostumada com esse tipo de coisa. Garrafas sustentavam alcoólatras sentados esparramados no canto do beco, algumas mulheres andavam com roupas incrivelmente curtas.

Entrei em uma loja. Um ambiente pouco iluminado e com cheiro de musgo e madeira velha. Me aproximei do balconista, um homem parrudo com uma barba mal feita e cabelos grisalhos. Ele parecia que atraia as moscas daquele lugar diretamente para ele.

– Olha vejam só. - ele falou com a voz arranhada e sonolenta. - Você não é o primeiro asmodiano que vejo passar por aqui, o que deseja? - então ele deu um sorriso com uns três dentes.

– Bom olfato o seu, reconhecer um asmodiano que vive com humanos não é uma habilidade muito comum. - ele deu uma gargalhada audível até para quem estava do lado de fora da loja.

– Menina, a questão aqui não é o seu cheiro. E sim a aura que você carrega, pequena. - o sorriso do homem permaneceu. - Suponho que não esteja aqui para jogar conversa a fora, diga-me, o que a jovem senhorita veio fazer em um local tão hostil como este?

Pensei antes de tudo. Esse homem era claramente uma pessoa nada confiável. Não sei como poderia confiar nele com a tarefa que eu tinha, mas recebi boas indicações, então eu não tinha nada a perder.

– Eu preciso de seus serviços.

– Menina, eu vendo poções e armamentos, coisa do tipo.

– Você sabe muito bem do que eu estou falando.

Ele me encarou por alguns segundos, analisando-me.

– Certo, venha comigo. - ele se levantou e mostrou-se mais baixo do que parecia após sair de um suposto banco o qual ele estava sentado. O Sr. Adorador de moscas colocou uma placa de Estamos fechados e se dirigiu a uma porta no fundo da loja. - O que você procura está lá dentro. - afirmei com a cabeça e adentrei naquele lugar.

Era uma sala que assim como o resto da loja, era mal iluminada e exalava um cheiro horrível. La dentro estava um homem sentado em uma cadeira com os pés em cima de uma mesa. O chapéu desbotado com abas largas fazia sombra sobre o rosto do sujeito.

– Sente-se. - falou sem erguer o rosto.

– Não tem outra cadeira. - falei firme.

Nesse momento ele se levantou. Era um homem alto e esguio, cabelos negros na altura do ombro cortados rentes, um rosto anguloso e uma pele bronzeada. Vestes completamente negras e bastante surradas. Em seu ombro surgiu uma pequena cobra coral que me olhou feio e mostrou sua língua bifurcada. Seu dono a acariciou.

Ele chegou mais perto e abaixou meu capuz.

– Olhos bonitos. Cabelos longos, as pontas estão queimadas, não sei se percebeu. - ele continuou a me encarar.

– Uma longa história que não é de seu interesse. - o fuzilei com meus "olhos bonitos".

– Vamos tentar ser diplomáticos aqui. - ele estendeu a mão coberta por uma luva vermelha que destoava do resto de sua roupa. - Scar.

– Não lhe devo satisfação. - eu apertei sua mão e ele sorriu, um sorriso reptiliano.

– Então, "não lhe devo satisfação", no que posso lhe ser útil? - ele voltou a se sentar e acariciou novamente a cobra, que eu podia jurar que estava sorrindo.

– Preciso de seus serviços. - eu tirei minha espada de trás das minhas costas e coloquei-a na mesa.

Scar a pegou e tirou a lâmina da bainha. Deu uma boa olhada, passou o dedo pela parte afiada sem se cortar. Pelo o que parecia, a luva era algum tipo de "armadura para as mãos".

– Ótima espada, sim, muito boa. - ele tirou um pouco do sangue seco que ainda jazia nela. - Sangue de grifo. Suponho que foi isso que lhe causou estas feridas ai no seu abdômen.

Meus braços abraçaram minha barriga por impulso. "Cobra" pensei.

– O quer que eu faça com essa espada? - ele perguntou enquanto seu bichano descia por seu braço e se enrolava no cabo da minha espada, fazendo com que ela virasse um perfeito enfeite combinando com o cabo de bronze.

– Preciso de um grande favor seu, Scar. - eu sorri. - Eu quero usar seu dom para ajudar em meu objetivo.


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