– O que ela lhe falou? – Merlin ainda estava perdido nas palavras da serva quando Morgana entrou, mas a voz ameaçadora da bruxa o fez acordar.

– A única pessoa que pode fazer perguntas aqui sou eu – ela não se retraiu, mas aproximou-se da mesa em que estava sentado e colocou as mãos sobre o tampo, se inclinando e dando uma boa visão de seus seios mais fartos que o normal por conta da gravidez e os olhos o encarando com o fogo ardendo dentro deles.

– Você ira casar comigo Merlin, mas não é meu senhor – ela falou – Se quer tanto alguém para te chamar de “Senhor”, fique com sua amada serva, eu não sou Arthur e definitivamente não ligo para o sobrenome “Pendragon”, não ligo em fugir com meu filho, mas meça bem as consequências, pois se eu for embora é você quem não vera teu filho. – Morgana não se moveu, nem desfez o contato visual entre eles.

– Você não vai embora, eu já fechei o acordo com Arthur você será minha esposa e acredite, também não estou feliz com isso, mas não é com meu filho que você irá fugir. – ele fez uma pausa e se levantou da cadeira, Morgana apenas seguiu seu movimento, mas não se afastou da mesa, apenas escorou-se para olha-lo melhor – Agora responda minhas perguntas. O que você fez a Evelyn? – agora ele havia encurralado sua caça os braços estavam um em cada lado da mulher a prendendo entre seu corpo e a mesa.

– Eu não fiz nada a ela -respondeu a bruxa seu rosto extremamente perto – mas não há o que discutir não é – o hálito dela fazia cócegas em seus lábios e as mãos estavam segurando seus punhos, agora ele se sentia a caça e tinha acabado de cair em sua armadilha – Afinal ela é a sua querida serva e eu a irmã malvada de seu adorado rei. - as mãos de Morgana subiram até seus ombros, e se instalaram lá – Eu não lhe culpo – ela falou antes de roçar os lábios nos dele – Eu fui a maior culpada – os olhos dela lhe pediam perdão e ele não poderia mais negar o que acontecia entre eles, Morgana voltou a roçar os lábios contra os dele, num pedido silencioso, mas quando os braços dele finalmente enlaçaram sua cintura, prontos para mantê-la ali e esquecer toda aquela baboseira um servo resolveu que não era uma boa ideia.

Edwin era servo de Merlin desde o dia em que virar senhor, era um bom rapaz, mas tinha o terrível dom de interromper algo importante e não fora diferente dessa vez.

– Senhor, o rei... – chamou-o o servo – Desculpe –me senhor, não sabia que estava ocupado, posso voltar em outra hora.

– Não, - ele voltou os olhos para Morgana que havia reassumido sua posição como dominadora – Na verdade não poderia ter chegado a hora mais oportuna. O que o rei quer?

– A sim – respondeu ele meio perdido – Arthur pediu para ver se vocês irão hoje ou amanhã.

– Ir aonde? – perguntou Morgana, Merlin apenas fora olhar pela janela – Aonde vamos Merlin? – vociferou a mulher agarrando os braços do futuro esposo – Me diga aonde vamos Merlin?

– Avise-o que iremos depois do almoço, Morgana não pode viajar de estomago vazio – ele se virou para a noiva – Vamos para Camelot, está feliz?

– Como eu posso estar eu sou o ser mais odiado por lá – ela choramingou com a mão sobre o ventre em sinal de preocupação – Você não teme o que podem fazer com seu filho? – Merlin olhou rapidamente para a barriga de Morgana, realmente deveria se preocupar, mas não havia o porquê, ele estaria acompanhado do rei, quem seria louco o suficiente para ataca-los.

– Você não estava preocupada com isso há alguns meses – ele falou simplesmente.

– Talvez por que alguns meses atrás eu não estava esperando um filho – ela sussurrou para ele – Merlin eu quase não consigo montar.

– Não por isso, você vai comigo – ele falou – Monte o mesmo cavalo, podem pensar que a capturamos e sobrou o meu cavalo para trazê-la.

– Não estou exatamente lhe dando uma escolha Morgana – ele falou – Eu e Arthur, já decidimos.

– Vocês acreditam mesmo que farei isso por que decidiram? – ela falou com as mãos cruzadas entre a barrigada e os seios – Pois eu digo que fugirei antes de passarmos pelo portão. – Merlin bufou e se aproximou dela novamente, tentaria outra abordagem.

– Pense Morgana – ele falou escorado ao lado dela – Lá temos Gaius e parteiras mais qualificadas para fazer o seu parto, você acredita mesmo que lhe colocaria em perigo?

– Você quer mesmo a minha resposta sincera? – ela perguntou com escárnio no olhar

– Você acha que eu faria alguma coisa contra meu filho – ele perguntou com uma mão sobre o ventre cheio e dois pés chutaram sua mão, Morgana o olhou com olhos um tanto mais suaves e um sorriso se formou.

– Eu acho que não. – agora ela já sorria mais abertamente segurando a mão do bruxo sob a dela – O que você sente quando ele chuta? – ela perguntou ajeitando sua cabeça sobre o ombro dele.

Merlin não havia se dado conta, mas Morgana agora estava completamente de costas para ele e ele a abraçava e segurava a barriga da futura esposa e ela? Bem, ela tinha a cabeça encostada em seu ombro e sussurrava contra seu pescoço e talvez nunca houvesse notado se ela não tivesse sussurrado, pois isso lhe causou aquele arrepiou de sempre, que seguia por todo o seu corpo e lhe tirava a razão e por isso precisava parar.

– Nada – ele falou se afastando da mulher – Eu não sinto absolutamente nada – Morgana abaixou os olhos mirando o chão e apesar da pontada de dó que atravessara o peito de Merlin, sabia que estava fazendo o certo, afinal Morgana jamais viria atrás dele pedindo por um casamento, Morgana jamais deixaria um bastardo em si a menos que pudesse usa-lo para algo e sabia exatamente a oportunidade que ela havia visto, ele era o caminho mais rápido para Camelot, “mas por que ela se recusaria tanto a ir para lá?”, disse a vozinha no fundo de sua mente e uma parte sua, realmente, se prendeu a isso, Morgana poderia ter mudado, pelo menos era o que essa parte queria acreditar, mas se ela houvesse mudado ela não teria ameaçado Evelyn, por mais que não a amasse sabia que ela era doce e incapaz de machucar uma mosca, diferente de Morgana, que já havia mostrado que não se importava de matar, mesmo que fosse seu próprio pai.

Aquelas palavras se afundaram no peito de Morgana, não era isso que esperava e era como uma pontada, mas entendia que ele jamais voltaria a confiar nela, ele simplesmente não sentia absolutamente nada.